Tens Um Clássico? Usa-O Ou Perde-O!

António Barbosa

Red Line
Portalista
Já referi noutros tópicos o problema de circular com o meu Mini 1275GT todos os dias.
1 - O Mini é mais um meio de procura de adrenalina do que um clássico como o geral dos portalistas vêem os seus clássicos.
2 - Para sair da minha garagem, um piso abaixo da rua, com o motor frio e uma árvore de cames arrebitada, tenho que dar lanço e numa curva para a rampa fica sempre uma roda de trás no ar...
3 - Nunca me o pediram para nenhuma exposição ou evento lúdico porque é feio, porco e mau (bruto, incivilizado e mal-cheiroso)... o local onde eu e o meu Mini nos sentimos mais à vontade é no Autódromo de Braga nos vários Track Days anuais.


Mesmo assim, e como já li neste tópico, sempre que um dos modernos da casa vai à revisão o Mini faz serviço diário.
Tenho imensa sorte com o clássico que escolhi pela quantidade e variedade de 'spares' que se arranjam, originais, OEM, standard ou com o grau de potencia extra que se quiser (não imaginam!).
Vos garanto que não tenho problemas em sair com ele, tenho é problemas porque me entusiasmo e o aço faz apenas aquilo que o dimensionam para fazer.
 

Rúben Pereira

Veterano
MR. Relvas!!!

Amei o post...
Não imaginam a quantidade de vezes que eu já ouvi dizer:
-Eh pá, havia um velhote que mexia nisso, agora não conheço ninguém...
É estúpida a sensação que vou ficar pendurado por uma merdice simples mas que os "manéis guê tês" não sabem arranjar, e porquê?
Por falta de vontade, falta de brio profissional, ou então pura e simplesmente porque estão tão habituados a arranjar carros por USB, que já não distingem uma chave de fendas de uma chave de rodas...

Este tenho mesmo de comentar, nao estou de acordo.

Eu tirei um curso de mecatronica automovel a 4 anos, posso dizer que distribuidores, platinados e carburadores ja nao fazem parte da formaçao dada ao nossos novos mecanicos, ou seja, a nova sociedade assim o faz para que os novos mecanicos nao estejam preparados para se depararem com um veiculo classico.

Cada vez mais so se estuda novas tecnologias electronicas etc os tais diagnosticos por "usb", porque é o que aparece mais frequentemente na oficina para reparar, os carros classicos nao aparecem nas devidas marcas e faz com que ate os mecanicos antigos se esqueçam de determinadas reparaçoes etc.

Posso dizer que em 4 anos apareceram 2 carros mais antigos para reparar, um dos quais preferiu mandar enfardar o carro do que o reparar.

O conhecimento que tenho da mecanica classica foi adquirido atraves dos meu proprios classicos, quando comecei o curso comprei logo um opel kadett de 1983 para estudar a mecanica, arranjei-o e acabei por vender, nao tive lucro mas sim muito prejuizo, mas pensando bem o conhecimento que adquiri ao estudar aquele carro fez-me dar valor a mecanica classica e assim começou o meu gosto pelos classicos, que com o tempo so aumenta pois a mecanica do antigamente é muito mais perfeita e simples do que esta nova que foi feita com prazo de validade!!

Em relaçao ao andar dia-a-dia com um classico nao sou inteiramente de acordo, como sabem se estiver a chover por exemplo, o limpa vidros é lento, o vidro embacia todo, os travoes sao um perigo etc.. temos de reconhecer o conforto e segurança que um carro mais recente nos fornece, agora o que eu fiz foi, os meus classicos mais antigos ando pouco, mais nos encontros ou pequenas saidas.. preferi comprar um mais recente neste caso um opel kadett D a GPL de 1986 arranjei toda a mecanica e toca a fazer kilometros, para outras andanças tenho um polo de 1998 e que da mais conforto para dias de chuva e frio ou muito calor.
 
