Atrevo-me a centrar esta questão noutros dois planos que considero mais importantes para os carros antigos/clássicos, o argumento da poluição e o património histórico e não focar na questão no "vamos pagar mais" porque aí recebemos de troca "lá estão eles a não querer pagar" e é um ping-pong improdutivo.
A primeira é não justifiquem o aumento por questões ambientais e passo a explicar. Vivo no "interior" do país e por estes lados há carros anteriores e muito anteriores a 2007 que continuam a ser utilizados por quem mora em aldeias e vilas. São carros (como os que coloco abaixo e fotografados em apenas 10 minutos) que têm entre 20 e 30 aos e provavelmente só fizeram 70 a 120mil km até agora. Comparando com alguém que viva numa grande cidade, provavelmente faz esta quilometragem entre 3 a 6 anos. Portanto, comparando as duas realidades estes carros antigos poluíram durante 120 mil km durante 30 anos, os comprados há 30 anos num grande centro urbano já foram para a sucata, substituídos por outros (menos poluentes pós compra, mas não esquecer o ciclo completo) e na melhor das hipóteses o dono já vai num eléctrico que polui menos pós compra mas ainda teve impacto no fabrico. Portanto, em termos globais de uso qual das duas situações contribuiu mais para a poluição? Mesmo avançando mais 20 anos mantendo-se os pressupostos iguais acho que os antigos continuam a ser vantajosos, é que fabricar de raiz e reciclar no fim também polui não podemos reduzir tudo ao combustível, para falar a sério analisem-se os ciclos completos do produto. O mesmo raciocínio se aplica aos carros "clássicos" que não são usados diariamente mas que façam mil ou dois mil km ano e portanto já não isentos de IUC.
Mais, futuramente com os combustíveis sintéticos os clássicos deixam de ter impacto global, já vi que no Reino Unido há um ou outro clube que os disponibiliza, penso que a preços próximos dos 6 euros /L, com tendência para baixar. Portanto a questão da poluição não devia ser debatida pela rama, mas sim seriamente, porque é uma questão complexa e que pode ser um estrangulamento da nossa paixão e cuidado que as gerações novas não olham para os carros como nós (a maioria).
Depois é nestes locais que muitas vezes quem gosta do hobby dos clássicos vai encontrar carros antigos usados moderadamente pelo Sr. Joaquim de Cucujães e o recupera. Se estes carros começam a ir para a prensa corremos o risco de se perderem coisas interessantes por motivos errados. Há uns meses fiz um levantamento relativo ao Reino Unido, onde já aconteceu muita coisa deste género, e usando uma página que dá os carros existentes por modelo temos Jaguar E: produzidos 38419; Existentes no RU 6115; Percentagem de sobrevivência 15,92%, Mini Metro produzidos 1 500 000; Existentes no RU 201; Percentagem de sobrevivência 0,01%. Carros muito antigos ou de gama alta, vão sempre sobreviver, os outros... Bom, a sorte é que o tal Sr. Joaquim não tem dinheiro para comprar um carro novo pelo que não vai mandar o seu Ford Fiesta Mk2 para a sucata, para já, mas os herdeiros vão fazê-lo... Notem, claro que há carros antigos em muito mau estado que deviam sair de circulação e ir para peças (não é ir para a prensa), mas no abate dos carros se aparecer alguma coisa interessante há a capacidade de a identificar e reverter o processo?
Nas fotos abaixo reparem que os carros não estão maltratados, o pessoal precisa deles a funcionar bem para ter alguma liberdade (ficar no meio da serra com o carro avariado é chato...), também não estão para ganhar prémios em concursos (talvez o Peugeot de 1996).
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