Gostaria de dar o meu contributo a esta discussão. Para isso, vou tentar sintetizar o que foi dito e subentendido nesta troca de argumentos, utilizando substantivos que fazem parte do nosso dia a dia, mas que, talvez por isso, acabamos por não interiorizar o seu real significado.
Quando qualquer entusiasta ou amante de clássicos faz uma pesquisa nos classificados sobre viaturas do seu interesse, um dos critérios que poderá incluir na sua pesquisa é o
preço. Este representa quantitativamente o valor monetário que o entusiasta deve pagar pela viatura que deseja adquirir. O
preço é algo objectivo, podendo variar de acordo com alguns factores tais como, a condição ou estado da viatura, a raridade, exclusividade, unidades produzidas, o nicho de mercado, a lei da oferta e da procura, ... Em suma, o
preço varia, de uma forma geral, com algo que seja palpável ou mensurável.
Já o
valor, trata-se de um conceito mais abstracto e subjectivo, que varia de pessoa para pessoa, dependendo do grau de necessidade, satisfação e utilidade para cada um. Em termos práticos, o
valor representa muito mais do que um número. Por definição, o
valor é quanto um entusiasta está disposto a pagar para adquirir uma viatura.
Podemos de facto concluir, que
preço e
valor não são a mesma coisa, apesar de muitos de nós, erroneamente, considerar ambos como sinónimos. O
preço é o que pagamos por determinado bem, produto ou serviço,
valor é o que levamos para casa ou a percepção do valor gerado.
Com base nesta dicotomia, poderemos ter discussões sãs e intermináveis, com os entusiastas e apaixonados de cada marca defendendo a sua “dama”, valorizando os aspectos que consideram mais importantes para si, pagando ou indicando a outros interessados, o preço justo de determinada viatura.
Porque nem todos andamos nisto dos clássicos com os mesmos interesses e motivações, alguns confundem preço com
custo e valor com
lucro.
Nesta perspectiva, o principal enfoque é colocado no
custo de aquisição da viatura, mesmo que para isso seja necessário recorrer a acções concertadas junto do vendedor, para fazer descer de forma “artificial” o preço inicial da viatura. Caso sejam bem sucedidos, só falta uma polidela e pouco mais para fixar o
lucro pretendido.
Felizmente, nos dias de hoje, este tipo de actuação cada vez mais está condenada ao insucesso. Quem vende algo cobiçado, de um modo geral ou sabe, ou foi informado por quem é conhecedor, do real valor do bem. Neste contexto, raramente o “interessado” agiota e seus acólitos conseguem levar avante os seus propósitos, ficando a ver o bom negócio tombar para o lado que efectivamente sabe valorizar o bem.
Se dúvidas houvessem, bastavam os relatos do
@Pedro Pereira Marques sobre o desfecho dos negócios dos 75’s, isto só para referir os casos que estão mais “frescos”.
Quanto ao convívio com gente desta casta neste mesmo espaço, isso não me faz confusão. Dá a oportunidade aos que verdadeiramente vivem a paixão pelos clássicos, de tomar as medidas necessárias para fazer gorar os seus intentos.