Utilização intensiva de carro antigo, as minhas impressões

200% com o Colega Eduardo Relvas.
Apenas acrescento que o luxo paga-se caro, e que um carro "moderno" não é mais económico que um "velho carro", minha esposa tem o Ibiza 2008 e é um alcoólico nato, nunca fiz médias mas aquela merda deve rondar os 11 litros, faço diariamente 3 vezes mais kilometros que ela com a minha KBD27 e os consumos são para aí 1/3 do ibiza.
 

Carlos Vaz

Pre-War
200% com o Colega Eduardo Relvas.
Apenas acrescento que o luxo paga-se caro, e que um carro "moderno" não é mais económico que um "velho carro", minha esposa tem o Ibiza 2008 e é um alcoólico nato, nunca fiz médias mas aquela merda deve rondar os 11 litros, faço diariamente 3 vezes mais kilometros que ela com a minha KBD27 e os consumos são para aí 1/3 do ibiza.

Ui!

Peço desculpa se estou a "entrar de pés juntos" mas... vamos lá a ser realistas.
11l/100kms!!!!!!!????? num Ibiza de 2008????!!!!!!

Seja que motorização for, só há 3 razões possíveis, ou é em transito mesmo muito "pesado" nas horas de maior ponta em grandes metrópoles, ou anda sempre a fundo ou está com avaria!

Verifiquei agora que o carro deverá ser utilizado na Madeira que terá condições de uso "especiais", nomeadamente muitas subidas... pode também ser a motorização errada para esse uso.
 
Serve este tópico para discutir os prós e contras da utilização intensiva ou diária de um carro antigo. Sei que há quem o faça aqui com muito sucesso mas na minha experiência pessoal notei que no primeiro dia a andar de antigo adorava, mas após uma semana já só queria o meu carro "normal" de volta… Passados uns meses esquecia-me e voltava a repetir a dose, criando-se um ciclo. Se estiver interessado em saber porquê, continue a ler.

Antes de mais, vamos contextualizar. Estou a falar de um Ford Fiesta de 1988, num percurso de mais ou menos 80 Km diários, com AE, nacional e cidade. Não sendo um carro particularmente antigo, foi desenhado nos anos 70 e tem um motor que já vinha dos anos 50, pelo que muito do que aqui vou dizer será mais ou menos generalizável ao tipo de carro que a maior parte das pessoas poderá considerar usar no dia a dia (claro que um carro dos anos 30 será diferente!).

Coisas boas:

Agilidade
Um carro antigo tende a ser mais compacto que um carro moderno do mesmo segmento. Em comprimento, altura e largura. Conduzir um carro pequeno é incrivelmente divertido. As rotundas fazem-se com enorme facilidade e o "slalom das tampas de esgoto" passa a ser trivial. Não há nada com um carro pequeno e leve a curvas nas estradas sinuosas de Portugal.

Tacto mecânico dos comandos
É excelente conseguir perceber até a pressão dos pneus pelo peso da direcção! Um grande contraste para as direcções eléctricas da actualidade, que são em geral completamente mortas. E os travões são muito lineares, precisando de força para travar a sério. Eu acho que isso facilita o doseamento!

Practicalidade
Os carros antigos tendem a ter uma altura ao solo maior e pára-choques menos envolventes, logo melhores ângulos de ataque e saída. Foi um alívio não ter de fazer contas para subir passeios ou rampas apertadas.

E como são estreitos, são muito fáceis de estacionar, até nos exíguos espaços dos shoppings!

Visibilidade
Linhas de cintura baixas e pilares finos tornam muito fácil guiar em estradas apertadas aproveitando o espaço todo. Divertido!

Sons e cheiros
Nada como um perfume a gasolina e o ronronar de um motor carburado ao ralenti...

Coisas más:

Conforto acústico
O refinamento dos motores antigos é fraco. No caso do Fiesta, o motor parece que se vai desfazer se tentarmos aproximar-nos do redline. Em geral, os motores mais recentes são mais suaves. E as caixas mais longas, o que ajuda a baixar a rotação e consequemente o ruído.

Depois o isolamento das carroçarias também não era o melhor. Dei por mim a evitar auto-estradas. Tenho problemas de ouvidos e para mim andar a mais de 80 Km/h era um suplício.

Conforto de suspensão
Em geral os carros antigos não absorvem tão bem as irregularidades. Alguns talvez, tipo Citroens, mas em geral são mais fracos a este nível. Estradas de paralelo eram um calvário.

Conforto dos bancos
Os bancos antigos eram em geral mais fracos, menos ergonómicos. Ficava rapidamente com dores de costas.

