Ora bem, vamos lá aqui dar algum complemento às opiniões que aqui vejo.
Primeiro, ignições.
As soluções baratas são apenas e só um substituto do platinado. Nada mais. Ganha-se alguma consistência na faísca, elimina-se as perdas, mas o avanço é o mesmo e a bobine continua a receber 12v.
Os distribuidores programáveis como o da 123 já dão mais alguma vantagem porque permitem definir com todo o rigor a curva de avanço que queremos (e há muitas pré-programadas), e o rigor da electrónica garante que a curva será cumprida devidamente. Um distribuidor mecânico com 40 ou 50 anos em cima é apenas uma aproximação daquilo que o fabricante pretendia. Ainda assim, a bobine continua a receber só 12v.
Os amplificadores como os da MSD que eu costumo usar já é outra loiça. Podem ser usados com platinados, sensor de Hall, ruptores ópticos,
whatever. Desde que haja uma forma de dar o sinal, ele faz a faísca. Melhor, a regimes baixos faz 3 faíscas seguidas, para melhorar ainda mais a combustão e limpar as emissões. Mas a grande vantagem é que a bobine passa a receber uns significativos 480 volts, o que resulta numa faísca com uma muito maior intensidade que a que qualquer um dos outros seria capaz de produzir.
Posso dizer-vos que já experimentei um bocadinho de tudo, e os MSD continuam a ser os meus preferidos, porque mesmo com platinados a
performance é simplesmente incomparável. Aliás, é irrelevante serem os platinados a dar o sinal, porque são atravessados por uma corrente muito fraca, serve apenas para dar o sinal para o módulo e nada mais. O desgaste deles é virtualmente inexistente. Tenho uma destas coisas no Spider desde que o tenho, nunca deu uma chatice e nunca mais tive de mexer no distribuidor. E são super robustos, aquilo foi desenvolvido para o exército americano para garantir que os motores deles trabalhavam em quaisquer condições e com qualquer combustível. Ainda nunca vi relatos de uma coisa destas falhar, pelo menos em condições normais. E conheço quem os use há mais de 30 anos. Se é para usar uma coisa electrónica, que seja assim.
Segundo, motores.
Estas conversas de
swaps disto e daquilo são muito bonitas, e a teoria parece simples, mas a realidade raramente concorda.
Já tenho dito muitas vezes, um motor é como uma orquestra... não se pode mexer num dos instrumentos sem ajustar os restantes, senão a música não sai bem. É como aquelas pessoas que espetam com colector e carburadores duplos num motor completamente
standard. Ficam felizes porque faz um ronco mais bonito, e gabam-se que está a andar mais, mas será mesmo assim?
Eu já ultrapassei um tipo num 127 com um motor supostamente mais potente, com o meu 127 completamente
standard...
O dele de facto fazia um ronco bonito, mas a conta da gasolina também era... o andamento é que não!
Para ter um motor a trabalhar em condições, não há volta a dar... o interior tem de ser trabalhado. Taxa de compressão, came(s), etc. Só assim se pode depois espetar com os tais Weber duplos que toda a gente gosta de ver, e ter os resultados expectáveis. Senão é apenas para a pose e nada mais.
Ah, e esqueçam as cornetas de admissão directa... são muito bonitas, o desgaste do motor é que não é assim tanto. Nem tudo o que fica bem numa foto nas redes sociais funciona bem no mundo real... aliás, se calhar é quase o inverso...
Mexer em motores tem muito que se lhe diga, e às vezes parece contra-intuitivo. Por exemplo, o Carlos referiu que o motor SOHC dos 128 é supostamente antiquado por não ter uma configuração
crossflow, ou seja, tem a admissão e escape do mesmo lado da cabeça em vez de ser em lados opostos. Isto na prática não quer dizer nada. Eu já vi ensaios de motores destes e posso dizer que fluem tão bem ou melhor que os
twin-cam... as cabeças e os colectores foram muito bem desenhados, e os efeitos que aquela configuração produz são fabulosos. É sem dúvida um dos melhores motores que o
ingegniere Lampredi alguma vez desenhou.
Ainda assim, na sua configuração "à civil", está longe de ser tudo aquilo que pode ser. Um motor de série está configurado para ter uma tolerância enorme a maus combustíveis, má manutenção, etc. Não é para fazer 10,000 rpm. Para isso é preciso todo um outro conjunto de condições.
Enfim... isto dava pano para mangas... ou um excelente programa das velhas conversas de garagem