Rui Meireles
Veterano
Serve este tópico para discutir os prós e contras da utilização intensiva ou diária de um carro antigo. Sei que há quem o faça aqui com muito sucesso mas na minha experiência pessoal notei que no primeiro dia a andar de antigo adorava, mas após uma semana já só queria o meu carro "normal" de volta… Passados uns meses esquecia-me e voltava a repetir a dose, criando-se um ciclo. Se estiver interessado em saber porquê, continue a ler.
Antes de mais, vamos contextualizar. Estou a falar de um Ford Fiesta de 1988, num percurso de mais ou menos 80 Km diários, com AE, nacional e cidade. Não sendo um carro particularmente antigo, foi desenhado nos anos 70 e tem um motor que já vinha dos anos 50, pelo que muito do que aqui vou dizer será mais ou menos generalizável ao tipo de carro que a maior parte das pessoas poderá considerar usar no dia a dia (claro que um carro dos anos 30 será diferente!).
Coisas boas:
Agilidade
Um carro antigo tende a ser mais compacto que um carro moderno do mesmo segmento. Em comprimento, altura e largura. Conduzir um carro pequeno é incrivelmente divertido. As rotundas fazem-se com enorme facilidade e o "slalom das tampas de esgoto" passa a ser trivial. Não há nada com um carro pequeno e leve a curvas nas estradas sinuosas de Portugal.
Tacto mecânico dos comandos
É excelente conseguir perceber até a pressão dos pneus pelo peso da direcção! Um grande contraste para as direcções eléctricas da actualidade, que são em geral completamente mortas. E os travões são muito lineares, precisando de força para travar a sério. Eu acho que isso facilita o doseamento!
Practicalidade
Os carros antigos tendem a ter uma altura ao solo maior e pára-choques menos envolventes, logo melhores ângulos de ataque e saída. Foi um alívio não ter de fazer contas para subir passeios ou rampas apertadas.
E como são estreitos, são muito fáceis de estacionar, até nos exíguos espaços dos shoppings!
Visibilidade
Linhas de cintura baixas e pilares finos tornam muito fácil guiar em estradas apertadas aproveitando o espaço todo. Divertido!
Sons e cheiros
Nada como um perfume a gasolina e o ronronar de um motor carburado ao ralenti...
Coisas más:
Conforto acústico
O refinamento dos motores antigos é fraco. No caso do Fiesta, o motor parece que se vai desfazer se tentarmos aproximar-nos do redline. Em geral, os motores mais recentes são mais suaves. E as caixas mais longas, o que ajuda a baixar a rotação e consequemente o ruído.
Depois o isolamento das carroçarias também não era o melhor. Dei por mim a evitar auto-estradas. Tenho problemas de ouvidos e para mim andar a mais de 80 Km/h era um suplício.
Conforto de suspensão
Em geral os carros antigos não absorvem tão bem as irregularidades. Alguns talvez, tipo Citroens, mas em geral são mais fracos a este nível. Estradas de paralelo eram um calvário.
Conforto dos bancos
Os bancos antigos eram em geral mais fracos, menos ergonómicos. Ficava rapidamente com dores de costas.
Conforto térmico
As borrachas não são tão boas nos carros antigos, os vidros embaciam mais, faz mais frio e a probabilidade de entrar água é maior. Poucos têm AC.
Consumos
O carro antigo vai sempre gastar mais que o carro novo equivalente, o que não é agradável quando se fazem bastantes quilómetros.
Em jeito de conclusão
Cheguei à conclusão que para mim um clássico sabe melhor quando desfrutado ocasionalmente, em dia de sol e em passeios sem pressa pelas belas nacionais do nosso país.
Quem tiver boa saúde e/ou fizer percursos curtos poderá usar com facilidade no dia a dia, mas para mim não.
Concordam/discordam? Experiências?
Antes de mais, vamos contextualizar. Estou a falar de um Ford Fiesta de 1988, num percurso de mais ou menos 80 Km diários, com AE, nacional e cidade. Não sendo um carro particularmente antigo, foi desenhado nos anos 70 e tem um motor que já vinha dos anos 50, pelo que muito do que aqui vou dizer será mais ou menos generalizável ao tipo de carro que a maior parte das pessoas poderá considerar usar no dia a dia (claro que um carro dos anos 30 será diferente!).
Coisas boas:
Agilidade
Um carro antigo tende a ser mais compacto que um carro moderno do mesmo segmento. Em comprimento, altura e largura. Conduzir um carro pequeno é incrivelmente divertido. As rotundas fazem-se com enorme facilidade e o "slalom das tampas de esgoto" passa a ser trivial. Não há nada com um carro pequeno e leve a curvas nas estradas sinuosas de Portugal.
Tacto mecânico dos comandos
É excelente conseguir perceber até a pressão dos pneus pelo peso da direcção! Um grande contraste para as direcções eléctricas da actualidade, que são em geral completamente mortas. E os travões são muito lineares, precisando de força para travar a sério. Eu acho que isso facilita o doseamento!
Practicalidade
Os carros antigos tendem a ter uma altura ao solo maior e pára-choques menos envolventes, logo melhores ângulos de ataque e saída. Foi um alívio não ter de fazer contas para subir passeios ou rampas apertadas.
E como são estreitos, são muito fáceis de estacionar, até nos exíguos espaços dos shoppings!
Visibilidade
Linhas de cintura baixas e pilares finos tornam muito fácil guiar em estradas apertadas aproveitando o espaço todo. Divertido!
Sons e cheiros
Nada como um perfume a gasolina e o ronronar de um motor carburado ao ralenti...
Coisas más:
Conforto acústico
O refinamento dos motores antigos é fraco. No caso do Fiesta, o motor parece que se vai desfazer se tentarmos aproximar-nos do redline. Em geral, os motores mais recentes são mais suaves. E as caixas mais longas, o que ajuda a baixar a rotação e consequemente o ruído.
Depois o isolamento das carroçarias também não era o melhor. Dei por mim a evitar auto-estradas. Tenho problemas de ouvidos e para mim andar a mais de 80 Km/h era um suplício.
Conforto de suspensão
Em geral os carros antigos não absorvem tão bem as irregularidades. Alguns talvez, tipo Citroens, mas em geral são mais fracos a este nível. Estradas de paralelo eram um calvário.
Conforto dos bancos
Os bancos antigos eram em geral mais fracos, menos ergonómicos. Ficava rapidamente com dores de costas.
Conforto térmico
As borrachas não são tão boas nos carros antigos, os vidros embaciam mais, faz mais frio e a probabilidade de entrar água é maior. Poucos têm AC.
Consumos
O carro antigo vai sempre gastar mais que o carro novo equivalente, o que não é agradável quando se fazem bastantes quilómetros.
Em jeito de conclusão
Cheguei à conclusão que para mim um clássico sabe melhor quando desfrutado ocasionalmente, em dia de sol e em passeios sem pressa pelas belas nacionais do nosso país.
Quem tiver boa saúde e/ou fizer percursos curtos poderá usar com facilidade no dia a dia, mas para mim não.
Concordam/discordam? Experiências?