Amigos, amigos... calma.
Vamos lá pôr as coisas no devido lugar. Pra começar, para mim um carro só merece esse nome quando não tem circuitos electrónicos a lidar com o que quer que seja possível ligar directamente dos comandos aos equipamentos. Por isso, não estamos na presença de um carro completamente simples e desprovido de mariquices.
Depois, há outras questões básicas daquilo que faz um carro ser desportivo. Motor com boa resposta e desempenho, pouco peso, nada de interferências ou comités electrónicos, caixa manual, tracção traseira e um chassis bem conseguido.
Eu ainda acrescentaria pneus de dimensões mínimas para o peso e propósito, mas hoje em dia ninguém os calça assim. Quem determina o tamanho dos pneus é o tipo do marketing, e não o engenheiro.
De resto, hoje tudo o que se constrói é de tal maneira controlado, moderado, politicado e tudo o mais, que é raro já se conseguir distinguir uma marca de outra. Por isso é que me chamou a atenção a Toyota apresentar um modelo com este layout tão próximo da arquitectura clássica do desportivo. Claro que não se pode comparar a um tri-S ou a um 124 Spider. E um 1M está noutro escalão, tanto de preços como de performance e propósitos. Uma coisa é um desportivo, que é suposto servir para diversão simples, e outra coisa é um superdesportivo como o 1M, que já precisa de sei lá o quê para se poder exercitá-lo. Isso não é um carro para o mundo real.
O que se tem é de pôr cada um no seu devido lugar. O GT86 é uma proposta interessante porque, tal como o MX-5, foi buscar algo dos clássicos para o mundo actual. Não quer dizer que seja um clássico, porque não o é. Mas talvez um dia venha a ter um lugarzito na história tal como o Mazda já tem. Eu acho-o interessante por causa disso, mas não comprava um. Há coisas que não mudam, e com as quais me custa a viver. Basta olhar para aquele interior... enfim, adiante.
O Alfa 4C, se for feito (e mantenho esta ressalva porque o grupo Fiat tem um historial incomparável de flops neste aspecto, porque se fartam de apresentar protótipos que deixam o mundo todo a babar e sonhar, e depois... nicles), será algo igualmente interessante. Mas não é automaticamente um clássico. Temos visto muita coisa a sair à rua com o emblema da Alfa que eu, francamente, preferia esquecer que existe (quem, no seu perfeito juízo, quer um Alfa Spider JTD?). Mas gostava de ver as coisas evoluir no sentido certo, isso gostava. Eu tornei-me cliente da BMW (para o electrodoméstico da patroa) porque a Alfa passou a fazer todos os modelos com o motor ligado às rodas erradas. E eu não compro um carro, especialmente um carro com um motor decente, ligado às rodas da frente. Há coisas que não perdoo. E a Alfa, com o historial como tem, é uma ofensa continuar a fazer as tretas que tem posto cá pra fora.
Por tudo isto e mais alguma coisa... não vale a pena discutir. Hoje a mistura genética e o nivelamento forçado pelas politiquices é tanta, que pouco resta dos carácteres de uns e outros. Se não for pelo design e alguns pormenores, vai dar tudo ao mesmo. E são todos empestados de circuitos e chips pra isto e praquilo.
Agora que é de louvar estas "pequenas anomalias" que fogem ao tédio que são todos os carros modernos... isso sem dúvida que sim.
Um abraço a todos!