Desculpem lá, mas não sou lá muito bom a matemática. Se fosse, estaria a trabalhar com o meu amigo francés Norbert , na Rolls Royce, a fazer motores para aviões.
Não percebo lá muito disso de desvalorizações , e inflacções , mas sei o que custava comprar um carro por volta do 25 de Abril. Bastante.
Podemos ,se calhar, comparar o esforço que uma família faz hoje para comprar um carro, e o esforço que fazia na altura. Por exemplo, quando andava na Priméria, em TODA a escola havia um pai que vinha buscar o filho com um Mini 850! Só uns anos mais tarde, é que o meu pai lá apareceu com o Datsun 120Y do patrão, e foi uma festa. Só uns anos mais tarde pele pode aceder a um Morris Marina 1.3 ( HG-40-46)que mesmo assim tinha umas peças partidas.
Quando entrei para a tropa, ja em 1990, entre 600 recrutas, apenas cerca de 10 tinham carro! Graças á minha pão de forma, conseguia arranjar dinheiro para "os copos" levando pessoal de e para a estação. Conseguia manter a minha Pão de forma, graças a trabalhar nas oficinas, e como sabem, o grosso da frota das forças armadas eram carochas.
Hoje, com o advento dos "cofidis" e dos "Credifácil" , qualquer cão e gato pode aceder a um automóvel novinho em folha, mesmo não tendo um tostão na carteira. Como o dinheiro é muito mais fácil de aceder, e é para pagar aos bochechos, as pessoas não se importam de pagar um balurdio por um carrito.
Outrora, tendo de recorrer a familiares para emprestar "cinquenta contitos", indo depois ao banco pedir umas "letras", os stands eram mais comedidos em pedir dinheiro. E havendo poucos carros e pouca transacção, era normal que os preços dos carros se mantivessem sem grande quebra.
Eis alguns "preços" de que me lembro, de um stand de usados próximo da minha casa. Era para lá que eu ia sonhar...Isto em 1976:
Jaguar Xj6......400 contos ( Um balúrdio!)
Opel GT ( Parecido com um Corvette).....250 contos ( Uma enormidade!)
Porsche 914 ( Com o pára brisas rachado) 120 contos ( Nunca na vida!)
Mais tarde, o dono de um pronto a vestir comprou um Datsun Sunny novinho em folha:350 contos. Com letras ao banco. Um fenómeno! E o dono da bomba de gasolina, em 1983, comprou um Renault 9 por 850 Contos....Obsceno!
Acredito que ao menos agora, nos tempos que correm , dispomos de mais escolha. Continua a ser obsceno dar dois mil e tal contos por uma grade de cervejas como o C1 e compahia limitada, quando por um quarto disso podemos montar-nos num clássico dos anos oitenta.
Nos anos setenta, não. Era isso, ou andar de AEC...