Partilho totalmente esta tua opinião.Pedro Pereira Marques disse:(...)
É pena que quem pense como eu tenha que ter perseverança e força de vontade, afinal até tens razão, infelizmente tenho mesmo que ter! Assistimos a uma época em que um clássico não é visto como documento histórico, nem como um carro feito á mão por alguém com paixão. Um clássico é hoje em dia mais um objecto transformável que serve apenas para preencher o ego, assim como o Facebook, o telemóvel, a mulher, a casa, o emprego, a televisão, o ipad, etc, etc, etc. O Facebook, é um exercício de nós próprios, mostramos o nosso belo mundo, mas escondemos as fotos sentados na sanita. O telemóvel tem funções a mais, utilizamos apenas 30% dele, mas é giro mostrar aos outros idiotas que temos aquele modelo. Os amigos acham a mulher feia? Toca de lhe pôr umas mamas e um cu espevitado que é para fazer inveja á malta! A casa até tem uma divisão para o escritório quando não precisamos de escritório, mas fica giro mostrar aos amigos que temos um escritório, não faz mal porque a prestação ao banco "apenas" acresceu mais uns 150 euros. O emprego é de fato e gravata, falamos com o estômago, sr. doutor, sr. engenheiro, sr. arquitecto para lá e para cá, fazemos horas extraordinárias para pagar a extensão de horário do colégio dos miúdos, quando podíamos estar com eles em casa, mas chateiam muito, é melhor fingir que trabalhamos até tarde para não ter que os aturar. A televisão é sempre muita grande e do último modelo, agora é curva, diverte os míudos (playstation, wii) e assim eles não nos maçam e faz outra vez inveja aos idiotas dos meus amigos... que felicidade. O Ipad, a Nespresso, a Gopro, a Bimby... a Bimby... o caso da Bimby é interessante. Conheço muita gente a ganhar o ordenado mínimo e tem a porra da Bimby em casa... 900 euros por uma coisa que faz a vez de tachos e panelas. Os clássicos são, hoje em dia, a extensão deste mundo. Não servem para admirar, nem para regressar no tempo, servem antes para ultrapassar os outros na estrada (encher o ego), para mostrar aos amigos (encher o ego) e para terem muitas fotos espalhadas pelo Facebook (encher o ego). O clássico é hoje em dia uma extensão daquilo que não conseguimos ser, mas que o dinheiro compra e... transforma de acordo com o nosso ego. E se olhássemos para o clássico como um produto de outrem que viveu noutra era que também nos preenche? Infelizmente caro António estou cada vez mais só, mas é a crise... não a crise económica, isso é treta, é antes a crise cultural, intelectual e social!
Já me disseram que sou assim porque ainda não tenho putos nem ando a correr.
Vou precisar muito de ter a tal força de vontade e perseverança...
É que apetece-me continuar sem TV em casa, com um telelé normalíssimo, sem nunca ter tido (nem querer ter) uma consola, com horror à Bimby e com muito prazer em cozinhar, com muitas outras coisas "fora da caixa" e com carros velhos para desfrutar.
Posso? Espero que sim.
É que faço questão de continuar assim e de transmitir esses valores aos meus descendentes.
P.S.
#1 Com esta cena que o Pedro escreveu e com a contagiante paixão dele, estou quase a tornar-me o contrário só para poder ter um Alfa Romeo.
#2 Não falei do Facebook porque tenho de me confessar. Ups... É que tem lá uma página chamada Centro Storico Fiat que é a única que consulto todos os dias.
#3 Estava a ler o que escrevi para ver os erros, li o "prazer em cozinhar" e lembrei-me que ainda não há almoço. Até já!