Aqui fica uma pequena mostra do poder da máquina... hoje ao almoço estava só eu e o miúdo mais velho, e o menu escolhido não tinha todos os ingredientes. Como ele só tinha uma hora de almoço, fomos ao sprint por dentro da cidade, e enfiámos pelo nosso mini-Nurburgring, direitos ao supermercado... aqui têm o relato em video dessa parte:
Eu sei, o ângulo não é o melhor, mas... o pendura estava a fazer um esforço enorme para se manter devidamente orientado com as acelerações geradas...
não parece muito dramático, mas chegámos aos 105 km/h a certo ponto...
Sem dúvida, pelo menos estas modernas não têm piadinha nenhuma. Quando eu era miúdo o 127 tinha uma bastante agradável (era quase lisa), que só tirei quando desgastou ao ponto de abrir nas zonas onde se agarrava mais. Mas estas são esponjosas e acumulam porcaria, tanto que até ficam a cheirar mal.
O 128 esteve ao serviço diário durante algum tempo depois do episódio da tampa do radiador ter sido resolvido, mas o aquecimento voltou passado pouco tempo, e cada vez pior. Como um dia vi subir demasiado a temperatura e desconfiei que o termostato estava preso, tratei de lhe arranjar substituto quanto antes. Como podem ver, já devia uns anos ao balde do lixo...
Quando pensam em meter anticongelante barato (ou em não meter) nos vossos motores, lembrem-se destas imagens do que acontece ao alumínio...
Infelizmente, devido a um erro qualquer, a junta que vinha na caixa do termostato novo não era a correcta, e eu estava sem stock de papel de juntas, tive de ir repôr o inventário, mas essa parte resolveu-se depressa e em breve tínhamos um protótipo em ensaios:
Em breve estava tudo no lugar (esqueci-me de fotografar). No entanto, descobri outra fuga do outro lado do motor, que tracei até à bomba de água, por isso o 128 acabou por não saír do sítio... e ficou com um recipiente por baixo a recolher o resultado da incontinência...
Entretanto, andava a arrumar umas coisas e lembrei-me de um detalhe que ainda não tinha sido resolvido: os braços das escovas eram cada um de sua nação... toca de sacar do material em armazém:
Havia dos dois tipos, e provavelmente os originais até são os de cabeças mais pequenas, mas optei pelos que fazem o "chapéu" mais alargado, por proteger melhor os veios...
Pronto, agora é esperar pela bomba de água... entretanto rola-se em 124!
O pior nem são os resíduos do calcário, é mesmo todo o alumínio que já se foi... se reparares, há zonas inteiras que simplesmente se desfizeram devido à corrosão. Aqueles bocais deviam ser direitos, e estão todos deformados.
Quem acha que o alumínio não "enferruja" (a palavra certa seria corrói), tem de pensar duas vezes... em contacto com o ferro e a água, tem o destino mais que traçado. Se não houver uma barreira química forte para o proteger, é inevitável.
O pior nem são os resíduos do calcário, é mesmo todo o alumínio que já se foi... se reparares, há zonas inteiras que simplesmente se desfizeram devido à corrosão. Aqueles bocais deviam ser direitos, e estão todos deformados.
Quem acha que o alumínio não "enferruja" (a palavra certa seria corrói), tem de pensar duas vezes... em contacto com o ferro e a água, tem o destino mais que traçado. Se não houver uma barreira química forte para o proteger, é inevitável.
Sou grande fã dos seus tópicos, da maneira como trata os carros em todos os aspectos, do trabalho que neles faz.... etc.
Gosto mesmo de seguir os seus diários de bordo e claro dos carros que tem.
Uma coisa que uma pessoa conhecida me disse que o melhor para não acontecerem estas coisas até é meter agua destilada com 1 litro de concentrado de anti-congelante, porque se o dono se esquecer de trocar o anti-congelante passados os 2 anos recomendados (ou lá o que são) não é tão grave porque não se torna acido e refrigera muito bem. Até me disse que era isso que normalmente se utilizavam nos carros de corrida.
Nunca tinha ouvido falar nisso e gostava mesmo de saber a sua opinião porque não percebo nadinha destas coisas e não me está a fazer grande sentido...
Sou grande fã dos seus tópicos, da maneira como trata os carros em todos os aspectos, do trabalho que neles faz.... etc.
Gosto mesmo de seguir os seus diários de bordo e claro dos carros que tem.
