José António Maximiano
Clássico
Estou ansioso pelos próximos capítulos...
curioso quando cheguei a morreram todos, mataram-se jà não continha as lagrimas de rir Ha Ha Ha estou a espera pelos proximos capitulos afinal as tuas historias são parecidas com as minhas mas eu não as sei contar.
Dou à troca a técnica das historietas pelo VW KARMAN 1500 ou pelo 964 CARRERA4.
Dou à troca a técnica das historietas pelo VW KARMAN 1500 ou pelo 964 CARRERA4.
Grandes malucos7 Vidas
Fui vasculhar o baú e descobri mais postais com carros do tempo em que ainda não lhes punha as unhas, portanto muito tempo antes de tirar a carta.As maiores aflições de que me lembro com automóveis aconteceram quando ainda eu corria as ruas e caminhos lá da terra de bicicleta e nem me passava pela cabeça conduzir automóvel.
Assim de imediato lembro-me de um NSU Prize 500, bicilindrico, de um Mazda (318?) … e se puxar pela memória lembro-me de mais alguns.
Mas hoje vou contar como gastei uma das 7 vidas num Datsun 1200, claro.
A partir dos 10 anos quis o destino que começasse a acompanhar e ter amigos mais velhos 3, 4 e mais anos, o que na altura fazia toda a diferença. Aliás ainda hoje faz porque ainda que já não se note a diferença tenho sempre a vantagem de seguir uns anitos atrás dos meus velhos amigos.
O facto de ter um tio mais velho apenas uns 5 anos também ajudou.
Num tempo em que toda a gente era irresponsável e eu era um puto de 13 ou 14 anos fui a Viseu com esse meu tio e dois amigos dele ver uma corrida de POP CROSS. Lembram-se?
Curti à brava a corrida, que aliás foi a primeira corrida de carros que vi.
Na viagem de regresso, quando pensava eu que já tinha tido um dia cheio de emoções e histórias para contar aos meus amigos mais novos, eis que, na EN 2, algures nas rectas junto às Termas do Carvalhal, quando seguíamos animadamente a uma velocidade entre os 100 e 120, que a malta mesmo nas calmas não tinha pachorra para caracol, aproximam-se vertiginosamente umas luzes que passam por nós na mecha e … espanto, as luzes que nos ultrapassaram sem cerimónias eram de um Austin Mini que devia ir a voar colado nos 140 km/h.
Imediatamente todos que seguiam dentro do Datsun, salvo eu claro, deliberaram que não podiam permitir tal desaforo.
Vai daí o acelerador afunda e o Datsun acelera desenfreadamente lá para os 160 Km/h aproveitando as longas rectas.
O Mini não tem hipóteses, com a mesma facilidade que tinha passado por nós quando seguíamos distraídos, passamos nós pelo Mini que para mais de 140 já não tinha alma.
O pior estava para vir.
Logo a seguir começaram as curvas a descer para a ponte do rio Paiva e aí o Mini grudou-se-nos na traseira e não havia maneira de largar o osso.
Pior ainda, todos sabíamos que se aproximava vertiginosamente uma curva em cotovelo à esquerda com mais de 90º.
Aquilo era, penso que ainda é, uma curva para homens com pelo na benta e pouco tino na cabeça.
Antes uns 100 metros de chegar à fatídica curva eu, que nem tão pouco ainda era homem, já ia todo esticado a travar e à espera do pior. Penso que cheguei mesmo a pensar como a notícia seria dada às nossas famílias… morreram todos, mataram-se.
E a porra do Mini que parecia querer empurrar o 1200.
Não sei a que velocidade entramos na curva, calculo que imediatamente antes da cuva tivesse entrado uma 2ª para aí a 80 km.s/h. Começamos a chiar furiosamente, fiquei à espera do momento em que nos íamos despistar, capotar e morrer.
Sem que haja explicação, eu pelo menos não compreendi, conseguimos sair da curva dentro da estrada continuando o mini engatado, literalmente, em nós.
Dali até à ponte sobre o Paiva o 1200 andou mais empandeirado do que a direito, pois as curvas, ainda que menos terríficas, sucediam-se.
