Tens Um Clássico? Usa-O Ou Perde-O!

Eduardo Relvas

fiat124sport
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Sim, sou eu novamente… o que anda a pregar contra as rainhas de garagem, que se insurge contra os restauros excessivos, e tudo o mais… :lol: e venho provocar mais um bocadinho a nossa comunidade. Percam um bocadinho a ler (eu sei, não é só um bocadinho, entusiasmei-me… :p ), vão ver que talvez ganhem alguma coisa com isso.

Estamos a matar o nosso hobby?

A semana passada li a coluna do Jay Leno na Octane, em que ele reclamava que a falta de uso dos carros estava a torná-los inúteis e a arruinar o apoio que poderiam ter. E não deixa de fazer todo o sentido, seja um Duesenberg ou um 2CV. A falta de uso está a matar os nossos carros, e ao mesmo tempo, o nosso hobby.

Como já disse aqui várias vezes, os carros são máquinas, e o propósito único deles é trabalhar e circular. Muitas vezes vemos restauros meramente estéticos, com o intuito de preservar algo que serve de pano de amostra e pouco mais. Quantos casos não conhecemos nós de carros que fazem menos de 50 km ao ano?

A questão desta falta de uso é que acaba por se tornar num duplo homicídio… estamos a fomentar a degradação dos componentes mecânicos, gerando oxidação, sedimentação, e tudo o mais. Mas mais grave, estamos a deixar sem clientela toda uma indústria que não vê em nós uma necessidade de serviço. Um carro que não anda, gasta menos peças. Não justifica que alguém perca tempo a estudá-lo, a aprender a lidar com ele. Quando esse carro precisar de ser visto por alguém que saiba o que está a fazer, pode ser tarde demais. E isso volta a atacar o carro. Morto por não ser possível ressuscitá-lo como deve ser.

É um facto, e é preciso dizê-lo. O hobby do entusiasta dos clássicos está frequentemente ameaçado, e pela mão dos próprios entusiastas. Tirando casos notáveis como o dos ingleses e, de certa forma, os americanos, não há uma cultura de uso dos clássicos. O típico coleccionador português tem a velha e idiota tradição de esconder os carros na garagem e puxar-lhes o lustro de vez em quando, e só de lá os tira para pano de amostra num ou noutro evento.

Quantos de nós não conhecem mecânicos, electricistas, estofadores, e outros artesãos indispensáveis à preservação dos nossos objectos de adoração, que estão a chegar ao fim dos seus dias úteis? Há alguém a tomar o seu lugar? O conhecimento que eles acumularam ao longo da vida de trabalho, está a ser transmitido? Não.

Muitos de nós têm um espírito de iniciativa, e por vezes até mesmo a audácia de fazer as coisas por nós próprios. Mas será que estamos devidamente informados para o fazer? É aqui que, desculpem-me mas, apesar das boas intenções, vemos a Internet falhar com frequência. É que se efectivamente existe bom conhecimento a ser transmitido por aqui, ele dilui-se num oceano de más dicas dadas por amadores que de fundamentos técnicos adequados têm muito pouco ou nada. E caímos num perpetuar de “diz-que-diz”, “comigo resultou assim” e “acho que deves fazer assado”. Isso não pode, nem vai, levar a um futuro assegurado para os nossos clássicos.

Não digo que seja com má intenção, longe de mim, mas a informação mal fundamentada é muito perigosa. E nos dias de hoje, quantos de nós estão dispostos a investigar com calma e chegar ao fundo da questão? Não temos tempo, ou não o queremos arranjar. E muitas vezes acabamos nos fóruns, à beira do desespero, sem saber em quem confiar, irritados, frustrados, com o “calhambeque”. A culpa não é dele… nunca foi.

Usar o carro no dia-a-dia… estão a falar a sério?

Porque não? Certo, se o nosso ganha-pão implica quilometragens colossais, talvez seja má ideia. Mas também depende de muita coisa, incluindo a escolha do carro. Na Alemanha, começou a surgir um movimento de rotura com os carros modernos, e obteve uma expressão tão grande que a própria Mercedes viu nisso uma oportunidade e lançou o programa Youngtimer, em que eles próprios adquirem, revêem, e vendem com as mesmas garantias de novo, carros dos anos 60 a 90. Viram que as pessoas se estavam progressivamente a revoltar contra os carros cheios de indomável electrónica, de componentes com vidas a prazo, e queriam de volta os carros bem concebidos e com reputação de indestrutíveis. E agarraram nisso, e estão a dar nova vida aos carros que antes eram peças de museu ou forro de armazém. E os clientes estão mais satisfeitos.

E faz sentido, sob as mais variadas vertentes, senão vejamos:

- Um carro utilizado com regularidade mantém-se na sua eficácia ideal, sem componentes “preguiçosos”;

- Os componentes de desgaste comuns podem ser identificados com facilidade, e adquiridos de forma planeada junto dos milhentos especialistas que ainda nos vão servindo, fazendo com que dificilmente se fique “descalço”;

- Um carro pensado como deve ser em termos de recondicionar as peças mecânicas, em vez de um carro reluzente mas velho por baixo, certamente não falha com facilidade, se se mantiver um uso frequente e se aderir ao plano de manutenção delineado pelo fabricante quando era novo;

- Os acrescidos custos de combustível são compensados pelo menor impacto financeiro das manutenções (desde que verifique o ponto de cima), apólices de seguro com taxas mais “simpáticas”, e a aquisição preventiva das peças de desgaste usuais pode dar-nos margem para as adquirir a preços ridículos, mas mesmo aos preços normais, muitas vezes são infinitamente mais baratas que as de um carro moderno. E quantos de nós apregoam o quanto poupam em gasolina ou gasóleo, mas depois pagam mensalmente uma prestação asfixiante pelo monte de plástico desvalorizado que é “tão económico”? O clássico já está pago, muitas vezes não paga imposto de circulação, e o mal que fez ao ambiente ao ser produzido já lá vai… e um uso continuado garante a saúde do carro, que em vez de desvalorizar, até pode subir a sua cotação.

- Qualquer mecânico competente e bem treinado pode manter um clássico em condições, temos é de proactivamente seleccionar e recomendar os bons e filtrar os medíocres. Isso também acabará por melhorar o serviço e a imagem de uma classe repetidamente desvirtuada;

- O gosto individual pelo nosso clássico pode levar-nos a tentar conhecê-lo melhor, e sermos mais cuidadosos, o que é positivo tanto pela maneira como conduzimos, como pela forma que cuidamos dele. Sabemos melhor as suas vulnerabilidades, aprendemos mais, tornamo-nos donos da máquina e não seus escravos martirizados;

- Uma condução preventiva e cuidada só pode ser positiva, pois muitas vezes confiamos em excesso nos computadores com rodas que usamos. Ninguém faz milagres, e as leis da Física são iguais para todos, não perdoam ninguém. Podemos argumentar que os clássicos são menos seguros, mas há muita gente com clássicos modernos, que já têm alguma forma de segurança passiva e activa, e a nossa segurança é em muito feita por nós. Se formos melhores condutores, corremos muito menos riscos, e se calhar até nem temos de andar a fugir dos radares...