Conforto térmico
As borrachas não são tão boas nos carros antigos, os vidros embaciam mais, faz mais frio e a probabilidade de entrar água é maior. Poucos têm AC.

Consumos
O carro antigo vai sempre gastar mais que o carro novo equivalente, o que não é agradável quando se fazem bastantes quilómetros.

Em jeito de conclusão

Cheguei à conclusão que para mim um clássico sabe melhor quando desfrutado ocasionalmente, em dia de sol e em passeios sem pressa pelas belas nacionais do nosso país.

Quem tiver boa saúde e/ou fizer percursos curtos poderá usar com facilidade no dia a dia, mas para mim não.

Concordam/discordam? Experiências?
Boas, eu vivo na ilha da Madeira, em que temos uma via rápida e estradas regionais. As estradas regionais foram dadas ao abandono e estão piores que nos anos em que eram de paralelipípidos (anos 70 e 80), a via rápida, durante o dia, é um calvário; já que todo o mundo a usa para as suas deslocações diárias e numa ilha com aproximadamente 160000 carros, estão a ver. Apesar disso, apesar de fazer uns 30 km diários, faço-os de citroen ax gt de 1992. Não tem direcção assistida, é de carburador duplo mas não quero outro para deslocar-me diariamente. Se o vender, ou virá outro igual para recuperar e continuar na minha demanda diária ou esta será feita de visa super x em que já foi iniciado o restauro. A minha mulher desloca-se de lancia y10 de 1990 igualmente com um pequeno restauro e já me proibiu de o vender. Portanto, isto de adquirir carro recente, em que não se consegue escolher um por serem todos iguais, sem carisma: está fora de hipótese. Há um ou outro modelo recente que até é bem bonito; mas esse geralmente corresponde a um modelo especial e aí o valor já é muito alto e impossível de comportar. Por tudo isto e mais alguma coisa não escrita: "VIVA OS CLÁSSICOS"
 
Ui!

Peço desculpa se estou a "entrar de pés juntos" mas... vamos lá a ser realistas.
11l/100kms!!!!!!!????? num Ibiza de 2008????!!!!!!

Seja que motorização for, só há 3 razões possíveis, ou é em transito mesmo muito "pesado" nas horas de maior ponta em grandes metrópoles, ou anda sempre a fundo ou está com avaria!

Verifiquei agora que o carro deverá ser utilizado na Madeira que terá condições de uso "especiais", nomeadamente muitas subidas... pode também ser a motorização errada para esse uso.

Colega Carlos não acho estar a exagerar, de todos os carros que me "passaram" pelas mãos este é de longe o carro que mais consome. Meu cunhado diz não ser possível afinar pois é electrónico (automático), ele já colocou a máquina de diagnóstico e não dá erro, fiz várias pesquisas na net e esta versão 1.2 é o utilitário da gama que mais consome combustível em comparação com as outras marcas.
Desculpem-me se estou a fugir ao tema do tópico.
 

Carlos Vaz

Pre-War
Colega Carlos não acho estar a exagerar, de todos os carros que me "passaram" pelas mãos este é de longe o carro que mais consome. Meu cunhado diz não ser possível afinar pois é electrónico (automático), ele já colocou a máquina de diagnóstico e não dá erro, fiz várias pesquisas na net e esta versão 1.2 é o utilitário da gama que mais consome combustível em comparação com as outras marcas.
Desculpem-me se estou a fugir ao tema do tópico.

Claro que não está. Até porque eu tenho consciência que de algum modo puz em causa a veracidade daquilo que tinha afirmado antes. Não era evidentemente essa a minha intenção mas de facto é um consumo mesmo muito exagerado que se poderá explicar por uma inadequação do carro ao tipo de uso que tem.

Seja como for, eu também não ando de carro novo. O carro de "familia" é o Primera de 98 e o XSI é de 96.
 

nuno granja

petrolhead
Portalista
Autor
Há ainda outro aspecto negativo que resulta do uso de carros velhos.

Como normalmente são comprados a pronto e raramente desvalorizam;
Por um lado o sector bancário perde as rendas de que usufrui com os empréstimos, alugueres de longa duração ou leasings, que financiam a maioria das aquisições de viaturas novas ou semi novas.
Por outro, a indústria automóvel perde os lucros da venda de um bem, que assim que põe uma roda fora do stand já está fortemente desvalorizado.


