Fernando Baptista
Clássico
Vivam
Não sou, actualmente, um comprador assíduo de revistas, mas como aproveitei o fim de semana comprido para uma saída da capital com a família e precisava de leitura, à falta de melhor resolvi aventurar-me e lá comprei um exemplar desta revista.
Já tinha visto, e até comprado, alguns (muito poucos) exemplares e tinha ficado desiludido com as "referencias menos verdadeiras" que lá apareciam.
E não é que foi com grande surpresa que reparei, na página 53, a referencia a uma do carros que participam no nosso "Campeonato de Clássicos".
Trata-se de um Ford Escort 1300 GT, apenas tem umas coisinhas estranhas... Segundo lá aparece trata-se de um veiculo da categoria Gr.2/H74/Cl.4... O não é que está equipado com um motor BDH!!!! E o carter seco???
Desde quando há homologação em grupo 2 até 1974 (espero que sejam referencias FIA pois não me surpreendia que fosse outra coisa qualquer) para este tipo de motor neste carro?
Sinceramente nem creio que terá existido homologação FIA para os BDH pois correram oficialmente tão poucos (1 ou 2) que se existir é só para grupo 5 (acho que o Escort só é homologado em grupo 4 com o mk2...). Naquela altura haviam provas que não requeriam homologação por se tratarem de provas de velocidade específicas de certas competições mas isso não quer dizer que possam ser usadas actualmente.
Será que alguém me poderá mostrar alguma vez a homologação em grupo 2 dos carburadores Weber nos Minis até 1974?
É por estas e por outras que nós temos a estranha capacidade de estragar todos os campeonatos de velocidade automobilística que criamos.
Como existe sempre alguém que acha que tem de ser superior aos restantes e porque sofre de um narcisismo extremo, considera que tem de "dobrar" as regras de qualquer competição a seu favor.
Isto já ocorreu imensas vezes e sempre com o mesmo fim trágico... Por exemplo, no troféu Datsun 1200, um campeonato feito para ser idêntico para todos os participantes foi levado a um fim menos digno depois de alguns dos concorrentes terem começado a "entender" as regras de forma mais particular e a investir quantias totalmente inimagináveis em motores que de nada já eram os regulamentares. É lógico que sempre que a organização (que já, por medo, nem questiona) colocava em causa os mesmos eram sempre alvos do mesmo tipo de respostas cobardes por parte desses participantes - "Não abrem o meu motor porque desisto da competição!".
É lógico que isto leva a uma escalada de preços que provoca a desistência de todos os outros concorrentes.
Foi isso que em tempos passados me fez abandonar a competição de clássicos pois considero que as regras têm de ser idênticas para todos e que não poderá ser a "esperteza matreira" o factor de diferenciação. Estava farto de estar numa competição onde o meu carro era dos muito poucos de acordo com ficha de homologação e que apenas servia para aumentar a lista de participantes.
E depois é giro que há, por parte dos mais velhos, sempre a mesma resposta descabida - "Mas este carro correu assim em Portugal (ou em Angola) no ano 19XX" como se isso fosse sinónimo de estar obrigatoriamente de acordo com qualquer especificação definida pela FIA para essa categoria. Sim porque nesse caso é a FIA que está sempre errada, eles é que sabem!
Lá estou eu outra vez a falar nas minhas experiências noutras terras mas a verdade é que se virmos uma competição de clássicos (não é de troféus de minis ou afins) com regras FIA em Inglaterra, França ou Alemanha vemos que os participantes têm em atenção factores como a especificação de materiais usados nas cambotas, bielas, válvulas, etc. de modo a que estejam de acordo com a época e respectiva ficha de homologação (ex: se um carro apenas pode usar uma cambota em EN19 então não poderá ter uma em EN40).
Basta ir a uma das provas internacionais de clássicos no Porto ou Lisboa e ver a diferente forma de encarar estas competições... lembro-me de uma corrida em Sintra em que participaram viaturas de um troféu francês (-1000cc???) com os do campeonato 1300 e via-se. Para já não falar das competições na Boavista e no autódromo onde se podem comparar os Escorts Mk1 portugueses com motores BDG feitos com materiais da década passada e os Ingleses ainda com as bombas de travão originais.
Fica aqui a minha opinião. Estou ciente que enquanto a nossa mentalidade não se alterar não vamos conseguir nunca evoluir.