- Pôr os carros em circulação melhora a sua fiabilidade, alegra a nossa comuta diária, e dinamiza toda a envolvente. Carros que circulam precisam de peças e serviços, e isso faz com que elas continuem a ser produzidas e vendidas, e os serviços continuam a ter quem os faça.

Mesmo assim não me convence

É claro que todas as ideias, e todas as mudanças de cultura, têm sempre oponentes e detractores. Mas há que pensar que, tal como um apreciador de vinhos, por exemplo, o entusiasta de clássicos está efectivamente a consumir o objecto da sua paixão. Mas a beleza da máquina é que pode ser continuamente reabilitada.

É certo, podemos discutir o valor e o mérito da originalidade e a degradação desta, com o seu impacto na história e na perda dos seus traços. Claro que sim, mas quantos de nós têm carros em que isso verdadeiramente importe? Vamos lá, quantos são? Claro que um carro que seja único, muito raro, com uma história particularmente extraordinária, terá de ser ponderado com calma. Mas um Fiat 127? Ou um 2CV? Ou uma 4L? Ou um Carocha? Tenham paciência… eles foram feitos para trabalhar, não ser objectos de museu! Um clássico que não anda é uma ideia estéril, não cria entusiasmo, não cativa ninguém. É giro pra ver de passagem, comentar e mandar uma laracha ou outra, mas nada mais que isso. E voltamos à história da morte lenta…

Felizmente, vemos entrar neste nosso hobby muita gente jovem, e que trazem com eles uma visão distinta das coisas. Não são estranhos à ideia de um carro ser usado para aquilo que foi feito, preferem muitas vezes cuidar das entranhas dos bichos em vez de ir direitos às operações de estética, e isso tem mérito. Tem é também de ser acarinhado e orientado, porque muitas vezes se cai em caminhos que não sabemos bem onde nos vão levar, e criam expectativas que são depois goradas porque ninguém soube aconselhar.

Quantas vezes não vemos gente que, mal acaba de adquirir o carro, já está a dar voltas aos classificados, à eBay, ou a um catálogo de uma casa especializada, a ver de carburadores xpto, jantes largas e pneus baixos, e se a coisa for mesmo má, motores assim e caixas assado?

Meus amigos, a primeira coisa a fazer não é acenar um cartão de crédito e encher o bicho de dinheiro. Um monte de coisas brilhantes não vai fazer o carro andar melhor, nem ser mais fiável. Nem, muitas vezes vimos a descobrir, mais rápido… às vezes em vez de um passo à frente, dão-se dois para trás. E quem paga é a carteira…

Isto muitas vezes é culpa da tal falta de informação. Vemos aquelas fotos na Internet de um carro todo “apinocado” que até é igual ao nosso, e queremos fazer o mesmo. Mas sabemos mesmo o que está lá por baixo? Ou sabemos sequer se funciona? É que copiar aos bocadinhos é muito mau… tem de se usar a receita toda, e antes disso, saber se é mesmo a receita que nos convém. Quantos Minis com injecções deformantes de esteróides não vemos nós por aí? E no fim, será que são usados? Pelo menos no dia-a-dia, duvido. Não seriam toleráveis, é uma máquina de tortura.

E no entanto, além de toda a fiabilização trazida por uma reabilitação feita como deve ser, há soluções modernas que ainda podem melhorar os nossos carros. Há de facto coisas que o progresso trouxe que são positivas, é preciso é saber quais escolher e como.

Por isso, de facto é preciso apostar em informar melhor as pessoas. Os jovens podem ser aconselhados e entusiasmados para valores mais certos. Claro que é preciso saber o que se está a dizer, mas muitas vezes os conselhos não caem em saco roto. A orientação informada é um bem precioso, e quem adora verdadeiramente o seu clássico fará o melhor para ele. E queremos que a relação das pessoas com as suas máquinas cresça, e evolua sempre para melhor.

Mas eu não tenho tempo para dedicar ao meu carro

Então que diabos faz com um clássico nas mãos? Sejamos francos, os clássicos remontam a um tempo menos frenético que esta loucura que hoje nos rodeia. E se deixarmos, podem levar-nos de volta um pouco a esse tempo. É essa a beleza e o encanto de um clássico. Mas também nos podem ensinar a ter calma e fazer as coisas com mais tempo. Correr menos, fazer as viagens com mais tempo, desfrutar a paisagem, escolher estradas mais atraentes, viver a vida com mais calma.

Claro que nem todos de nós querem ou têm disposição para ser os seus próprios mecânicos. Mas há que lembrar, há gente disposta a trabalhar nesta área que muitas vezes não o faz por ter receio da falta de sustento. E os que estão, fecham as portas por causa da crise, por falta de clientes, por falta de quem os oiça, de quem pague, de quem perceba que vale a pena gastar mais um bocadinho, de quem… enfim, estão a ver o filme. Há muitas más escolhas, de várias origens distintas, que estão a trazer uma morte lenta a quem nos poderia ajudar.

Vemos cada vez mais o cenário de crise apontar-nos caminhos como as apostas nos produtos locais e regionais, a aposta nos tecidos empresariais locais, a dinamização das empresas. Pensem nisto, preferem sustentar uma cadeia anónima e ineficiente, que muitas vezes é a fachada de uma multinacional fria e inerte, ou entregar o vosso carro a alguém que cuide dele devidamente?

Muitas vezes usamos carros descartáveis que, a grande custo de desenvolvimento, alguém se esforçou para tornar obsoleto num prazo curto de tempo. São comprados a preços faraónicos (embora tenham sido construídos na China a cêntimos), muitas vezes deixando a herança de prestações brutais, desvalorizam a olhos vistos, ao fim de 200,000 km (se tiverem muita sorte!) estão despachados e a decomporem-se à nossa frente, e quando dão alguma falha que não estava nos planos, ninguém os sabe arranjar. Porque se perdem enleados na rede das electrónicas, porque a complexidade torna impossível traçar a origem de um sintoma, porque… basicamente, ninguém os conhece como deve ser. Os próprios fabricantes e as suas teorias de marketing assim o ditam. Ninguém deve saber reparar um carro devidamente, isso leva tempo demais e o retorno é pequeno. Troca-se tudo de uma vez e acabou, o cliente que pague. São estes os animais que estão a sustentar ao comprar um carro novo, caem na esparrela todos os dias! É mesmo isto que querem?

