Bem… o que para aqui vai!
Depois de ler as mais diversas opiniões dos ilustres colegas Portalistas e de concordar, na larga maioria, com o que já aqui foi escrito, vou passar o meu simples testemunho enquanto utilizador diário de um modesto Peugeot 205 Color Line de 1991... Sim, motor TU1, 1124cc e caixa de 5 velocidades.
Comprei o dito cujo há 4 anos por 550€, carro com 86 mil km's na altura, com muito material de origem e relativamente bem-estimado. Nos primeiros 2 anos que andei com ele (e isto consta no meu tópico), foi um carro que foi sofrendo um debbuging em termos de manutenção cujo valor total ficou sensivelmente próximo do valor que eu dei por ele (Tenho tudo numa tabela Excel)… Posso agora afirmar que todo esse investimento finalmente começou a surtir efeito na carteira, pois há já mais de 2 anos que não meto o carro numa oficina (mentira, meti-o em Maio para mudar um 2º fole de direcção que comprei há 4 anos, mas que estupidamente não mudei na altura) para intervenções mais sérias. É gasosa e siga!
Vou fazer um bocado o papel de advogado do diabo, mas não é por mal, é simplesmente a transmissão de um ponto de vista que, no meu entender, acho crucial para quem pretende iniciar-se nestas lides.
Isto tudo para dizer apenas que essa ideia que temos do "achado" por 400 paus, impecável e pronto a andar é uma fantasia. Até pode existir esse Santo Graal dos achados baratuchos, mas aí, já conta o factor "sorte"...
Qualquer carro, sobretudo estes xarutos dos anos 80 e 90, que na maioria da sua vida podem ter sido mal ou bem tratados, é INEVITÁVEL uma revisão geral para averiguar as boas condições de circulação do carro. E isso tem sempre um peso na carteira!
Portanto, o meu conselho nesta primeira fase é, a reavaliação das opções financeiras antes de seguir em frente com a compra de um carro destes.
Agora vou entrar um bocado à bruta mas a realidade é que, qualquer pessoa que se meta nisto dos carros antigos, vai ter de gastar dinheiro de uma forma ou de outra e quanto mais cedo nos mentalizarmos dessa situação, melhor!
Passando então às opções apresentadas pelos vários colegas cá do burgo… Temos então Fiat Uno, Corsa A, Peugeot 205, Citroen AX, Ford Fiesta e por aí fora…
Quanto aos Fiat Uno, não me pronuncio, há por aqui muitos membros especializados na matéria, até porque só de falar neles fico logo com comichão (Sim, para quem ainda não se apercebeu, eu sou um bocado "anti-italianos") , mas reconheço que será dos melhores carros onde a economia, fiabilidade e espaço interior se encontram equilibrados.
Dentro dos italianos, também acho que os Cinquecento, os Pandas ou até mesmo os Seat Marbella poderiam ser incluídos na lista, mas são carros mais acanhados em termos de espaço, atenção!
Corsa A, pela situação recentemente ocorrida com o @André Filipe Gonçalves, também prefiro não comentar… Até porque pouco conheço do modelo, mas já li e pela opinião de várias pessoas, a eficácia da travagem e até mesmo em termos de conforto, deixam algo a desejar…
Gostei das opções do @Edgar.Guerra, tanto o Starlet, como o Corolla são máquinas do catano e para carros "fora da caixa", como disse e bem, também poderiam ser considerados. No entanto, pelo que já li e me contaram, a aquisição de material, sobretudo de origem, aparentemente já causa alguns estragos na carteira.
Eh pah, o Ford Fiesta até tem um habitáculo generoso, mas aquele bater de válvulas e trabalhar à "máquina de costura" tira-me do sério! Acho que é um carro que mais se arrasta do que anda. Em termos económicos não é por aí além (6/7,5 litros) e de peças não faço ideia como é actualmente, mas sendo um carro que até vendeu bem, acredito que haja muita coisa… Pessoalmente, sempre foi dos carros que mais descartei enquanto daily driver.
No que diz respeito à minha praia, os franceses, já tenho outras cartas na manga…
Puxando a brasa à minha sardinha , o 205 é um carro fabuloso em inúmeros aspectos, não só pela excelência do seu chassis, mas é um carro perfeitamente equilibrado entre fiabilidade, conforto e manutenção. Faço quase diariamente Olhão - Portimão - Olhão, num total de 170 km's sem contabilizar as voltas por dentro da cidade. Como vou pela autoestrada, não tenho problemas em puxar por ele e faço uma viagem impecável geralmente acima dos 110, pois já percebi que é quando o sacana é mais poupado no combustível. Só para que conste, ontem fiz os cálculos do consumo de combustível e o resultado são uns impressionantes 4.9 litros!!