Isto é muito mau para a economia e só alguém muito egoísta é capaz de se recusar ajudar os grandes grupos que dominam estes dois sectores, optando por gastar menos dinheiro em pequenas oficinas, estofadores, electricistas, sucateiros, casas de peças e, imaginem o desplante, comprar ou trocar peças a outras pessoas ou até fazer a manutenção em casa.

Gravíssimo.


nuno granja
 
Última edição:
Há ainda outro aspecto negativo que resulta do uso de carros velhos.

Como normalmente são comprados a pronto e raramente desvalorizam;
Por um lado o sector bancário perde as rendas de que usufrui com os empréstimos, alugueres de longa duração ou leasings, que financiam a maioria das aquisições de viaturas novas ou semi novas.
Por outro, a indústria automóvel do perde os lucros da venda de um bem, que assim que põe uma roda fora do stand já está fortemente desvalorizado.


Isto é muito mau para a economia e só alguém muito egoísta é capaz de se recusar ajudar os grandes grupos que dominam estes dois sectores, optando por gastar menos dinheiro em pequenas oficinas, estofadores, electricistas, sucateiros, casas de peças e, imaginem o desplante, comprar ou trocar peças a outras pessoas ou até fazer a manutenção em casa.

Gravíssimo.


nuno granja

:D:D:D:D:D:D:D:D:D
......e ainda ...... e ainda ....
O imposto automóvel (iuc penso eu) .......... pagam muito pouco ou nada pagam esses carros velhos, é um abuso da parte desses "velhotes".
.:DD:DD:DD:DD:D
 

Eduardo Relvas

fiat124sport
Premium
(...) Isto é muito mau para a economia e só alguém muito egoísta é capaz de se recusar ajudar os grandes grupos que dominam estes dois sectores, optando por gastar menos dinheiro em pequenas oficinas, estofadores, electricistas, sucateiros, casas de peças e, imaginem o desplante, comprar ou trocar peças a outras pessoas ou até fazer a manutenção em casa. (...)

Podes crer, Nuno... imagine-se lá deixar de dar dinheiro a montes (e a juros, obviamente) aos grandes conglomerados industriais que produzem aquelas maravilhas tecnológicas para andar a deixar só uns trocos aqui e ali naqueles artistas que ainda vão ganhando a vida a reparar, pintar ou estofar automóveis... ou até simplesmente a transaccionar peças para os mesmos... devia ser proibido, devia-se tornar tudo compulsivamente obsoleto ao fim de 10 anos, para ninguém poder andar com essas velharias na rua. É uma ameaça à saúde pública e à economia de larga escala... :p
 

Pedro Pereira Marques

Pre-War
Autor
Conclusão (ou pelo menos a minha conclusão):

Há que estabelecer o que é um amante de carros clássicos e o que é um amante de carros baratos. O grande problema é que também há muito boa gente que se auto-intitula de "amante de clássicos" e depois não gosta de andar neles, porque na realidade o que compraram foi um carro velho e muito barato, carro este que acabou por sair caro, porque entre despesas várias, não cumpre o propósito.

Já aqui tenho escrito por várias vezes, mas não me canso de o fazer: o barato sai caro, o caro sai barato... mas ninguém acredita. Mais vale gastar 10.000 euros num carro muito bom que cumpre tudo o que lhe pedimos e que, por isso, dá-nos um gozo tremendo, do que gastar 3500 num outro igual, mas que numa semana está parado por causa da caixa, noutra por causa dos travões, a inspecção sai a ferros, agora é uma pintura, daqui a um mês é o estofador, etc etc. Passados 5 anos já se gastou o equivalente ao primeiro carro em reparações e nunca chegámos a andar no carro e este continua a nunca ficar bom... já tive essa experiência... sai muito caro.
 
OP
OP
Rui Meireles

Rui Meireles

Veterano
Vejo aqui demasiado fundamentalismo.

1. Esse Ford Fiesta nunca foi um carro interessante, não é em 2016 como não era em 1988. É um mero utensílio para servir o propósito de transportar. É um carro que se conduz por necessidade, não por prazer.
Olhe, eu gosto dele e conduzo-o por prazer. Se você não gosta, acho que isso não tem nada a ver com o tópico.

3. E depois em que estado ele está? Todo renovado? Casquilhos novos? espumas dos bancos novas? etc.

É que se estás a comparar um carro com quase 30 anos e com quase tudo velho com um carro novo obviamente o antigo sai a perder.
Está bom, se não conhece acho que não devia especular.