Será que compensam mesmo? Será que são assim tão económicos? Será que são assim tão amigos do ambiente? Não. Redondamente enganados por uma máquina enorme que vende ilusões para se sustentar, e podemos prová-lo. São fiáveis? Às vezes… Duram muito? Não.

Acima de tudo, quero deixar-vos apenas com este pensamento… Ser velho não é desculpa para nada. Uma máquina pode ser reabilitada e mantida na sua plena eficácia, desde que tenha sido assim desenhada. É algo que é impossível de fazer com um qualquer carro moderno, mas que um clássico aceita na perfeição. Para quê escolher ser mal servido?

Bem, acho que já provoquei mais que a minha conta… digam de vossa justiça! ^_^

Um abraço a todos!

Este post foi promovido a noticia
 
Como todos aqui sabem... o meu clássico enquadra-se na perfeição neste raciocinio!
Vou dar um exemplo:

Fui buscar o carro á oficina na sexta feira passada, á noite!
No Domingo seguinte, ao meio da tarde, já tinha 300Km´s feitos!

O meu clássico é para andar, e isso está bem visivel nos meus Diários de Bordo, divulgados aqui no Portal, não é para estar numa "redoma de vidro"!

Eduardo:
Exelente tópico!

Abraço!
 

Paulo Sergio Carvalho

Portalista
Portalista
Bem para começar,já não me lembrava de ler tanto aqui no Portal :lol:
É um assunto polémico sem duvida,mas compreendo o ponto de vista do Eduardo,eu não uso o meu charuto diáriamente,não é porque não queira,não é porque não goste,não é porque quero mante-lo intacto já o fiz algumas vezes e vou voltar a fazer se a vida permitir mas há uns pontos ao qual me fazem pensar muitas vezes quando o faço tais como,a falta de respeito dos outros principalmente nas grandes cidades, vou exemplificar um dia estava eu com o bolide em V.N.Gaia o carro estava estacionado em frente a um estabelecimento onde eu estava quando de repente olho para o carro e vejo dois caramelos a conversar e um deles tinha o pacote sentado na mala do 28 como vi que ele estava bem instalado e não se levantava e apesar de eu ser muito brincalhão tambem tenho um feitio complicado fui ter com o sr e perguntei-lhe logo de lata se queria um sofá ou se uma cadeira chegava ( já estava a transpirar) bom o sr por acaso foi bem mais educado do que eu e pediu-me desculpa ;) " a e tal é o habito não foi por mal" e eu acalmei tendo ainda uns bons 20 minutos de conversa com o homem é apenas um dos muitos exemplos e penso eu fiz um sacrificio dos diabos financeiramente e não só para colocar o charuto mais ou menos para um dia chegar ao carro e ter um desilusão ? Mas há muitos mais,mas ter o carro guardado e fazer 50km por ano,guardados para dizerem "Eu tenho uma raridade restaurada de A a Z" não sou totalmente contra isso como diz o Eduardo são maquinas feitas para andar os meus pais tem uma maquina de lavar roupa quase com 30 anos e ela trabalha quase ou até mesmo todos os dias,adoro conduzir o meu carro conduzi-lo como um carro normal que é o que ele é só tem uns aninhos e não conduzi-lo a pensar que é um carro velho que tem de andar devagar porque se avariar não há peças, porque fica mal os classicos são para passear, isso para mim é pensamento retrogada fazer viagens com os amigos e a familia apesar de ás vezes os putos me porem a ferver mas não lhes posso dizer "Se querem andar no carro do pai tem de ir de mãos e pé atados " não não digo claro que tento sempre fazer com eles tentem entender algumas coisas e terem cuidado .
Eu felizmente posso-me gabar que tenho um classico que gosto não tenho só para dizer que tenho, não porque tenho muito dinheiro e hoje dá-me na telha de comprar um classico compro e coloco na garagem como se fosse um par de sapatos guardados só para usar em cerimónias celebres,que me interessa a mim dizer ás pessoas ( Dei 500 eur por esta peça é original veio na cx e tudo) para quê ? para olhar para ela com o carro eternamente na garagem? tenho um charuto que me dá prazer rolar com ele independentemente de ser uma grande bomba ou não,independentemente do valor sentimental que ele tem para mim,dá-me gozo arrancar ao lado da Ford Focus do meu cunhado e deixa-lo para traz em arranque :p :lol: .
Infelizmente acho que não há grande interesse dos jovens de hoje ( não todos ) de aprender as artes dos artesãos,talvez porque gostem mais de andar de fato e gravata e de telemovel na mão e para aqueles que querem ou tem alguem conhecido que tenha tempo e paciência para os ensinar porque não conheço grandes meios de apredizagem pelo menos aqui no Norte eu proprio (já agora ficam a saber ) estou inscrito num centro de formação profissional desde Janeiro para me formar em pintura auto o que é certo é que já estamos em Março e nenhuma resposta até hoje :(
Bom para já não me alargo mais estou de acordo com o autor do topico e espero que este mesmo tenha rodas para andar e não ficar aqui parado ;)
Abraços
 

nuno granja

petrolhead
Portalista
Autor
Relvas,

A mim não conseguiste provocar :p

Agora a sério,

Concordo com quase tudo mas faço 3 ou 4 notas.

Não é só na Inglaterra ou USA que se anda muito de clássico, vi mais clássicos nas ruas de Amsterdam, Paris ou Berlin do que em Londres..

Os carros actuais são mais fiaveis, seguros e economicos e embora um clássico/yountimer bem escolhido e bem mantido possa ser (bastante) mais barato do que um moderno, a maioria das pessoas não tem nem essa percepção nem os conhecimentos que permitam escolhas acertadas.

Para andar no dia a dia de clássico ou yountimer é preciso gostar e ter alguma vocação, porque são maquinas de outros tempos e necessitam de outra abordagem, nem toda a gente gosta e está disposta a isso.

Outro aspecto importante; Nem todas as pessoas tem os teus skills e facilidades em termos de local é a falta de profissionais competentes que muitas vezes fazem desistir muita gente.

Depois há o factor social, a grande maioria das pessoas tem vergonha de andar em carros velhos por acharem ser pouco valorizantes socialmente, poucos o admitem mas é uma grande verdade.