- Conforto… nem vale a pena falar no assunto, é francês caramba! Desde a suavidade da suspensão, a posição de condução e o conforto dos bancos, é aquilo que se pode considerar um tiro na "mouche". Pode parecer um pouco acanhado atrás, mas não tenho motivos de queixa e as poucas vezes que levo 4 passageiros, geralmente os que vão atrás estão SEMPRE a dormir! Não tou gozar, acabo por fazer quase uma viagem sozinho enquanto o pessoal vai a ressonar lá atrás… Admito que peca um bocado na qualidade dos plásticos interiores, como qualquer carro desta época, assim como a pouca instrumentação disponível no quadrante, mas isso não me incomoda nada, pois ele acende a luz que tiver de acender se houver chatices.
- Mecânica, eu evitava os motores "alentejanos" (X) e concentrava-me nos TU a partir de 1986/87, são muito mais acessíveis em termos de material e na própria fiabilidade do motor, sem esquecer a performance. Apostaria num 1124cc, mas o 954cc também não fica aquém. O ideal seria mesmo um 1124cc com caixa de 5 velocidade (a partir de 90 ou 91), pois parecendo que não, faz muita diferença e se for carro para andar frequentemente em autoestrada ou a um ritmo elevado, isto é algo a ter em conta! De resto, travagem não tenho motivos de queixa, ele pára quando tem de parar e sempre muito cuidado com o sistema de refrigeração! Uma boa limpeza e um bom anticongelante são a chave da longevidade destes motores, juntamente com as revisões dos óleos, etc... Mas isto aplica-se a qualquer carro.
E aqui entre nós, o Fiat Uno é um excelente carro, disso não há dúvidas! Mas quem tem um 205, tem um pequeno Todo-Terreno e isso o Uno não consegue ser por mais esteroides que tome… Fala quem já testou um 205 na terra e na gravilha sempre a dar "calor" só para ir ao cinema!
Quem fala do 205, também fala do 309... Mesma base, apenas com uma mala mais saliente, mesma qualidade, conforto, etc... E por ser um modelo pouco cobiçado também é de considerar!
Depois temos o AX, campeão da economia, igualmente fiável e com uma genica impressionante. Excelente daily driver, confortável ainda que possa ser algo apertado no seu interior, mas é claramente uma referência do seu segmento. A chatice é o facto de existirem muito poucos nas devidas condições, sempre foram carros mal tratados, ou pelo menos tratados à bruta, pelo que arranjar um espécime estimado se vai tornando numa tarefa algo complicada.
O @António José Costa também sugeriu e bem os Super5, o Cleon-Fonte preenche bem as medidas para uma utilização diária e bem tratado é garantido que não dará chatices. Tem umas boas medidas e um espaço interior aceitável para 4 pessoas viajarem confortavelmente, mas concordo com ele no que toca aos plásticos… Problema dos Super5, aparte da ferrugem (como qualquer outro candidato já aqui falado), também é preciso ter-se muito cuidado quanto ao exemplar escolhido e a súbita valorização que têm sido alvo, vai-se lá perceber porquê, pode ser um problema…
Ainda assim, vejo-me tentado a recomendar um Renault 9 ou um 11, carros mais espaçosos e igualmente confortáveis, se vierem com um 1.4 (11 TSE), não desiludem em termos de performance e os consumos são excelentes para a motorização que é. Peças também deve haver aos pontapés, por isso acho que seria de ponderar estas opções. Até porque ninguém os quer sem ser os Turbo, podendo encontrar-se algumas séries mais básicas a preços interessantes.
Um outro Renault que está a começar a despertar o interesse do pessoal é o Twingo da 1ª geração, sobretudo com o tecto de abrir. Os exemplares pós-1995 com o motor D7F são muito mais fiáveis, com um melhor comportamento em estrada e os consumos são contidos. Ainda não desisti de arranjar um amarelo das United Colors of Beneton com tecto de abrir!
Não sei se o R19 da 1ª fase será digno de mencionar (para mim, sim), mas poderia ser interessante.
Concluindo (até que enfim!), qualquer carro aqui mencionado não se vê livre de possíveis problemas de ferrugem, interiores desfeitos, motores a precisar de uma grande revisão, etc, até os carros bem tratados têm sempre o seu senão e eu que o diga… Portanto, como disse anteriormente, é rever as possibilidades financeiras se realmente o André pretende aventurar-se neste mundo dos clássicos, nada é garantido mas acredito que com algum €sforço e dedicação, estão reunidas as condições para ser mais um petrolhead.
