A minha opinião,
O Pedro Marques tem razão quanto ao método, isto é, manutenção e prevenção com qualidade e rigor são a única solução para um uso "trouble free" de carros velhos no dia-a-dia.
Mas sem ilusões na maioria dos carros o custo de uma revisão completa e intervenções preventivas será muitas vezes superior ao valor do carro.
A escolha do carro certo para o tipo utilização também é primordial, por exemplo eu não podia utilizar um Fiat 500 nas minhas deslocações, mas ai a escolha é grande e não faltam carros interessantes para todos os preços e gostos.
Todos os carros tem os seus ponto fracos, mas alguns modelos serão mesmo só para uma volta de vez em quando e voltar a guardar ou devolver (mais uma vez) à oficina.
Evitar dar uso regular a carros com falhas graves no DNA, tipo NSU Ro80, Citroen SM ou Maserati Biturbo. Alguns carros com má reputação (justificadissima), como por exemplo o Triumph Stag, tem em Inglaterra quem os fiabilize, por cá será mais dificil.
Em termos de custos, no computo geral acho que a maioria das pessoas faz mal as contas, o valor de um carro novo, juros (na grande maioria dos casos), IUCs, desvalorização, manutenções regulares mais caras, pneus mais carros e um longo etc, tornam os carros recentes bem mais caros.
O que o meu vizinho gastou recentemente no turbo da C4 Picasso da última geração, pagava a pintura da C3 e com o troco ainda passava um fim de semana no Alentejo com a família.
Por vezes a minha cara metade fica espantada com os valores gastos por colegas de trabalho em reparações de carros recentes.
Quanto à fiabilidade já acho que o método do Pedro, que dentro das minhas possibilidades é idêntico ao meu e considero ser o correcto, não garante a 100% de fiabilidade, mas isto porque nenhum método é infalivél. À partida um carro conforme a origem bem mantido e utilizado dentro dos limites inerentes à sua concepção, terá a fiabilidade que tinha quando era novo.
O problema são os imponderáveis e tal como sabemos "qui los hai, hai"
Eu não tenho muitas razões de queixa mas todos carros um dia vão avariar. Nos últimos 20 anos, durante a enésima viagem Lisboa > Porto > Lisboa, fiquei uma vez com o Scirocco Cinza na berma da EN1 já perto de Coimbra, no entanto a luz do alternador tinha acendido já em Vila Franca de Xira. Foi um regulador interno do alternador que queimou e a peça custou 80.00eur.
Que me recorde chamei o reboque (ao contrário do Bava eu "guardo memória"...) em duas outras ocasiões, em 2004 por motivos rigorosamente idênticos no Audi Coupé e em 1997, no regresso de França, o motor da VW Type 2 Split de 1963 agarrou em Salamanca. Na altura tal "pão de forma" tinha 100.000km de uso nas minhas mãos com diversas viagem a França e muitos "Portugal de lés-a-lés".
Aqui há no entanto que referir que apesar dos progresso (e foram muitos) em termos de fiabilidade, os carros novos também avariam. A minha cara metade trabalha numa instituição onde existem uma grande percentagem de veículos de gama média alta e há uns dias disse-me que entre esses carros havia 5 BMWs recentes parados com avarias graves. Um deles, série 5 recentissimo já partiu o turbo 2 vezes.
Quanto a ter mais de um carro, justificasse e aconselho.
Permite fazer reparações e programar as intervenções preventivas no(s) outro(s) com calma e sem stresses.
Tive um só carro apenas entre 1998 e 2002, o Scirocco Azul (ao contrário do Bava eu continuo a "guardar memória"...) e sobrevivi, mas recordo-me que para ir a uma reunião a Esposende, fui de comboio até à Póvoa e a partir dai de autocarro até Esposende. Gastei praticamente o dia todo na logística.
Por outro lado ai está algo que um petrolhead adora, mais de um carro à escolha, hoje levo o Audi Coupé, para a semana logo vejo
Há outro factor muitissimo importante nesta opção e que vem nos manuais da tal "propaganda", embora raramente seja referido ou assumido.
Quando alguém compra novo ou semi-novo um BMW (ou Mercedes, Audi, etc..) de gama média alta , raramente assume que a valorização social associada à posse dessa viatura foi motivo determinante (senão o mais importante) na escolha, normalmente é porque é um carro "alemão, seguro, fiável, eficaz" e um longo etc. Ora um carro velho só pode ser conduzido por quem tenha estes aspectos bem resolvidos.
Para um teso com ares de snob, a C3 tem uma grande vantagem, nenhum tipo foleiro arrisca a ser visto num carro tão velho e sem qualquer valor na escala da valorização social, não vão pensar que ele é mesmo foleiro
Neste capítulo entram também as caras-metades, que normalmente tem muito mais influência do que aparentam. Ai eu tenho sorte e vou descrever a minha situação citando dois grandes poetas dos VWs ar; "mulheres inteligentes gostam de ver homens felizes" (e vice versa) do grande Jorge R. , e o lema cá de casa, da autoria do grande Miguel B., "não compro coisas que não preciso, com dinheiro que não tenho, para impressionar gente de quem não gosto".
nuno granja