Imagina agora que só precisavas de fazer 10km/dia sem muito trânsito num MB R107 SL também de 1988 bem mantido. Provavelmente o commuting era a melhor parte do teu dia.
Se reparar eu disse o mesmo no meu post: um carro antigo é mais facilmente tolerável num percurso curto. Mas o fundamental mantém-se, se comparar o MB com um equivalente mais recente, o novo vai ser melhor para um uso intensivo. Já agora, não considero 10 Km uso intensivo.

Mas antes de entrar em balanços, acho que o cerne da questão é mesmo a escolha do veículo. Embora seja efectivamente um utilitário, confesso que sinceramente um Fiesta me parece uma escolha fraquinha. Não é dos mais brilhantes, não é dos mais confortáveis, não é dos mais bem construídos, nem sequer é dos mais económicos. Resta o quê? Dispenso.

Ainda bem que ninguém gosta do carro, assim não tenho que me preocupar com roubos.
Mas ao carro aqui é praticamente irrelevante, apesar de parecer que gostam de massacrar esse ponto. Qualquer que seja o carro, se pegar num moderno equivalente, as mesmas conclusões serão aplicáveis.

Pela minha parte reconheço perfeita validade no que foi escrito no post inicial e... se pensarmos bem a grande maioria dos que aqui escrevem na prática acabam por pensar e sentir da mesma forma pois mantêm e desfrutam do seu clássico numa base ocasional (com mais ou menos frequência) usando carros mais recentes para o dia a dia.

Pois é, tanta conversa e afinal fazem o mesmo...
Eu acho que já percebi porque não venho cá mais vezes. Vejo demasiado fundamentalismo. Na primeira página até vemos um membro a dizer "arranje um 205 e esqueça os plásticos", como se um 205 não estivesse cheio de plástico (e bem fraquinho que aqueles tabliers racham todos). É tão bom conviver com pessoas que gostam de carros, não "clássicos é que é e o resto é porcaria" , não de isto nem daquilo, gostam de CARROS. Sei que o Carlos Vaz é desses, mas somos uma espécie rara.

Não entendo tantas reacções em que parece que lhes estou a atacar a dama amada. Não será possível gostar de carros antigos e reconhecer-lhe certas limitações? Porque ninguém falou dos pontos positivos que também mencionei?
 
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Eduardo Relvas

fiat124sport
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Vejo aqui demasiado fundamentalismo.
(...)
Não entendo tantas reacções em que parece que lhes estou a atacar a dama amada. Não será possível gostar de carros antigos e reconhecer-lhe certas limitações? Porque ninguém falou dos pontos positivos que também mencionei?

Rui,

Para mim este filme é uma repetição. A mim chamam-me maluco desde os 13 anos, e ao meu 127 (que nessa altura salvei da sucata e ainda tenho) chamaram vezes sem conta imprestável e uma carrada de trabalhos sem lógica nenhuma. Se tivesse 1 euro por cada vez que isso sucedeu, dava para restaurar o carro na perfeição e ainda sobrava dinheiro...

Os pontos positivos é escusado relevar porque são os que todos bem conhecemos e que nos puxam para os clássicos, uns mais que outros, mas são bem conhecidos e indiscutíveis.

Como podes perceber se releres algumas das coisas que aqui escrevemos, andar de clássico é de certa forma rebelarmo-nos contra a sociedade de consumo em que cada vez mais somos forçados a viver. É preciso alguma determinação, vontade, saber bem o que se quer e estar disposto a arcar com as consequências. Sejam elas gramar calor no Verão, frio no Inverno, contas maiores de gasolina ou simplesmente as risadas de quem não entende.

É como escolher voluntariamente um telemóvel de teclas dos básicos apesar de haver telefones pretensamente espertos a montes no mercado (algo que também fiz, e sei que muita gente aqui faz igual). Há que sermos senhores das nossas escolhas, e raios partam o que os outros pensam... só nós sabemos como nos sentimos bem, e a opinião da rebanhada é irrelevante.

Se o teu Fiesta se dá bem com o uso, se tu te dás bem com o uso, se ele está em condições para esse uso, só a ti cabe optar por usá-lo ou não. Não há instruções nem escolhas certas para nada disto. Só tu sabes de ti e do que se ajusta melhor ao teu conjunto de valores particular pelo qual te reges, por isso o que me serve a mim não tem de servir a ti. Obviamente cada um puxa à sua sardinha, mas no fim somos todos petrolheads. Até podemos não gostar particularmente de Fiestas, mas apreciamos quem tem a determinação de salvar, manter e usar um. Por isso não leves o que aqui foi dito tão a peito, simplesmente são as perspectivas individuais de cada um mas, como diz o outro, há uma linha comum que nos une.

Um abraço!
 
