Concordo com o que disseste
@João "Pegadas" e até estava na expectativa para ler o teu provável comentário a este anúncio.
E ainda acrescento o seguinte. Tudo tem um limite. Seja a paciência, as horas que estabelecemos para cuidar dos clássicos ou o tecto monetário que julgamos suficiente para investirmos num restauro ou reparação. Mas o que mais nos "leva aos arames" é quando esse limite é ultrapassado por situações como esta do anúncio.
Sabemos que o stock de peças para as Renault 4 é vasto. Porém, sempre que são necessárias peças para resolver uma pequena avaria ou completar um restauro, usamos uma loja física, virtual ou aquela sucata que fomos buscar para enfeitar o quintal e que se dá pelo nome de dador. Ora, neste último caso, o simples facto desse dador salvar outro modelo em melhor estado irá, à partida, condenar esse exemplar à sucata. Salvamos um mas eliminamos outro. Um empate. Mas isso quase que se torna inevitável pois o modelo fornecedor de peças, por motivo de força maior (negligência, será o mais comum), chegou aquele ponto de não-retorno onde o único destino digno para ele será a salvação de outro exemplar da mesma espécime.
Agora, quando temos uma base que mais não é do que uma tela em branco chamada "4L", a ideia de que existe uma panóplia de peças infindável leva a que muitos "entusiastas" pensem que uma transformaçãozita aqui ou um corte acolá não fará grande diferença. Mentira. Estes
fait divers constituem nada mais nada menos do que um conjunto de carros que visam reduzir a expressão de alguns modelos no panorama do parque automóvel nacional. Não acrescentam nada em termos qualitativos numa colecção, exposição, passeio ou num clube sendo alvo (com alguma justiça) de desdém por parte de quem aprecia verdadeiramente um clássico na sua essência. Como consequência acabam por andar ao tombos de um lado para o outro porque não se encaixam num grupo e a única réstia de esperança por parte dos seus proprietários será uma possível passagem de testemunho a alguém que alinhe com a mesma visão de quem criou estas bizarras criaturas. Por isso, não é de admirar que uma coisa destas tenha os seus custos e quando for para vender, o valor pedido seja irracional face ao que se apresenta, face a muitos exemplares originais ou sem alterações e principalmente face ao inexpressivo interesse que desperta.
Acredito, também, que a queda numa página de classificados deste veículos se deva ao não cumprimento das expectativas iniciais dos seus donos. Isto é, imaginou-se que, neste caso, a 4F ia ficar de uma maneira e rios de dinheiro depois e tempo perdido, o resultado ficou longe do que seria esperado. Resta depois, tentar recuperar uma parte do investimento pedindo um preço estapafúrdio e alegando que o veiculo é único e que terá potencial de valorização. Nada mais errado. E no fim de contas quem sai (sempre) a perder é o clássico que vai andar a arrastar-se pelos classificados e que terminará os seus dias a fazer publicidade a um local de recreio de verão ou a uma boîte de beira de estrada. Depois de exprimida, a última morada será o purgatório do abandono.