ANGOLA - Factos Históricos do Automobilismo (pré 1975)

OP
OP
Ricardo Duarte Kadypress
Alfa Romeo T33 de Santos Peras por 43,00 € na sua prateleira...

Do meu fornecedor de miniaturas, aqui vai a notícia.

m43.jpg


Casa dos Buxeiros
Rua Estádio Pina Ferraz
Oliveira do Conde
3430-350 Carregal do Sal


Tel: 232 962 290
Tm: 93 600 67 44
Email 1: [email protected]
Email 2: [email protected]
Blog: M43 - Modelismo


SE NÃO DESEJA RECEBER MAIS EMAILS INFORMATIVOS
ENVIE UM EMAIL COM O ASSUNTO "RETIRAR DA MAILING LIST"



BEST
1/43


MODELO DISPONÍVEL BREVEMENTE


Estimados clientes. Ao contrário do que é indicado no site da marca BEST a informação acerca desta miniatura está errada.
Este modelo, chassis nº AR 75033015, correu em 1968 na Targa Florio conduzido pelo Nino Vaccarella e depois vendido ao Conde belga Van der Straaten (dono do Team VDS).
Depois foi vendido ao importador da marca para Angola (Emaco-Socoína) em 1970. Nesse ano, 1971 e 1972 foi pilotado pelo António Peixinho em várias provas, incluindo as 9 Horas de Kyalami, conjuntamente com o Basil Van Rooyen.

9408e.jpg



Em 1973 foi vendido ao Santos Peras. Esta versão (verde e amarela) não foi pilotada pelo António Peixinho, mas sim pelo Santos Peras em 1974 e 1975, altura da independência.

9408f.jpg


Esta foi a última decoração com que foi encontrado por um cidadão francês num armazém em 1989 em Angola, onde depois de muitas negociações foi vendido para França (Auxerre).

9408d.jpg


9408b.jpg


9408c.jpg


Uma curiosidade: no interior do depósito de combustível foi encontrada uma piton mumificada, que ali se escondeu, cresceu, já não conseguiu sair e acabou por morrer.
Depois foi vendido tal como estava num leilão por 120.000 Euros, a um coleccionador que o restaurou em Itália em 1999.
Correu no Le Mans Classic de 2002.

9408a.jpg

BEST (9408) - Alfa Romeo 33.2 #5 (Santos Peras) Luanda 1974/75 43,00 EUROS
 
OP
OP
Ricardo Duarte Kadypress
Citando o vendedor do modelo:

"...ao que me foi já dito o modelo afinal não correu em Kyalami e segundo também já me foi dito ainda tem os seguintes problemas, não deveria ter o vidro no capot do motor e faltam as 6 ranhuras das grelhas na parte superior posterior do capot de motor, logo atrás da tomada de ar para o radiador de óleo da caixa de velocidades.
A cor verde que a Best usou também suscita dúvidas, ao que parece este verde esta mais escuro, mas essa questão só mesmo quem esteve ao lado do autêntico pode confirmar.
..."
 
OP
OP
Ricardo Duarte Kadypress
Esta decoração foi a que Santos Peras levou na vitória em Carmona em 15-07-1974. O Mabílio claudicou (Lola T292/BMW) e o outrol Lola, o T212/Ford de Jorge Pêgo não tinha andamento para o Pêras.
 
OP
OP
Ricardo Duarte Kadypress
Manuel Ferreira Dinis disse:
E por cá esteve nas 6 Horas de Vila Real.

Exacto Manuel, e porque eu sei que você é um apreciador de Vila Real aqui vai:
O Team VDS inscreve este T33 de 2,5L para a dupla T. Pilette/R. Slotemaker um outro de 2,0L para a dupla G.Gosselin/ C. Bourgoignie nas 6H de Vila real de 06-07-1969.Nenhum dos T33 se classificou.
 

Manuel Ferreira Dinis

Dinis Vila Real
Ricardo Duarte Kadypress disse:
Exacto Manuel, e porque eu sei que você é um apreciador de Vila Real aqui vai:
O Team VDS inscreve este T33 de 2,5L para a dupla T. Pilette/R. Slotemaker um outro de 2,0L para a dupla G.Gosselin/ C. Bourgoignie nas 6H de Vila real de 06-07-1969.Nenhum dos T33 se classificou.

Obrigado Ricardo este não seria o que teve um acidente em Mateus?
 

Manuel Ferreira Dinis

Dinis Vila Real
Ricardo Duarte Kadypress disse:
Embora esteja na Austráqlia, onde reside o dono do carro, o mesmo tem corrido no Le Mans Classic com a pessoa que o reconstruiu o nosso amigo Lee Maxted Page.Ver aqui:

Marta e Tino no Le Mans Classic ... - Page 4 - 4- Desporto Motorizado em Angola - Mazungue

(as cores - branco e listas azuis - são a ultima decoração que o Emilio Marta detinha em Gaia)

Ainda bem que pode ser visto regularmente e com a decoração "para mim" a mais bonita.
 
