Carlos Vaz
Pre-War
Ora bem… há bastante tempo que tenho prometido um texto sobre carros japoneses coisa para que me tem faltado a “verve”…
Continuo a não me sentir particularmente inspirado mas parece-me que se estou á espera disso, isto não sai é nunca. Pelo que… lá vai!
Tenho a nítida impressão que a “comunidade dos clássicos” tem sido sempre algo snob em relação aos carros japoneses e isso em Portugal não se nota tanto pelas ligações ultramarinas onde estes carros estavam muito bem representados mas por essa Europa nota-se um desconhecimento e snobismo em relação a estes carros… basta ver a baixíssima frequência de artigos sobre os mesmos nas mais diversas publicações da especialidade.
O que estou a escrever está a ser feito de memória pelo que poderão haver datas ligeiramente “deslocadas”!
Não vou até aos primórdios desta industria pois já por aqui anda um tópico centrado na marca Prince que é deveras elucidativo.
É claro que há alguns modelos que há muito conquistaram o seu espaço e reconhecimento no mundo dos clássicos, modelos como o Toyota 2000GT, o Datsun 240Z ou até o Honda S800 mas o grosso da produção automóvel japonesa, era feita de produtos “sensaborões”, simples, robustos e fiáveis, com um objetivo muito bem definido: vender muito!
Portanto acabámos por ter uma quantidade enorme de carros RWD com eixo rígido posterior e molas de folhas, equipados com motores de arvore de cames lateral e sem qualquer tipo de sofisticação técnica. Ainda assim os japoneses são assumidamente “petrolheads” e sempre respeitaram profundamente o que de melhor se fazia pela Europa. A concepção do 240z é a prova disso, pois acabou por incorporar muitas coisas de muitas produções europeias.
A verdade é que ao longo dos anos, no meio de toda esta produção para as massas, aqui e acoli havia sempre umas verdadeiras pérolas que hoje de forma muito ostensiva tendemos a ignorar.
Evitando desde já falar nos carros acima mencionados, lembro que n final dos anos 60 quase todas as marcas tinham modelos equipados com motores 1600 Twin Cam, cx de 5 velocidades e em alguns casos, diferencial autoblocante… estou-me a lembrar do Izuzu Bellet GT e do Toyota Corona Gt… mas parece-me que a formula não se esgotava nestes 2. No final dos anos 60 (creio que em 68 ou 69) a Nissan (Datsun) lança o Bluebird 510 (por cá são aclamadas as versões SSS) que era uma verdadeira pérola pois já contava com motores OHC e suspensão independente ás 4 rodas o que até por cá era relativamente pouco usual. Este carro no principio dos anos 70 competiu na America (creio que na série TransAm) e pelo menos durante 2 anos deixou os Alfas a “ver navios”!
Mais ou menos na mesma altura (finais dos anos 60) a Honda lançava um ilustre desconhecido (por cá) de seu nome 7 e mais tarde 9… eram carros inovadores com tração dianteira e um motor de 4 cilindros com 1300cc arrefecido a ar que debitava (na sua versão mais desenvolvida) 115cv… mesmo que sejam medidas SAE, para a época era verdadeiramente impressionante e… batiam (nesta matéria) claramente os Lancia e Alfas que eram as referencias na altura.
Em 72 temos o lançamento do Honda Civic que era também uma pequena pérola na época, FWD, OHC e suspensão independente ás 4 rodas… tivesse tido outra divulgação por cá e talvez o 127 não fosse o rei deste tipo de carros. Ainda nesta categoria temos o Datsun 100A (Cherry no Japão) que de um modo geral nada perdia para o que se fazia no género por cá.
Nos anos 60 tivemos a resposta da Nissan ao MGB no formato Fairlady que eram do melhor que se fazia na época… os últimos já com motor 2000 estão a anos luz em todos os parâmetros de analise quando comparados com os MGB que os inspiraram.
Pelo meio há inclusivamente alguns desenhos muito interessantes ou não fossem assinados pelos melhores designers europeus: Izuzu 117 Coupé (Bertone), o primeiro Nissan Silvia coupé foi desenhado por Goertz e o Mazda 1500 (Bertone).
Ainda assim, é de facto ao nível do design que se notam grandes diferenças para o produto europeu mas isso terá a ver com uma grande (quase única) aposta no mercado americano que os levou a adoptar um design ao gosto deste mesmo mercado… a mesma razão aliás que os levou a perder a “guerra” dos diesel contra a concorrência europeia no novo milénio. Começaram também a partir do inico dos anos 70 a distinguir-se com uma oferta de equipamento que estava fora do que o resto das marcas faziam. Desde a recirculação de ar do habitáculo (se a memoria não me falha foi introduzida num Datsun Cherry) até tudo o que fossem gadgets electricos montados nos Toyota Century ou nos Nissan President.
Ah… e já me esquecia da Mazda com os seus motores Wankel que depois de todos terem abandonado a formula, os desenvolveu até ao novo milénio e até ganhar Le Mans.
Penso no entanto que o melhor período vai do final dos anos 60 até ao inicio dos anos 70… a partir de 74/75 tenderam a acabar as inovações que voltam a reaparecer já na década de 80.