Dito isto, uma coisa é certa carros parados estragam-se e se não andar-mos neles enquanto houver gasolina corremos o risco de ficar com uns bibelots na garagem.

bons kms...


nuno g
 

francisco mata

Clássico
Plenamente de acordo com tudo o que foi dito, eu ando todos os dias no azulinho e não quero outra coisa.....é divertido, barato e facil de arranjar.
 

Conta apagada 31475

Antes Francisco Lemos Ferreira
Quanto estou na base o Moke sai com o gaspar todos os dias até no inverno...até já apanhámos uma molha, alem de ou«tras actividades pois fez o Rallye de Fim de ano da Figueira com temperaturas baixas. A mim também não provocaste mas concordo contigo plenamente Relvas!

Abraço
 

Bruno Mateus

Veterano
Concordo, são feitos para andar e serem gozados!
E eu acho que sou uma das excepções da minha geração..... Poucos sujam as mão, é verdade, já eu... Há sempre qualquer coisa para fazer seja no Capri ou no Honda! :cool:
 

Helder Manuel Oliveira

Pre-War
Premium
Portalista
Pois Eduardo, o sr. Jay Leno, que tem não sei quantos carros clássicos,
dos mais raros aos mais sofisticados deve ter a consciência pesada...
Nem que convidasse todos os seus amigos conseguia pôr os carros a andar.

A nossa realidade é bem diferente. E aqui dou muito valor a pessoas que abraçam
projectos de restauro (muitos jovens) mesmo em tempos de crise, como o que vivemos em Portugal.
E o facto de alguns fazerem quase tudo até dignifica ainda mais esta paixão, porque se aprende muita coisa.

Outra questão que acho pertinente é o facto da maior parte das oficinas actualmente em Portugal
muitas vezes não aceitam fazer trabalhos em carros clássicos.
Outras levam o dinheiro que querem e o serviço fica aquém das expectativas.
Pelo menos esta é a realidade que eu conheço, cá para as minhas bandas.

A questão de andar ou não frequentemente com os clássicos é pessoal de cada um e conforme o seu bolso
para atestar o depósito e isso não menoriza o prazer e gozo de ter um clássico.
O Jay Leno não deve ter o segundo problema.

Se todos nós andássemos com muita frequência até dávamos mais trabalho às oficinas e às casas de peças.
E seria uma forma de contribuir para para a redução do défice. Ora...
 

Paulo Sergio Carvalho

Portalista
Portalista
Os provocados não se acusam :p
Há uma coisa que me intriga,gostava eu de saber o porquê de uma pessoa ter um carro e guardá-lo,gostava de entender qual a ideia de quem o faz
Onde é que eu quero chegar,vou falar do meu exemplo
O meu carro tem 37 anos e eu 36 ele andou diariamente durante muitos anos á chuva ao sol enfim ao tempo e ainda está vivo,bom se ele durar mais 37 e se ainda eu for vivo terei eu 73 anos,agora imaginem que eu o restaurava todo pipi e guardava-o fazendo apenas umas voltinhas para mostrar ,primeiro é preciso que eu chegue aos 73 anos e com alguma saude para continuar a dar as tais voltinhas e se eu bater a bota ou ficar impossibilitado de conduzir ? Vou ficar cheio de remorsos porque não usufruir do carro,vou a pensar que os meus filhos vão vende-lo ou mandar enfardar o carro ? Tanto esforço para não andar nele para não estragar e de repente vai tudo por agua abaixo e ficarei a pensar,mas porquê que durante estes anos todos não gozei aquilo que é meu que me deu tanto gozo trabalhar nele.
Eu tenho dois filhos um rapaz e uma rapariga ele para já está vacinado :lol: acho que ninguem lhe tira o bichinho mas tem muito que crescer e mudar ela gosta mas não liga muito se andar andou se não andar não morre por isso e digo-lhes já se pensam que daqui a 37 anos vão ter um 128 impec estão muito enganados se o quiserem toca a restaurar se não o quiserem mandem enfardar,mas só depois de eu estar na cova ;)
 
MR. Relvas!!!

Amei o post...
Não imaginam a quantidade de vezes que eu já ouvi dizer:
-Eh pá, havia um velhote que mexia nisso, agora não conheço ninguém...
É estúpida a sensação que vou ficar pendurado por uma merdice simples mas que os "manéis guê tês" não sabem arranjar, e porquê?
Por falta de vontade, falta de brio profissional, ou então pura e simplesmente porque estão tão habituados a arranjar carros por USB, que já não distingem uma chave de fendas de uma chave de rodas...
 
Mas isto é que é um SENHOR TÓPICO.
Ora aqui está o expresso a paixão que sinto pelos clássicos, o facto de estar parado é a pior coisa que se pode fazer a um carro. Mas opiniões são opiniões.
Como digo, há dois tipos de riqueza neste mundo, a riqueza monetária em si, e a riqueza de espírito. Relativamente à riqueza financeira, imaginem que temos um carro extremamente valioso dos anos 60, no entanto este só serve para enfeitar a nossa garagem, não usufruímos dele, e só serve praticamente para dizer que o temos. Histórias? Não vai haver, histórias contam-se com quilómetros, podendo incluir viagens, percalços, como avarias, furos de pneus, tudo isto são aventuras, aventuras estas que nos marcam positiva ou negativamente, no entanto qualquer uma destas aventuras nos deixa saudades. A riqueza de espírito é ter um clássico por muito reles que seja, andemos com ele com a maior frequência, apreciemos todos os km's que com ele façamos, gostamos de lhes dar carinhos, ou até como no meu caso, sermos nós próprios a restaurá-los, e saber que o nosso suor gasto a restaura-lo, um dia vai ser o carro a "suar" para nosso prazer. No entanto os restauros acabam por ser bastante didácticos, sendo que no futuro poderei ser eu a arranjar o meu próprio carro, e não precisar dos mecânicos informáticos.

Eu considero-me como um rico em espírito e sinto-me feliz com isso, não quero ter um carro bibêlot, para isso já tenho as miniaturas.
O meu maior sonho é acabar o meu w123 Longo, e partir num interrail pela Europa fora com meia dúzia de amigos e passá-lo bem.
Isto para muita gente pode ser considerado como uma grande estupidez, mas para mim irão ser 5000/6000 ou até mais km's de boas e únicas histórias, e partindo do princípio que este carro foi todo restaurado por mim tem ainda mais valor para mim.

No entanto as riquezas podem aparecer associadas e quando isso acontece, é ter dinheiro e saber usufrui-lo, como ter um bom carro, mantê-lo e passear com ele.
 

vitor tapadinhas

electricista auto/moto
Sim, sou eu novamente… o que anda a pregar contra as rainhas de garagem, que se insurge contra os restauros excessivos, e tudo o mais… :lol: e venho provocar mais um bocadinho a nossa comunidade. Percam um bocadinho a ler (eu sei, não é só um bocadinho, entusiasmei-me… :p ), vão ver que talvez ganhem alguma coisa com isso.