OP
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Rui Meireles

Rui Meireles

Veterano
Eduardo,
Aí está o cerne da questão: usar um carro antigo no dia a dia é como você diz um acto irracional.

Eu gosto mais de usar ocasionalmente. Ficam-me na memória passeios que já fiz ao Gerês, Régua, etc, nas belas nacionais enroladas de Portugal! No dia a dia prefiro conforto.

Quanto ao meu carro não fico magoado pelos comentários. Ninguém que não eu tem de gostar. Apenas achei os comentários desnecessários e off-topic. Centraram-se na numa coisa acessória e não na ideia fundamental do tópico. Quanto ao carrito uma coisa é certa, ninguém me vai ver nos "Perdidos e achados" à procura do seu primeiro carro, carro do pai, etc. Já o tenho. Sempre o tive.
 

Eduardo Relvas

fiat124sport
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Eduardo,
Aí está o cerne da questão: usar um carro antigo no dia a dia é como você diz um acto irracional.

Eu gosto mais de usar ocasionalmente. Ficam-me na memória passeios que já fiz ao Gerês, Régua, etc, nas belas nacionais enroladas de Portugal! No dia a dia prefiro conforto.

Quanto ao meu carro não fico magoado pelos comentários. Ninguém que não eu tem de gostar. Apenas achei os comentários desnecessários e off-topic. Centraram-se na numa coisa acessória e não na ideia fundamental do tópico. Quanto ao carrito uma coisa é certa, ninguém me vai ver nos "Perdidos e achados" à procura do seu primeiro carro, carro do pai, etc. Já o tenho. Sempre o tive.

E isso só por si tem bastante valor. O meu 127 também foi o meu primeiro carro, e foi o primeiro que o meu pai comprou com o dinheiro dele.

Quanto ao conforto, há clássicos que são perfeitamente confortáveis para o uso diário. Eu uso mais a 124 Familiare em vez do Spider também por isso, é um carro muito mais fácil de lidar, mais espaçoso, mais confortável. Falta o ar condicionado, sem dúvida, mas de resto leva-se muito bem e está sempre pronta a rolar. Acho-a um pacote difícil de bater para os meus critérios e gostos.

Não sei como são os bancos do teu Fiesta, mas usei um da série seguinte regularmente (era carro de serviço onde trabalhei) e nunca gostei dos bancos, sentia-me desconfortável ao fim de uns km. A suspensão não era má, mas estava muito mal mantida e dava pouca confiança no comportamento do carro, o que também não ajudava nada. De resto, até era um excelente veículo, porque ninguém lhe dava grandes mimos e fazia centenas de km semanalmente, sobrevivendo estoicamente aos usos e abusos de todos.

Agora, se efectivamente preferes por algum motivo reservar os momentos que passas com o teu clássico para aquelas horas em que lhe vais dedicar maior atenção, é algo que só tu podes decidir. Nem todos queremos um veículo de uso diário, e é preciso estar mentalizado para os riscos acrescidos. Para mim é emblema de honra fazer os milhares de quilómetros anuais que faço sempre nas minhas relíquias (ainda nunca tive um carro novo), e tenho mais confiança neles que num plástico informatizado que foi construído a pensar em falhar assim que expire a garantia.

Curiosamente, o primeiro caso de rebelião contra esta redução de estandartes construtivos aconteceu nos anos 30, quando um grupo de automobilistas ingleses se reuniu e se uniram contra aquilo que consideravam ser um abaixamento deliberado da qualidade de construção e durabilidade dos automóveis, e fundaram o Vintage Sports Car Club, dedicado apenas a veículos construídos até 1930, e que dura até aos nossos dias. E ainda mais curioso é que mesmo nesse clube há de tudo, desde os malucos que só andam em veículos destes no dia-a-dia e recusam modernices, até ao tipo que só corre aos fins-de-semana... a diversidade é fantástica.
 
OP
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Rui Meireles

Rui Meireles

Veterano
E isso só por si tem bastante valor. O meu 127 também foi o meu primeiro carro, e foi o primeiro que o meu pai comprou com o dinheiro dele.

Quanto ao conforto, há clássicos que são perfeitamente confortáveis para o uso diário. Eu uso mais a 124 Familiare em vez do Spider também por isso, é um carro muito mais fácil de lidar, mais espaçoso, mais confortável. Falta o ar condicionado, sem dúvida, mas de resto leva-se muito bem e está sempre pronta a rolar. Acho-a um pacote difícil de bater para os meus critérios e gostos.

