Uma estrela maior extinguiu-se ontem...
Jean-Paul Belmondo (9 de abril de 1933 - 6 de setembro de 2021)
Morreu esta segunda feira Jean-Paul Belmondo, ator francês inicialmente associado à Nouvelle Vague nos anos 1960 e que se tornaria na estrela maior do cinema francês nas décadas seguintes, participando como actor e/ou produtor em mais de 80 filmes e documentários.
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Mas perguntarão os caros portalistas a razão pela qual tal estrela figura aqui no nosso pobre panteão? A verdade é que Jean Paul Belmondo era um apaixonado pelo automóvel. Já para não falar do facto que a seguir à ferrugem terá sido ele a maior causa de hoje os FIAT dos anos sessenta e setenta serem tão escassos.
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No ‘Le Profissionel’(1981), no ‘Le Magnifique’ (1973,) no L'Alpagueur (1976), no l’Homme de Rio (1964) no ‘Pierrot le fou’ (1965) e em tantos outros filmes protagonizou inesquecíveis acrobacias, perseguições e gags, realizadas em particular com a colaboração sempre entusiástica e competente de Rémy Julienne que terão destruído várias centenas de automóveis e diminuído consideravelmente as hipóteses de muitos FIAT 124, FIAT 125 e FIAT 131 terem sobrevivido até aos nossos dias. As mais marcantes terão sido o salto de 5 metros num FIAT Uno no inesquecível ‘Joyeuses Pâques’ (1983), as derrapagens espectaculares de um Ford Mustang em Le Marginal ou um pobre Ford Fairlane azul mergulhando no Mediterrâneo em ‘Pierrot le fou’ de Jean-Luc Godard.
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Na tela e na estrada, o actor surgia ao volante dos carros mais maravilhosos da sua época. Segundo o próprio confessou os Ferrari eram os seus preferidos. E teve muitos. Um Ferrari 250 Califórnia que considerava o mais belo de todos, um Ferrari 250GT Tour de France (maravilhoso mas com uma caixa de velocidades demasiado dura). A paixão pelo Aston Martin DB5 foi tal que teve dois exemplares, um cinzento e outro vermelho escuro. Pela sua garagem passaram puros-sangue como o Dino 246, o AC Bristol, o Panther Lima, o Ferrari 308 e um malfadado Daimler que vendeu à actriz Maria Pacôme na véspera de partir o motor. Mas o carro que ele mais apreciava era o Lotus Elan.
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Uma paixão que passaria para o seu filho que trepou todas as classes até chegar à Formula 1. O paitrocinio, uma incrivel cumplicidade e não pouca pressão por parte de Jean Paul não terá tido papel pequeno nessa outra epopeia. Curiosamente numa entrevista a uma revista francesa Paul Belmondo confessou uma historieta deliciosa. Quando em treinos no circuito de Le Castellet, o piloto foi convidado para almoçar no barco de Alain Prost. Paul, que que tinha que ir ter com o pai a umas filmagens que decorriam para um filme de acção, recusa. Quando chegou ao porto Alain Prost descobre que o seu barco não está lá. Os Belmondo ‘alugaram-no’, mas esqueceram-se de avisá-lo, o que deixou o então piloto-manager furioso.
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No final do dia, Prost recupera o seu barco mas fica intrigado com o que pareciam dezenas pegadas na ponte do barco, todas no mesmo lugar. Como se alguém tivesse pulado pulado dezenas de vezes no mesmo sitio. Poucos meses depois, Alain Prost vai ao cinema para ver o filme "Le Marginal" e fica abismado quando reconhece o seu barco. E de repente, percebe o que eram as pegadas na cobertura da ponte quando vê Jean Paul Belmondo pular espectacularmente de um helicóptero para o iate...
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Ultimamente o actor apresentava algum cansaço e fragilidades próprias da idade e faleceu tranquilamente em casa na manhã de segunda feira.