OP
OP
Eduardo Relvas

Eduardo Relvas

fiat124sport
Premium
(...)
Em relaçao ao andar dia-a-dia com um classico nao sou inteiramente de acordo, como sabem se estiver a chover por exemplo, o limpa vidros é lento, o vidro embacia todo, os travoes sao um perigo etc.. temos de reconhecer o conforto e segurança que um carro mais recente nos fornece, agora o que eu fiz foi, os meus classicos mais antigos ando pouco, mais nos encontros ou pequenas saidas.. preferi comprar um mais recente neste caso um opel kadett D a GPL de 1986 arranjei toda a mecanica e toca a fazer kilometros, para outras andanças tenho um polo de 1998 e que da mais conforto para dias de chuva e frio ou muito calor.

Ruben,

Há coisas básicas que se podem fazer a um clássico para melhorar a sua segurança básica. Algumas podem passar simplesmente por reabilitar devidamente componentes como a chauffage, para que tenha hipótese de desembaciar devidamente os vidros, travões e suspensões para ter mais segurança, etc. Motores de limpa-pára-brisas mais potentes, e outros pequenos upgrades que tornem o carro mais fácil de utilizar, porque não? O progresso naturalmente traz algumas conveniências, e essas podemos bem adoptá-las para os clássicos.

Eu no meu Spider montei um alternador moderno, que acelerou a performance das escovas, por isso acabei por não trocar o motor. Além disso, permitiu-me utilizar os equipamentos que quis montar no meu carro e que fazem a diferença no uso diário, como a bomba de gasolina eléctrica e a ignição electrónica. Também tenho faróis de halogéneo. Nada disto descaracteriza o carro, no entanto torna-o extraordináriamente fiável e perfeitamente seguro de operar. Obviamente não posso desligar-me da condução como fazem todos os outros utilizadores da estrada, mas acho que no final isso me torna mais seguro do que os outros...

Um abraço!
 
Ruben,

Eu percebo que não estejas de acordo talvez, por eu ter generalizado, mas a verdade é que já me deparei com a situação que descrevi inumeras vezes, como tal não vou alterar até prova em contrário a minha opinião...
Já chegaram inclusivé ao ponto de me dizer que não se justificava afinar a bomba injectora do meu mercedes porque dava muito trabalho e ele ia continuar a "cagar" fumo...
Eu sou a favor da modernização, não sou apenas a favor do esquecimento do que está para trás porque os carros novos troca deita fora e mete novo, e os carros antigos temos em alguns casos arranjar até porque às vezes não há novo o que a gente quer...
Eu sem perceber um boi de mecânica já me apanhei a arranjar coisas com sucesso, porque me fartei de pedir "ajuda" a oficinas que me deixaam pendurado...
A última vez foi um velhote de uma sucata que me disse que apenas tinha que trocar a 1ª vela do meu W123, porque se não fosse ele, e eu fosse na conversa de outros senhores oficineiros, eu teria que trocar quase todo o sistema eléctrico.
Não digo que és tu, mas digo que eles existem e em proliferação constante...
 
OP
OP
Eduardo Relvas

Eduardo Relvas

fiat124sport
Premium
Lá está aquilo que eu dizia... somos uma minoria cada vez mais, e os mecânicos ou não sabem ou não querem saber de nós e das nossas máquinas. Hoje todo o mundo vive numa filosofia de custo vs. retorno, e um clássico que exige dois dedos de testa e que exige uma intervenção para pôr a ponto em vez de ser só chegar e ligar ao pc é posto de lado como obsoleto.

Se não mantivermos a procura, os serviços cada vez mais morrem em vez de serem preservados. Quanto mais não seja porque alguém nos ensine a nós próprios a fazer determinada coisa. Como muitas vezes os próprios mecânicos já pouca disposição têm para fazer, ao menos que ensinem o que sabem para que o conhecimento não morra.

Um abraço!
 

Rúben Pereira

Veterano
A saufage do meu funciona bem mas originalmente o vidro tem tendencias a ganhar humidade o que torna perigoso... quando me referia a segurança estava a falar de travoes sim mas com abs ou esp e afins, um airbag etc.. coisas que determinam por vezes a nossa vida que faz sentido existirem num carro de dia-a-dia onde o risco é muito maior.

