Eu não tenho muita experiencia em 128's embora conheça bem o carro do Paulo Lagoa.
Mas o que está aqui muito mal é a ideia que o pessoal tem de como funciona uma mola helicoidal...
Uma mola helicoidal funciona
à torção. Ou seja, funciona da mesma maneira que uma barra de torção só que, no caso da mola helicoidal, a barra está torcida em forma helicoidal.:feliz:
Assim, quando comprimimos uma mola de 10 elos 1cm estamos a torcer cada elo o necessário para cederem 0,1cm.
Se cortarmos um elo e tentarmos comprimir a mesma mola (desta vez com 9 elos) 1cm, cada elo será mais apertado (0,11cm) certo? Ou seja,
temos de fazer mais força para comprimir a mola.
Conclusão: Se removermos um elo a uma mola ela fica mais dura.
As características que influenciam a dureza de uma mola helicoidal são as seguintes:
Nº elos
diametro do arame
diametro do elo
Propriedades do aço
Não tenho a a fórmula de cálculo da constante de mola de memória mas encontra-se na net.
Daqui deprende-se que uma mola "prensada" não altera a dureza pois o passo da mola (distancia entre elos) não influencia a constante de mola...
Outra coisa que quero falar é no corte de molas. Eu não costumo fazer isso pois não gosto de dar cabo do material original dos meus carros. Mas faço isso em molas de outros carros para aplicações nos meus ou mesmo em excedente de stock.
Se for bem feito não há problemas nenhuns. A Eibach também as corta quando as fabrica!
Claro que antes de fazer seja o que for faço cálculos da taragem da mola original e da mola a cortar para ter uma ideia do que vai sair dali...
Um corte correcto deverá ser feito com serras refrigeradas para não aquecer o aço de maneira a que este não perca as suas propriedades elásticas. À falta desse equipamento, o corte terá de ser feito com calor (rebarbadeira ou maçarico) e aí é necessário proceder a tratamentos térmicos para devolver as propriedades necessárias.
Como segurança costuma-se desactivar o elo cortado, isto é, encosta-lo ao seguinte para o primeiro não trabalhar eliminando o risco de falância do arame.
Os especialistas de amortecedores de qualidade fazem este serviço sem problemas.
Outra coisa que quero falar é sobre as molas de lâmina (de carroça). Estas molas são adequadas para uso em estrada mas em competição (séria) levantam problemas de progressividade.
Este problemas devem-se ao atrito que existe entre as várias folhas de lâmina das molas. Por esta razão é que se encontram lâminas únicas ou mesmo conversão para molas helicoidais (no caso dos Escort).
No que toca aos amortecedores tudo que foi aqui dito é correcto mas convém lembrar que um rebaixamento de 2 a 5 cm não será muito problemático num carro de estrada. A consequencia do rebaixamento será uma taxa de amortecimento diferente devido ao desiquilíbrio de óleo entre as câmaras do amortecedor, isto é, o pistão deixa de estar na posição média. Por isso é que falam em amortecedores de espigão curto.
Poderão surgir problemas em rebaixamentos com molas muito moles (tanto de origem como prensadas ou cortadas) e que permitem o carro bater nos limitadores de curso. O amortecedor original pode bater no fundo da caixa de óleo e danificar a válvula que controla o amortecimento.
Espero que não levem a mal este testamento mas este tipo de coisas têm de ser bem explicadas pois senão só provocam confusão para quem está a começar nestas coisas...
Um abraço,