Fiat Fiat 124 Spider 1967 - A saga continua...

[Eduardo Relvas]

Não é para aproveitar a napa das forras antigas?

Isso é um trabalho muito chato. Recuperei umas no outro dia e passado dias apareceram umas novas no EBAY num daqueles negócios oportunos.

Não, João, porque é para fazer tudo de novo em vermelho, sempre foi esse o plano. Detesto esta napa, é um material reles, não original. Além disso, não sei se o mencionei, mas quando descascámos a base do banco traseiro, havia pedaços de napa vermelha lá em baixo, por isso é provavelmente a cor que ele tinha de origem. Devia ser mais escuro que o que estou a usar, mas gosto deste tom.

Adoro este trabalhos made by home ainda por cima feitos por uma pessoa com gosto e dedicação como tu e da forma como descreves as intervenções faz com que a malta se cole ao PC
Espero pelos resultados com espetativa,continuação de bons trabalhos

Abraço

Obrigado Paulo, se faço isto é mesmo para vocês, por isso é bom saber que gostam.

Hoje terminei a preparação dos cartões novos. Comecei por fazer um ensaio de alinhamento no painel da porta do condutor, e marquei os pontos onde vai levar os rebites que o pegam à parte de metal que faz o cimo. Montei o painel, e depois de satisfeito com o alinhamento, apertei-o todo com o material que faz a composição. Depois pus a parte de cima, e marquei os centros dos furos todos...



De seguida, foram feitos os furos, e como a superfície do MDF quebra sempre pequenos rebordos na zona furada, dá-se o acabamento com a lixadora. Atenção que pelo menos com os clips que eu tenho e vou usar, nem sequer convém que fiquem perfeitamente centrados os furos com o orifício no painel da porta, porque eles são descentrados. Aqui temos o resultado, um painel finalizado...



Depois de tudo rectificado e verificado em ambas as portas (não há razão para fazer dois painéis diferentes, basta ter um que sofre os ajustes todos e transfere-se só no final), passei as marcações todas para o do pendura. Podem ver o resultado final... amanhã já seguem para o estofador.



Depois de ter esta tarefa terminada, virei-me para a suspensão dianteira. Sabia que do lado do pendura não havia acção de amortecimento, e pensei que o amortecedor simplesmente tinha expirado. O que encontrei deixou-me de boca aberta...

Ia eu para desapertar a porca de topo quando... onde anda ela...?



Olhando mais de perto, percebe-se melhor o estrago...



Pois é... o metal do topo da torreta do amortecedor cedeu à fadiga e desfez-se. Não é um problema invulgar nestes modelos, especialmente quando se tem amortecedores com uma taragem superior à normal ou se abusa muito do todo-o-terreno. No meu caso, os acessos das praias algarvias (em particular o da Carriagem, que de certeza foi quem começou isto) despacharam-no.

O amortecedor estava quietinho mais abaixo...



.... e depois de desapertar o parafuso do fundo, veio pacificamente para a bancada. É um Boge, logo não é mau, e está em bom estado. Mas provavelmente também é um pouco mais duro do que deveria. Paciência... agora temos de tratar de lhe refazer a "casa".



Estes pedaços que recolhi no interior são parte do que resta...



... e aqui vê-se mal, mas ainda havia uns resquícios agarrados à anilha separadora.



Enfim... que posso dizer? São coisas que acontecem a quem usa os carros sem picuinhices. Mas pela positiva, o amortecedor está bom, e penso que não há muitos mais estragos na suspensão. Mas isso só irei averiguar nos próximos dias, agora tenho de o levar a reparar... Mais notícias em breve.

Um abraço a todos!

 

[Daniel Teixeira]

Obrigado Daniel, é sempre bom saber que apreciam o nosso trabalho, é isso que me faz continuar sempre a partilhar o que faço.

A massa preta não sei, é uma coisa que tenho de investigar, vou ver isso amanhã com o meu amigo pintor, e depois digo. Já vi nos carros modernos que usam de facto uma coisa pastosa que não seca, tenho de ver de algo do género.