Não sei como são os bancos do teu Fiesta, mas usei um da série seguinte regularmente (era carro de serviço onde trabalhei) e nunca gostei dos bancos, sentia-me desconfortável ao fim de uns km. A suspensão não era má, mas estava muito mal mantida e dava pouca confiança no comportamento do carro, o que também não ajudava nada. De resto, até era um excelente veículo, porque ninguém lhe dava grandes mimos e fazia centenas de km semanalmente, sobrevivendo estoicamente aos usos e abusos de todos.

Agora, se efectivamente preferes por algum motivo reservar os momentos que passas com o teu clássico para aquelas horas em que lhe vais dedicar maior atenção, é algo que só tu podes decidir. Nem todos queremos um veículo de uso diário, e é preciso estar mentalizado para os riscos acrescidos. Para mim é emblema de honra fazer os milhares de quilómetros anuais que faço sempre nas minhas relíquias (ainda nunca tive um carro novo), e tenho mais confiança neles que num plástico informatizado que foi construído a pensar em falhar assim que expire a garantia.

Curiosamente, o primeiro caso de rebelião contra esta redução de estandartes construtivos aconteceu nos anos 30, quando um grupo de automobilistas ingleses se reuniu e se uniram contra aquilo que consideravam ser um abaixamento deliberado da qualidade de construção e durabilidade dos automóveis, e fundaram o Vintage Sports Car Club, dedicado apenas a veículos construídos até 1930, e que dura até aos nossos dias. E ainda mais curioso é que mesmo nesse clube há de tudo, desde os malucos que só andam em veículos destes no dia-a-dia e recusam modernices, até ao tipo que só corre aos fins-de-semana... a diversidade é fantástica.

Obrigado, mas prefiro mesmo fazer um uso mais medido. Tenho a sorte de ter um carro nostálgico, uns desportivos e um diário. Cada um tem o seu uso específico. Aliás, o que mais me apetece é fazer o caminho inverso no diário, trocar o que tenho que é bastante pipi, por um mais andadeiro e banal.

No Ford talvez venha a instalar uns bancos Recaro. O meu carro curva que é uma maravilha, e tem suspensão desportiva.

Não concordo no entanto com o uso do termo "plásticos", com tom depreciativo. Os carros antigos também eram feitos a pensar na margem de lucro.

Eu apenas gosto de carros, antigos e modernos.
 

Eduardo Relvas

fiat124sport
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(...) Não concordo no entanto com o uso do termo "plásticos", com tom depreciativo. Os carros antigos também eram feitos a pensar na margem de lucro.

Eu apenas gosto de carros, antigos e modernos.

O que eu considero mau e me leva a fazer os comentários depreciativos, nem sequer são os plásticos. Há muitos carros que admiro que já os têm em bastante quantidade. O mal é mesmo a gritante falta de durabilidade dos mais recentes. Os carros dos anos 80 até podiam ter plásticos relativamente reles comparados com os da década anterior, mas agora? Esquece... os dos anos 80 chegaram até nós, mas os que estão a saír agora das fábricas será virtualmente impossível escaparem incólumes a mais de 10 anos de uso. Só se os fecharem numa caixinha.

Além disso, o automóvel em si que se esconde debaixo daquela roupagem espampanante é inferior a um qualquer veículo bem concebido dos anos 80/90. A engenharia automóvel pura atingiu o seu pico entre os anos 60 e esta altura, e daqui em diante foi sempre a descer... hoje o automóvel pouco conta, a malta quer é acessórios. São essas coisas que a mim não agradam, perdeu-se toda uma cultura. Hoje as brochuras nem te dizem nada das características do carro, só te vendem um pretenso estilo de vida.
 
OP
OP
Rui Meireles

Rui Meireles

Veterano
Eu tenho opinião diferente, penso que os carros são hoje mais duráveis que nunca. Mas o futuro dirá quem tem razão.

Os antigos atraem-me por outros motivos. Pela nostalgia, pela estética, que não era tão limitada pelas regras de segurança como agora, pelos motores aspirados e pela condução "pura".

Não querendo despoletar um grande off-topic, penso que estas imagens revelam uma tendência clara. Seria engraçado encontrar o estudo de 1980 (se é que já havia na altura), pois a diferença seria seguramente ainda (muito) mais gritante.

2005089a.gif
2016_vds_rank_1.jpg
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Anexos

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afonsopatrao

Portalista
Portalista
Eu acho que o que muita gente estava a dizer é que essa sensação de que o Rui fala depende muito do clássico que se tem (não me pareceu ser um ataque ao Fiesta, mas apenas isso).

