Comer verde - a única opção com futuro?

Eduardo Relvas

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Caros amigos Portalistas,

Aviso desde já que isto vai ser longo... provavelmente vou escrever em prestações, porque há muito a dizer sobre este tema. E quem ler isto até ao fim corre o sério risco de ver as suas crenças desafiadas, convém que tragam alguma abertura mental quando se sentarem em frente ao ecrã.

Outro "disclaimer" que é absolutamente necessário fazer é que aquilo que eu vou aqui apresentar é um conjunto de factos comprovados cientificamente (e não, não é daquela ciência que diz que se usarmos cuecas com foguetões vai estar um dia de sol), mas que geralmente não são muito noticiados (e vão perceber porquê). Tudo isto é o resultado de mais de dois anos de pesquisa para terminar com o meu próprio cepticismo, porque acima de tudo eu sou racional e creio na ciência, e não em figuras imaginárias.

Introdução

Há cerca de dois anos decidi, de um dia para o outro, tornar-me vegano. Foi uma decisão súbita, mas fundamentada. Depois de ter lido e tomado contacto com alguma informação sobre o assunto, comecei a perceber que era algo que fazia perfeito sentido e resolvi experimentar.

Para quem nem sequer sabe muito bem o que ser vegano implica, eu passo a explicar:

Acima de tudo, é uma opção de vida que se rege pela ética da não-violência. Violência essa sob qualquer forma, directa ou indirecta, contra qualquer ser senciente. Senciente significa um ser vivo que tem sentimentos, ou seja, qualquer animal ou insecto.

Em termos de alimentação, isso significa que só se consomem produtos de origem vegetal. Cereais, legumes, frutas, etc. Em termos de roupa e outros produtos de bem-estar, significa não comprar nenhum produto de origem animal como peças de couro ou peles e afins. Em termos de produtos para o lar, não comprar nada que seja testado em animais.

Lida já esta lista de condições, dir-me-ão muitos de vocês que é insustentável e impraticável fazê-lo. Talvez possa parecer (também me pareceu a mim), mas é fácil e, melhor que isso, é muito melhor para nós próprios. Se quiserem acompanhar isto até ao fim, eu vou explicar algumas escolhas e listar opções.

Porque é que isto é importante e porque me hei-de ralar com isso?

A nossa sociedade criou resguardos e subtilizou toda a violência implícita em determinadas escolhas que fazemos a tal ponto que muitas pessoas nem associam mais os produtos que compram ao acto de violência que os tem por base. A humanidade desliga-se assim e demite-se dos actos de violência que são praticados longe dos olhares colectivos, e torna-se cada vez mais dessensibilizada ao que não vê. Encolhem-se os ombros em jeito de impotência e deixamos andar, porque achamos que não podemos alterar nada. Mas se cada um fizer uma escolha informada, o mundo muda. E o impacto é surpreendente, como vão poder ver mais adiante.

O impacto de ter um estilo de vida vegano é dramático... a saber:

- Ambiental: Só a opção por ter uma alimentação inteiramente à base de plantas reduz o nosso impacto ambiental em mais de metade. Os números oficiais dizem que, de todo o impacto ambiental provocado pelo Homem, cerca de 53% é directa ou indirectamente associado à indústria agropecuária. Sim, estão a ler bem. Mais de metade do que poluímos é produzido pela indústria das carnes e derivados animais. Isto inclui as produções intensivas, produções de pequena escala, o desmatamento, o consumo de água e a poluição dos solos, rios e oceanos, etc.

- Saúde: Segundo as últimas conclusões da Organização Mundial de Saúde, mais de 70% das doenças que flagelam a Humanidade neste momento são de origem animal, ou seja, derivadas do consumo de produtos de origem animal. Isto inclui cancros, tumores, diabetes, osteoporoses e afins. Se quiserem eu depois explico resumidamente como isto acontece, já li os estudos todos.

- Ético: Ninguém nasce a odiar ninguém. Somos naturalmente empáticos, mas ensinam-nos desde cedo a dissociar os bifes que temos na mesa do animal pacífico e carinhoso que é uma vaca ou porco. Os animais para consumo são desde cedo diferenciados dos animais domésticos pela cultura que se criou para proteger a indústria. É errado e incómodo matar e esventrar um cão, mas perfeitamente natural fazê-lo com um porco (que até são mais inteligentes e com uma personalidade muito parecida à do cão). Isto chama-se especismo, e é éticamente tão reprovável quanto o sexismo ou racismo o foram e continuam a ser.