O DVD foi feito por um senhor chamado David Gardiner, que é simplesmente um dos melhores artesãos de metal do mundo. Trabalha profissionalmente numa das melhores empresas do Reino Unido, e já carroçou todo o tipo de clássicos. Além disso, dá aulas numa faculdade na área do restauro, e os alunos dele estão nos melhores restauradores em toda a parte. Foi ele com uma pequena equipa quem produziu e gravou os dvd's, podes encontrá-los aqui:

http://www.metalshapingzone.com/

Fica em cerca de 45€ já com os portes de envio. Já li variadíssimas opiniões sobre o vídeo, são duas horas e meia de conhecimento puro. Até pessoas que trabalham na área confessam que aprenderam imenso com ele, e todos os comentários são altamente positivos, por isso vou agora sentar-me um bocado a ver...

Um abraço!

Obrigado Eduardo!!!

Continua o bom trabalho e acima de tudo, o trabalho adicional a documentar e a colocar aqui no forum, para a malta aprender e se inspirar!

 

[António Barbosa]

Feu Rouge !! A humidade existe e aqui foi triste!

Isso é trabalho de chapeiro? Ou dá para ser DIY?

(Esforcei-me e não falei da chapa italiana...)

 

[Paulo Jorge Coutinho]

Magnifico trabalho com as forras das portas.
Fiz o mesmo ao KE20 azul que tive, mas usei placas de PVC e aproveitei as forras originais, pois estavam impecáveis. O interior, como era uma espécie de cartão rijo, com as décadas, degradou-se.

 

[Eduardo Relvas]

Feu Rouge !! A humidade existe e aqui foi triste!

Isso é trabalho de chapeiro? Ou dá para ser DIY?

(Esforcei-me e não falei da chapa italiana...)

António, o problema aqui não foi ferrugem, nem nada parecido... foi simplesmente rotura por fadiga. Nota-se bem pelo aspecto da linha do material que ficou em redor... Se a torre tivesse apodrecido seria num sítio completamente diferente, já não falando do aspecto. Não há metal podre em sítio nenhum.

O que acontece é que esta torre é relativamente desamparada a nível de lidar com os esforços cíclicos que lhe são impostos pelo amortecedor. Era uma zona que nos carros preparados pela fábrica para competição levava substanciais reforços, por isso eles sabiam que era um ponto fraco. É também por isso que normalmente se desaconselha a utilização de amortecedores com uma taragem muito forte, porque ainda aumenta mais as forças, e por inerência o stress no material.

Este é um tipo de reparação que não me atrevo (ainda) a fazer eu, por isso hoje fui aconselhar-me com um amigo de confiança, e na semana que vem vou levá-lo ao melhor artesão de metal aqui da zona... depois reportarei como correu a "consulta".

Magnifico trabalho com as forras das portas.
Fiz o mesmo ao KE20 azul que tive, mas usei placas de PVC e aproveitei as forras originais, pois estavam impecáveis. O interior, como era uma espécie de cartão rijo, com as décadas, degradou-se.

Eu ainda considerei várias hipóteses de materiais alternativos, mas preferi usar este por ser mais macio, corres o risco de num painel de PVC, acrílico ou metal se tornar demasiado ruidoso. Além disso, eles apodreceram por falta dos plásticos isolantes e não porque simplesmente o material não estivesse à altura. Vocês vão ver quando eu montar as portas tudo o que lá faltava e que eu vou repôr... Estes não apodrecem nem daqui a 40 anos!

Um abraço a todos!

 

[Paulo Sergio Carvalho]

Feu Rouge !! A humidade existe e aqui foi triste!

Isso é trabalho de chapeiro? Ou dá para ser DIY?

(Esforcei-me e não falei da chapa italiana...)