Abraços
Não sou, actualmente, um comprador assíduo de revistas, mas como aproveitei o fim de semana comprido para uma saída da capital com a família e precisava de leitura, à falta de melhor resolvi aventurar-me e lá comprei um exemplar desta revista.
Já tinha visto, e até comprado, alguns (muito poucos) exemplares e tinha ficado desiludido com as "referencias menos verdadeiras" que lá apareciam.
E não é que foi com grande surpresa que reparei, na página 53, a referencia a uma do carros que participam no nosso "Campeonato de Clássicos".
Trata-se de um Ford Escort 1300 GT, apenas tem umas coisinhas estranhas... Segundo lá aparece trata-se de um veiculo da categoria Gr.2/H74/Cl.4... O não é que está equipado com um motor BDH!!!! E o carter seco???
Desde quando há homologação em grupo 2 até 1974 (espero que sejam referencias FIA pois não me surpreendia que fosse outra coisa qualquer) para este tipo de motor neste carro?
Sinceramente nem creio que terá existido homologação FIA para os BDH pois correram oficialmente tão poucos (1 ou 2) que se existir é só para grupo 5 (acho que o Escort só é homologado em grupo 4 com o mk2...). Naquela altura haviam provas que não requeriam homologação por se tratarem de provas de velocidade específicas de certas competições mas isso não quer dizer que possam ser usadas actualmente.
Será que alguém me poderá mostrar alguma vez a homologação em grupo 2 dos carburadores Weber nos Minis até 1974?
É por estas e por outras que nós temos a estranha capacidade de estragar todos os campeonatos de velocidade automobilística que criamos.
Como existe sempre alguém que acha que tem de ser superior aos restantes e porque sofre de um narcisismo extremo, considera que tem de "dobrar" as regras de qualquer competição a seu favor.
Isto já ocorreu imensas vezes e sempre com o mesmo fim trágico... Por exemplo, no troféu Datsun 1200, um campeonato feito para ser idêntico para todos os participantes foi levado a um fim menos digno depois de alguns dos concorrentes terem começado a "entender" as regras de forma mais particular e a investir quantias totalmente inimagináveis em motores que de nada já eram os regulamentares. É lógico que sempre que a organização (que já, por medo, nem questiona) colocava em causa os mesmos eram sempre alvos do mesmo tipo de respostas cobardes por parte desses participantes - "Não abrem o meu motor porque desisto da competição!".
É lógico que isto leva a uma escalada de preços que provoca a desistência de todos os outros concorrentes.
Foi isso que em tempos passados me fez abandonar a competição de clássicos pois considero que as regras têm de ser idênticas para todos e que não poderá ser a "esperteza matreira" o factor de diferenciação. Estava farto de estar numa competição onde o meu carro era dos muito poucos de acordo com ficha de homologação e que apenas servia para aumentar a lista de participantes.
E depois é giro que há, por parte dos mais velhos, sempre a mesma resposta descabida - "Mas este carro correu assim em Portugal (ou em Angola) no ano 19XX" como se isso fosse sinónimo de estar obrigatoriamente de acordo com qualquer especificação definida pela FIA para essa categoria. Sim porque nesse caso é a FIA que está sempre errada, eles é que sabem!
Lá estou eu outra vez a falar nas minhas experiências noutras terras mas a verdade é que se virmos uma competição de clássicos (não é de troféus de minis ou afins) com regras FIA em Inglaterra, França ou Alemanha vemos que os participantes têm em atenção factores como a especificação de materiais usados nas cambotas, bielas, válvulas, etc. de modo a que estejam de acordo com a época e respectiva ficha de homologação (ex: se um carro apenas pode usar uma cambota em EN19 então não poderá ter uma em EN40).
Basta ir a uma das provas internacionais de clássicos no Porto ou Lisboa e ver a diferente forma de encarar estas competições... lembro-me de uma corrida em Sintra em que participaram viaturas de um troféu francês (-1000cc???) com os do campeonato 1300 e via-se. Para já não falar das competições na Boavista e no autódromo onde se podem comparar os Escorts Mk1 portugueses com motores BDG feitos com materiais da década passada e os Ingleses ainda com as bombas de travão originais.
Fica aqui a minha opinião. Estou ciente que enquanto a nossa mentalidade não se alterar não vamos conseguir nunca evoluir.
Abraços