Desculpem lá a extensão do texto…
Depois de ler as mais diversas opiniões dos ilustres colegas Portalistas e de concordar, na larga maioria, com o que já aqui foi escrito, vou passar o meu simples testemunho enquanto utilizador diário de um modesto Peugeot 205 Color Line de 1991... Sim, motor TU1, 1124cc e caixa de 5 velocidades.
Comprei o dito cujo há 4 anos por 550€, carro com 86 mil km's na altura, com muito material de origem e relativamente bem-estimado. Nos primeiros 2 anos que andei com ele (e isto consta no meu tópico), foi um carro que foi sofrendo um debbuging em termos de manutenção cujo valor total ficou sensivelmente próximo do valor que eu dei por ele (Tenho tudo numa tabela Excel)… Posso agora afirmar que todo esse investimento finalmente começou a surtir efeito na carteira, pois há já mais de 2 anos que não meto o carro numa oficina (mentira, meti-o em Maio para mudar um 2º fole de direcção que comprei há 4 anos, mas que estupidamente não mudei na altura) para intervenções mais sérias. É gasosa e siga!
Vou fazer um bocado o papel de advogado do diabo, mas não é por mal, é simplesmente a transmissão de um ponto de vista que, no meu entender, acho crucial para quem pretende iniciar-se nestas lides.
Isto tudo para dizer apenas que essa ideia que temos do "achado" por 400 paus, impecável e pronto a andar é uma fantasia. Até pode existir esse Santo Graal dos achados baratuchos, mas aí, já conta o factor "sorte"...
Qualquer carro, sobretudo estes xarutos dos anos 80 e 90, que na maioria da sua vida podem ter sido mal ou bem tratados, é INEVITÁVEL uma revisão geral para averiguar as boas condições de circulação do carro. E isso tem sempre um peso na carteira!
Portanto, o meu conselho nesta primeira fase é, a reavaliação das opções financeiras antes de seguir em frente com a compra de um carro destes.
Agora vou entrar um bocado à bruta mas a realidade é que, qualquer pessoa que se meta nisto dos carros antigos, vai ter de gastar dinheiro de uma forma ou de outra e quanto mais cedo nos mentalizarmos dessa situação, melhor!
Passando então às opções apresentadas pelos vários colegas cá do burgo… Temos então Fiat Uno, Corsa A, Peugeot 205, Citroen AX, Ford Fiesta e por aí fora…
Quanto aos Fiat Uno, não me pronuncio, há por aqui muitos membros especializados na matéria, até porque só de falar neles fico logo com comichão (Sim, para quem ainda não se apercebeu, eu sou um bocado "anti-italianos") , mas reconheço que será dos melhores carros onde a economia, fiabilidade e espaço interior se encontram equilibrados.
Dentro dos italianos, também acho que os Cinquecento, os Pandas ou até mesmo os Seat Marbella poderiam ser incluídos na lista, mas são carros mais acanhados em termos de espaço, atenção!
Corsa A, pela situação recentemente ocorrida com o @André Filipe Gonçalves, também prefiro não comentar… Até porque pouco conheço do modelo, mas já li e pela opinião de várias pessoas, a eficácia da travagem e até mesmo em termos de conforto, deixam algo a desejar…
Gostei das opções do @Edgar.Guerra, tanto o Starlet, como o Corolla são máquinas do catano e para carros "fora da caixa", como disse e bem, também poderiam ser considerados. No entanto, pelo que já li e me contaram, a aquisição de material, sobretudo de origem, aparentemente já causa alguns estragos na carteira.
Eh pah, o Ford Fiesta até tem um habitáculo generoso, mas aquele bater de válvulas e trabalhar à "máquina de costura" tira-me do sério! Acho que é um carro que mais se arrasta do que anda. Em termos económicos não é por aí além (6/7,5 litros) e de peças não faço ideia como é actualmente, mas sendo um carro que até vendeu bem, acredito que haja muita coisa… Pessoalmente, sempre foi dos carros que mais descartei enquanto daily driver.
No que diz respeito à minha praia, os franceses, já tenho outras cartas na manga…
Puxando a brasa à minha sardinha , o 205 é um carro fabuloso em inúmeros aspectos, não só pela excelência do seu chassis, mas é um carro perfeitamente equilibrado entre fiabilidade, conforto e manutenção. Faço quase diariamente Olhão - Portimão - Olhão, num total de 170 km's sem contabilizar as voltas por dentro da cidade. Como vou pela autoestrada, não tenho problemas em puxar por ele e faço uma viagem impecável geralmente acima dos 110, pois já percebi que é quando o sacana é mais poupado no combustível. Só para que conste, ontem fiz os cálculos do consumo de combustível e o resultado são uns impressionantes 4.9 litros!!