(continua)
Continuo a não me sentir particularmente inspirado mas parece-me que se estou á espera disso, isto não sai é nunca. Pelo que… lá vai!
Tenho a nítida impressão que a “comunidade dos clássicos” tem sido sempre algo snob em relação aos carros japoneses e isso em Portugal não se nota tanto pelas ligações ultramarinas onde estes carros estavam muito bem representados mas por essa Europa nota-se um desconhecimento e snobismo em relação a estes carros… basta ver a baixíssima frequência de artigos sobre os mesmos nas mais diversas publicações da especialidade.
O que estou a escrever está a ser feito de memória pelo que poderão haver datas ligeiramente “deslocadas”!
Não vou até aos primórdios desta industria pois já por aqui anda um tópico centrado na marca Prince que é deveras elucidativo.
É claro que há alguns modelos que há muito conquistaram o seu espaço e reconhecimento no mundo dos clássicos, modelos como o Toyota 2000GT, o Datsun 240Z ou até o Honda S800 mas o grosso da produção automóvel japonesa, era feita de produtos “sensaborões”, simples, robustos e fiáveis, com um objetivo muito bem definido: vender muito!
Portanto acabámos por ter uma quantidade enorme de carros RWD com eixo rígido posterior e molas de folhas, equipados com motores de arvore de cames lateral e sem qualquer tipo de sofisticação técnica. Ainda assim os japoneses são assumidamente “petrolheads” e sempre respeitaram profundamente o que de melhor se fazia pela Europa. A concepção do 240z é a prova disso, pois acabou por incorporar muitas coisas de muitas produções europeias.
A verdade é que ao longo dos anos, no meio de toda esta produção para as massas, aqui e acoli havia sempre umas verdadeiras pérolas que hoje de forma muito ostensiva tendemos a ignorar.
Evitando desde já falar nos carros acima mencionados, lembro que n final dos anos 60 quase todas as marcas tinham modelos equipados com motores 1600 Twin Cam, cx de 5 velocidades e em alguns casos, diferencial autoblocante… estou-me a lembrar do Izuzu Bellet GT e do Toyota Corona Gt… mas parece-me que a formula não se esgotava nestes 2. No final dos anos 60 (creio que em 68 ou 69) a Nissan (Datsun) lança o Bluebird 510 (por cá são aclamadas as versões SSS) que era uma verdadeira pérola pois já contava com motores OHC e suspensão independente ás 4 rodas o que até por cá era relativamente pouco usual. Este carro no principio dos anos 70 competiu na America (creio que na série TransAm) e pelo menos durante 2 anos deixou os Alfas a “ver navios”!
Mais ou menos na mesma altura (finais dos anos 60) a Honda lançava um ilustre desconhecido (por cá) de seu nome 7 e mais tarde 9… eram carros inovadores com tração dianteira e um motor de 4 cilindros com 1300cc arrefecido a ar que debitava (na sua versão mais desenvolvida) 115cv… mesmo que sejam medidas SAE, para a época era verdadeiramente impressionante e… batiam (nesta matéria) claramente os Lancia e Alfas que eram as referencias na altura.
Em 72 temos o lançamento do Honda Civic que era também uma pequena pérola na época, FWD, OHC e suspensão independente ás 4 rodas… tivesse tido outra divulgação por cá e talvez o 127 não fosse o rei deste tipo de carros. Ainda nesta categoria temos o Datsun 100A (Cherry no Japão) que de um modo geral nada perdia para o que se fazia no género por cá.
Nos anos 60 tivemos a resposta da Nissan ao MGB no formato Fairlady que eram do melhor que se fazia na época… os últimos já com motor 2000 estão a anos luz em todos os parâmetros de analise quando comparados com os MGB que os inspiraram.
Pelo meio há inclusivamente alguns desenhos muito interessantes ou não fossem assinados pelos melhores designers europeus: Izuzu 117 Coupé (Bertone), o primeiro Nissan Silvia coupé foi desenhado por Goertz e o Mazda 1500 (Bertone).
Ainda assim, é de facto ao nível do design que se notam grandes diferenças para o produto europeu mas isso terá a ver com uma grande (quase única) aposta no mercado americano que os levou a adoptar um design ao gosto deste mesmo mercado… a mesma razão aliás que os levou a perder a “guerra” dos diesel contra a concorrência europeia no novo milénio. Começaram também a partir do inico dos anos 70 a distinguir-se com uma oferta de equipamento que estava fora do que o resto das marcas faziam. Desde a recirculação de ar do habitáculo (se a memoria não me falha foi introduzida num Datsun Cherry) até tudo o que fossem gadgets electricos montados nos Toyota Century ou nos Nissan President.
Ah… e já me esquecia da Mazda com os seus motores Wankel que depois de todos terem abandonado a formula, os desenvolveu até ao novo milénio e até ganhar Le Mans.
Penso no entanto que o melhor período vai do final dos anos 60 até ao inicio dos anos 70… a partir de 74/75 tenderam a acabar as inovações que voltam a reaparecer já na década de 80.
(continua)