Ora bem, vamos lá então pôr a história disto em dia.
O Spider tem tido pouquíssimo uso desde que a Familiare entrou em cena, como os leitores mais atentos já devem ter percebido. Mas de vez em quando lá lhe arranjo uns biscates para ele não se sentir posto de parte.
Em Março cumpriu a bonita idade de 50 anos, e como recompensa fui buscá-lo ao arquivo e levei-o à IPO, que passou sem anotações. Não foi um gesto inteiramente altruísta, porque nessa tarde tinha de ir a Castelo Branco a um dever familiar e a Familiare estava à espera de uma peça qualquer que agora não recordo, e por isso não quis arriscar a levá-la num percurso maior.
Os males de usar um carro com pouca frequência incluem o deixar caír no esquecimento os problemas que andavam a preocupar quando o carro era usado de forma intensiva, e desta vez aconteceu-me exactamente isso. Mas antes ainda houve uns km de estradas nacionais ao final de tarde de Primavera para disfrutar em ritmo calmo...
Apesar da hora tardia, este troço do IP2 é dos mais densamente patrulhados do país, por isso é disfrutar do cenário sem
stresses...
Quando finalmente entrei na A23, estiquei as mudanças e deixei o motor respirar um pouco mais, mas embora tenha respondido lindamente, foi sol de pouca dura... passados uns curtos 6 km, rebentou a correia do alternador.
(desculpem a foto tremida, mas foi o que se arranjou com o telefone...)
Ainda assim, como ia em AE e faltava pouco para a saída que eu pretendia, segui a ritmo calmo e consegui chegar sem problemas. Parei para confirmar o diagnóstico, e decidi arriscar mais uns km para ver se a temperatura se mantinha dentro dos limites como me pareceu antes. E assim foi... até Castelo Branco. Como ia sempre nos 80-90, o motor ia em pouco esforço e a temperatura aguentou-se perfeitamente. O circuito é muito generosamente dimensionado, e o movimento da água por termosifão foi suficiente para dissipar o calor de forma eficaz.
Chegados à cidade, já não apanhei nada aberto que tivesse uma correia, e já estava atrasadíssimo para o jantar, por isso acabei por nem procurar muito mais e fui ter com o resto do pessoal. Como a noite estava fresca e eu tinha mesmo de regressar, optei por repetir a dose e fiz a viagem de volta nas mesmas condições. Ainda fiz uma correia de emergência com um elástico das bagagens, que se aguentou até meio do caminho (e ajudou a conter a temperatura mais um pouco).
A bateria ia-se aguentando, e pelas minhas contas daria para ainda mais uma hora de uso além do trajecto que tinha para fazer, e assim foi.
Cheguei a casa perto das duas da manhã, com o carro intacto... e assim que cheguei descobri que tinha deixado a chave de casa em Castelo Branco!
Como por sorte deixei a garagem destrancada, consegui aceder às poucas ferramentas que ainda lá tenho e lá consegui arranjar maneira de entrar, mas foi mais meia hora de luta... foi um dia cheio de emoções!
No dia seguinte pus a bateria à carga (tinha menos de 30% de carga restante), montei a correia sobressalente que tinha guardada na garagem (boa Eduardo...!) e comprovei que voltou tudo à normalidade... não ficou nada a não ser mais uma história para contar! Quantos carros exóticos conhecem vocês que consigam passar por tudo isto...?
Algumas semanas mais tarde, foi o veículo escolhido para participar num encontro de clássicos aqui da localidade, organizado por um grupo de amigos entusiastas e que, apesar de ter poucos participantes, foi um dia muito bem passado.
Como recompensa pelo serviço que estava a prestar, perdi algum tempo com ele a resolver um embróglio que já me andava a irritar. Há mais de um ano, uns miúdos na brincadeira desalinharam o elevador do vidro da porta do pendura, e como o montei à pressa não repus o cabo na posição devida, o que teve como consequência o não abrir na totalidade o vidro.
Uma hora depois, com o elevador retirado, o cabo foi resposto no alinhamento correcto...
Outra hora depois, o sistema de
polies estava todo reorganizado e o vidro a deslizar ao longo de todo o curso na perfeição. O arranjo não foi apenas fortuito mas sim uma oferenda de paz, já que no dia seguinte me haveria de levar a Rio Maior para visitar a Classic Expo. O certame em si acabou por não ser profundamente interessante (muita coisa de motas e bicicletas e pouco de automóveis), mas deu para uns dedos de conversa, nomeadamente graças à oportunidade de rever dois bons amigos, o Mauro Amaral (com quem não tirei foto mas não esqueci...) e o nosso defensor dos britânicos por excelência, o José Carlos Magalhães...
Terminada a visita, e porque havia mais compromissos familiares a cumprir, fizemo-nos ao caminho de volta, sempre a bom passo, e sem o mínimo soluço.
Daí para cá tem feito algum serviço rotineiro, e em breve vai voltar ao serviço a tempo inteiro, porque a Familiare teve uns precalços pelo meio... já conto tudo daqui a pouco.