Estamos a matar o nosso hobby?

A semana passada li a coluna do Jay Leno na Octane, em que ele reclamava que a falta de uso dos carros estava a torná-los inúteis e a arruinar o apoio que poderiam ter. E não deixa de fazer todo o sentido, seja um Duesenberg ou um 2CV. A falta de uso está a matar os nossos carros, e ao mesmo tempo, o nosso hobby.

Como já disse aqui várias vezes, os carros são máquinas, e o propósito único deles é trabalhar e circular. Muitas vezes vemos restauros meramente estéticos, com o intuito de preservar algo que serve de pano de amostra e pouco mais. Quantos casos não conhecemos nós de carros que fazem menos de 50 km ao ano?

A questão desta falta de uso é que acaba por se tornar num duplo homicídio… estamos a fomentar a degradação dos componentes mecânicos, gerando oxidação, sedimentação, e tudo o mais. Mas mais grave, estamos a deixar sem clientela toda uma indústria que não vê em nós uma necessidade de serviço. Um carro que não anda, gasta menos peças. Não justifica que alguém perca tempo a estudá-lo, a aprender a lidar com ele. Quando esse carro precisar de ser visto por alguém que saiba o que está a fazer, pode ser tarde demais. E isso volta a atacar o carro. Morto por não ser possível ressuscitá-lo como deve ser.

É um facto, e é preciso dizê-lo. O hobby do entusiasta dos clássicos está frequentemente ameaçado, e pela mão dos próprios entusiastas. Tirando casos notáveis como o dos ingleses e, de certa forma, os americanos, não há uma cultura de uso dos clássicos. O típico coleccionador português tem a velha e idiota tradição de esconder os carros na garagem e puxar-lhes o lustro de vez em quando, e só de lá os tira para pano de amostra num ou noutro evento.

Quantos de nós não conhecem mecânicos, electricistas, estofadores, e outros artesãos indispensáveis à preservação dos nossos objectos de adoração, que estão a chegar ao fim dos seus dias úteis? Há alguém a tomar o seu lugar? O conhecimento que eles acumularam ao longo da vida de trabalho, está a ser transmitido? Não.

Muitos de nós têm um espírito de iniciativa, e por vezes até mesmo a audácia de fazer as coisas por nós próprios. Mas será que estamos devidamente informados para o fazer? É aqui que, desculpem-me mas, apesar das boas intenções, vemos a Internet falhar com frequência. É que se efectivamente existe bom conhecimento a ser transmitido por aqui, ele dilui-se num oceano de más dicas dadas por amadores que de fundamentos técnicos adequados têm muito pouco ou nada. E caímos num perpetuar de “diz-que-diz”, “comigo resultou assim” e “acho que deves fazer assado”. Isso não pode, nem vai, levar a um futuro assegurado para os nossos clássicos.

Não digo que seja com má intenção, longe de mim, mas a informação mal fundamentada é muito perigosa. E nos dias de hoje, quantos de nós estão dispostos a investigar com calma e chegar ao fundo da questão? Não temos tempo, ou não o queremos arranjar. E muitas vezes acabamos nos fóruns, à beira do desespero, sem saber em quem confiar, irritados, frustrados, com o “calhambeque”. A culpa não é dele… nunca foi.

Usar o carro no dia-a-dia… estão a falar a sério?

Porque não? Certo, se o nosso ganha-pão implica quilometragens colossais, talvez seja má ideia. Mas também depende de muita coisa, incluindo a escolha do carro. Na Alemanha, começou a surgir um movimento de rotura com os carros modernos, e obteve uma expressão tão grande que a própria Mercedes viu nisso uma oportunidade e lançou o programa Youngtimer, em que eles próprios adquirem, revêem, e vendem com as mesmas garantias de novo, carros dos anos 60 a 90. Viram que as pessoas se estavam progressivamente a revoltar contra os carros cheios de indomável electrónica, de componentes com vidas a prazo, e queriam de volta os carros bem concebidos e com reputação de indestrutíveis. E agarraram nisso, e estão a dar nova vida aos carros que antes eram peças de museu ou forro de armazém. E os clientes estão mais satisfeitos.

E faz sentido, sob as mais variadas vertentes, senão vejamos:

- Um carro utilizado com regularidade mantém-se na sua eficácia ideal, sem componentes “preguiçosos”;

- Os componentes de desgaste comuns podem ser identificados com facilidade, e adquiridos de forma planeada junto dos milhentos especialistas que ainda nos vão servindo, fazendo com que dificilmente se fique “descalço”;

- Um carro pensado como deve ser em termos de recondicionar as peças mecânicas, em vez de um carro reluzente mas velho por baixo, certamente não falha com facilidade, se se mantiver um uso frequente e se aderir ao plano de manutenção delineado pelo fabricante quando era novo;

- Os acrescidos custos de combustível são compensados pelo menor impacto financeiro das manutenções (desde que verifique o ponto de cima), apólices de seguro com taxas mais “simpáticas”, e a aquisição preventiva das peças de desgaste usuais pode dar-nos margem para as adquirir a preços ridículos, mas mesmo aos preços normais, muitas vezes são infinitamente mais baratas que as de um carro moderno. E quantos de nós apregoam o quanto poupam em gasolina ou gasóleo, mas depois pagam mensalmente uma prestação asfixiante pelo monte de plástico desvalorizado que é “tão económico”? O clássico já está pago, muitas vezes não paga imposto de circulação, e o mal que fez ao ambiente ao ser produzido já lá vai… e um uso continuado garante a saúde do carro, que em vez de desvalorizar, até pode subir a sua cotação.

- Qualquer mecânico competente e bem treinado pode manter um clássico em condições, temos é de proactivamente seleccionar e recomendar os bons e filtrar os medíocres. Isso também acabará por melhorar o serviço e a imagem de uma classe repetidamente desvirtuada;

- O gosto individual pelo nosso clássico pode levar-nos a tentar conhecê-lo melhor, e sermos mais cuidadosos, o que é positivo tanto pela maneira como conduzimos, como pela forma que cuidamos dele. Sabemos melhor as suas vulnerabilidades, aprendemos mais, tornamo-nos donos da máquina e não seus escravos martirizados;

- Uma condução preventiva e cuidada só pode ser positiva, pois muitas vezes confiamos em excesso nos computadores com rodas que usamos. Ninguém faz milagres, e as leis da Física são iguais para todos, não perdoam ninguém. Podemos argumentar que os clássicos são menos seguros, mas há muita gente com clássicos modernos, que já têm alguma forma de segurança passiva e activa, e a nossa segurança é em muito feita por nós. Se formos melhores condutores, corremos muito menos riscos, e se calhar até nem temos de andar a fugir dos radares...