Quanto à minha contribuição para discussão:
Eu não tenho experiência com clássicos (infelizmente o GS ainda está nas boxes), mas faço do Uno muitas vezes o meu carro do dia-a-dia. É certo que o Fiat Uno, lançado em 1983, é já porventura de concepção mais avançada do que o Fiesta mk2 e, por isso, imagino que a minha experiência seja mais próxima da de um carro moderno do que de um clássico. Na verdade, apesar de terem sido produzidos na mesma altura, há uma diferença abissal entre o meu actual Uno e o defunto Citroën Visa que tive em tempos; diferença que se deverá principalmente ao facto de o Uno pertencer já à geração seguinte de utilitários.

Dito isto (e reconhecendo que a experiência de um Fiat Uno possa não ser a de um verdadeiro clássico) sinto que o Uno é um carro fabuloso para o dia a dia. Ainda que a eficácia do aquecimento ou da insonorização sejam inferiores a um carro actual (pois são, reconheço!), a verdade é que isso é compensado com muitas coisas em que, pura e simplesmente, o Uno é muito melhor que um carro moderno. Mesmo. Passo a enumerar.

1- O tamanho. Não demos por isso, mas os carros hoje são muito maiores que outrora. Nos utilitários, isso é sintomático. O Uno, que nos anos 80 me parecia um utilitário gigante, hoje parece mínimo ao pé de um 208, Punto ou Clio. É impressionante. Ora, essa diferença de tamanho confere uma brutal agilidade, seja a encontrar lugares para estacionar, seja a passar em ruas estreitas.

2- A superfície vidrada: as superiores exigências actuais de segurança dos carros tiveram como efeito a redução da superfície vidrada dos carros modernos. Basta olhar para qualquer um: linhas de cintura muito elevadas, com o vidro a partir de bem mais acima do que antigamente. Conclusão: os carros antigos são muito mais luminosos, alegres. Têm enorme visibilidade para todos os ângulos, o que facilita imenso o uso em cidade.

3- A resposta mecânica de um carro carburado: o facto de não haver um computador a fazer contas para converter a força que se faz no pedal do acelerador em gasolina injectada — mas um cabo que abre a borboleta em tempo real — gera enorme agilidade. Aqueles milissegundos que um sistema de injecção electrónica (associada a acelerador fly by wire) desperdiça são determinantes na hora de entrar numa rotunda ou num cruzamento. A resposta de um carro carburado é sempre mais imediata. E isso é uma vantagem gigante na utilização citadina.

4- Os consumos: sim, reconheço que isso não é uma vantagem de qualquer clássico. Mas é vantagem do Uno. A inexistência de sistemas antipoluição faz com que os FIRE carburados funcionem com mistura pobre, almejando consumos fabulosos. Com a introdução do catalisador em 1992/1993, os consumos aumentaram muito. Assim, o Uno faz 5 litros em estrada e 7 numa cidade sinuosa como Coimbra. O actual FIAT 500 com o motor Fire (agora cheio de electrónica) gasta bem mais.

Estas quatro vantagens são coisas em que o Uno é, de facto, melhor do que um carro actual. E, por isso, torna-se menos irracional usá-lo intensivamente.

(Sim, eu sei... O Uno não é um clássico. Mas lá chegará. ;) )
 
OP
OP
Rui Meireles

Rui Meireles

Veterano
Eu acho que o que muita gente estava a dizer é que essa sensação de que o Rui fala depende muito do clássico que se tem (não me pareceu ser um ataque ao Fiesta, mas apenas isso).

Quanto à minha contribuição para discussão:
Eu não tenho experiência com clássicos (infelizmente o GS ainda está nas boxes), mas faço do Uno muitas vezes o meu carro do dia-a-dia. É certo que o Fiat Uno, lançado em 1983, é já porventura de concepção mais avançada do que o Fiesta mk2 e, por isso, imagino que a minha experiência seja mais próxima da de um carro moderno do que de um clássico. Na verdade, apesar de terem sido produzidos na mesma altura, há uma diferença abissal entre o meu actual Uno e o defunto Citroën Visa que tive em tempos; diferença que se deverá principalmente ao facto de o Uno pertencer já à geração seguinte de utilitários.

Dito isto (e reconhecendo que a experiência de um Fiat Uno possa não ser a de um verdadeiro clássico) sinto que o Uno é um carro fabuloso para o dia a dia. Ainda que a eficácia do aquecimento ou da insonorização sejam inferiores a um carro actual (pois são, reconheço!), a verdade é que isso é compensado com muitas coisas em que, pura e simplesmente, o Uno é muito melhor que um carro moderno. Mesmo. Passo a enumerar.

