E agora uma pequena introdução ao Sierra RS Cosworth....
O Sierra RS Cosworth é o resultado de um projecto da Ford com o objectivo de produzir "O" vencedor por excelência para o Grupo A.
O projecto foi liderado por Stuart Turner na primavera de 1983. Ele tinha sido recentemente nomeado chefe da Ford Motorsport na Europa, e ele percebeu de imediato que a Ford já não era competitiva nesta área.
Turner entrou em contato com Walter Hayes, na época vice-presidente de Relações Públicas da Ford, para obter apoio para o projecto. Hayes já havia sido a força motriz por trás do desenvolvimento do Ford GT40 que venceu Le Mans em 1966, o Cosworth DFV que deu à Ford 154 vitórias e 12 Campeonatos do Mundo de Fórmula Um, durante os anos sessenta e setenta. Hayes achou o projecto muito interessante e prometeu o seu apoio.
Turner, em seguida, convidou Ken Kohrs, Vice-Presidente de Desenvolvimento, para visitar a antiga sócia da Ford, a Cosworth, onde lhes foi mostrado um projecto desenvolvido por iniciativa da própria Cosworth, o motor YAA. Esta era um Twin Cam, 16 válvulas com base no próprio bloco da Ford T88, mais conhecido como Pinto. Este protótipo mostrou ser uma base ideal para o motor que Turner tinha em mente, e vencer no Grupo A.
Assim foi encomendada uma versão turbo (designado YBB Cosworth), capaz de desenvolver 180cv na versão cliente e 300cv na versão de competiçãoda. A Cosworth respondeu positivamente, mas colocaram duas condições: o motor deve produzir não menos de 150 kW (204 HP), na versão de estrada, e a Ford teria que encomendar nada menos que 15 mil motores. O projecto de Turner só precisava de cerca de 5.000 motores, mas a Ford, no entanto, aceitou as condições. Os 10.000 motores extra, foram a razão pela qual a Ford também optou por desenvolver um quatro portas, segunda geração do Sierra RS Cosworth.
Encontrar uma caixa de velocidades adequada mostrou-se ser mais difícil. A Borg-Warner T-5, também utilizada no Ford Mustang V8 5.0, foi escolhida, mas as rotações mais elevadas do Sierra causaram alguns problemas. Eventualmente a Borg-Warner teve que criar uma linha de produção dedicada para as caixas de velocidades dos Sierra RS Cosworth.
Em abril de 1983, a equipa de Turner escolheu o Sierra como base para o projecto. O Sierra preenchia os requisitos de tracção traseira e um coeficiente aerodinâmico aceitável.
A versão de competição também poderia ajudar a melhorar a má reputação, de certa forma injusta, que o Sierra tinha ganho desde o seu laçamento em 1982.
Lothar Pinske, responsável pelo desenvolvimento da aerodinâmica do carro, pediu carta branca no que dizia respeito ao aspecto. Os testes demonstravam que a carroçaria hatchback do Sierra gerava elevada sustentação aerodinâmica, mesmo a velocidades relativamente baixas. Após extensos testes em túnel de vento e ensaios no circuito de Nardo, em Itália, um protótipo foi apresentado à direcção de projectos. Era baseado na carroçaria de um XR4i com apêndices provisórios em fibra de vidro e alumínio. A aparência do carro causou grande relutância, em particular a enorme asa traseira. Contudo, Pinske insistiu que as modificações eram vitais para tornar o projecto ganhador. A asa traseira era essencial para manter o contato com o solo a 300 km/h, a abertura entre os faróis era necessária para alimentação do ar para o intercooler e as extensões das cavas de roda tinha que estar lá por causa das jantes de 10 polegadas de largura da versão de corrida. Eventualmente, os designers da Ford concordaram em tentar fazer uma versão de produção baseado no protótipo.
Em 1984, Walter Hayes fez visitas a vários concessionários da Ford na Europa, a fim de examinar o potencial de vendas para o Sierra RS Cosworth. Um dos requisitos para a participação no grupo A era de 5.000 carros construídos e vendidos. O feedback foi deprimente. Os concessionários estimavam que apenas podiam vender cerca de 1.500 unidades.
No entanto Hayes não desistiu e continuou apaixonadamente com o seu projecto. Quando os protótipos começaram a estar prontos, os concessionários foram convidados para sessões de teste-drive, e isso aumentou o entusiasmo pelo novo modelo. Além disso, a Ford tomou algumas medidas radicais para reduzir o preço do carro. Como exemplo, o carro era oferecido somente em três cores exteriores (preto, branco e azul moonstone) e uma côr de interior (cinza). Também houve apenas duas opções de equipamentos: com ou sem fecho central e vidros eléctricos.
O Ford Sierra RS Cosworth foi apresentado pela primeira vez ao público no Salão Automóvel de Genebra, em março de 1985, com planos de lançá-lo à venda em Setembro e encerramento da produção dos 5.000 carros no verão de 1986.
Finalmente o carro correspondeu às expectativas da Ford na pista. A organização do Campeonato do Mundo de Turismos em 1987 veio mesmo a calhar para a Ford. No entanto, pilotos extremamente competitivos da BMW, alguns problemas com caixas de velocidades, entre outras coisas, e apenas 340 CV na primeira versão do Sierra RS Cosworth impediu-o de dominar a primeira metade da temporada. Em agosto de 1987, o Sierra RS500 Cosworth foi homologado. A Ford conquistou a pole position em todas as restantes seis provas, e a vitória em cinco delas.
Apesar de ganhar o Campeonato do Mundo na pista, perdeu-o na sercretaria em 1988 após vários apelos e recursos por causa da desqualificação numa prova (a James Hardie 1000) por supostas irregularidades nas abas do painel dos guarda lamas dianteiros. Foi uma pílula amarga de engolir para a Ford. Foi-lhes retirado o título aos pilotos Steve Soper e Pierre Dieudonné e entregue ao piloto da BMW Roberto Ravaglia. A equipa Eggenberger Motorsport não obstante, reclama ainda o prémio de equipas.