Bem, já estou a agitar demais a caixa...
Vitor, naturalmente que um Capri com alargamentos e entradas de ar totalmente dissonantes do carro ou um Mini com motor Honda e coisas afins também não os vejo como clássicos, isso é o xuning no seu melhor. Uma coisa é elogiar o carro, outra coisa é torná-lo xunga e descaracterizado.
É por isso que mesmo nos hot rods, street rods e rat rods nem tudo é aprazível, há sempre quem não entenda bem o que se pretende e faça a sua versão "puto de 5 anos" de um carro que se calhar até podia ter sido giro. Eu quando vejo esses tipos digo sempre que também já sonhei com carros assim... quando andava na primária! Mas depois cresci...
A mim não me ofende que se use uma carcaça de um carro impossível de recuperar, mas ofende se for feito de forma muito diferente do que lá haveria antes. Mas felizmente ainda se fazem réplicas do chassis do Ford B para se poder manter alguma semblança de autenticidade, e o carro a que me referia tinha o aspecto de ser algo que alguém poderia ter feito na década de 40, não havia modernices à vista.
Como já referi em várias discussões dentro desta linha, para mim o código mais simples é: seria possível ser feito assim na época do carro? Se sim, tudo bem. Senão, deve ponderar-se muito bem o que se vai fazer. Algo que não respeite e elogie o carro deve ser deixado de parte.
Quanto a modificações que melhorem o desempenho e não sejam perceptíveis, acho que se devem implementar. O meu Spider tem uns quantos "toques" deste tipo. Nada visível, nem que altere de forma alguma o manuseamento do carro, mas simplesmente que o tornam mais fiável e seguro.
Refiro-me a ignição electrónica (mas a minha ainda usa os platinados por isso nem nisso se vê, até a bobine disfarcei para ter o mesmo aspecto da original), travões de circuito duplo em vez de simples, faróis equipados com lâmpadas de halogéneo, um carburador levemente modificado, uma bomba de gasolina eléctrica em vez de mecânica. Tudo isto é invisível e, se um dia o desejar, reversível. Mas isso deve ser só quando deixar de conduzir...
Ricardo, acho muito bem a tua maneira de ver o teu clássico, e espero que continues a tirar prazer dele, seja de que forma for. Não é mau nem de forma alguma redutor ser-se exigente na demanda da originalidade, é uma determinação que deve ser elogiada e não reprovada.
O que eu quero dizer é que um clássico continua a ser um clássico desde que seja respeitado. Ser respeitado significa que se honre a sua idade, a sua época de origem, e que o que se mude, mude para algo que não lhe roube o carácter. E um carro continua a ser a nossa expressão de individualidade, por isso há que respeitar os gostos de cada um.
Eu também tiro prazer na investigação e busca das especificações e peças originais do meu carro, ainda há alguns pormenores que tenho de repôr correctamente e não descansarei enquanto não o fizer. Ainda por cima tendo a responsabilidade de ter uma versão tão rara. Mas nunca na vida deixarei que essas coisas me impeçam de tirar o maior dos prazeres em o usar. O dia em que deixar de ter prazer na condução, é porque de certeza algo em mim já passou da validade.
Aliás este é o meu grande problema, é que o maior prazer que tiro dos meus carros é conduzi-los. É por isso que não consigo ter um carro parado demasiado tempo por este ou aquele motivo, fico com ânsias, fico doido. Acho que para mim um restauro profundo seria algo que só poderia executar com um carro que nunca tivesse conduzido para não saber o que estava impedido de disfrutar, e mesmo assim... ainda caía na tentação de ir dar uma volta no chassis com a mecânica e sentado numa grade de cerveja virada ao contrário!
Um abraço a todos!