Por acaso coisa que não se vê no chapeiro são carros Ingleses

 

[Paulo Sergio Carvalho]

Belo trabalho com as quartelas mas que dá trabalho dá fonix ,pena a rotura do topo do amortecedor mas nada é eterno e para um carro com mais de 40 anos que é usado diariamente não é nada dramatico tomará a muita gente que os novos dessem dors de cabeça desse genero

Abraço

 

[Paulo Jorge Coutinho]

António, o problema aqui não foi ferrugem, nem nada parecido... foi simplesmente rotura por fadiga. Nota-se bem pelo aspecto da linha do material que ficou em redor... Se a torre tivesse apodrecido seria num sítio completamente diferente, já não falando do aspecto. Não há metal podre em sítio nenhum.

O que acontece é que esta torre é relativamente desamparada a nível de lidar com os esforços cíclicos que lhe são impostos pelo amortecedor. Era uma zona que nos carros preparados pela fábrica para competição levava substanciais reforços, por isso eles sabiam que era um ponto fraco. É também por isso que normalmente se desaconselha a utilização de amortecedores com uma taragem muito forte, porque ainda aumenta mais as forças, e por inerência o stress no material.

Este é um tipo de reparação que não me atrevo (ainda) a fazer eu, por isso hoje fui aconselhar-me com um amigo de confiança, e na semana que vem vou levá-lo ao melhor artesão de metal aqui da zona... depois reportarei como correu a "consulta".


Eu ainda considerei várias hipóteses de materiais alternativos, mas preferi usar este por ser mais macio, corres o risco de num painel de PVC, acrílico ou metal se tornar demasiado ruidoso. Além disso, eles apodreceram por falta dos plásticos isolantes e não porque simplesmente o material não estivesse à altura. Vocês vão ver quando eu montar as portas tudo o que lá faltava e que eu vou repôr... Estes não apodrecem nem daqui a 40 anos!

Um abraço a todos!

Por acaso, a pensar nisso, ainda revesti o PVC com aquele plástico fininho, mas esponjoso, que se usa para proteger peças frágeis quando são embaladas para transporte.


Aquilo ficou melhor que novo!

 

[António Barbosa]

Por acaso coisa que não se vê no chapeiro são carros Ingleses

Naquela zona não vês, sabes o que é um charriot da frente de um Mini?

 

[Paulo Sergio Carvalho]

Agora é que lixas-te
Deixa lá ver se eu e desenrrasco
É um sistema totalmente diferente da Fiat, a suspensão entra e aperta nas torres do charriot e não na chapa como nos Fiat

 

[António Barbosa]

Nem mais! E sabes como é conservada a chapa de um charriot da frente de um Mini? Com as fugas de óleo do motor e da caixa...

 

[Paulo Jorge Coutinho]

Nem mais! E sabes como é conservada a chapa de um charriot da frente de um Mini? Com as fugas de óleo do motor e da caixa...

 

[Jorge Viegas]

Nem mais! E sabes como é conservada a chapa de um charriot da frente de um Mini? Com as fugas de óleo do motor e da caixa...

Não é só do Mini

 

[Eduardo Relvas]

Bem, o brinquedo ainda teve um dia ou dois de saídas depois do último relato. Simplesmente retirei o amortecedor para não andar prali a bater, e pronto. Levei-o a equilibrar as rodas (há uns dias tive de o levar em serviço e vibrava que nem um doido), pelo menos dessa parte fiquei descansado.

Curiosamente, cheguei à conclusão que os barulhos estranhos que sempre ouvi daquele lado, e que eu receava serem algum casquilho ou rótula, eram simplesmente aquela parte do topo da torre do amortecedor que já devia estar em rotura... agora o carro está silencioso! Como dizia o Pessa... E esta, hein...?

Bom, mas de volta à acção. Depois da saga dos cartões das portas ter terminado, a minha garagem parecia uma carpintaria, cheia de serradura e lascas de MDF. Toca a limpar...



Ainda houve tempo, depois da faxina, para um pequeno toque de decoração, com um bocadinho de petrolhead art para o quadro... Nuno, ainda hei-de fazer um poster disto!