Sim é verdade que infelizmente cada vez mais existem mecanicos e outros tecnicos que se querem aproveitar e pedem mais do que devem ou entao nao querem muito trabalho e dizem que nao vale a pena.

Vou dar um exemplo real: Na minha oficina quando entra um classico os meus colegas de trabalho ate fogem!!! Pois dizem eles logo "fogo mais uma cria, carga de trabalhos, chaço, sucata ..." Quando olham para um carro antigo antevem logo muito trabalho e ferrugem, ja sei que me vou deparar com parafusos dificeis, calcinados, partidos etc, mas adoro ver uma maquina bem feita, e nao me importo nada de trabalhar neles ate porque sao mais espaçosos e faceis de perceber o funcionamento... Mas claro cada cabeça sua sentença!!!
Eu pelo contrario fico logo todo contente,
 

Dias Gonçalves

Abílio Gonçalves
Eu não uso os meus clássicos no dia-a-dia, ou melhor, não os uso em qualquer dia-a-dia. E passo a explicar:
- Gosto de os usar quando não chove ou não está demasiado calor, neste caso porque nenhum deles tem uma modernice que é um dos grandes elementos de segurança, o AR CONDICIONADO,
- Gosto de os usar ao fim-se-semana, sem me preocupar se vou demorar mais 5 minutos,
- Gosto de os usar nos vários eventos de clássicos onde me encontro com amigos
- Gosto de os usar em Rallyes (agora é quase só e apenas o SAA:cool:
- Gosto de os poder levar para o trabalho, desde que saiba que não vou fazer noite, para não passsarem uma noite ao relento mesmo junto do mar

Não tenho dúvidas que a sua manutenção é mais barata se forem usados com frequência

Há locais em que não os gosto de deixar sózinhos. Há 19 anos deixei o meu Spitfire todo o dia, no estacionamento do porto de Peniche, enquanto fui passar o dia às Berlengas; hoje não o voltaria a fazer

Mas há carros que não consigo andar com a frequência que gostaria: o meu Hillaman, de 1948, o ano passado só percorreu 27 Km, o que é meu mínimo de sempre; comprei-o em 2001 e já percorreu 2275 Km (média de 207 Km/ano, incluindo os quase 2 anos em que esteve no restauro de chapa e pintura).

Tenho o hábito de registar anualmente o número de Km que cada carro já percorreu, podendo dizer que, entre Dezembro de 1992 (altura em que comprei o meu primeiro clássico) e 31 de Dezembro de 2011, já percorri 91052 Km com os meus clássicos. Tenho carros em que faço mais Km por ano (SAAB com 2521 Km/ano; Triumph 2000 com 1714 Km/ano; Triumph Spitfire com 1640 Km/ano; Renault 5 com 1304 Km/ano) e carros em que não chego a andar 1000 Km por ano (NSU, Abarth e Hillman). E não tem relação com o grau de restauro, pois tanto o Triumph 2000 como o Abarth são os que estão certificados pelo ACP Clássicos, para além do Hillman.

O ano passado fiz 8793 Km com os clássicos, o que corresponde a quase 30% dos Km que percorri em 2011

Os consumos de combustível são um pouco maiores ... mas apenas se se comparar com o consumo dos carros a gasóleo ou com os dados dos construtores (raramente reais). O meu Spitfire faz facilmente médias inferiores a 7 L/100 Km e mesmo o Triumph 2000, o mais gastador, raramente passa os 12 litros (tive um Peugeot 306 com motor 1800 que gastava quase sempre 10 Litros e o meu Opel Astra 1600 raramente baixa dos 9 litros). Quando me perguntam se gastam muito, costumo dizer que gastam tudo o que se põe no depósito ... incluindo o que se evapora mesmo parados.

Quanto aos radares ... só foi apanhado uma vez com o meu plástico e 2 vezes nos clássicos (NSU e Abarth). E a razão é que, como em geral ando mais devagar e mais descontraidamente com os clássicos, não estou com tanta atenção aos radares móveis. Mas já aprendi a lição.
 