Não faço ideia como é que conseguimos entrar na ponte por uma curva apertada à direita, mas entramos e atravessamos a ponte.
Começamos a subir para Castro Daire e tive esperança. A subir o 1200 ia levar a melhor sobre o Mini.
Qual quê, o raio do Mini parecia que tinha cola, não desgrudava.
Por ali acima as 2ªs e 3ª a fundo sucederam-se e já a chegar ao entroncamento na curva à esquerda que agora, penso, dá acesso à auto-estrada, tínhamos conseguido ganhar meia dúzia de metros ao Mini, o que para mim era já um pequeno alívio.
Mas o raça do Mini era esperto como o alho, na realidade deixou-nos ganhar meia dúzia de metros para logo a seguir nos comer de cebolada.
O entroncamento então como ainda agora penso que é, tinha um lancil como separador central da longa curva à esquerda e o Mini não foi intrigas, tomou a esquerda do lancil, fora de mão portanto, e sem espigas ultrapassou-nos e ganhou-nos uns bons vinte ou trinta metros.
Voltamos à guerra, agora com o Mini na dianteira e conseguimos colar nos calcanhares do inimigo, mas entretanto entramos em Castro Daire e como bons guerreiros reconhecemos e derrota, a corrida acabou, respirei fundo e a rotação, do meu coração, foi abrandando.
O Mini parou junto às bombas e fomos todos, nós e o doido do Mini confraternizar no café. Todos reconhecemos, o gaijo era mesmo bom.
O guerreiro do Mini explicou então a tática: nas curvas a traseira do Mini seguia por onde lhe aprouvesse mas a frente não desgrudava da trajectória.
De facto tinha sido assim, na grande recta tínhamos facilmente comido o Mini, mas quando vieram as curvas, apesar do nosso piloto ser talentoso e conhecer bem os limites do 1200, não havia hipótese, o Mini parecia que tinha a frente metida num carril e o limite de velocidade, parecia, ser apenas o limite de velocidade do próprio carro.
E pronto, sempre fiquei com a sensação que nesse dia gastei uma vida.
De então para cá já gastei mais algumas e por isso tendo cada vez mais tino, salvo uma ou outra distração.
Se tiver fôlego e coração hei-de contar como gastei mais duas ou três vidas antes ainda de tirar a carta.
Moral da história, se não quiserem desperdiçar vidas e quiserem continuar a contar histórias sigam o conselho de um companheiro aqui das lides, never drive faster than your guardian angel.
Naquela noite o nosso anjo da guarda estava atento, conseguiu também acelerar até aos 160 e fazer as curvas connosco.
Boa noite
JP
Tou a pensar tirar a carta, já vai sendo tempo de passar a conduzir legalmente mas é necessário mais um tempinho para conseguir contar como foi... num 127 a gasolina verde e amarelo na cidade azul e branca. Não a carta não me saiu na farinha amparo e não, nunca conduzi um Marina 1500 Diesel Perkins, nem mesmo para ter aulas de condução.
E já agora, acho o máximo ter, agora, um Marina, mas os meus SUNBEAMS, apesarem se serem British e contemporâneos, não têm nada que ver com esses Morris.
Portanto,se não for pedir muito, pedia para não confundirem o Sunbeam com o Marina e não dizerem que o meu Sunbeam é parecido com o Marina, é que fico um bocadinho aborrecido, só um bocadinho.
Obrigado
JP
Chegou a altura de tirar a carta.
Em 89 do século passado, quando era já um maduro de 19 anos, os Deuses reuniram-se no Olimpo e decidiram: vamos lá convencer a família a deixar o moço tirar a carta, se não o desgraçado entra numa crise de autoconfiança de consequências desastrosas.
Em 89, como quase todos eram mais velhos 3 ou 4 anos, os meus amigos já tinham tirado a carta de condução e alguns já orientavam o carro do velhote há bastante tempo. Só eu, o benjamim, é que me mantinha apenas habilitado a conduzir bicicletas e ciclomotores na via pública.