- Pôr os carros em circulação melhora a sua fiabilidade, alegra a nossa comuta diária, e dinamiza toda a envolvente. Carros que circulam precisam de peças e serviços, e isso faz com que elas continuem a ser produzidas e vendidas, e os serviços continuam a ter quem os faça.

Mesmo assim não me convence

É claro que todas as ideias, e todas as mudanças de cultura, têm sempre oponentes e detractores. Mas há que pensar que, tal como um apreciador de vinhos, por exemplo, o entusiasta de clássicos está efectivamente a consumir o objecto da sua paixão. Mas a beleza da máquina é que pode ser continuamente reabilitada.

É certo, podemos discutir o valor e o mérito da originalidade e a degradação desta, com o seu impacto na história e na perda dos seus traços. Claro que sim, mas quantos de nós têm carros em que isso verdadeiramente importe? Vamos lá, quantos são? Claro que um carro que seja único, muito raro, com uma história particularmente extraordinária, terá de ser ponderado com calma. Mas um Fiat 127? Ou um 2CV? Ou uma 4L? Ou um Carocha? Tenham paciência… eles foram feitos para trabalhar, não ser objectos de museu! Um clássico que não anda é uma ideia estéril, não cria entusiasmo, não cativa ninguém. É giro pra ver de passagem, comentar e mandar uma laracha ou outra, mas nada mais que isso. E voltamos à história da morte lenta…

Felizmente, vemos entrar neste nosso hobby muita gente jovem, e que trazem com eles uma visão distinta das coisas. Não são estranhos à ideia de um carro ser usado para aquilo que foi feito, preferem muitas vezes cuidar das entranhas dos bichos em vez de ir direitos às operações de estética, e isso tem mérito. Tem é também de ser acarinhado e orientado, porque muitas vezes se cai em caminhos que não sabemos bem onde nos vão levar, e criam expectativas que são depois goradas porque ninguém soube aconselhar.

Quantas vezes não vemos gente que, mal acaba de adquirir o carro, já está a dar voltas aos classificados, à eBay, ou a um catálogo de uma casa especializada, a ver de carburadores xpto, jantes largas e pneus baixos, e se a coisa for mesmo má, motores assim e caixas assado?

Meus amigos, a primeira coisa a fazer não é acenar um cartão de crédito e encher o bicho de dinheiro. Um monte de coisas brilhantes não vai fazer o carro andar melhor, nem ser mais fiável. Nem, muitas vezes vimos a descobrir, mais rápido… às vezes em vez de um passo à frente, dão-se dois para trás. E quem paga é a carteira…

Isto muitas vezes é culpa da tal falta de informação. Vemos aquelas fotos na Internet de um carro todo “apinocado” que até é igual ao nosso, e queremos fazer o mesmo. Mas sabemos mesmo o que está lá por baixo? Ou sabemos sequer se funciona? É que copiar aos bocadinhos é muito mau… tem de se usar a receita toda, e antes disso, saber se é mesmo a receita que nos convém. Quantos Minis com injecções deformantes de esteróides não vemos nós por aí? E no fim, será que são usados? Pelo menos no dia-a-dia, duvido. Não seriam toleráveis, é uma máquina de tortura.

E no entanto, além de toda a fiabilização trazida por uma reabilitação feita como deve ser, há soluções modernas que ainda podem melhorar os nossos carros. Há de facto coisas que o progresso trouxe que são positivas, é preciso é saber quais escolher e como.

Por isso, de facto é preciso apostar em informar melhor as pessoas. Os jovens podem ser aconselhados e entusiasmados para valores mais certos. Claro que é preciso saber o que se está a dizer, mas muitas vezes os conselhos não caem em saco roto. A orientação informada é um bem precioso, e quem adora verdadeiramente o seu clássico fará o melhor para ele. E queremos que a relação das pessoas com as suas máquinas cresça, e evolua sempre para melhor.

Mas eu não tenho tempo para dedicar ao meu carro

Então que diabos faz com um clássico nas mãos? Sejamos francos, os clássicos remontam a um tempo menos frenético que esta loucura que hoje nos rodeia. E se deixarmos, podem levar-nos de volta um pouco a esse tempo. É essa a beleza e o encanto de um clássico. Mas também nos podem ensinar a ter calma e fazer as coisas com mais tempo. Correr menos, fazer as viagens com mais tempo, desfrutar a paisagem, escolher estradas mais atraentes, viver a vida com mais calma.

Claro que nem todos de nós querem ou têm disposição para ser os seus próprios mecânicos. Mas há que lembrar, há gente disposta a trabalhar nesta área que muitas vezes não o faz por ter receio da falta de sustento. E os que estão, fecham as portas por causa da crise, por falta de clientes, por falta de quem os oiça, de quem pague, de quem perceba que vale a pena gastar mais um bocadinho, de quem… enfim, estão a ver o filme. Há muitas más escolhas, de várias origens distintas, que estão a trazer uma morte lenta a quem nos poderia ajudar.

Vemos cada vez mais o cenário de crise apontar-nos caminhos como as apostas nos produtos locais e regionais, a aposta nos tecidos empresariais locais, a dinamização das empresas. Pensem nisto, preferem sustentar uma cadeia anónima e ineficiente, que muitas vezes é a fachada de uma multinacional fria e inerte, ou entregar o vosso carro a alguém que cuide dele devidamente?

Muitas vezes usamos carros descartáveis que, a grande custo de desenvolvimento, alguém se esforçou para tornar obsoleto num prazo curto de tempo. São comprados a preços faraónicos (embora tenham sido construídos na China a cêntimos), muitas vezes deixando a herança de prestações brutais, desvalorizam a olhos vistos, ao fim de 200,000 km (se tiverem muita sorte!) estão despachados e a decomporem-se à nossa frente, e quando dão alguma falha que não estava nos planos, ninguém os sabe arranjar. Porque se perdem enleados na rede das electrónicas, porque a complexidade torna impossível traçar a origem de um sintoma, porque… basicamente, ninguém os conhece como deve ser. Os próprios fabricantes e as suas teorias de marketing assim o ditam. Ninguém deve saber reparar um carro devidamente, isso leva tempo demais e o retorno é pequeno. Troca-se tudo de uma vez e acabou, o cliente que pague. São estes os animais que estão a sustentar ao comprar um carro novo, caem na esparrela todos os dias! É mesmo isto que querem?