Dias Gonçalves

Abílio Gonçalves
Só mais uma nota:

Para mudar uma lâmpada no meu plástico tive de ir ao electrecista que demorou mais de uma hora (até o parachoques teve de retirar)
Para mudar as lâmpadas do meu SAAB demorei ... cerca de 5 minutos, e fui eu que o fiz. Neste momento tem umas lâmpadas de halogéneo com efeito de xenon que aumentam a iluminação em 30% (dizem e parece ser verdade ....)
 
Boas,estou 100% de acordo com este tópico...
Sendo eu um jovem de 26 anos,fui mordido pela mosca dos classicos logo em pequenino e nunca mais passou,tendo o meu pai uma oficina,facilitou que desde muito cedo eu fosse tendo os meus charutos e os fosse atamancando para o meu dia a dia...
Nao cunheço nimguem a restaurar classicos como o meu pai(mas eu sou suspeito a dizer isto),ele faz tanto da mecanica á chapa,ja o vi fazer alargamentos em escorts em chapa que no final nimguem diz que nao é de origem.Para mim o meuu velho é o melhor mecanico que alguma vez poderei ter e que alguma vez poderei aprender.
Voltando ao topico,eu nunca soube o que é ter um carro de plastico,pois o carro mais recente que tive era de 88....ando todos os dias de "classico" porque é o que tenho e nao pretendo comprar nada moderno,preferi investir na minha casa.Considero-me um grande sortudo,pois embora ganhe pouco,consegui comprar o carro dos meus sonhos,o meu kadett c coupé!!!É nele que tenho aprendido mais coisas e é nele que espero passar grandes momentos.Qando vou na rua com o meu charuto e as pessoas olham,nos seus carritos de matriculas de letra ao meio,nao considero que me estejam a gozar,PREFIRO pensar que sao uns invejosos,que se nao fossem tao "importantes" tambem gostavam de andar num pré 90´s.
Sou cinsero que quando o kadett estiver a andar,nao será para o dia-a-dia,pois a carteira nao vai dar para isso,mas os fins de semana nimguem mos tira.
Para mim nao há nada como ir no carro,surgir um problema e a minha cabeça já nao pára a pensar nas varias coisas que poderão ser...se fosse um carro de plastico,apenas pensava numa coisa,ir gastar mais umas croas para fazerem nao sei bem o quê.
Quanto aos jovens,julgo que uma grande percentagem gosta de classicos,uma parte disso só gosta de os ver passar, outra parte gostava de ter um,mas prefere investir em tecnologia,outra parte gosta,mas tem vergonha de andar com uma carro velho na rua e uma pequena parte gosta e investe no que gosta,tal como eu...
Nao podemos julgar nimguem,mas acho que os classicos só nos enriquecem moral e civicamente.
cumprimentos
 
Volto a afirmar que gostava mesmo de um dia ser o tal que ainda sabe mexer naquele tipo de motor.... ou é especialista naquele tipo de carro.... Mas talvez nunca passe de um sonho....

Dou os meus parabéns a quem partilhou aqui as suas histórias, dá gosto ler!

Abraço
 
Ah e mais duas coisas!!!
-Andem de classico enquanto podem,pois com os combustiveis a aumentar desta forma,qualquer dia só para os meter a trabalhar na garagem já se torna um grande investimento...
-Aproveitem enquanto ainda se pode andar com eles na rua,pois da maneira que estão a proibir os carros antigos de entrar nas cidades,qualquer dia só podemos andar de classico em caminhos de cabras...
cumprimentos
 
Para mim ter um carro e não usufruir dele não faz sentido.
Sempre que me apetece ando com um deles independentemente se chove ou não. Apesar disso não sou apologista do uso no dia-a-dia, um clássico é um veiculo que não nos possibilita certas mordomias e muito menos a segurança de um carro moderno. Até pode dar muito mais gozo mas isso, eu deixo para os momento especiais e não nas deslocações do ponto A ao ponto B.
 
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