Automóvel: Ford Modelo T apaga hoje 100 velas
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Estados Unidos da América
20h16m
Washington, 01 Out (Lusa) - Há precisamente 100 anos foi apresentado à sociedade norte-americana o Ford Modelo T, carro que iniciou a revolução do automóvel e firmou as bases da produção industrial moderna no Século XX.
Apesar do Modelo T ser um carro modesto comparado com os seus contemporâneos, o seu criador e fundador da companhia, com o seu nome, Henry Ford, desenhou-o com grandes ambições.
Ford concebeu-o como o verdadeiro "carro universal" com a intenção de revolucionar o mundo rural norte-americano, que no princípio do séc. XX continuava ancorado em mulas e caminhos de terra.
Quando o Modelo T foi apresentado, a 01 de Outubro de 1908, custava 825 dólares (586 euros), preço muito inferior aos dos restantes veículos do sector automóvel, então dominado pela marca Buick.
Por aquela quantia, os seus proprietários recebiam um carro sem capota nem portas, com um motor de quatro cilindros que debitava uma potência de 20 cavalos, capaz de alcançar os 70 quilómetros por hora, com um consumo de 13 litros de gasolina em cada 100 quilómetros.
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O Modelo T só estava disponível numa cor. O próprio Henry Ford dizia, com humor: "Os clientes podem escolher qualquer cor, desde que seja preto".
Apesar da monocromia do Modelo T, Henry Ford rapidamente se apercebeu que o veículo realmente cumpria as necessidades dos norte-americanos, tanto do campo como da cidade, e rapidamente passou a ter as versões camioneta e pickup, esta última a ideal para agricultores e fazendeiros.
O Modelo T foi tão popular no mundo rural que foi afectivamente baptizado de "Tin Lizzie" - "Lizzie" era o diminutivo de Elizabeth, então um dos nomes mais populares dados aos cavalos, daí que se possa traduzir a sua alcunha como "Cavalo de Lata".
Em 1914, a procura era tão elevada que Henry Ford se viu obrigado a mudar a forma como as suas fábricas produziam o automóvel, dando lugar à criação da primeira linha de montagem.
Estas mudanças aumentaram de forma espectacular a produtividade das fábricas de Ford, passando a taxa de produção de um veículo em cada 12 horas para 90 minutos.
Com o seu espírito inovador, a par da primeira linha de montagem, Ford instituiu os turnos de trabalho de oito horas.
O rápido aumento da produtividade permitiu a Henry Ford pagar aos seus empregados cinco dólares ao dia, uma salário até então nunca visto numa fábrica e que muitos outros trabalhadores ganhavam numa semana.
Ao mesmo tempo, o preço do carro foi baixando e, em 1925, o Modelo T era de 260 dólares (185 euros).
Por isto, não era de estranhar que as vendas do Modelo T, em 1921, totalizassem mais das registadas a nível mundial.
O sucesso durou até 1927. A concorrência tinha aprendido as lições de Henry Ford e já estava a produzir carros melhores e tão baratos, levando Ford a deixar de fabricar o Modelo T.
Entre 1908 e 1927, foram produzidos cerca de 15 milhões de unidades do Modelo T e actualmente os especialistas calculam que existam ainda entre cem mil e pouco menos de um milhão destes carros.
A 27 de Novembro, a Ford encerra os largos meses de celebrações do nascimento do Modelo T, com a participação no tradicional desfile do Dia de Acção de Graças que tem lugar todos os anos em Detroit, conhecida como "a capital do automóvel".
A Ford, que atravessa a crise mais grave da sua história, juntamente com o resto do sector automóvel norte-americano, afirmou hoje que o desfile contará com a presença de 19 Modelos T, em representação dos 19 anos que "Tin Lizzie" esteve em produção.
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ARA.
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