Se isto é tudo tão errado, porque é que nunca se ouve falar disso?

Pela mesma razão de sempre: dinheiro. O dinheiro e os interesses económicos regem o mundo e a sociedade, e criam-se mentiras convenientes, distorcem-se factos e escondem-se verdades quando há algo a vender. E se algo incentivar a venda de outros produtos ainda, melhor... ajudam-se os milionários uns aos outros, ficam todos felizes e ricos à custa do povo enganado e que, mantendo-se ignorante, é facilmente explorado.

Passo a dar um exemplo: Está cientificamente comprovado que o consumo de produtos como a carne e os lacticínios provocam osteoporose e providenciam condições que fomentam o desenvolvimento de células cancerígenas. E isso dá logo lucro quer às leiteiras e às cadeias de fast-food e, em consequência, gera-se a necessidade de suplementos de cálcio e dos medicamentos e tratamentos anticancerígenos (a indústria farmacêutica é um dos mais lucrativos, poderosos e vergonhosos sectores da economia mundial).

Por outro lado, quem vai fazer publicidade aos vegetais? Os vegetais são baratos e saudáveis, só dão uns tostões a ganhar ao pequeno agricultor e alguns milhares às empresas de maior escala. As indústrias do fast-food vendem carne, queijo, pão, lacticínios sob todas as formas e feitios, fritos, açúcar e outras drogas.

(continua)
 
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Eduardo Relvas

Eduardo Relvas

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Perguntas e comentários mais comuns:

Porque é que eu hei-de deixar de comer carne se desde os tempos dos homens das cavernas isso se faz?

A palavra "tradição" é muito perigosa, porque a usamos para nos demitirmos de fazer uma escolha, achamos que não é da nossa responsabilidade mudar algo que é assim "porque é e sempre foi". Primeiro, os homens das cavernas começaram a comer alguns animais porque ainda não tinham desenvolvido a agricultura, logo a abundância de alimentos de origem vegetal era escassa. Assim que se começaram a multiplicar significativamente e até que se começou a perceber como produzir vegetais em quantidade, os homens primitivos tiveram de se tornar nómadas para conseguir encontrar alimento. Quando isso se tornou inviável, tentou-se imitar os predadores carnívoros. Mas só a descoberta do fogo tornou isso viável para nós, pois somos os únicos que cozinham a sua carne, os predadores carnívoros verdadeiros comem a carne das suas presas crua.

Mas a mim ensinaram-me que somos omnívoros... temos caninos para quê?

O homem é naturalmente frugívoro, ou seja, o seu sistema digestivo está configurado para processar frutas, vegetais e cereais. Isto é visível desde a nossa dentição até ao tamanho dos nossos intestinos. Sim, todos temos caninos, mas não são proeminentes e de grandes dimensões como os carnívoros. Comparem as vossas dentições com as de vários animais diferentes e vejam onde é que a nossa se encaixa.

Se não somos carnívoros, porque é que podemos comer carne?

Quando o nosso organismo recebe carnes e outros derivados de origem animal, o estômago tem de resolver o problema. O nosso sistema digestivo está configurado para digerir alimentos diferentes, e se se comportasse da mesma forma com a carne o resultado da digestão seria tão ácido que ao entrar na corrente sanguínea teríamos morte imediata. Ao longo dos anos criámos uma defesa contra isto, que consiste em reduzir a acidez com fosfatos até níveis toleráveis. Estes fosfatos são retirados da nossa massa óssea, onde estão associados ao... cálcio! E que acontece ao cálcio que se dissocia? É expulso pela urina... e plim! temos a osteoporose...

Mas... eu não consigo viver sem bacon! Como é que eu vou sobreviver a comer alface 5 vezes ao dia?

Muitos de nós nem sonham a diversidade de alimentos que há para lá dos produtos processados que a televisão nos impinge diariamente. Frutas, vegetais, especiarias, produtos derivados de cereais e legumes que permitem continuar a fazer as nossa receitas de sempre sem ter de incluir ingredientes de origem animal... quando descobrimos, é fantástico perceber a enormidade de novos sabores, texturas, aromas e combinações que se abre à nossa frente.

Como é que eu vou comer? Nem sei por onde começar.