1- O tamanho. Não demos por isso, mas os carros hoje são muito maiores que outrora. Nos utilitários, isso é sintomático. O Uno, que nos anos 80 me parecia um utilitário gigante, hoje parece mínimo ao pé de um 208, Punto ou Clio. É impressionante. Ora, essa diferença de tamanho confere uma brutal agilidade, seja a encontrar lugares para estacionar, seja a passar em ruas estreitas.

2- A superfície vidrada: as superiores exigências actuais de segurança dos carros tiveram como efeito a redução da superfície vidrada dos carros modernos. Basta olhar para qualquer um: linhas de cintura muito elevadas, com o vidro a partir de bem mais acima do que antigamente. Conclusão: os carros antigos são muito mais luminosos, alegres. Têm enorme visibilidade para todos os ângulos, o que facilita imenso o uso em cidade.

3- A resposta mecânica de um carro carburado: o facto de não haver um computador a fazer contas para converter a força que se faz no pedal do acelerador em gasolina injectada — mas um cabo que abre a borboleta em tempo real — gera enorme agilidade. Aqueles milissegundos que um sistema de injecção electrónica (associada a acelerador fly by wire) desperdiça são determinantes na hora de entrar numa rotunda ou num cruzamento. A resposta de um carro carburado é sempre mais imediata. E isso é uma vantagem gigante na utilização citadina.

4- Os consumos: sim, reconheço que isso não é uma vantagem de qualquer clássico. Mas é vantagem do Uno. A inexistência de sistemas antipoluição faz com que os FIRE carburados funcionem com mistura pobre, almejando consumos fabulosos. Com a introdução do catalisador em 1992/1993, os consumos aumentaram muito. Assim, o Uno faz 5 litros em estrada e 7 numa cidade sinuosa como Coimbra. O actual FIAT 500 com o motor Fire (agora cheio de electrónica) gasta bem mais.

Estas quatro vantagens são coisas em que o Uno é, de facto, melhor do que um carro actual. E, por isso, torna-se menos irracional usá-lo intensivamente.

(Sim, eu sei... O Uno não é um clássico. Mas lá chegará. ;) )

Ora aqui está um post mais do tipo daquilo que eu procurava ao abrir o tópico!
O seu Uno tem, a nível de concepção, uma década de avanço sobre o meu Fiesta (a nível de carroçaria, a nível de motor tem três décadas de avanço). E isso nota-se bem em certos aspectos.

Concordo com as vantagens que apresenta, e referi-os também no post inicial. No particular dos consumos o Uno é bom sem dúvida mas também conheço quem faça 5 l/100 Km com um Punto dos novos. ;)
 

Carlos Vaz

Pre-War
Caramba!!!!!!!!!!

Este tópico é mesmo dos meus!

Vamos lá a dar aqui umas achegas...

1º, quanto ao carro em questão efectivamente não é particularmente entusiasmante, como aliás a grande maioria (para não dizer todos) dos utilitários do seu segmento, independentemente da época em que foram lançados, mas... como disse o @Rui Meireles, isso efectivamente é perfeitamente irrelevante para a "discussão"!
BTW até acho o Fiesta dele bem mais interessante de conduzir do que o modelo que lhe sucedeu e... como antigo vendedor da marca fiz muitos klm em ambos os carros.

2º, efectivamente em algumas ocasiões percebo perfeitamente as "acusações" (está entre aspas precisamente porque sei que não o são) do @Rui Meireles pois também me parece existir algum fundamentalismo.

3º, tenho dificuldade em entender a admiração do Rui pois de facto este espaço não é dedicado a "petrolheads" (embora hajam bastantes por aqui) e sim aos amantes de classicos.
É um pouco como ir á casa do Benfica (serve com todos os outros clubes) dizer que o mesmo joga mal... ainda que isso até possa ser verdade.

4º, uma coisa é gostar, outra é ser melhor. Na verdade e sob qualquer parâmetro objectivo de análise os carros novos (leia-se recentes) são incomensuravelmente superiores aos antigos/clássicos (pronto, vou ser banido;):D) sendo que se usa aqui (e bem) um parâmetro de analise absolutamente subjectivo que dá pelo nome de "prazer de condução"!

5º, há no uso de um clássico ( e isto serve também para outras coisas que não os carros ) um "anti fashion statement" que eu aprecio, respeito e até um certo ponto me revejo nele e de que de certa forma o @nuno granja, o @Eduardo Relvas e o @Pedro Pereira Marques são dignos representantes.
 
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