Aliás, aos 15 anos saí de Cinfães e fui viver para a tal casa dos meus avós que tinha a tal rampa de paralelos onde fui desenvolvendo a técnica de arrancar musgo com o Sunbeam, o tal que era suposto constar a história até chegar ao hoje mas que ao ritmo que a coisa vai só lá chegaremos quando o carro tiver mais de 50 anos.
O problema é que a tal casa ficava a 16 km.s da terrinha, não havia caminetes e ficar na beira da estrada a pedir boleia podia demorar tanto tempo quanto o necessário para pescar um espadarte na praia, uma seca.
Ir até à vila de bicicleta estava fora de questão. A máquina velocipédica que tinha estava equipada, de origem, com uma única velocidade tanto para subir como para descer e não havia pernas que aguentassem o prémio de montanha que era necessário vencer para chegar ao destino.
Felizmente que o meu tio primeiro teve uma Mobilete e depois uma Boss de 2 e não raro emprestava-mas para poder ir ter com a minha malta.
Aliás nunca mais recuperei dessa época, fiquei com frio até hoje e nem percebo como conseguia andar de motorizada nos dias mais frios.
Principalmente na Boss lembro-me de ir a Cinfães no Inverno e sentir o frio a entrar pelas mangas do Kispo.
A coisa ficava mais dramática se levava pendura, havia subidas que tinha de seguir em primeira a passo de caracol e nessa altura tinha tempo para pensar em tudo, principalmente no barbeiro que estava a apanhar.
A coisa na Bosse a subir ficava tão monótona que um dia no regresso a casa, por volta das 06.00 da manhã, senti o pendura a bater-me com o capacete nas costas… tinha adormecido.
Mas onde é que ia? Ah pois a cena de tirar a carta.
Então com 19 anos fui tirar a carta e fui criterioso na escolha da escola. Fui tirar a carta na escola de condução França (ainda existe?) porque era a única, numa época em que abundavam Marinas e Ritmos Diesel, que tinha carros a gasolina.
Calhou-me em sorte um 127.
Na primeira aula meti-me no carro e o instrutor perguntou-me se sabia conduzir. Claro que sabia, ui, ui, só nunca tinha conduzido em ruas com outros carros mas isso era um pormenor (ou pormaior?).
Breve explicação sobre a forma de engrenar das velocidades, motor de arranque, primeira engatada, aliviar a embraiagem com o pé a tremer, só um bocadinho, descer o passeio e arrancar em plena Rua Fernandes Tomás, na inbicta.
Depois foi só dar gás, enfim sem passar dos 40.
Não me lembro já do trajecto dessa primeira aula, mas sei que a dada altura fomos para a Circunvalação e entre Campanhã e Areosa, numa zona que só tinha uma faixa de rodagem para cada lado, aparece-me uma carroça qualquer a marcar passo, pelo que não fui de intrigas, pisca da esquerda, 2ª e à que ultrapassar. O instrutor, que nessa época já só tinha pedais, não estava à espera de tanta desenvoltura e ficou verde como a cor do carro, receoso que a fosse estragar, a cor do carro, logo na primeira aula.
Mas não, a minha primeira ultrapassagem foi uma limpeza e verdade verdadinha tomei-lhe o gosto e ainda hoje tenho dificuldade em andar atrás de carroças ou carrões a marcar passo.
Depois foi só cumprir o calendário das lições, controlar a embraiagem no arranque do 127 e aprender a não deixar a traseira do Fiat agarrada a um qualquer obstáculo nos cruzamentos mais apertados à direita. Nada que não tivesse apendido a controlar após duas ou três travadelas de emergência do instrutor, apesar de eu sempre argumentar que a traseira passava, mas pensando bem o homem devia ter razão.
Ainda hoje contorno os obstáculos da direita com um olho no burro e outro no cigano, que é como quem diz, a olhar para a frente e para o retrovisor direito.
Um dia, após ter feito o código com distinção, chegou o grande dia, o dia do exame de condução.
Lá fomos para a Foz, eu o instrutor e o 127.
Depois de um ou dois cigarros veio o Sr. Eng.º. Entrar no carro colocar o cinto, ajustar os retrovisores, dar ao motor de arranque, engrenar a 1ª e arrancar o mais suavemente possível que o momento era solene.