Há muitas receitas simples e baseadas em pratos que estamos acostumados. Eu comecei com um excelente livro, que recomendo a todos, de uma autora portuense, a Maria Aragão, intitulado "Omeletas sem ovos". Ela tem um blog com o mesmo título (onde podem adquirir o livro e ver mais receitas), e o seu objectivo é essencialmente reproduzir o mais fielmente possível receitas tradicionais portuguesas em versão vegana.

E esperas mesmo que eu passe para o tofu assim sem mais nem menos? Aquilo não sabe a nada!

O tofu é um ingrediente controverso, mas injustamente acusado. O objectivo do tofu é dar textura, mas há variantes que têm algum sabor. Muitas lojas de produtos naturais e grandes superfícies vendem tofu fumado, e há uma marca nacional que vende tofu assado no barro, que recomendo vivamente. Ainda assim, a ideia é preencher a tela em branco que o tofu dá com especiarias e outros ingredientes. Mas não é de todo obrigatório comer tofu, há muitas outras alternativas.

E o leite? Como hei-de comer os meus cereais?

Há muitas alternativas vegetais, dependendo das preferências. Cá em casa há quem beba de soja, de amêndoa (o meu favorito) e de arroz. Há inclusivé alguns muito parecidos ao leite de vaca. Eu faço arroz doce e outras receitas com leite de soja.

E a proteína? Onde a vamos buscar?

O mito de que precisamos da carne para ter proteína não passa disso mesmo... um mito. Há vários alimentos com teor de proteína por unidade de peso superior aos da carne.

Mas se ninguém comer os animais eles vão dominar o planeta! E depois?

Profundamente errado. Os animais que são consumidos neste momento são forçados a reproduzir-se muito acima do seu ritmo natural, tanto que muitas vezes morrem de esgotamento natural em menos de um décimo da sua longevidade natural. As vacas leiteiras são inseminadas artificialmente para as manter constantemente a dar à luz, para depois roubar o vitelo recém-nascido (que é endereçado para a indústria da carne onde é vendido a prémio por ser mais tenrinho) e assim explorar o leite que a mãe tinha para dar à sua cria. Essa produção natural de leite é obviamente adulterada com hormonas para potenciar os resultados, e tornar toda a operação mais lucrativa. As galinhas poedeiras da indústria dos ovos são também injectadas e aperfeiçoadas para serem autênticas máquinas de pôr ovos, tanto que normalmente morrem com menos de dois anos (mas não faz mal, a indústria dos nuggets está logo na porta ao lado) quando poderiam viver naturalmente mais de dez. As que são criadas para dar carne são injectadas com todo o tipo de químicos para as inchar, tanto que o peso típico de um frango no momento do abate hoje é mais de 5 vezes o que tinham nos anos 50... é só maravilhas da tecnologia moderna.
 

Rafael Isento

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Bem, isto é demasiada informação para esta hora.
Amanhã já tenho com que me entreter!
Tenho a ligeira impressão que a cara metade vai gostar disto...

É a primeira coisa do dia, já está preparado:
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Eduardo Relvas

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Controverso Eduardo ;)
Antes de continuar a leitura e sem qualquer tentativa provocação: que estudos são estes?

Tens de me dar tempo de os reunir, que eu já li tanta coisa ao longo destes anos que não consigo tomar o rasto a tudo... mas muitos vêm essencialmente de jornais de medicina, bem como a Universidade de Harvard e o Instituto John Hopkins, uma das instituições de referência a nível mundial na pesquisa do cancro. O "prato dos alimentos" (que substituíu a pirâmide dos alimentos) de Harvard, na sua versão mais recente, fez frente ao prato da USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) e afirmou pela primeira vez que se deve limitar as doses de lacticínios e boa parte das carnes, pois existem indícios em todas as suas pesquisas que associam a ingestão destas substâncias à promoção do crescimento de células cancerígenas e outros problemas de saúde.

HEPJan2015.jpg

Muita gente acha que nada disto é público porque é treta, mas a realidade é que há muitos documentos que são colocados à disposição do público mas nenhum dos media os publicita porque são dissuadidos de o fazer pelos interesses das indústrias que são prejudicadas pela informação que eles contêm. E pouca gente tem capacidades ou inclinação para ler artigos científicos...

