HUGO NORTON
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Vamos lá ver uma coisa... tá toda a gente a atacar a Fiat, e a questão da fiabilidade, e assim e assado. A Fiat não tem culpa de tudo! Não que eu seja fanático da Fiat ao ponto de a defender cegamente, mas também não é a desgraça que se anuncia.
O motor que atribuis ao Integrale... nasceu em 1966, no Fiat 124 Spider. É um motor FIAT. E essa "reles" tecnologia foi depois passada aos Lancias, e Alfas, e "só" foi responsável por algo como 10 títulos mundiais de rallyes, entre outros... todos eles em carros que são, para o bem e para o mal, de origem Fiat! É uma das mecânicas com maior palmarés da história do automóvel, e manteve-se practicamente inalterada no fundamental durante 40 anos, sem perder o lugar cimeiro em termos de performance! O departamento de competição da Lancia, onde se desenvolveu o 037, o S4, e os Integrales, era da Fiat antes de ter sido feita a opção de passar a competição para a Lancia. O 037 é um projecto da Abarth, já depois de ter sido comprada pelo "bicho papão" da Fiat.
A fiabilidade ou a falta dela... volto a dizer, como o João já disse e bem, que se deve em muito (mas muito mesmo) ao diversificado público que teve e tem estes carros. A Fiat é a responsável por um dos maiores historiais de best-sellers da história do automobilismo. Claro que isso tem as suas consequências, boas e más. Nem todos têm a inteligência de perceber a excelente tecnologia que têm nas mãos, e tratam-na como tratariam outra treta qualquer com motores de tirar água. Mas um motor italiano é tudo menos um motor de tirar água. E são tão bons ou tão maus, que ainda hoje vemos milhões de 124, 127, 128, Unos e afins, que passaram décadas no purgatório, e ainda trabalham... serão mesmo assim tão pouco fiáveis?
Se a Porsche fizesse carros nesta escala, invariavelmente ias ver o mesmo... tecnologia de ponta em mãos de macacos nunca pode durar. E a tecnologia é mesmo do melhor... atrevo-me a dizer que fazer carros como os italianos, poucos conseguiram igualar. E atenção que eu disse igualar, porque superar ainda não vi. E sei do que digo, porque desde sempre tenho feito questão de ser um entusiasta que põe as mãos na massa. Na massa, no óleo, na valvulina, e tudo o mais. Conheço os carros por dentro e por fora, e sei o que vejo lá dentro, e é por isso que posso afirmar o que afirmei.
A plataforma do Tipo também não percebi que mal tem... é certo que o Tipo em si não saíu grande coisa, mas o conceito da plataforma foi bem conseguido e foi um projecto de sucesso. É como o caso do Golf, que também dá a plataforma pra não-sei-quantos carros. E os carros que dela saíram (do Tipo) não eram maus de todo. Lá voltamos à questão da boa e má manutenção... eu conheço vários casos de quem tenha Lancias Dedra, por exemplo, com mais de 500,000 km... até 800,000 km. Claro que a maioria dos Dedras são mal vistos como tudo, porque será? Que idiotas que os tipos da Fiat são, que ainda não perceberam que não vale a pena dar carros de engenharia da melhor qualidade a um preço acessível, coitados... são mesmo lerdos!
Como em tudo, convém ver com atenção do que se está a falar, e não deixarmo-nos levar por clichés... porque esses, de preocupação com a verdade dos factos, às vezes têm pouco... ou nada.
Um abraço!
Aprecio sempre os teus comentários pois aprende-se sempre qualquer coisa. Concordo no palmares inquestionável de todos os exemplos que referiste excepto a partir do momento que estamos a discutir automóveis bem mais modernos e recentes, na fase decadente da Alfa que coincide com a entrada da FIAT, coincidência ou não.
O TIPO...? Anda num Golf 2 com 500.000 km e depois anda num tipo com a mesma kilometragem, por exemplo a diesel.. Nunca ouvi falar... E vê os barulhos, os plásticos, a montagem, o comportamento, etc.. Pega num e36 e guia um dedra a seguir. Num uno turbo ie a matar de faca nos dentes e num ...sei lá 205 GTI! Golf... Esse sempre esteve associado a robustez apesar de nem sempre o equiparem com motores infalíveis (. Casos dos 1400 a gasolina ...) e dos amorfos 1300... E os primeiros 1.6 diesel que deslocavam-se bem a descer a pique com vento a favor.
A qualidade vê- se em muitos factores e não apenas baseados em alguns exemplos. A Fiat e uma grande marca e tem belos exemplos de grandes carros, grande historia, palmares e muita evolucao mas nem tudo e bom...pois construíram igualmente uns monstrinhos pelo caminho. E que monstrinhos...como o TIPO.
O 1.4 DGT? Fantástico...tinha um grande motor? E avarias eléctricas? Nada?
Mau motor, pesadinho, comportamento , barulhos plásticos por todo o lado, electrónica duvidosa, 61 cavalos facilmente ultrapassados por um qualquer kadett 1.3.. Mas um bom espaço interior e moderno em linhas durante uns anitos como qualquer design de massa italiano pos 80. So agora acho que poderão estar no caminho certo com carros como o 500. Alta gama tipo croma acho que já se aperceberam que a guerra já foi perdida algures para...os alemães!
Queres que fale de flops...esse e um deles, o FIAT TIPO... A par com, sei lá ...o FIAT múltipla mais recente, bravos e bravas...e muitos outros. O problema e que são muitos bons" e muitos "maus...são mesmo muitos! E por tudo no mesmo saco não da...não posso comparar um 037 stradale ou um Lancia deltona com um carro ( para mim ) medíocre como um TIPO. Uma beleza classica como o teu spider comparado com um PUNTO cabrio...nao da!
Não falo de robustez...falo de carisma! São agua e vinho. Um x1/9 e uma graça e o motor herdado do 128..(penso) uma jóia e esse tem personalidade. Um turbo ie tem personalidade apesar de lhe reconhecer defeitos que não poderia ter como a falta de apoio do carro em curva perante aquele motorizado desenfreado. Ok, bem equipado, giro e moderno, mas...assustador sem sequer ir a limites. O G40 assemelha-se.. Mas a renault aprendeu com a competição (um GTT e de facto um renault 5 diferente)!assim como um grande pocket-rocket referencia em materia de comportamento que e um 205GTi... Ou um mero Golf GTI que se apresenta como o segundo hatchback desportivo da história ( primeiro e o sunbeam com motor Lotus)
Fala-me dos carrinhos acessíveis da Fiat, os 127, o 500, abarth, spider, os rallies que ganhavam...os utilitários que mudaram o mundo e andaram com ele as costas.. As mecânicas bialberos, lampedris e afins, a tecnologia das dohc, o sentido pratico e o sentido moderno que tinham esses exemplos anteriores, os nervosos motores de baixa cilindrada imbativeis em rotação agora, ...quando o plástico começou a entrar..os problemas apareceram mais depressa do que, por exemplo os alemães ou japoneses. A qualidade não era a mesma. O mesmo se aplicava a todos do grupo com ênfase na Lancia e Alfa.
Mas são pontos de vista, e gostos são sempre discutíveis. Os factos também, apesar de ser mais difícil junta-los.