Uma coisa que uma pessoa conhecida me disse que o melhor para não acontecerem estas coisas até é meter agua destilada com 1 litro de concentrado de anti-congelante, porque se o dono se esquecer de trocar o anti-congelante passados os 2 anos recomendados (ou lá o que são) não é tão grave porque não se torna acido e refrigera muito bem. Até me disse que era isso que normalmente se utilizavam nos carros de corrida.
Nunca tinha ouvido falar nisso e gostava mesmo de saber a sua opinião porque não percebo nadinha destas coisas e não me está a fazer grande sentido...
Há aqui muita informação e contra-informação, que convém distinguir. O anti-congelante, como nós lhe chamamos, é na verdade um produto com 3 funções:
- anticongelante propriamente dito, ou seja, evita que a água no circuito congele aos 0º C;
- antiebulente, ou seja, evita que a água ferva aos 100º C;
- anticorrosivo, ou seja, cria uma barreira química que previne a corrosão.
Na nossa zona, com climas moderados, a função mais crítica é mesmo esta última. Mas como tudo o que é bom, também se acaba, porque para impedir o processo, o próprio produto é consumido. É por isso que se vai alterando a cor e apresentação do líquido ao longo do tempo. O que resta no final disto tudo são químicos estáveis, mas tudo o que se produzir daí em diante por ataque entre os metais diferentes (no caso dos motores que têm componentes em alumínio) não é impedido, e vai seguir o seu caminho em rumo à deterioração completa do alumínio.
Quanto à capacidade refrigerante, a água simples refrigera melhor que a mistura com anticongelante, tem maior capacidade de absorver e transmitir o calor (capacidade normalmente designada por calor específico), o que geralmente faz com que seja utilizada assim em motores de competição, onde a longevidade não é um problema porque são reconstruídos com frequência.
A escolha entre água da torneira ou destilada é pouco relevante, pois embora haja uma pequena vantagem em ter a água destilada à cabeça, ela rapidamente é contaminada pelo ambiente envolvente, logo ao final de algum tempo a diferença é nula ou quase. Mas como o investimento também é pequeno, sempre é preferível, se quisermos ser cuidadosos. E a proporção de mistura deve ser algures entre os 33% (recomendado pela maioria dos fabricantes) e os 50%.
De resto, atenção também ao tipo de anticongelante que se usa... hoje há uma forte campanha em prol dos produtos orgânicos de gerações recentes, mas estes produtos são totalmente incompatíveis com os motores dos clássicos, pelo que temos imperetrívelmente de optar pelo bom e velho etilenoglicol (ou até nalguns casos de motores do pré-guerra, o propilenoglicol).
A coloração é útil tanto na escolha (geralmente os correctos são azuis ou verdes), como para ter uma ideia do estado em que se encontra o produto durante o serviço. O corante é adicionado para orientação, porque o produto em si é incolor.
Espero que isto ajude... se tiver mais alguma questão, é só dizer! E obrigado pelo simpático comentário!
Um abraço!
P.S.: Neste momento já há um anticongelante de alta qualidade que não necessita de ser trocado, é um produto quimicamente estável, que não se consome com o uso, e dispensa totalmente o uso de água. No entanto é bastante caro.
Como já tinha referido, os trabalhos no 128 continuam. Tal como eu esperava, assim que começou a ter Paraflu no circuito, começaram as incontinências, porque este anticongelante não perdoa... toda a porcaria é eliminada.
O primeiro sinal foi o termostato, mas tudo precisava. Assim, mandei vir uma bomba de água para ficar descansado, e tratei de começar a planear a intervenção.
Como no 128 a bomba de água fica num local chato (por baixo dos colectores e ao lado do alternador), foi preciso tirar resguardos, soltar o alternador, e acabei por sacar ambos os colectores (aqui ainda tinha o de escape):
Num pequeno interlúdio enquando o circuito esvaziava, decidi ver o que se passava com os travões dianteiros, que sempre fizeram algum ruído, embora fosse algo variável. O que descobri intrigou-me:
Os discos são novos, e não estão nada marcados. As pastilhas também estão a mais de meio, mas as de dentro, em ambos os lados, descolaram o material de travagem da base metálica. Má qualidade, defeito? Não faço ideia, mas fiquei intrigado. Meti pastilhas novas, e toca a pôr tudo no lugar. Vamos ver o que acontece agora... Ora vejam as pastilhas:
Retornando ao circuito de arrefecimento, descobri outra fonte de fugas...
As relas ainda deviam ser as originais, e uma já estava minada e a verter. Toca a sacar...
Qualquer uma delas já estava bem comida por trás... isto é o que acontece quando se deixa o motor sem protecção:
Toca a plantar material novo...