Uma das raras excepções de notícias (e mesmo essa foi diluída para minorar a coisa) foi o anúncio da Organização Mundial de Saúde quando afirmou publicamente que a carne era tão cancerígena quanto outras substâncias já antes sinalizadas. Rapidamente começaram a surgir contra-informações a dizer que eram só estas ou aquelas e não era assim tão mau, que tinha sido exagerado, e isto e aquilo. Para cada estudo conciso e sério, há mil e um artigos da treta a dizer o contrário. Abafa-se o sério debaixo de uma manta de estudos encomendados.

Ainda há dias estive a falar com a professora do meu miúdo mais novo porque proibí que lhe fizessem uns tratamentos com flúor na escola. Ficou tudo muito surpreendido, trocaram-se mails com a unidade local de saúde, que rapidamente tratou de encolher os ombros e de se justificar com "normas e regulamentos". Mas como se pode obedecer a normas que mandam fazer bochechar quinzenalmente miúdos de escola primária com uma substância que foi sinalizada como fortemente suspeita de afectar o desenvolvimento cognitivo em 2012 e classificada de neurotoxina ao mesmo nível do arsénico, chumbo ou mercúrio em 2014 no mais antigo e prestigiado jornal de medicina do mundo? Primeiro que as coisas evoluam e se resolva alguma coisa, já os miúdos cresceram e são ovelhinhas burras fáceis de levar e ninguém fez nada. Se têm miúdos na escola a levar com bochechos quinzenais de flúor, queiram pensar duas vezes... eu não ganho nada com isto. E quanto às pastas dentífricas (que obviamente estão quase todas atestadas daquilo também), tenho uma recomendação (novamente, que não tenho nada a ganhar com ela...): pasta dentífrica Couto. É nacional, isenta de flúor, não testada em animais, e fenomenal no seu poder de limpeza e desinfecção.
 
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Rafael Isento

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@Eduardo Relvas, não tenho argumentos... por enquanto.
Confesso o meu total desconhecimento e ignorância para o que abordaste.
No entanto fico com uma dúvida importante.
Como poderíamos atingir um equilíbrio ambiental se de um momento para o outro o mundo se tornasse vegano?
Seríamos biliões a consumir vegetais e cereais. O que se passaria com os solos?

Esta parte do ambiental duvido que tivesse resolução pacífica...

Para o fim deixo-te os meus parabéns, belo tópico, deixaste-me a pensar...
Coloca aqui alguns livros que recomendes (aqui tenho a certeza que tens uma lista maior que a que os teus miúdos têm para o natal).

P.S.: confessa lá que tens guardadas uma cuecas com foguetões para andar de Spider :D
 
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Eduardo Relvas

Eduardo Relvas

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@Eduardo Relvas, não tenho argumentos... por enquanto.
Confesso o meu total desconhecimento e ignorância para o que abordaste.
No entanto fico com uma dúvida importante.
Como poderíamos atingir um equilíbrio ambiental se de um momento para o outro o mundo se tornasse vegano?
Seríamos biliões a consumir vegetais e cereais. O que se passaria com os solos?

Esta parte do ambiental duvido que tivesse resolução pacífica...

Para o fim deixo-te os meus parabéns, belo tópico, deixaste-me a pensar...
Coloca aqui alguns livros que recomendes (aqui tenho a certeza que tens uma lista maior que a que os teus miúdos têm para o natal).

P.S.: confessa lá que tens guardadas uma cuecas com foguetões para andar de Spider :D

:lol::lol::lol::lol::lol::lol::lol::lol::lol::lol::lol:

As cuecas com foguetões lembrei-me porque estava a olhar para um livro do Calvin&Hobbes... :D É sabido (embora apenas de forma empírica) que umas cuecas com foguetões melhoram qualquer dia... :lol:

Ainda bem que perguntas sobre os solos. Segundo já foi feito levantamento (e qualquer um de nós pode fazer essas contas, os dados são simples), a área de utilização do solo para alimentar sustentavelmente uma família com um regime inteiramente à base de plantas é menos de 1000 metros quadrados (estou a falar de cor porque não recordo o valor exacto), para ser ovo-lacto-vegetariano é cerca do triplo e se for com uma alimentação omnívora (e mesmo assim estamos a falar de uma dieta equilibrada, que é algo que a maioria não faz) seria cerca de 60 vezes a área da primeira.

