Nos anos 60 e 70 Mário Araújo Cabral era o piloto português mais internacional e mesmo o único a ser conhecido além fronteiras. Mas a sua carreira decorrera maioritariamente em monolugares e só no final da década de 60 (após o seu grave acidente em Rouen-1965) começou a competir em Sport-Protótipos. Em 1971 conduziu em Vila Real o Porsche 917 de David Piper à 2ª posição da geral e para 72 apostava numa época completa na equipa semi-oficial Lola dirigida por Joachim Bonnier. Depois de prestações decepcionantes em Nurburgring e em Le Mans (com um Lola de 3 litros), um engripado Nicha obteve um bom 4º lugar em Vila Real. Ao volante do mesmo Lola T290 (#HU-02) e fazendo equipa com o suíço Claude Swietlick (o vencedor de Vila Real 72), seria o 5º classificado em Nova Lisboa (Angola) depois de uma prova cheia de problemas mecânicos. Em 1973, apresenta-se a Nicha Cabral a boa oportunidade de entra na equipa BIP, fazendo equipa com Carlos Santos num dos Lola T292-Ford. No entanto em breve se desentenderia com Carlos Gaspar o responsável principal pela equipa do Banco Intercontinental e para Vila Real e Estoril já se apresentaria com um dos pouco competitivos March 73S-BMW (#10) da equipa Vic Elford. Mas Nicha faria duas excelentes provas e seria o 6º em ambas as ocasiões batendo-se com adversários muito melhor equipados. No Verão, partiu de novo para Angola e desta vez para fazer equipa com o seu arqui-rival António Peixinho no Lola-BMW da Autodel. Depois de duas provas decepcionantes (Luanda e Nova Lisboa) a “dupla-maravilha” venceu a 3ª prova, disputada no Autódromo de Benguela. Em 1974, depois de falhar a criação da equipa internacional “Gold Scorpius Team”, Araújo Cabral participaria de novo na Temporada Internacional de Angola, desta vez ao volante de um dos Chevron da equipa do importador local da Ford, Robert Hudson. Em Nova Lisboa e Benguela teria duas excelentes actuações, dominando ambas as provas durante bastante tempo, mas, desta vez, problemas mecânicos impediram-no de vencer de novo em Angola. Seria o 2º em Benguela, fazendo equipa com o piloto local José Luís Teixeira de Silva. No final do ano ainda guiaria um dos March, seus principais adversários em Angola, na última prova do Europeu de Sport 2 litros de 74 disputada em Jarama. Obteve um bom 8º lugar da geral numa prova dominada pelos Alpine-Renault A-441 de Jabouille e Larrousse. Parecia nesta altura que a carreira de Nicha estaria terminada, mas em 1975 reapareceria em força, disputando 5 provas do Mundial de Sport, ao volante do March 75S da equipa Promoto. Vários problemas e, especialmente, a pouca competitividade do carro e a pouca categoria dos co-equipiers (Castro-Prado, Roy Johnson, Alan Stubbs, Brett Lunger), impediram a obtenção de resultados de topo, tendo a melhor classificação da época sido o 14º lugar na pista austríaca de Osterreichring. Seria assim Nicha, e curiosamente, o único piloto do mundo a conduzir em anos consecutivos os (pouco competitivos…) March 73S, 74S e 75S. Este último (ver foto), o carro de Sport em que terminava a sua longa e brilhante carreira.