E chegou a hora da bomba... toca a demitir a velha e sacar da nova:
Depois de limpar bem a zona de montagem (razão original que levou à remoção de todos os colectores, porque a bomba já tinha saído antes deles, mas era difícil limpar a zona com tanta vizinhança), toca a montar a nova. Limpei as roscas todas dos parafusos, e um deles foi trocado por já estar demasiado atacado. Massa de cobre nas roscas, e vai tudo ao lugar...
Como podem já ver, fui ao stock buscar uma junta nova para os colectores. Também reparei o tubo de ligação à chauffage, que estava com a base de ligação ligeiramente empenada, e depois de corrigido foi tudo ao lugar, com massa vedante e juntas novas:
Entretanto os trabalhos nesta parte ficaram suspensos, porque este menino estava num estado lastimável...
Este tubo liga a traseira da bomba directamente ao termostato, e estava deploravelmente degradado por dentro. Levei-o ao meu serralheiro de confiança, espero tê-lo pronto hoje ao final da tarde, em princípio faz-se todo o tubo de novo e aproveita-se apenas a falange, porque está mesmo mau. Só depois disso é que o resto do material regressa ao sítio...
Colectores de admissão (acima) e escape (abaixo), mais resguardos, caixas, tubos... enquanto o tubo não entrar, não vão ao sítio.
Entretanto, fiz outra intervenção que estava planeada há algum tempo, e que envolveu demitir esta treta:
Esta é a polie que move a árvore de cames, e que eu suspeito ser a responsável pelo ruído excessivo que a distribuição deste motor sempre teve. Foi trocada por uma de metal de um twin-cam, que é idêntica, apenas tive de as comparar para ver a posição correcta do ponto, que é diferente, mas foi rápido e simples. Foi montada no lugar, e recolocada a correia. Esperemos que seja mais uma daquelas pequenas irritações a ser despachada.
E pronto, de momento são os updates todos que tenho. Vou voltar aos meus exames, que tenho de lançar as notas. Esperemos que logo já haja tubo para me dar uma distracção do trabalho...
Esses Lampredi são fantásticos, mas é preciso um certo contorcionismo para chegar a algumas partes.
Quando andei "à guerra" com os colectores do Ritmo, senti isso na pele. E esse é bem mais apertado,..
Gostei de ver que usas algumas das mesmas prateleiras que eu para pousar ferramentas: a caixa da entrada de ar e o topo dos amortecedores.
No 128 também dá para ter outra prateleira no pneu suplente como no Ritmo e no Panda?
Daria, se não fosse preciso o espaço para aceder à traseira do motor... o acesso é uma p####!
Hoje ainda não termino o serviço, porque o assistente do torneiro ao limpar a falange para soldar o tubo, limpou tão bem que perdeu a marca de alinhamento para saber a posição, por isso hoje trouxe o tubo novo ainda separado da dita base para marcar, amanhã de manhã levo-o para ser soldado.
Bom avanço!
Relas, polies, tubagem, bomba de àgua.. Vários mimos!
Mas agora não convinha nada pensares, ou eu lembrar-te, que já fizeste o "teu Nurburgring" com essas pastilhas...
E a dar gás...!
Tens que fazer aquilo sem travar..!
(...)
Mas agora não convinha nada pensares, ou eu lembrar-te, que já fizeste o "teu Nurburgring" com essas pastilhas...
E a dar gás...!
Tens que fazer aquilo sem travar..!
É verdade, estas pastilhas ainda fizeram uns quantos km... mas ele até travava bem, sempre pensei é que estivessem nas últimas, o barulho parecia.
Quanto ao meu quasi-Nurburgring, eu aí tento travar o menos possível...
Perco mais velocidade com o alinhar do carro para entrada nas curvas que propriamente com os travões. É mais horripilante a noção de depender deles nas voltinhas diárias no meio de gente completamente sem noções de educação rodoviária...
Não, basta retirar as velhas, limpar a zona (sem exageros, nada de abrasivo), colocar as novas mais ou menos direitas e martelá-las para o sítio com um martelo grande (também há quem lhes coloque uma chave de caixa grande em cima e bata na chave, para ser mais uniforme),
Há quem goste de meter vedante, mas sinceramente não vejo razão para isso, a junta de interferência que elas fazem com o bloco veda muito bem, e só ia arrastar o vedante para dentro das galerias, que não é nada boa ideia, são essas coisas que depois ajudam a entupir os radiadores.
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não parece muito dramático, mas chegámos aos 105 km/h a certo ponto...