OP
OP
Ricardo Duarte Kadypress
O Automobilismo em Angola pré-1975
Por : Ricardo Duarte / [email protected]

O Grande Prémio de Angola e a Taça Cidade de Luanda
O passado é o passado. Mas é também história. Estou convicto de que constituirão um orgulho para a Republica Popular de Angola os acontecimentos desportivos na modalidade do automobilismo os quais tiveram ampla repercussão nacional e internacional.
A memória do automobilismo angolano com contornos organizacionais relevantes e com carácter internacional remete-nos para o ano de 1957. Contudo, registaram-se provas organizadas em Angola desde os anos 20.
Em 1957 realizou-se em Luanda o I Grande Prémio de Angola (GPA) destinado a carros de Grande Turismo (GT), disputado no mítico Circuito da Fortaleza, tendo como “recta” principal a marginal de Luanda. A maioria dos pilotos eram angolanos/portugueses e estrangeiros dos países vizinhos.
A partir do II GPA, disputado em 1958, passaram a integrar o entry-list pilotos europeus e de outros continentes de nomeada, alguns deles militantes na eterna disciplina máxima – a F1.
Outros seis GPA’s (1959,60,62,63,64 e 65) se seguiram, até 1965, data em que se disputou o VIII e ultimo GPA. Foi assim que, animadamente, Angola serviu de palco à evolução de pilotos como Jimmy de Villiers, John Love, Curt Lincoln, George Pfaff, André Pilette, Wolfgang Seidel, Lucien Bianchi, Hans Herrmann, David Piper, Hermann Müller, Ben Pon, "Remordu" , Tonio Hildebrand, Charles Vögele , Willy Mairesse, Gerhard Koch, Jo Schlesser, Pierre Dumay, Rolf Stommelen entre outros e de viaturas que hoje são autenticas relíquias comercializadas a preços proibitivos – entre outras os Ferrari 250 GTO, 250 LM Berlinetta ou o 250 TR Testa Rossa.
O ATCA - Automóvel Touring Clube de Angola, que detinha os direitos de organização do automobilismo angolano, tinha viaturas próprias - dois Maserati 300S, um Ferrari 250 GT SWB e mais tarde um Lotus XXX e um Lotus 23B que normalmente eram entregues a pilotos angolanos e/ou portugueses de que destacamos os “angolanos” Álvaro Lopes, Flávio dos Santos, Henrique Bandeira Vieira e Maximino Correia.
Paralelamente aos GPA´s, o ATCA organizava as TCL – Taça Cidade de Luanda que, integradas no programa do GPA’s, eram destinada a viaturas de Turismo. As animadísssimas grids eram maioritariamente compostas por pilotos locais e de Portugal.

Corridas de Cabinda ao Cunene
A partir de 1965 continuaram as corridas em Luanda e no resto do País – de Cabinda ao Cunene : destacam-se as provas realizadas em Cabinda, Carmona, Cela, Lobito, Malange, Moçâmedes, Novo Redondo, Sá da Bandeira e Salazar, que eram compostas quer por provas de regularidade/ralis, quer por circuitos citadinos.
Nesta época, segunda metade dos anos 60, assistiram-se a provas interessantíssimas mas a participação estrangeira era quase exclusivamente feita através de pilotos estrangeiros radicados em Angola ou com interesses comerciais em Angola.
Em 1969, dá-se um gravíssimo acidente no “Circuito da Fortaleza” em Luanda - o II Circuito Palanca Negra - em que o Porsche Carrera 6 do português João Andrade Villar (falecido em consequência desse acidente) atingiu mais de uma dezena de espectadores. Em consequência disto o ATCA proibiu as corridas em Luanda mas os circuitos citadinos continuaram a efectuar-se nas outras localidades.
Nesta época assumiram especial destaque a luta, que “incendiou” circuitos atrás de circuitos, entre dois protagonistas importantíssimos na historia do automobilismo angolano: o português Nicha Cabral e o português (radicado em Angola) António Peixinho. Nicha defendia as cores da BMW/Autocal e Peixinho as da Alfa Romeo/Socoína. Começaram por pilotar o BMW 2002 Schnitzer e Alfa Romeo GTA e evoluíram até o BMW 2800 CS Schnitzer e o Alfa Romeo T33 2,5L sempre num crescendo de rivalidade que fazia vibrar multidões.
O automobilismo angolano foi palco de inúmeros pilotos – os protagonistas. Luanda detinha uma maioria de pilotos, pois era a cidade mais populosa. As pequenas localidades tinham os seus “ídolos”. Lembro aqui Henrique Ahrens de Novaes (Moçâmedes) , Ferreira Pires (Carmona), Emílio Marta e Herculano Areias (Benguela), José Caputo (Sá da Bandeira), etc. O angolano Santos Pêras, homem de sangue português e africano, foi um exímio piloto que evoluiu dos karts e motas até aos carros foi um piloto que se destacou no automobilismo angolano pelos seus magníficos dotes. Era ele próprio quem afinava os seus carros!!

