Bom, dado que esta discussão se tem vindo a espalhar como erva daninha pelo Portal todo, chegou a hora de criar um espaço próprio para se dissecar este assunto.
Para os mais distraídos, temos no canto dos defensores irredutíveis do Porsche 911 o Hugo Norton. Do lado dos carros com motores no sítio certo, e refrigerados de forma normal... basicamente todos os outros participantes da discussão até agora.
Recapitulando a discussão... eu argumentava sobre a refrigeração a óleo:
Para os mais distraídos, temos no canto dos defensores irredutíveis do Porsche 911 o Hugo Norton. Do lado dos carros com motores no sítio certo, e refrigerados de forma normal... basicamente todos os outros participantes da discussão até agora.
Recapitulando a discussão... eu argumentava sobre a refrigeração a óleo:
Ao que o Hugo respondeu...A ar são todos refrigerados. Ou a água tira o calor dos motores normais sozinha? Acho que não...
Aliás, muita gente achava que eram refrigerados a ar porque não viam radiador nenhum. Mas ele existe, está é escondido debaixo daquele embrulho de chapa que envolve o motor... por isso de facto a denominação correcta deveria ser refrigerado a óleo.
Efectivamente o óleo tem um papel no arrefecimento também, mas num motor convencional é mínimo. E ainda bem, porque quando lhe dão também a responsabilidade total nesse aspecto, a longevidade vai-se com os cães... quebra e deteriora-se mais depressa que um fruto maduro. E desconfio que é esta a razão principal pela qual a Porsche optou por usar tanto óleo... mantê-lo em circulação mais depressa e assim dividir o mal por mais óleo sempre deve dar mais uns km antes de ele estar totalmente frito. A ideia podia ser boa nos anos 30, mas depressa perdeu a piada...
E retorquindo...Perdeu a piada depois de conquistar o Mundo, as corridas...depois disso.. (Os anos 30..)
E os motivos principais de não manutenção do mesmo sistema aircooled" a partir do 996 são 2: custos e meio ambiente (poluição/gases)
Eduardo, há alguns que não tem 1 radiador...têm 3!
Efectivamente também o meu PUG GTI também o tem assim como o meu M20b25.... muito melhor quando se fala de motores de cariz desportivo/GT !
Por acaso mudei o meu radiador de óleo da BEHR no motor o ano passado. Durou 35 anos...e custou 400€! Daqui a 35 anos compro outro!
E a quantidade de óleo que têm é com o propósito de refrigerar todas as peças móveis, com engenhosos sistemas de pontos de lubrificação. Vários apoios...além da potência de sucção daquela turbina...impressionante. Não me lembro dos metros cúbicos de ar mas sei que é imenso! E com os anos e as potências, foram melhorando as condutas, as culassas independentes, os canais de escoamento, os tensores hidráulicos das árvores de Cames.
E nas corridas, na era dos turbo, dos Sport-protótipos os motores eram um misto triplo....Ar, óleo e água...água em jactos para o turbo e não só.... Engenharia poderosa meu caro...não são só os Fiat.
Para não te começar a explicar que ainda por cima temos no meio desses litros de óleo, determinadas cambotas forjadas...bielas...camisas em NIkASiL que pouco desgaste têm...enfim, muitas soluções que determinam a raça e o preço...
... e siga a dança!Eu conheço bem o sistema, e todo o desenvolvimento tecnológico. E por mais fabulosa que seja a engenharia (não o desminto), tinha mesmo de ser, porque andou a aturar um erro conceptual durante sessenta anos... tudo porque os clientes da Porsche é que ditam as alterações, e não os engenheiros. Alguém mais vê o que está mal nesta frase, ou sou só eu?
É um facto que a refrigeração por meio do óleo tem de ser pensada ao pormenor. Já no boxer da VW assim era, até a mais pequena das peças tinha um papel no arrefecimento. Não lhe nego o engenho, e serviu durante muito tempo. Mas põe um motor desses a fazer mudas de óleo com a frequência de um motor convencional dos anos 60, e a gente vê onde fica a fiabilidade... tens um motor morto em menos tempo do que leva a dizer aircooled. Ou seja, já nessa altura se notava a desvantagem. Encantador, carismático, mas obsoleto.
A Porsche fez das tripas coração e agarrou-se a isso para se manter viva. O carisma também vende, mas é lixado quando nos obriga a gramar com algo bem para lá do prazo de validade. Ainda por cima quando se quer jogar na liga dos carros grandes. Por isso que remédio tiveram eles senão adoptar todos os materiais exóticos onde puderam assentar as mãos, por mais caros que fossem, e aumentar todos os números associados ao motor para permanecerem competitivos...
Eu sei que acabou por dar os seus frutos, e que graças a esta pressão extra a Porsche se manteve não só à tona, mas na linha da frente. Mas também sei que nas categorias cimeiras a maioria das vezes o motor estava noutro sítio. E sabe-se lá os pinos que eles fizeram para manter aquilo arrefecido em condições... Ainda bem que as corridas não duram muito, senão era vê-los a fritar o óleo. Homenagem lhes seja feita, os engenheiros da Porsche souberam desenrascar-se bem, e sobreviveram a essa condição lastimável de ter de viver com algo profundamente errado.
Eu imagino os suspiros de alívio quando finalmente lhes deixaram fazer um motor arrefecido como deve ser... os problemas estavam a tornar-se incomportáveis. E sim, as emissões são um problema, porque até a propria mistura num motor deste género tem um papel importante em manter o motor arrefecido, e para isso precisa de ser deliberadamente rica. Nada que dê muito jeito em finais do século XX...
Não precisas de me relatar as soluções todas, eu imagino-as, porque sei bem para lá do cidadão comum aquilo que um motor precisa, e dos desafios que tem vindo a encontrar ao longo do tempo. Mas também sei que não se trata simplesmente de uma questão de pedigree... foi sempre uma necessidade do mais premente para sobreviver a uma ideia que devia ter morrido pouco depois de nascer.