Eu sei que vou destoar e, por isso, não sei se sou a opinião mais avalizada. Quando muitos dizem uma coisa e eu digo outra, em princípio quem está enganado sou eu...
1. Eu não compraria um Uno 70 (1.4) pelo simples facto de não me parecer um motor tão agradável e fiável como o motor FIRE. É um motor mais antigo, o Lampredi, igual ao do Uno Turbo mas aspirado. Nunca conduzi nenhum, mas os relatos que leio vão no sentido de ser um motor bem mais rotativo do que o motor FIRE, chegando a potência a altas rotações.
Ora, numa utilização que se quer citadina, o facto de o FIRE ter imenso binário logo a baixa rotação tornam-no muito mais agradável. Além disso, os FIRE são mais fiáveis (têm menos 1000 peças que o Lampredi) e mais simples. Mais económicos, pois foram preparados para trabalhar com mistura pobre.
A desvantagem do FIRE é ser um motor diferente do habitual italiano, muito menos rotativo. Não chega às rotações que os Lampredi tocam, nem pouco mais ou menos. Aliás, a potência máxima nos FIRE é atingida às 5000 rpm enquanto que neste Lampredi é às 6500, se não me engano.
Assim, eu preferiria um Uno com motor FIRE (um 60 / 1.1ie ou um 45 /1.0 ie). O que não significa que eu esteja certo...
2. A injecção electrónica que foi instalada nos FIRE em 1993 dava imensos problemas. Tinha uma centralina (na gíria conhecida como "cassete") que avariava muito e tinha de ser substituída.
Mas não sei se é o mesmo sistema de injecção que foi colocado nos 1.4 (Lampredi). Suponho que sim, mas não posso jurar...
3. Neste Uno, há uma coisa que me deixa sempre de pé atrás: as alterações à originalidade. Claro que podem ser coisas inócuas - e neste caso assim parece, só coisas estéticas -, mas eu fico sempre a achar que quem mexeu ali pode ter mexido em muito mais. Este Uno tem, face ao que saía de fábrica, pelo menos:
- Um aileron de gosto duvidoso;
- Os retrovisores pintados na cor da carroceria (os SX tinham em preto);
- Uns logos "1.4ie" na mala, que não existiam;
- Riscas encarnadas nos pára-choques;
- Uma ponteira de escape gorda.
Provavelmente são apenas coisas estéticas, mas achei melhor avisar...
4. Neste Uno, há uma coisa fora de série: os interiores. Estão imaculados. É incrível. E traz o acessório de época na consola central (o porta-cassetes) que era opcional nos SX. E o comando à distância, que é tão raro.
Só há um ponto a ter em conta: este Uno traz os plásticos interiores em castanho, como vinha em algumas cores exteriores até 1991. O problema é que, porque a partir de 1991 todos vinham com plásticos pretos (independentemente da cor exterior), qualquer peça que esteja partida ou estragada neste carro vai ser difícil de encontrar substituto.
5. Problemas típicos dos Unos: a chapa das portas. Este parece ter sido tratado pelo vendedor, por isso não estará nada visível. Mas começam a aparecer uns picos de ferrugem junto ao vidro, que revelam o mau estado das portas. O resto da chapa, no uno de segunda geração, é bastante sólido - desde que o carro não tenha estado exposto aos elementos.
Mecanicamente (com a ressalva de eu não conhecer este motor - o meu é FIRE), tudo é simples, barato e fiável. Comprei o meu salvando-o da sucata e contam-se pelos dedos das mãos os problemas que tive.
O sistema eléctrico é mais ou menos sensível. Por vezes os pontos de massa ganham verdete e dá-se um efeito árvore de natal nas luzes. Mas basta limpar os contactos e tudo fica ok.
Boa sorte!