Aqui está o meu novo projecto... uma Milletrecento Berlina de 1964.
Por aqui conhece-se melhor o irmão mais crescido, o 1500, mas pertencem à mesma gama, era o modelo de gama média da Fiat no princípio dos anos 60, ocupando o segmento entre os 1100/103 e os 1800-2300.
Por terras lusas, não sei se por não haver muita diferença de preços ou outros motivos, são pouco difundidos. Em Itália há bastantes, devido aos segmentos fiscais mais apertados que criavam uma diferenciação acentuada no custo das duas versões.
Pela minha parte, é um modelo que desde miúdo me fascinou pela linha de claras influências americanas, mais em concreto do Corvair.
Este carro chegou ao meu conhecimento em conversa com o João Luís Soares, que me deu a novidade que um outro amigo nosso portalista o tinha adquirido por mera curiosidade, porque nunca tinha visto nenhum. Longe estava eu de adivinhar que daí a uns tempos o teria no meu quintal...
Passados uns tempos, em conversa com este amigo sobre a minha nova aventura empresarial no mundo dos clássicos, salta de imediato a sugestão de fazer a aquisição deste carro... por todos os motivos e mais algum, especialmente porque este rapaz não pára de comprar carros, tem a garagem cheia e mais um Alfa a caminho... precisa de espaço desesperadamente.
Fui ver o bicho pessoalmente (em chapa e ferrugem) no fim-de-semana passado para ter uma melhor ideia do estado de desgraça da coisa... e fiquei indeciso. Há muito que fazer, e eu queria algo mais simples. Mas depois de ponderar outras hipóteses, achei que este, apesar de tudo, se adequava melhor ao que eu pretendia, e lá dei o sinal verde para avançar com a aquisição.
Chegou à minha casa na sexta, mas eu estava tão entretido a cuidar de outro carro que nem tive tempo para lhe dedicar... a minha oficina nos últimos tempos não tem folga!
Antes de entrar no quintal propriamente dito, ainda o comparei ao do vizinho, mas apesar de ser também cinzento, sei bem qual quero e não é o alemão...
Hoje, e depois de ter terminado mais um trabalho no outro carro, lá decidi tirar um pedaço para sujar as mãos no meu novo brinquedo. Fui pedir emprestada a bateria à 124 Familiare e comecei o diagnóstico, com a assistência do meu vizinho.
Nas mãos do anterior proprietário, apesar de várias tentativas, nunca trabalhou, embora rodasse com facilidade com o motor de arranque. E não trabalharia de forma nenhuma, pois após uns minutos de observação, apercebi-me de várias questões erradas, as mais graves das quais eram os parafusos de afinação do mínimo completamente fechados...
... e o distribuidor desfasado 180º do motor. Estava mais ou menos a ponto, mas a disparar no PMS em vez de ser no tempo devido.
Para os mais entendidos na matéria, este motor tem um ar suspeito... e têm toda a razão, porque não é o motor de origem. Como já tinha sido identificado por nós e referido no anúncio, este exemplar foi vítima de um transplante, e tecnicamente será agora um Millequattrocento... o motor é um 1438 cc originário dos 124 Special.
Para a maioria das pessoas seria uma desvantagem e um factor de desvalorização, mas para mim e para o uso que pretendo dar ao carro, é um ponto positivo. Além de ter ganho em desempenho (este motor tem potência idêntica ao 1500), ganho em facilidade de manutenção e acessibilidade do material.
Como a plataforma do 124 foi derivada desta, nem sequer é uma adaptação difícil de fazer, já que o motor acopla direitinho à caixa de velocidades.. Apenas os apoios de motor necessitaram de alguma criatividade, mas vou tentar resolver esse problema de forma mais elegante.
Bom, mas regressando aos ensaios clínicos, depois de ter percebido os problemas, a resposta do motor foi imediatamente positiva e ganhou vida...
Telefonei logo ao nosso amigo, que não queria acreditar que tinha sido tão rápido... ao todo o diagnóstico deve ter levado uns 20 minutos! E para que não restem dúvidas, depois de confirmar que havia travões (poucos...) não pudemos resistir e fomos dar uma voltinha ao bairro! Pus o miúdo no banco de trás a filmar e aí vamos nós!
Apesar de uma afinação "a olhómetro" (ainda há que dar os toques finos), trabalha lindamente e pega ao primeiro toque de chave. Desconfio que a bomba de gasolina está a verter para o cárter (já encomendei uma eléctrica, como de costume), mas apesar disso funciona. Nas fotos de cima vê-se um tubo ligado a uma vasilha porque suspeitámos que a gasolina estivesse má ou a bomba não estivesse a fazer o seu serviço, mas viu-se que nenhuma das hipóteses se confirmou, por isso voltou tudo ao sítio. A válvula de agulha da cuba é que estava presa e o carburador não enchia por causa disso, estava a seco.
Bom, e agora planos para o futuro...
Este carro está planeado ser um primeiro carro de serviço da minha empresa, com o intuito de servir para aluguer para eventos, pelo que o objectivo não é um restauro à Pebble Beach mas apenas uma fiabilização completa da mecânica, e o restauro estético. A carroçaria não parece muito má, tendo apenas dois pontos graves a necessitar de intervenção profunda. O interior também precisa de uma revisão grande, mas nada que não se faça.
Assim, vou avançar com o desmantelamento parcial do carro para estas intervenções (mais detalhes em breve) e uma limpeza profunda para começar a retirar os anos de tratamento negligente. Entretanto levará um serviço geral de revisão de fluidos e aos travões a ver se soltam (o pedal está duro que nem pedra mas pouco trava, por isso o circuito está bom mas as pinças e bombitos presos).
Amanhã entro numa análise mais pormenorizada, mas assim já fica apresentado!