O problema é simples: comer carne é a forma mais ineficaz de obter os nutrientes que precisamos (e não vêm todos na carne, obviamente), porque para produzir uma refeição de animal esse mesmo animal teve de ter dezenas de refeições. O desequilíbrio é de tal forma gritante que, in extremis, a água necessária à produção de 3 ou 4 bifes de vaca é praticamente equivalente ao que gastamos a tomar duche durante um ano. Entre os agricultores costuma-se usar como regra de polegar que a área necessária para ter uma cabeça de gado alimentada devidamente é um hectar. Agora imagina quantas toneladas de alimento se produziriam nesse mesmo hectar se fossem para consumo directo em vez de transformar em comida para um singelo animal. E não estamos sequer a abordar a questão da total depleção de nutrientes dos solos causados pela produção pecuária nos moldes actuais... isso ainda são "outros quinhentos".

A maioria dos cereais produzidos a nível mundial é exactamente para rações, porque os animais têm de comer muito mais que nós já que o seu ciclo de vida (é quase um insulto chamar-lhe isso, mas pronto) é intensificado para acelerar o crescimento e as rações são concentradas. Se deixássemos de ter de produzir rações para alimentar os animais que temos fechados em unidades de produção pecuária intensiva, não era preciso desmatar a Amazónia nem explorar países de terceiro mundo, havia espaço para cultivar tudo o que precisamos aqui mesmo.

É que, mais uma vez, todo este processo é-nos oculto. Só vemos o produto final no prato, mas não lhe seguimos o rasto desde o início e com todas as ramificações que implica. O maior consumidor de água mundial é a indústria agropecuária, assim como o de cereais e derivados. Se quiseres saber os detalhes todos sobre isto (e estão lá todos descritos ao pormenor, muitos até por pessoas que trabalham no sector agropecuário), recomendo o documentário Cowspiracy. Não tem nada de violento (para isso há outros mais focados na violência, e custam a ver), e está tudo ali na nossa frente.

É um facto admitido pelas Nações Unidas nos seus relatórios, o impacto global da produção agropecuária representa cerca de 53% do impacto ambiental total causado pela humanidade (os dados que indiquei em cima são de 2006 e não estão lá todos em conjunto, podem fazer as contas, mas já são assustadores que cheguem). Se compararmos isso com os 13% do sector dos transportes, é cerca de 4 vezes mais. E atenção que é o sector todo... carros, barcos, comboios, aviões, etc. Porque é que isto não é noticiado? O poder lobbyista da indústria é assim... vejam o documentário se querem ver como as coisas são para quem tenta dizer estas coisas em público.
 
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Eduardo Relvas

Eduardo Relvas

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Em termos de livros, assim de repente recomendo:

- "Omeletas sem ovos" da Maria Aragão, que já tinha referido em cima;
- Cozinha vegetariana" (são vários) da Gabriela Oliveira;
- "Deliciosamente Ella" e "As delícias de Ella" da Ella Woodward.

Estes são os meus favoritos e aos que mais recorro, embora tenha mais (e muitas receitas que tiro da net). O primeiro foi essencial na transição porque tem muitas ajudas e dicas para substituições que facilitam o substituir de ingredientes de origem animal nas receitas que estamos acostumados (a base é a cozinha tradicional portuguesa). Os da Gabriela Oliveira têm um conjunto ainda mais alargado de receitas e já com maior diversidade de origens. Os da Ella são já mais assumidamente vegetarianos, mas continuam a ser receitas muito boas e saborosas. Estou a escrever e está-me a dar uma fome... :lol: tenho de ir ali à cozinha ver se tenho grão-de-bico, apetece-me uma dose de hummus (receita tradicional do Médio Oriente).

A regra mais básica é começar mesmo pelas receitas nacionais, porque têm o conjunto de condimentos mais em linha com aquilo que o nosso paladar está habituado. Depois vamos experimentando aos poucos e alargando o leque, é sempre divertido explorar.

Pela minha experiência, só os primeiros dias é que são complicados, mas isso fui eu que cortei de repente, não é preciso ser assim, embora de certa forma até seja mais eficaz, porque o paladar educa-se.

Em termos de ganhos, obviamente irão variar entre as pessoas mas eu notei alguns impactos imediatos. O mais gritante foi a total eliminação das minhas alergias. Desde os meus 12 anos que passava as primaveras drogado até às orelhas para sobreviver aos pólens, mas no ano em que mudei não tomei um único comprimido. Ainda dei uns espirros aqui e ali, mas nada que exigisse tratamento. E a minha bomba da asma (cujas crises eram sempre despoletadas pela alergia) nunca mais soube dela... antes não podia mantê-la longe de mim.

