Pensei que já estaria tudo esclarecido, mas há aqui uma questão que ainda não o está, pelo que peço-vos um pouco mais do vosso tempo. Espero que o achem bem empregue:
Julgo que continua a existir alguma confusão em relação a dois planos distintos de apreciar um veículo histórico. Um é o da autenticidade. Outro, o da originalidade.
O da autenticidade precede o da originalidade. Um automóvel pode ser autêntico, sem ser original. O inverso não é possível.
Um automóvel é autêntico quanto conseguimos demonstrar que as suas partes integrantes mais importantes são aquelas com que saiu de fábrica e que, desde esse momento, existe um percurso histórico de transmissão de propriedade. As partes integrantes mais importantes são Chassis e Carroçaria (com a construção monobloco é apenas um número e não dois) e o motor, mais concretamente, o bloco de motor. Se todos estes factores estão juntos, não é possível desmembrar esta entidade que saiu assim de fábrica, um número de chassis "casado" com um motor. Se além disso tivermos a documentação que atesta este "casamento", bem como a passagem de proprietário para proprietário, temos o círculo fechado da autenticidade. Não é possível que outro objecto (veículo) reclame a identidade daquele conjunto, logo ele é único, uno, autêntico, verdadeiro.
No caso do Alfa Romeo em questão, todos estes elementos estão presentes. Ele é assim, 100% autêntico ou, se quiserem, verdadeiro. É também, se é necessário este reforço, 0% falso.
Se não o especifiquei anteriormente, foi porque achei que era, depois de apresentar a documentação anteriormente, uma conclusão óbvia.
Casos existem em que um automóvel pode ser autêntico, sem ter um ou mais das suas partes integrantes. Esses são os que precisam de mais explicações. Não é o caso em estudo.
Outra questão diferente é a originalidade, que é aferida consoante a conformidade de todos os seus elementos (mecânicos, acessórios, etc...), características de apresentação (cores, etc...), qualidade do restauro, rebites, pneus, jantes, volante, puxadores de portas, etc...
Nenhum destes elementos interfere na autenticidade. Um automóvel não é mais ou menos autêntico (verdadeiro ou "não-falso") por ter uma cor diferente, umas jantes diferentes ou um aileron para cortar o ar às fatias... Será mais ou menos conforme ao original, mas nunca porá em causa a sua autenticidade.
Espero que tenha ficado claro agora.
Cumprimentos a todos.