Eram tempos de paz, paradoxo, visto que se sustentava um clima de guerrilha.Mas o facto é que fizemos Luanda Moçâmenes e vice-versa, e não fomos incomodados ,nem vimos qualquer indivíduo de ar hostil ou tenebroso,pelo contrário gente simples de ar pacífico que nos tiravam o chapéu ou acenavam timidamente ao passar pelo carro.
Quem diria que aquelas paragens feitas de silêncios, aonde nos sentiamos em paz, e se nossos olhos deixassemos correr até ao infinito horizonte,só encontrariamos paisagens intactas de uma beleza inegualável, só ouviamos os sons do mato no cantar dos pássaros,no piar de caça da Pemba planando majestosa no ar, ou a desgarrada em silvos dos insectos na sua cantilena interrupta por horas e horas.Este cenário mudou, e tudo se calou porque as armas a isso obrigaram, mas está a voltar,quem sabe se com mais força e beleza, renovados na sua luta pela sobrevivência?Minha terra que tanto chorou, que tenha de novo ecoando por florestas e savanas o seu cantar, e o seu riso puro e cristalino das criaturas maravilhosamente simples que sempre a habitaram.
Kalunga in "Mazungue"