Há ingleses e ingleses, não são todos iguais, mas realmente os carros da "familia" dos minis, principalmente os de tração dianteira, para quem não está habituado, são complicados.
O que mais me aparece na oficina são japoneses, principalmente datsuns mas também alguns toyotas, e uma coisa te garanto, nem italianos nem ingleses ou alemães... Já os franceses, complicam o que é, ou deveria ser simples!!!
Pois eu da experiência que tenho com os ingleses, é uma complicação pegada. Sim, os Ford não são tão complicados assim, mas é um grupo diferente com origem americana, talvez por aí haja outra forma de ver e fazer as coisas. Mas os ingleses "puros"... Deusmalivre!!!
Tenho estado a reconstruír um motor de um Triumph TR3, e tudo dá luta, tudo dá 5 vezes mais trabalho que num Fiat... nada é simples e directo. E já percebi porque é que eles largam óleo... nenhuma peça é bem feita. Por exemplo, neste motor há um bloco dianteiro e outro traseiro que ligam com a parede do bloco onde passam as pontas da cambota, e era suposto que aquilo desse no final uma superfície lisa para o cárter assentar. Achas que deu? Qual quê... tudo torto. E para ajudar à festa, a junta do cárter, em vez de ser espessa e macia para compensar estas irregularidades, é apenas um pedaço de papel de junta. Nunca gastei tanta cola de juntas na minha vida... espero bem que aquilo não perca muito!
Outra coisa que noto é a diferença da engenharia... neste motor, é tudo construído com uma solução simples... quando em dúvida, junta-se mais material. Há peças que são ridiculamente sobredimensionadas sem razão nenhuma.
Mas só acrescentam material em sítios que não faz sentido, e nos pontos onde faria a diferença, é tudo fino. Por exemplo, o bloco é um machibombo de todo o tamanho, mas não tem um sítio decente onde o segurar no suporte de motores, porque a zona de ligação com a embraiagem é finíssima, é a zona mais fina do bloco. E todos os apoios são efectuados com parafusos pequeninos, apesar do tamanhão do bloco.
Outro exemplo é a cambota, dava para âncora de um transatlântico, mas é mal desenhada como tudo, e a flange onde aperta ao volante é fininha. Variações bruscas de secção são mais que muitas... quem desenhou aquilo é idiota. Ainda nunca vi uma cambota de Fiat partida, mas já vi várias de ingleses, e agora percebo porquê.
Os franceses sempre tiveram a pancada da inovação, e a mania de serem diferentes mesmo que não tivessem razão lógica para isso... esse é o problema. Há coisas que resultam, outras nem por isso. Mas a mania da diferença complica, porque obriga a tratar as coisas de forma diferente, com ferramentas diferentes, e por vezes técnicas diferentes de tudo que se viu antes ou depois. E diferente não significa melhor... muitas vezes não o é.
Em termos de qualidade da engenharia, para mim há três países que a cumprem sem questão... Alemanha, Itália e Japão. Conseguem construír algo que é verdadeiramente bem planeado e, do ponto de vista técnico, bem executado. Os outros... é ao calhas.
Obviamente há excepções (basta pensar nos Porsche fora-de-borda) em que a idiotice se sobrepôs aos conceitos sãos de engenharia, mas são poucos. E mesmo nesses, houve um esforço técnico muito razoável para fazer as coisas funcionar. E os componentes em si são magnificamente executados. Simplesmente montaram-nos no sítio errado...