Estas foram as minhas terceiras 500 Milhas
Depois de ter participado em 2010 (37º lugar) e em 2011 (13º lugar da geral, 7º da categoria) nas 500 Milhas como piloto, este ano tive o desafio de ser navegador. Foi a primeira vez que fiz um Rallye do lado direito, exceptuando um Rali de Castelo Branco em que levei o meu Triumph 2000 ainda com o volante do lado direito (e conta-milhas em vez de conta-quilómetros).
O piloto, o meu amigo Armando Monteiro, convidou-me para o navegar, apesar da minha ausência de experiência nesse papel.
O carro foi um Opel 1604 S com o seu motor original de 75 cv, que foi para a estrada pela primeira vez no dia 25 de Abril, altura em que fizemos cerca de 40 Km para aferir e testar o Terratrip, para além de tentarmos perceber como poderíamos funcionar como equipa.
Estava assim tudo preparado para participar neste rali-maratona que decorre no mesmo dia e limitado a carros anteriores a 1975. O desenho da prova deste ano era diferente das provas dos anos anteriores: ligar o Porto a Lisboa utilizando preferencialmente a EN 2. Já sabíamos que este ano apenas tínhamos 700 Km para percorrer, dos quais cerca de 100 em PECs. O nosso número foi o 718 (partida pelas 7 horas e 18 minutos) bem superior ao meu número 604 de 2011, apesar da hora de chegada ser previsivelmente a mesma (22:30).
No dia 26 de Abril, pelas 16 horas estávamos a sair da Figueira da Foz, em direcção ao Porto, aproveitando o percurso na autoestrada para ver se tínhamos o Terratrip bem afinado para distância real, o que se veio a verificar. Sabíamos que no Porto teríamos de fazer o Troço de Aferição e reajustar o aparelho … mas afinal não havia Troço de Aferição.
Chegamos ao Hotel no Porto cerca das 17:30, sem incidentes, com o carro a corresponder lindamente. Feitas as verificações técnicas, no parqueamento subterrâneo do Hotel, resolvemos ir meter gasolina, o que se revelou mais difícil que o esperado pois parecia que cada vez estávamos mais longe da bomba de gasolina. Demoramos quase uma hora, que seria evitável se à saída do Hotel tivéssemos virado para a direita (onde havia bombas a cerca de … 100 metros) e não para a esquerda. Com tudo isto já estávamos quase na hora do Jantar, onde encontramos alguns amigos destas andanças e soubemos da “variante” introduzida pelo João Torrado: os tempos de passagem nos Controlos Horários sem Paragem (CHSP) é que passariam a definir o tempo de entrada na PEC seguinte. Ainda bem que não faltamos ao jantar, ao contrário do que fez o meu amigo Seara Cardoso. Ainda antes de dormir, estivemos a ver o Road-Book e as tabelas de tempos para as 8 PECs do dia seguinte, com um aditamento ao Regulamento em que os tempos de passagem passaram a ser ao décimo de segundo e não ao segundo.
No Sábado, cerca das 6 horas da manhã, levantamo-nos para ir buscar o Opel e preparamo-nos para a partida às 7:18. Em direcção a Crestuma, chegamos à primeira PEC, ao Meco como quase todas as PECs, que nos correu bastante bem: 4 pontos de controlo em que penalizamos um total de 5,0 segundos (16º da geral). Passamos o primeiro CHSP sem incidentes e a segunda PEC chegou pouco depois, Montemuro, em que penalizamos 12,7 segundos, graças ao terceiro ponto de controlo (8,3 segundos por avanço), local onde quase toda a gente penalizou 7 a 8 segundos por avanço. Tínhamos feito o 13º melhor tempo nesta PEC. Continuando a pensar que estávamos a controlar bem, entramos na PEC 3 (Lordosa) onde penalizamos 4,1 segundos em 4 controlos (9º melhor desta PEC), quase todos (3.3 segundos) por atraso no primeiro ponto de controlo.
Estávamos quase a chegar a Viseu, onde teríamos o pequeno almoço no Hotel Montebelo, quando não me apercebi que estávamos atrasados … e apanhamos 12,4 segundos no Controlo Horário. Os vinte minutos para o pequeno almoço pareceram-me insuficientes, pelo que partimos quase de seguida para chegar ao segundo CHSP, quase na hora devida, vendo passar o Seara Cardoso atrasado. Neste CHSP tivemos uma penalização de 0,1 segundos, nossa única penalização nos 7 CHSP.
Depois da PEC 4, Góis, onde penalizamos mais 3,7 segundos, chegamos ao Cabril, onde voltamos a penalizar 2,7 segundos no Controle de Chegada, por não termos conseguido entregar a Carta de Controlo com outro concorrente na zona de controlo. Estava feita a primeira secção com um total de 40,7 segundos de penalização: não sabíamos mas estávamos no 10º lugar da classificação geral; apenas tivemos acesso à classificação até Viseu, com um bom 16º lugar da Geral.