Este é um tópico realmente interessante, com variantes e opinões verdadeiramente pertinentes.
Eu encaixo-me mais no espirito do classico original, mas em determinadas situações vejo-me a admitir que o retromodding é de facto maravilhoso e traz muitas vantagens no factor gozo, prazer de condução ,adaptabilidade, e uso acessível e mais dramático de certos carros.
O problema de fundo reside em 3 frentes: o gosto, a identidade e o propósito
Não vou falar de aprovações, IPO, legalidades e aprofundamentos técnicos senão isto dava a volta ao Mundo.
Duas questoes : Uma é saber qual o limiar ou limite/fronteira antes de entrar em modernices exageradas e gosto duvidoso a roçar o tuning de mau gosto.
Outra é a questão da perda de identidade, valor histórico dos veículos. O factor do ser clássico, o que é um clássico.
Claro que com verbas se fazem coisas espantosas como os singer ou os alfaholics em grau visual mais clássico mas, o que anda o povo (nós) a fazer dos seus classicos populares?
Há muitos casos de bom gosto e muitas mods discretas mas também há cada um.. Que querem fazer do seu carro um formula 1 para ratar este ou aquele. Faz lembrar a trupe dos bonés fumarentos que pensam que os carros tem que ratar Porsches a todo o custo com transformações de turbos, injectores 330d, chips, etc..ainda noutro dia no GDCG em Braga vi um Golf 3 a ratar tudo e todos com 400cv... Nas rectas claro! Porque uma volta completa exige outras coisas que o fulano nao se lembrou..curvar, travar..chassis..unhas...etc..mas enfim, o sentido era o destaque de medir a pila dizendo que aquilo é mais rápido a acelerar que um 991 na recta! E lá conseguiu medir a pila..mesmo que seja um micróbio no meio de uma comunidade de desportivos.
A utilização dos classicos no nosso País nao chega aos calcanhares, por exemplo, dos Ingleses. Esses têm um grande mercado para upgrades e retromodding, assim como todos os países ricos e mais desenvolvidos. É o valor do dinheiro que faz com que se evolua, e os carros classicos sofrem igualmente essas transformações e desenvolvimentos. O dinheiro canta e bate palmas ao mesmo tempo! Evidentemente.
O problema é avaliar os gostos e essas mods...e nem todos temos o mesmo "taste". Podemos ter guito mas podemos (ãs vezes sem sabermos) ser os tipos mais azeiteiros à face da terra. O que é ser azeiteiro? Para mim é a questão do gosto e o desvirtuar de certas linhas de orientação que nunca deveriam ter sido mexidas...isto nao é fácil de explicar!
No fundo nunca gostei de silicone e botox.. Mas admito que em determinados carros é inegável o uso do retromodding. Um 127 para mim só o concebia para mim se estivesse em versão replica Abarth. Porquê? Porque apesar de admirar um em estado original e perfeitamente original, só me encaixaria esse carro em versão apimentada por uma questão de gosto. E uma transformação com CD30, motor modificado de época e uma suspensão a condizer com pintura branquinha faz sentido para o meu gosto. Um volantezinho Abarth..umas baquets de época...lindos! O original é simplesmente feio para mim, apesar de o admirar como classico popular e admirar quem os tem. Mas o original tem e terá sempre a primazia!
Eu próprio gosto da pimenta...gosto do carro de natureza desportiva, que me dá prazer na condução mais assaz...que transpire comigo nos momentos de ligação homem/máquina...e esse espirito também se consegue com os originais, sem retromodding. O problema é tentarmos fazer determinados tipos de utilização e determinados tipos de condução em classicos que nunca foram projectados para isso.. E aí só o retromodding nos safa..ou o xuning nalguns casos! É uma questão de bom senso e saber muito bem o que andamos a fazer dos carros que temos.
Por exemplo, no caso do E30 coupe versão seis cilindros que fiz questao de pescar baratinho..O que ando a ponderar é um ligeiro sleeper, ou um retromodding ligeiro ou algo do género com o carro que adquiri para e esse efeito. Se não tivesse outros (todos originais) provavelmente nao iria por aí e optaria por adquiri algo original, histórico e optaria por aquele gozo de adquiri aquela peça que é dali..daquele sítio e modelo específico. Neste caso...é um retromodding com gosto, claro! Se vou alterar a cilindrada de um carro 2000 para 2500 é um upgrade...neste caso considerando com gosto. Porquê?
Porque respeita a linha (são iguais por fora) do motor original, porque existia no modelo daquela época e porque vou ganhar um gozo descomunal naquilo que é o meu objectivo para aquele carro! Claro que opto por extras e acessórios da época mas se tiver alguma tecnologia mais actual ao serviço que nao se veja, porque não? Por exemplo uns amortecedores modernos deste modelo...koni Sport!
Mas caixas sequenciais(a história da alfaholics), baquets modernas (como se viu naquele bertone), e outras modernices estéticas actuais (detesto os farois modernos nos 911 antigos como os singer) estão fora de questão para o meu conceito! É um exagero tentar tornar um clássico num carro moderno! Nao me entra na cabeça!
Um Alfa Sprint GT já por si é suficiente para me babar.. E transformado..humm.. Nem tanto mas, se o propósito for para me diferenciar nas performances, acessibilidade e fiabilidade, claro que sim! São fantásticos com os elementos estéticos mais interessantes desses modelos replicados da época. Jantes replica GTA porque não? São lindas... Mas se tivermos dinheiro para as originais nao seria melhor? Claramente!
Um singer ainda é mais radical nesse ponto pois esconde uma condução muito mais eficaz do que o conceito anos 60 que imita. É um carro novo..mas nunca na vida será e representará nada relacionado com os clássicos, os puros! Se prefiro um singer a um lambo dos modernos...de longe! Mil vezes preferia esse estilo retro com performance actual do que os caixotes que se fazem hoje em dia! Mil vezes...e seria um exclusivismo fantástico, um caso em milhões..o acesso a uma coisa que parece totalmente antiga com poder de fogo de uma coisa moderna.
Mas enfim, essa é a premier league...porque por cá falamos mais em retromodding de carros populares onde o xuning entra em cena de vez em quando, matando o conceito do carro, desvirtuando o conceito de automóvel antigo e clássico por completo e assumindo novos condutores que nada tem a ver com a comunidade mais purista dos petrolheads.
Sim, petrolheads somos todos mas nem todos são verdadeiros homens e mulheres dos automóveis clássicos.
E devemos sempre em primeira linha defender os puros!
Os clássicos, claro!