- Conforto… nem vale a pena falar no assunto, é francês caramba! Desde a suavidade da suspensão, a posição de condução e o conforto dos bancos, é aquilo que se pode considerar um tiro na "mouche". Pode parecer um pouco acanhado atrás, mas não tenho motivos de queixa e as poucas vezes que levo 4 passageiros, geralmente os que vão atrás estão SEMPRE a dormir! Não tou gozar, acabo por fazer quase uma viagem sozinho enquanto o pessoal vai a ressonar lá atrás… Admito que peca um bocado na qualidade dos plásticos interiores, como qualquer carro desta época, assim como a pouca instrumentação disponível no quadrante, mas isso não me incomoda nada, pois ele acende a luz que tiver de acender se houver chatices.
- Mecânica, eu evitava os motores "alentejanos" (X) e concentrava-me nos TU a partir de 1986/87, são muito mais acessíveis em termos de material e na própria fiabilidade do motor, sem esquecer a performance. Apostaria num 1124cc, mas o 954cc também não fica aquém. O ideal seria mesmo um 1124cc com caixa de 5 velocidade (a partir de 90 ou 91), pois parecendo que não, faz muita diferença e se for carro para andar frequentemente em autoestrada ou a um ritmo elevado, isto é algo a ter em conta! De resto, travagem não tenho motivos de queixa, ele pára quando tem de parar e sempre muito cuidado com o sistema de refrigeração! Uma boa limpeza e um bom anticongelante são a chave da longevidade destes motores, juntamente com as revisões dos óleos, etc... Mas isto aplica-se a qualquer carro.
E aqui entre nós, o Fiat Uno é um excelente carro, disso não há dúvidas! Mas quem tem um 205, tem um pequeno Todo-Terreno e isso o Uno não consegue ser por mais esteroides que tome… Fala quem já testou um 205 na terra e na gravilha sempre a dar "calor" só para ir ao cinema!
Quem fala do 205, também fala do 309... Mesma base, apenas com uma mala mais saliente, mesma qualidade, conforto, etc... E por ser um modelo pouco cobiçado também é de considerar!
Depois temos o AX, campeão da economia, igualmente fiável e com uma genica impressionante. Excelente daily driver, confortável ainda que possa ser algo apertado no seu interior, mas é claramente uma referência do seu segmento. A chatice é o facto de existirem muito poucos nas devidas condições, sempre foram carros mal tratados, ou pelo menos tratados à bruta, pelo que arranjar um espécime estimado se vai tornando numa tarefa algo complicada.
O @António José Costa também sugeriu e bem os Super5, o Cleon-Fonte preenche bem as medidas para uma utilização diária e bem tratado é garantido que não dará chatices. Tem umas boas medidas e um espaço interior aceitável para 4 pessoas viajarem confortavelmente, mas concordo com ele no que toca aos plásticos… Problema dos Super5, aparte da ferrugem (como qualquer outro candidato já aqui falado), também é preciso ter-se muito cuidado quanto ao exemplar escolhido e a súbita valorização que têm sido alvo, vai-se lá perceber porquê, pode ser um problema…
Ainda assim, vejo-me tentado a recomendar um Renault 9 ou um 11, carros mais espaçosos e igualmente confortáveis, se vierem com um 1.4 (11 TSE), não desiludem em termos de performance e os consumos são excelentes para a motorização que é. Peças também deve haver aos pontapés, por isso acho que seria de ponderar estas opções. Até porque ninguém os quer sem ser os Turbo, podendo encontrar-se algumas séries mais básicas a preços interessantes.
Um outro Renault que está a começar a despertar o interesse do pessoal é o Twingo da 1ª geração, sobretudo com o tecto de abrir. Os exemplares pós-1995 com o motor D7F são muito mais fiáveis, com um melhor comportamento em estrada e os consumos são contidos. Ainda não desisti de arranjar um amarelo das United Colors of Beneton com tecto de abrir!
Não sei se o R19 da 1ª fase será digno de mencionar (para mim, sim), mas poderia ser interessante.
Concluindo (até que enfim!), qualquer carro aqui mencionado não se vê livre de possíveis problemas de ferrugem, interiores desfeitos, motores a precisar de uma grande revisão, etc, até os carros bem tratados têm sempre o seu senão e eu que o diga… Portanto, como disse anteriormente, é rever as possibilidades financeiras se realmente o André pretende aventurar-se neste mundo dos clássicos, nada é garantido mas acredito que com algum €sforço e dedicação, estão reunidas as condições para ser mais um petrolhead.
Desculpem lá a extensão do texto…