Boa noite a todos e especialmente ao Kady. Eu tenho uma vaga ideia, mas apenas do nome. Estudei até 75 na Escola Bartolomeu Dias em Porto Alexandre e era finalista (5.º ano Geral do Comércio).
O meu pai era o responsável técnico da Fábrica Venâncio Guimarães & Sobrinho, que ficava mais a sul da SIAL e antes da CIMAR. Quando éramos putos iamos sempre para a baía, até ao fundão (o meu pai também esteve lá a trabalhar) antes de eu nascer, claro. Grandes mergulhos no cais da Porfina.
Depois a saída de Porto Alexandre, se não me engano foi a 7 de Janeiro, para Walvis Bay, depois de três meses ali, as empresas (Venâncio, Cimar e outra) decidiram ir para o Brasil, tentar trabalhar lá com os barcos, pois já se sabia que a situação em Portugal era difícil.
Eu tinha 16 anos, fiquei com o meu pai e fizámos a viagem para o Brasil (Rio/Nitéroi). Passados 5 meses de tentativas, o governo brasileiro não permitiu que os barcos pescassem lá (politiquisses) e tivémos de vir para Portugal, com uma viagem muito atribulada, muito mau tempo no estreito de Gibraltar provocou o desnorte dos 7 barcos que compunham a frota, de tal maneira que o nosso destino previsto era Olhão e fomos dar com o Cabo Espichel e entrámos em Sesimbra. Uma viagem eu que todos nós vimos a vida a andar para trás. Pois debaixo de mau tempo já rebocávamos um barco de ferro que ficou sem motor, cheio de gente e a meio da noite rebentou-se o cabo sem nós darmos por isso, e só na manhã seguinte nos aprecebemos que não havia nenhum barco atrás. Tivémos de retroceder e navegar 4 horas até encontrar o Lubango (assim se chamava). Depois foi uma carga de trabalhos para passarmos outro cabo de reboque, pois as ondas eram de 8 e 9 metros.
Foi uma verdadeira odisseia. Mas cá chegámos. Como disse anteriormente, ainda tenho de publicar estas memórias para as gerações vindouras. Como tenho uma Editora aqui em Vila Real de Santo António, será mais fácil. Quanto ao meu percurso em Portugal, sempre esteve um bocado relacionado com a imprensa, primeiro como editor e fotojornalista fundador do jornal AlgarveRegião, que já não existe, outras assessorias de imprensa pelo meio e agora a cem por cento na Editora Guadiana.
Peço desculpa pelo romance, mas o Ricardo deve gostar destas histórias "quase comuns".
Um abraço a todos.