Entretanto, e como podem perceber pelo pedaço de carro à esquerda na foto de cima, o interior já tinha começado a ficar mais despovoado... e continuou:



A sujidade era mais que muita, são anos a deixar o carro aberto aos elementos, é um angariador de lixo... o que entra já dificilmente sai (bem, o vento sempre leva alguma coisa, mas pouco...).



A desmontagem foi avançando, e as carpetes saíndo, junto com o meu banco. Tirar a cobertura do túnel central implicou retirar não apenas a consola do rádio, mas também a alavanca da caixa e a parte de baixo da caixa da chauffage... e as laterais das embaladeiras obrigam a tirar as réguas das soleiras de porta e os painéis laterais com as bolsas de mapas onde eu meti as colunas do rádio...



Entretanto tenho andado apreensivo a ver o estado da chapa, mas até agora não há surpresas desagradáveis, apenas pequenos pontos de corrosão superficial onde a tinta foi danificada por parafusos. Há é várias camadas de isolantes (primeiro o forro da carpete, depois camadas de fibras e finalmente o betuminoso), e uma zona junto ao túnel do lado do pendura que está molhada, mas não percebo com quê. Parece não ter cheiro mas ao mesmo tempo não pareceu água. Resolvi aprofundar a investigação e retirar as camadas todas de isolamentos para chegar á chapa, mas até agora só encontrei chapa limpa. O trabalho, no entanto, está longe de ter terminado. Como podem ver, tenho bem com que me entreter... a zona creme de lado do túnel de transmissão é chapa limpa (o creme é o primário de fábrica).



Amanhã vou ver se arranjo uma pistola de ar quente para ajudar a retirar isto com uma espátula, tenho estado a levantá-lo com uma ferramenta tipo chave de fendas, e assim nunca mais chego ao fim... e já tenho saudades de andar nele!

Amanhã as carpetes já vão direitinhas ao estofador, para tirar os padrões e fazer as novas. Os pedaços do banco traseiro já devem estar prontos, faltam as laterais. A ver se isto começa a tomar forma...

Um abraço a todos!

 

[João Luís Soares]

Como se diz por aqui, isso estava badalhoco!

Quanto ao líquido do lado do pendura... a chauffage não é aí por cima?

 

[Jorge Viegas]

Sempre a dar-lhe, não paras...

 

[Eduardo Relvas]

Como se diz por aqui, isso estava badalhoco!

Quanto ao líquido do lado do pendura... a chauffage não é aí por cima?

Não é líquido do circuito, não... se fosse fuga de lá notava-se, o Paraflu deixa rasto azulado. Aliás, isto é meio oleoso, e se fosse dali já tinha evaporado a água e ficava só a marca.

Eu tou desconfiado que deve ser alguma pequena fuga de óleo do motor que ali veio ter por alguma pequena abertura no corta-fogos. Ou isso ou é a glicerina que escorre das articulações do motor do limpa pára-brisas por alguma passagem e vem cair ali.

Abraço!

 

[António Barbosa]

Que lavoura!!! Julguei que eram só umas forras de portas mas...

 

[Jorge Viegas]

Que lavoura!!! Julguei que eram só umas forras de portas mas...

O homem até gosta de ter coisas para fazer no carro

 

[Eduardo Relvas]

Que lavoura!!! Julguei que eram só umas forras de portas mas...

Nope, é um interior completo mesmo...

O homem até gosta de ter coisas para fazer no carro

Eu já disse várias vezes, para mim o 124 Spider é o pacote perfeito, porque gosto...

- de olhar para ele;
- de trabalhar nele;
- de andar nele;
- de falar dele.

Não me canso... é paixão mesmo!

Ainda hoje de vez em quando perco tempo na garagem sem nada de especial para fazer, vou olhando, vou pensando no que há para fazer, vou vendo como estão as coisas, mexo aqui, olho ali... dá-me prazer mesmo quietinho na garagem.

Um abraço a todos!