Além disso vieram as digestões muito mais fáceis (nunca mais tive uma dor de barriga sequer), mais energia e boa disposição e maior resistência física, entre outros... nota-se a diferença, às vezes não tanto coisas gritantes mas aos poucos percebemos que aquilo que antes eram incómodos constantes desapareceram e nunca mais lhes sentimos a falta.
 

Rafael Isento

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Humm, estive a manhã a debater com a cara metade e ficou a dúvida: Então e as proteínas que vêm da carne? E a vitamina B12? Como se substitui?


Quanto aos ecossistemas tenho que me instruir com os links acima, tenho que fazer os meus trabalhos de casa que tu já levas muito avanço.

Se passar numa FNAC vou dar uma vista de olhos nesses livros.
 

Guilherme Bugalho

BUGAS03
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Bem "este" pirou de vez ...... :D :D :D :D

Tens de ler mais umas coisas sobre a liga/elemento dos vegetais .... :D
Ou então vais ter analisar o ADN dos teus antepassados .... :D

Já para não falar naquela "vergana" que tentou subir aos Himalaias e esqueceu que era "vergana" ...
 
OP
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Eduardo Relvas

Eduardo Relvas

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Humm, estive a manhã a debater com a cara metade e ficou a dúvida: Então e as proteínas que vêm da carne? E a vitamina B12? Como se substitui?
(...)

Não há nada que se obtenha da carne que lhe seja exclusivo. Tudo o que retiramos da digestão da carne veio, directa ou indirectamente, de vegetais que foram absorvidos pelo animal que estamos a comer. Aliás, dos 20 aminoácidos essenciais para o nosso bem-estar, os animais só metabolizam 9, por isso temos mesmo de ir buscar os restantes directamente à fonte.

Há proteína em praticamente tudo o que comemos, e não há que ter nenhuma preocupação com isso, é um mito que já deu o que tinha a dar. Aliás, os alimentos com maior percentagem de proteína são praticamente todos de origem vegetal. Para ter falta de proteína ter-se-ia basicamente de não comer nada ou só comer porcarias sem valor nutritivo nenhum.

A vitamina B12 não é um problema exclusivo dos veganos, cada vez mais é global, porque é uma vitamina de origem bacteriana que em tempos existiu por toda a parte, até a água tinha. Com a nossa mania de pôr químicos em tudo, estamos a correr com ela do mapa. Mas há muitos alimentos vegetais que a têm naturalmente, e outros que são fortificados com ela, como iogurtes de soja ou algumas bebidas. Há também ingredientes usados na cozinha que são ricos nesta vitamina, como as leveduras de cerveja e a nutricional (muitas vezes usadas para dar um sabor parecido ao queijo a determinadas receitas).

@Eduardo Relvas , estás a deixar-me assustado com essas ideologias, e mais ainda quando falas em "ambiente", promete-me que não vais aparecer por aí a dizer que tens um prius ou um i3 na garagem!!!:lol::lol::lol:

Rafa, isso dava outra discussão, porque esses carros são tudo menos ecológicos... não te preocupes, sou eu mesmo, apenas melhor e mais saudável! :lol:

Bem "este" pirou de vez ...... :D :D :D :D

Tens de ler mais umas coisas sobre a liga/elemento dos vegetais .... :D
Ou então vais ter analisar o ADN dos teus antepassados .... :D

Já para não falar naquela "vergana" que tentou subir aos Himalaias e esqueceu que era "vergana" ...

Guilherme, os veganos também morrem... não há nenhum de nós que seja imortal, e todos temos limites. Mas se pudermos ser mais saudáveis e fazer menos mal a tudo o que nos rodeia em simultâneo, porque não?

Pois, mas assim damos o dinheiro às farmacêuticas e isto vira um ciclo vicioso.

Não é preciso dar dinheiro a farmacêutica nenhuma, mas se tiveres que dar dinheiro a uma, que seja por isso e não por coisas bem piores... uma coisa que costumo ler muito e que se aplica aqui na perfeição é "paga agora ao agricultor ou ao médico mais tarde, a escolha é tua".
 
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