Caros amigos,
Cuidado com toda esta questão, pois há vários pormenores que não podem ser descurados. Vamos tentar pôr ordem nestas ideias todas:
i) se o veículo não estiver equipado com cintos de segurança, não é possível transportar crianças no mesmo;
ii) havendo apenas cintos nos bancos dianteiros, pode proceder-se ao transporte da criança nestes, mas penso que legalmente o limite mínimo de idade é os 3 anos, embora não tenha a certeza;
iii) querendo montar cintos de segurança num veículo que não os trazia de fábrica, devem ser utilizados sempre que possível pontos de fixação destinados a esse propósito na estrutura do carro, caso contrário existe a possibilidade de isso vir a causar problemas num eventual controlo dos mesmos em IPO (atenção que alguns veículos, especialmente a partir da década de 70, embora não os trouxessem de fábrica, possuíam já os pontos de montagem para cintos dianteiros e traseiros - o Fiat 127, por exemplo, já tem estes pontos, mesmo atrás);
iv) não havendo estes pontos de fixação de fábrica, deve procurar-se executar a montagem dos cintos em pontos estruturalmente fortes da carroçaria, e se possível recorrendo a reforços destas zonas com placas de fixação de grandes dimensões por forma a dispersar a carga da ligação mais eficazmente na estrutura. Em caso de dúvida, deve-se consultar alguém especializado nesta área, como um engenheiro mecânico.
Posto isto, não é de facto um risco assim tão grande transportar crianças num clássico, obviamente fazendo as devidas ressalvas relativamente à ausência de equipamento de segurança activa. Desde que instalados correctamente, os sistemas de retenção são igualmente eficazes num embate. E estatisticamente os clássicos são menos vulneráveis a acidentes, dado o maior grau de cuidado com que são conduzidos pelos seus proprietários, que neles praticam uma condução mais alerta e defensiva.
O problema de tudo isto é também um alarmismo exagerado pelas autoridades e pelos próprios fabricantes, com o intuito encapotado de gerar maior consciência relativamente à condução segura (pouco eficaz) e um incentivo extra para a compra de automóveis modernos (bastante mais eficaz, e que acaba por contrariar a ideia anterior).
No meu Spider, por exemplo, não faz sentido utilizar a cadeirinha para os miúdos no banco de trás. Os cintos em si são pequenos, pelo que não os apoiam de forma incorrecta, negando assim o propósito da cadeira. Aliás, o DUA refere claramente que o banco traseiro se destina apenas a crianças, por isso é entendido que está adequado apenas à sua fisionomia. Para quê então usar uma cadeira que não melhora a colocação do cinto e os faz subir de tal forma no banco que os pode pôr em risco de cair para fora do carro? É um contrasenso. Mas como já desabafei antes, senso é coisa que hoje em dia já pouco vai havendo...
Um abraço a todos!