Watkins Glen, EUA, 1971: Nicha Cabral e Tony Adamowicz correram juntos na última prova do mundial que admitiu os Porsche 917 à partida. Mais uma vez, o carro utilizado foi o chassis #010 de David Piper, mas problemas vários não permitiram que figurasse classificado no final da prova. Nomeadamente a luz avisadora da pressão do óleo... que desta vez funcionou mesmo a sério! No mesmo fim de semana, Cabral participou com o mesmo 917 K # 010 numa prova de Can Am disputada em Watkins Glen. Para aumentar a eficácia, o carro foi despojado dos faróis e modificado a nível dos escapes. Mesmo assim, o 917 K estava longe de ser competitivo entre os "Grupo 7" do campeonato Can Am. Detalhe único na carreira do modelo 917, por vezes, o Porsche de David Piper utilizava jantes de estrela provenientes do seu anterior Ferrari 412P. (desenho de Ricardo Santos)
Embora os dados não sejam muitos sobre a passagem do primeiro Lusitano pela elite do automobilismo, consegui apurar que o português não era ‘piloto a tempo inteiro’ (presumo que fosse uma espécie de 3º piloto) e que foi inscrito em apenas 5 Gp, começou 4 e apenas finalizou 1. Bastante diferente da fiabilidade a que Tiago Monteiro nos habituou...
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“Nicha” Cabral estreou-se em Portugal (no circuito de Monsanto) em 1959. Foi a única corrida que fez, nessa época. E foi a única que terminou. Em 1960, começou mais uma corrida, novamente em Portugal, desta vez no circuito da Boavista, mas foi forçado a abandonar.
Só voltou às corridas depois de voltar do serviço militar em Angola, disputando duas corridas 1963 (Alemanha) e em 1964 (Itália). Neste último ano, correu pela equipa Derrington Francis - ATS, ao contrário dos outros três (das outras três corridas) em que representou a Cooper – Maserati.
Duas achegas à biografia do meu ídolo nacional que vi vencer a corrida inaugural do Autódromo do Estoril:
1- O Nicha era o piloto da Centro Sud que corria quando o dono tinha dinheiro para o fazer alinhar. Trocando por miúdos, se não havia dinheiro disponível, o Nicha apeava-se para correr um pagante;
2- Na corrida com o Derrington Francis- ATS, Nicha Cabral, sem o saber, entrou para a história da F1 e de um dos maiores parceiros tecnológicos. É que foi ele o 1º piloto de F1 a conduzir um carro com pneus GoodYear!
Estas duas estórias estão na biografia dele, que recomendo vivamente.
A primeira grande vitória de NICHA CABRAL ocorreu no Circuito de Vila Real'58 tripulando um Mercedes 300 SL e onde superou por pequena escala o seu amigo e também grande piloto Mané Nogueira Pinto que tripulava um Alfa Romeo "Conrero"
(fonte: Mazungue/kadypress/Mundo Motorizado e foto particular)
Grande reportagem (como de costume)
Obrigado pela dedicação Lemos, pois assim ficamos a saber mais algumas peripécias do automobilismo Português. :feliz:
Em 1959 NICHA CABRAL acompanhado pelo seu amigo e de certa forma "financiador" Mané Nogueira Pinto com um Maserati 300S inscrito pela Scuderia Centro Sud corre nos 1000 kms de Nurburgring obtendo um honroso 8º lugar à geral
Ver aqui : [ressalvando que o co-piloto é Manuel (Mané ) Nogueira Pinto e não Joaquim Filipe Nogueira!!! ]
Grande reportagem (como de costume)
Obrigado pela dedicação Lemos, pois assim ficamos a saber mais algumas peripécias do automobilismo Português. :feliz:
Lemos, se eu fosse teu professor e isto fosse um trabalho a apresentares,dava te 20 valores :feliz:
Excelente trabalho..muitas horas em frente ao pc....
Em vila Real, quando Nicha correu com Porche 917 de David Piper,um jornalista pergunta-lhe " então Nicha; que acha do Porche?: ó quegrrido,nem amagueginas a sensação de correguer com 500 cgavalos ateguerras do cú...
(eu estava lá, no quartel dos bombeiros onde a bomba era assistida)
Em 1959 NICHA CABRAL acompanhado pelo seu amigo e de certa forma "financiador" Mané Nogueira Pinto com um Maserati 300S inscrito pela Scuderia Centro Sud corre nos 1000 kms de Nurburgring obtendo um honroso 8º lugar à geral
Ver aqui : [ressalvando que o co-piloto é Manuel (Mané ) Nogueira Pinto e não Joaquim Filipe Nogueira!!! ]
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