Carros competitivos
Nesta época Angola conheceu carros de competição interessantíssimos que nada ficavam a dever, em actualidade, aos carros contemporâneos europeus de que destaco: Volvo PV544 e 122S, DKW/Auto Union 1000S, Saab 93 GT,96 Monte Carlo, 96 V4 e Sonett II, BMC Cooper S, Jaguar XK, E Type e 4.2, Lotus Cortina, 23, 26, Elan, Europa, 47, 62 e Super Seven, BMW 507, 2002 e 2800CS Schnitzer, Fiat Abarth OTS e Berlina Corsa, Ford Capri 2.6 e 3.0 GT, 2.6 RS e GT40, Glas 1304 TS e 1700 GT, NSU TT/TTS, Opel Manta Steinmetz, Ascona e GT,Lancia Fulvia HF e HFR, De Tomaso Pantera GTS, Alfa Romeo Giulia, GTA e GTAm e T33, Chevrolet Camaro Z28, Renault Dauphine, 8 Gordini e Alpine 1600S e Porsche 356, 904 GTS, Carrera 6 e Carrera RS 2.7.
O Ford GT40 foi talvez o carro mais emblemático que Angola teve. Foi adquirido directamente à fábrica (chassis P1080) pelo Município/população de Carmona para oferta ao seu piloto principal Ferreira Pires. Este carro foi depois vendido a piloto benguelense Emílio Marta que, com ele, foi campeão angolano de velocidade.
Também atravessaram a história do automobilismo angolano alguns protótipos feitos em Angola como o Ford Angola Especial de Manuel Conde (dizem feito com base num Maserati), o Marta Real, encomendado por Emílio Marta ao piloto/preparador Corte Real Pereira, o Ford Shana (baseado num Super Seven), construído e pilotado por Fernando Coelho e ainda um NSU protótipo que foi pilotado por Emídio Poiares/Amadeu Inácio.




A re-internacionalização
Como se viu atrás, 1969 foi o ano triste mas marcou o início de um sonho do automobilismo angolano – a construção de um Autódromo. A Autodel, com a boa vontade do município, o dinheiro de Pinto da Fonseca e o empenho de António Peixinho, colocou de pé o Autódromo Internacional de Luanda o qual foi inaugurado em 28 de Maio de 1972. Este autódromo nada ficava a dever aos melhores da Europa e foi construído sob regras internacionais. E Benguela também teve o seu Autódromo Internacional, para que conste, inaugurado uma semana antes do de Luanda – a 21 de Maio de 1972. Para tal muito contribuiu o piloto e empreendedor empresário angolano Emílio Marta. Lembro que o Autódromo Internacional do Estoril foi inaugurado no mesmo ano a 17 de Junho.
Mas a re-internacionalização dos circuitos angolanos não foi só feita através dos 2 autódromos angolanos. O automobilismo angolano muito deve a Nova Lisboa cidade que foi palco, por diversas vezes das 6 Horas Internacionais de Nova Lisboa num difícil circuito citadino que atraiu pilotos e carros de quase todos os continentes do mundo. Nova Lisboa teve um papel preponderante na re-internacionalização do automobilismo angolano.
As Temporada Internacional Angolana integrava provas nos dois Autódromos (Luanda e Benguela) e no circuito citadino das 6 Horas Internacionais de Nova Lisboa.
Nesta altura Angola viu correr os conhecidos protótipos – Lola, Chevron, March e Scorpion – pilotados por alguns dos melhores pilotos do Campeonato Mundial de Sport 2 Litros. Angola detinha também algumas destas máquinas – um Lola T292 BMW (da Autodel) pilotado pelos ex-rivais Nicha/Peixinho e mais tarde por Mabílio de aALbuquerque, , um Lola T212 Ford pilotado por Peixinho, Mabílio e Jorge Pego e dois March 74 S pilotados por Larama e Hélder de Sousa.
Depois de um longo período de instabilidade política, felizmente já ultrapassado, Angola passou a ter corridas regulares e faço votos para que rapidamente atinja o nível internacional que já registou no passado.
 
Topo