Ao fim de 500 metros, naquela zona em que a marginal de divide em duas com casas pelo meio antes de entrar na Avenida do Brasil há um camelo que não respeita um STOP e mete-se à minha frente. Primeira travadela, quase, de emergência. Logo a seguir, mais ou menos em frente do Homem do leme, vejo ao longe um camelo, outro, estacionado em segunda fila.
Mico o retrovisor esquerdo e não vem ninguém, abro o pisca da esquerda e começo a fazer uma suave oblíqua para contornar o dito camelo. Quando já estava muito perto e quase a ocupar totalmente a via da esquerda para ultrapassar o carro parado em segunda fila cai do céu um terceiro camelo a ultrapassar-me. Só tive tempo de travar à bruta para evitar aquilo que avaliei, talvez não fosse o caso, como um acidente eminente.
O Sr. Eng.º já não tinha gostado da primeira travagem, desta então não gostou nada e pôs-se a argumentar que eu não tinha tomado as precauções necessária, blá, blá, blá.
Não me deixei intimidar, expliquei a minha versão e seguimos.
Logo a seguir viramos para as ruas interiores da Foz Velha e a dada altura outro camelo, o examinador, manda-me virar numa rua à esquerda quando já estava a entrar no cruzamento.
Olha-me este a querer lixar-me, estava a meter-me a casca de banana para eu virar à esquerda sem as devidas precauções e sem fazer a perpendicular da praxe.
Não fui de intrigas, parei e fiquei a olhar para o homem, que não teve outro remédio se não pedir desculpa por ter dito para virar à esquerda tão tarde.
Depois lá estacionei o 127 de marcha à ré numa rua íngreme ali para os lados da Católica, fiz uma manobra de inversão de marcha sem reparos e sem história, e voltamos ao ponto de partida.
Chegamos, puxei o travão de mão, desliguei o motor e engrenei uma velocidade como manda a sapatilha.
O Sr. Eng.º saiu do caro sem dizer nada e dirigiu-se ao velho autocarro de dois andares que funcionava como apoio aos examinadores.
Fiquei à espera junto do meu instrutor a contar-lhe as aventuras.
Passado um pouco o homem sai, nada diz e entra noutro carro de instrução para fazer mais um exame.
Aí o meu instrutor começa a questionar-me sobre o que tinha andado a fazer, pois não achava aquilo normal.
Passado mais ou menos um quarto de hora o homem regressou e voltou para o autocarro sem dar cavaco.
Passados mais uns longos 5 minutos o Sr. Eng.º dignou-se a aparecer, trazia uma guia verde na mão, era a guia provisória que atestava que eu passara a ser encartado.
Lá voltamos à sede da escola, em Fernandes Tomás, e o instrutor disse-me então que quando o examinador voltou após o segundo exame de condução foi-lhe perguntar o que se passava e o homem limitou-se a olhar para ele. Ou estaria à espera de batatinhas? O meu instrutor achou então por bem afiançar-lhe: olhe que este é dos que sabe conduzir.
O meu instrutor tinha razão, eu sabia conduzir e ainda hoje sei[font=Times New Roman'][1][/font], aliás hoje sei muito mais do que por essa época sonhava.
E prontos foi assim, brevemente tenho que ir renovar a carta, não me posso esquecer.
Boa noite e bons sonhos (para mim que já devia estar a dormir)
[font=Times New Roman'][1][/font] Maias um cometimento de modéstia.
correcção, onde digo 89 deve ler-se 84 e onde digo cometimento deve ler-se acometimento.
obrigados
correcção, onde digo 89 deve ler-se 84 e onde digo cometimento deve ler-se acometimento.
obrigados
E eu todo contente à pensar 89 também foi o meu ano de encartado, mas afinal era engano, estou a espera de mais, aquela parte do frio também me aconteceu, nunca mais me livro dessa doença!
E eu todo contente à pensar 89 também foi o meu ano de encartado, mas afinal era engano, estou a espera de mais, aquela parte do frio também me aconteceu, nunca mais me livro dessa doença!
Também o meu!!!