Um abraço a todos!
Por aqui conhece-se melhor o irmão mais crescido, o 1500, mas pertencem à mesma gama, era o modelo de gama média da Fiat no princípio dos anos 60, ocupando o segmento entre os 1100/103 e os 1800-2300.
Por terras lusas, não sei se por não haver muita diferença de preços ou outros motivos, são pouco difundidos. Em Itália há bastantes, devido aos segmentos fiscais mais apertados que criavam uma diferenciação acentuada no custo das duas versões.
Pela minha parte, é um modelo que desde miúdo me fascinou pela linha de claras influências americanas, mais em concreto do Corvair.
Este carro chegou ao meu conhecimento em conversa com o João Luís Soares, que me deu a novidade que um outro amigo nosso portalista o tinha adquirido por mera curiosidade, porque nunca tinha visto nenhum. Longe estava eu de adivinhar que daí a uns tempos o teria no meu quintal...
Passados uns tempos, em conversa com este amigo sobre a minha nova aventura empresarial no mundo dos clássicos, salta de imediato a sugestão de fazer a aquisição deste carro... por todos os motivos e mais algum, especialmente porque este rapaz não pára de comprar carros, tem a garagem cheia e mais um Alfa a caminho... precisa de espaço desesperadamente.
Fui ver o bicho pessoalmente (em chapa e ferrugem) no fim-de-semana passado para ter uma melhor ideia do estado de desgraça da coisa... e fiquei indeciso. Há muito que fazer, e eu queria algo mais simples. Mas depois de ponderar outras hipóteses, achei que este, apesar de tudo, se adequava melhor ao que eu pretendia, e lá dei o sinal verde para avançar com a aquisição.
Chegou à minha casa na sexta, mas eu estava tão entretido a cuidar de outro carro que nem tive tempo para lhe dedicar... a minha oficina nos últimos tempos não tem folga!
Antes de entrar no quintal propriamente dito, ainda o comparei ao do vizinho, mas apesar de ser também cinzento, sei bem qual quero e não é o alemão...
Hoje, e depois de ter terminado mais um trabalho no outro carro, lá decidi tirar um pedaço para sujar as mãos no meu novo brinquedo. Fui pedir emprestada a bateria à 124 Familiare e comecei o diagnóstico, com a assistência do meu vizinho.
Nas mãos do anterior proprietário, apesar de várias tentativas, nunca trabalhou, embora rodasse com facilidade com o motor de arranque. E não trabalharia de forma nenhuma, pois após uns minutos de observação, apercebi-me de várias questões erradas, as mais graves das quais eram os parafusos de afinação do mínimo completamente fechados...
... e o distribuidor desfasado 180º do motor. Estava mais ou menos a ponto, mas a disparar no PMS em vez de ser no tempo devido.
Para os mais entendidos na matéria, este motor tem um ar suspeito... e têm toda a razão, porque não é o motor de origem. Como já tinha sido identificado por nós e referido no anúncio, este exemplar foi vítima de um transplante, e tecnicamente será agora um Millequattrocento... o motor é um 1438 cc originário dos 124 Special.
Para a maioria das pessoas seria uma desvantagem e um factor de desvalorização, mas para mim e para o uso que pretendo dar ao carro, é um ponto positivo. Além de ter ganho em desempenho (este motor tem potência idêntica ao 1500), ganho em facilidade de manutenção e acessibilidade do material.
Como a plataforma do 124 foi derivada desta, nem sequer é uma adaptação difícil de fazer, já que o motor acopla direitinho à caixa de velocidades.. Apenas os apoios de motor necessitaram de alguma criatividade, mas vou tentar resolver esse problema de forma mais elegante.
Bom, mas regressando aos ensaios clínicos, depois de ter percebido os problemas, a resposta do motor foi imediatamente positiva e ganhou vida...
Telefonei logo ao nosso amigo, que não queria acreditar que tinha sido tão rápido... ao todo o diagnóstico deve ter levado uns 20 minutos! E para que não restem dúvidas, depois de confirmar que havia travões (poucos...) não pudemos resistir e fomos dar uma voltinha ao bairro! Pus o miúdo no banco de trás a filmar e aí vamos nós!
Apesar de uma afinação "a olhómetro" (ainda há que dar os toques finos), trabalha lindamente e pega ao primeiro toque de chave. Desconfio que a bomba de gasolina está a verter para o cárter (já encomendei uma eléctrica, como de costume), mas apesar disso funciona. Nas fotos de cima vê-se um tubo ligado a uma vasilha porque suspeitámos que a gasolina estivesse má ou a bomba não estivesse a fazer o seu serviço, mas viu-se que nenhuma das hipóteses se confirmou, por isso voltou tudo ao sítio. A válvula de agulha da cuba é que estava presa e o carburador não enchia por causa disso, estava a seco.
Bom, e agora planos para o futuro...
Este carro está planeado ser um primeiro carro de serviço da minha empresa, com o intuito de servir para aluguer para eventos, pelo que o objectivo não é um restauro à Pebble Beach mas apenas uma fiabilização completa da mecânica, e o restauro estético. A carroçaria não parece muito má, tendo apenas dois pontos graves a necessitar de intervenção profunda. O interior também precisa de uma revisão grande, mas nada que não se faça.
Assim, vou avançar com o desmantelamento parcial do carro para estas intervenções (mais detalhes em breve) e uma limpeza profunda para começar a retirar os anos de tratamento negligente. Entretanto levará um serviço geral de revisão de fluidos e aos travões a ver se soltam (o pedal está duro que nem pedra mas pouco trava, por isso o circuito está bom mas as pinças e bombitos presos).
Amanhã entro numa análise mais pormenorizada, mas assim já fica apresentado!
Um abraço a todos!
Anexos
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