Será que compensam mesmo? Será que são assim tão económicos? Será que são assim tão amigos do ambiente? Não. Redondamente enganados por uma máquina enorme que vende ilusões para se sustentar, e podemos prová-lo. São fiáveis? Às vezes… Duram muito? Não.

Acima de tudo, quero deixar-vos apenas com este pensamento… Ser velho não é desculpa para nada. Uma máquina pode ser reabilitada e mantida na sua plena eficácia, desde que tenha sido assim desenhada. É algo que é impossível de fazer com um qualquer carro moderno, mas que um clássico aceita na perfeição. Para quê escolher ser mal servido?

Bem, acho que já provoquei mais que a minha conta… digam de vossa justiça! ^_^

Um abraço a todos!

Este post foi promovido a noticia
~boas
Concordo plenamente um carro seja classico ou não estraga-se mais estando parado do que se for utilizado regularmente a falta de tempo é uma desculpa esfarrapada que ja usei mas se gerirmos bem o tempo dá perfeitamente para tratar do menino e o não conseguir andar com ele tambem é desculpa porque não custa nada acordar mais cedo e em vez de meter gasolina no carro habitual mete no classico a não ser que tenham vergonha de andar de classico e fazer com alguns que conheço dizem ter um classico mas não lhe ligam,um classico é como um filho,comparação estupida mas eu vejo assim ,temos de lhe dar muita atenção as vezes fazemos coisas que nos fazem perder tempo utilizando a inteligencia e gerindo o tempo pudemos fazer muita coisa e tendo filhos ate podemos lhes injetar um pouco de veneno automovel e dar lhe o gosto de ajudar o pai a tratar do "irmão mais velho" assim estamos o dobro do tempo com os nossos filhos e o tempo certo para tratar do classico,eu penso e faço assim .
 

Luis Ángel

O Nuestro Hermano
Outra questão que acho pertinente é o facto da maior parte das oficinas actualmente em Portugal
muitas vezes não aceitam fazer trabalhos em carros clássicos.
Outras levam o dinheiro que querem e o serviço fica aquém das expectativas.
Pelo menos esta é a realidade que eu conheço, cá para as minhas bandas.

A questão de andar ou não frequentemente com os clássicos é pessoal de cada um e conforme o seu bolso
para atestar o depósito e isso não menoriza o prazer e gozo de ter um clássico.
O Jay Leno não deve ter o segundo problema.

Ó Eduardo, o teu ponto de vista é altamente plausível, mas não podemos perder de vista o que diz o Helder. Também, infelizmente por vezes a peça a procurar não é simples localizá-la e isso pode fazer o nosso clássico ficar na garagem/oficina até conseguirmos o peça. E muitos de nós (quém não, hoje em dia?) precissamos do nosso carro para irmos trabalhar.

Eu não gosto da attitude de aqueles que têm clássicos só para os limpar o pô, acho que os carros (velhos ou novos) foram construidos para circularem, bem no dia-a-dia como ferramenteas de trabalho, bem como lazer na estrada, mas às vezes é complicado ter un carro 'velho' para o dia-a-dia pela questão da fiabilidade e a inmediatez de dispôr dele. Eu não posso permitir-me o luxo de ficar sem carro, seja velho, seja novo.

Cumprs
 

João Luís Soares

Pre-War
Membro do staff
Premium
Delegado Regional
Portalista
O Eduardo já sabe a minha opinião porque é um assunto de que falamos frequentemente...

Para já, o que posso ter é um uso alternado entre o Fiat Ritmo, o Fiat Panda e o carro moderno da minha mãe.
O Panda é o meu carro diário e só não o utilizo mais porque em estrada acima dos 100 km/h é barulhento e gastador.
O Ritmo é de uso mais esporádico porque precisa de alguns cuidados que neste momento não posso dar-lhe por falta de €. O que sei fazer por mim tenho feito...

Tenho ainda o Fiat 1500 em restauro. Não sei quanto vai demorar porque a minha carteira é que manda. Mas assim que estiver pronto vai fazer a rodagem e garanto que não vai ficar parado... Tem 4 rodas, tem volante, tem uma caixa porreira, tem 75 cv e tem fama de bom estradista, por isso vai fazer jus a isso tudo e justificar o que vou gastar nele.

Detesto saber de clássicos parados nas garagens que não andam ou porque está a chover, ou porque está calor, ou por outras manias...
 

Alberto Silva

Pre-War
Delegado Regional
Quem os tem que os use... :p , o meu além das voltinhas de Domingo é o carro de substituição quando ocorre alguma coisa ao «plástico»!!! ;)
 
Concordo com tudo o que foi escrito! E ainda digo mais, não há uma semana que não pense que a minha vocação é mecânica.... E passo a explicar... Sempre tive uma abordagem muito particular a "coisas" desde que me lembro de ser miúdo! Sempre gostei de montar e desmontar... E o conceito de "assembly" está implícito no meu dia-a-dia e é muito com base nisso que me desenvolvo diariamente como pessoa. Abordo um tema e tento explorar esse mesmo tema ao máximo e extrair dele a maior fonte possível de conhecimento útil, e sigo para o próximo.

Quando falas que o conhecimento de pessoas que trabalham com carros antigos não está a ser transmitido para os mais novos, não posso deixar de concordar contigo! Mas muitos dos responsáveis são mesmo esses que guardam o segredo da mecânica ou outros ofícios como se do cálice da vida eterna se tratasse! Já abordei alguns mecânicos com intuito de realizar e ajudar nas oficinas a custo 0, apenas pela aprendizagem e de todas as vezes que tentei levei um redondo não. Sinceramente acho que as pessoas querem ganhar o máximo de dinheiro possível com esta história de clássicos e daí todo este leque de temas que abordaste.

Entretanto segui a vida da Eng. Informática e estou a trabalhar numa consultora de fatinho e gravata (que detesto) mas a pensar que um dia ainda gostava de ser aquele mecânico "xpto" que trata os twincam's por tu. Pode ser incrível esta maneira de pensar, mas acho mesmo que o que disse aqui é genuíno.

Abraço a todos
 
Acho que todas as opiniões aqui expressas são válidas e enriquecedoras pela sua variedade.
Mas não partilho a opinião daquelas que se mostram redutoras na sua apreciação de como "gostar" de um clássico. Cada um de nós gosta à sua própria maneira. E é isso que traz verdadeiramente o interesse a este "mundo dos clássicos".
Se o Sr. A restaurou o seu belo carro e só sai com ele nos dias de sol... óptimo, pelo menos salvou-o da sucata!
Se o Sr. B anda com o seu clássico todos os dias desde há 40 anos, quando o comprou... excelente, é um verdadeiro apaixonado.
Se o Sr.C comprou um clássico mas vai fazer-lhe uns upgrade para o carro se tornar mais confortável e fiável para uso no dia-a-dia...fantástico!
Se o Sr.D aparece sempre que se juntam meia dúzia de clássicos, mas ainda não tem um, porque ainda não tem condições para ter um...vamos dar-lhe injecções deste vício, para que ele possa realizar o seu sonho quanto antes!
Como dizia o outro, é mais importante o que nos une do que o que nos separa. E o que nos une é a "panca" pelos clássicos, seja ela vivida de que maneira fôr...

