Carros com história
BMW 2002 (1968-1975)
Em 1959, pairava sobre a BMW a ameaça da falência. O dinheiro escasseava e corriam rumores que a empresa iria ser vendida a Daimler-Benz, que necessitava de instalações para construir camiões. Mas em meados da década de 60,a BMW renasceu das cinzas, graças ao êxito do 1500, uma berlina compacta e elegante, apresentada em 1962.
O seu único defeito era a potência modesta do motor, crítica que o seu responsável máximo pelo seu desenvolvimento não estranhou. Alex Von Falkenhausen correra em motos e carros BMW antes de se juntar à empresa e sabia, por isso, que o motor nunca produziria potência suficiente para satisfazer os entusiastas. Recorde-se, aliás, que as intenções iniciais dos dirigentes da BMW apontavam no sentido da produção de um motor de 1300 c.c. e só a custo, Falkenhausen conseguiu convence-los a aumentar a cilindrada para 1500 c.c. Por estar mais consciente do que ninguém do potencial do carro, concebeu o motor de molde a permitir, com pequenas alterações, aumentar a sua capacidade. Uma decisão que viria a revelar-se de valor incalculável para a BMW, pois, esse mesmo motor seria utilizado em todos os seus carros de 4 cilindros até 1988.
A capacidade do motor foi aumentada para 1600 c.c., e a berlina 1600 foi o carro da BMW que mais vendeu nos E.U.A. Porém, em 1968, os Estados unidos adoptaram um conjunto de leis anti-poluição que punha em causa a sobrevivência do modelo. O motor viria a ser expandido para 2,o litros, oferecendo então, uma potência de 100cv. Com este nível de potência ditou a decisão de o montar numa carroçaria de duas portas, mais leve, destinada também ao mercado americano. Para evitar a confusão com o coupé e as berlinas europeias, o novo modelo chamou-se 2002.
Um grande motor num carro pequeno foi sempre a receita para o sucesso, e quando o 2002 foi introduzido em 1968, veio dar um novo contributo para o crescimento da BMW no mercado americano. Na Europa, onde as regulamentações sobre emissões ainda não eram tão rigorosas como do outro lado do Atlântico, o 2002 era visto como a oportunidade perfeita para criar um carro de estrada de elevada das performances que, segundo a verdadeira tradição BMW, fosse competitivo nos ralis internacionais. A versão europeia mais potente, chamava-se 2002 ti e foi um sucesso imediato. O seu excelente desempenho era um tributo às ideias de Von Falkenhausen.
a palavra turbo gravada ao contrário
Quando, em 1962, foi introduzido o 1500 c.c. de 4 cilindros com um veio de excêntricos à cabeça com 80 cv, os 2002 ti que o departamento de competição da BMW preparava para as corridas, debitavam mais de 200 CV.
O 2002 ti era imbatível na sua categoria e nas mãos de pilotos como Hubert Hahne e Dieter Quester ganhou numerosos troféus. Acompanhando o sucesso do 2002 na pista, as versões de estrada também se tornaram mais potentes. Em 1972, foi adoptado o sistema de injecção, aumentando a potência pata 125cv. Depois em 1973, a BMW acrescentou o turbo compressor, tornando o 2002 a primeira berlina desportiva sobrealimentada. O motor turbo de 2002 debitava 175 cv, e as primeiras versões do carro tinham a palavra turbo gravada ao contrário na grelha dianteira para que ao olharem nos espelhos retrovisores, os outros condutores estivessem avisados do que aí vinha…
Mesmo depois do 2002 sair de produção, este motor ainda teve um papel importante na história da BMW. Entre 1982 e 1987, quando a BMW fornecia motores turbo para a formula 1, os engenheiros da empresa procuravam velhos blocos do 2002. Verificaram que para os motores de corrida, que frequentemente debitavam cerca de 1000cv, os blocos usados, já com centenas de horas de utilização, eram melhores que os novos.