Pela minha parte,

1 - orgulho-me de ter salvo de morte certa um número razoável deles.

2 - Revejo-me na situação do:

- Sr. A quando passo tempos infinitos a olhar para um "Boca de Sapo" como se fosse uma escultura de Rodin
- Sr. B quando vou dar uma volta na minha Yamaha DTf 125 de 1975, minha cúmplice há mais de 30 anos
- Sr. C quando estou às voltas com o restauro do Fiat 850 que ensinou a conduzir 2 gerações da família da minha mulher e que quero que ainda sirva para meter o vício aos meus filhos.
- Sr. D quando vejo um E-type...

O importante é preservá-los.

Bons kms para todos!
 

Rúben Farinha

Veterano
Olá... sim estamos a matar o nosso hobby! Não são raras as vezes em que a maioria do pessoal só usa os clássicos para exposições e pouco mais.
Se pudesse tinha um clássico e se a carteira o permitisse adoraria usa-lo no dia a dia, de casa para o trabalho e ao final do dia para um passeio pela marginal... usem os vossos clássicos!
 

M Bento Amaral

Barão da Sopa da Pedra!!
Incrível como aquilo que escreveste está de acordo com bastantes coisas em que penso.

A 1ª: Carros novos, não tenho nenhum. Tinha um 206 GTi, de 2002, que era um belo carrinho, e tinha um bom arranque. Vendi-o o ano passado, para evitar ter que gastar dinheiro em manutenções obrigatórias, um selo abusivamente caro. Se gostava dele, gostava, e preferia-o conduzir, do que a VW Caddy pasteleira, que vai dos 0 aos 100 em 10.... minutos! E vendi-o por um preço irreal, perdi uma pipa de massa nestes 6 anos que o tive...

2ª: As facilidades em arranjar um mecânico da velha guarda que repare o clássico! Mão de obra mais barata, e alguém com experiência no ramo, que deverá saber o que realmente está a fazer!

3ª; Segurança? Os carros novos não batem? Não capotam? Continua a morrer muita gente na estrada, e a percentagem deles em clássicos deve ser ínfima! A primeira etapa da segurança é o tipo de condução que temos.

.....
Os meus clássicos são para andar, alias, andam at
e de mais! tenho o 850 ha 3 anos, e a media de kms: 10.000 nos dois primeiros, e 6000 no ano passado, porque a meio do ano vim morar para Santarém!
Dá-me um prazer enorme, e é a minha imagem de marca!

yeaahhh!! \m/
 

Bruno Queiroz

Clássico
Boa noite a todos,

Este tópico é sem dúvida provocador e revejo-me em várias facetas tanto do post original como das respostas que se seguiram. Neste momento estou a restaurar um Opel Manta A de 1970 de fio a pavio (tenho inclusive um tópico aqui no Portal), tenho um Austin 1300L de 1970 para mostrar às visitas que aparecem lá em casa, um Toyota Corolla 1.3 Velvet Line de 1992 como carro de dia-a-dia da minha esposa e um Audi A4 2.0TDI de 2007 como meu carro de dia-a-dia.
Ora esta compilação de viaturas permite-me experimentar as diferentes carapuças:

- Tenho o plástico para andar no dia-a-dia porque faço cerca de 1000km por semana para ir trabalhar. Teoricamente tenho o carro ideal para fazer kms: gasóleo, fiabilidade, conforto, segurança e muita potência disponível.
Na verdade fica mais caro andar com o A4 do que com o Corolla porque este está convertido a GPL.
No que toca a fiabilidade o Corolla é superior... Ainda a semana passada fiquei na beira da estrada com o Audi, foi para a oficina, ligaram-lhe o cabo USB e não havia erros logo está tudo bem com o carro! A verdade é que passado pouco tempo pegou a trabalhar e até hoje ninguém me soube explicar o que se passou... São as maravilhas da electrónica... Agora nunca sei quando é que vou ficar mal outra vez...
O conforto mais uma vez ganha o Corolla dado que o Audi tem suspensão desportiva.
Segurança e potência sem dúvida que o Audi ganha mas foi também essa segurança e potência que me fez estar neste momento de pena suspensa devido a excesso de velocidade...
E não vamos falar da manutenção... Trocar filtros e óleo ao Corolla fica por 30 e poucos euros, já a Audi ficar por 5x esse valor. Isto a fazer o serviço em casa porque se fosse à marca...

Depois há a questão do Manta A e do Austin 1300L. O Austin é sem dúvida o carro que está na redoma de vidro e sai raras vezes à rua. Isto deve-se a um desencanto crescente sobre o carro. Cada vez que sai à rua volta com um ou mais problemas e isso leva a que cada vez ande menos. É verdade que nunca levou um restauro completo de mecânica e maior parte das peças têm mais de 40 anos. Se tivesse feito as coisas como deve ser talvez não estivesse a pensar vender o carro porque perdi o entusiasmo por ele. Espero que vá para alguém que o estime e que lhe dê o restauro merecido.
A mais recente aquisição é também em parte responsável por esta falta de interesse. No Manta pretendo fazer as coisas de forma bem diferente. O restauro vai ser completo para poder ter um carro que me permita ir 15 dias de férias com ele se me apetecer e sem ter receio de ficar parado na primeira curva.

É por isso que concordo plenamente com o António Carvalho quando diz que podemos ser o sr. A, B, C e D em diferentes ocasiões. Concordo ainda com o Luís Rosa quando diz que preferia ser o mecânico xpto que trata um twincam por tu a andar de fato todo o dia como também me acontece. O problema está no facto de mesmo numa perspectiva familiar uma opção dessas ser muito mal aceite. Eu tirei Eng.ª Mecânica e seria muito difícil tentar explicar à minha família porque é que ia abandonar uma carreira promissora numa multinacional por uma oficina lá em casa a tratar de carros "velhos" mesmo sendo evidente à partida que quem tira Eng.ª Mecânica tem gosto pelas máquinas.

Acho que já me estiquei mas não podia deixar de dar a minha opinião.

Bom kms,
Bruno Q.

Opel Manta A 1.9L de 1971
 
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