Faz tempo que não apareço por aqui, embora vá espreitando regularmente o portal
Desde o Ralye da Figueira 2014/2015 foram poucas as aventuras com o Sunbeam, mas não quer dizer que tenha estado esquecido, periodicamente foi dando umas pequenas voltinhas, foi ao encontro Simca-Rootes da Póvoa e sempre que os plásticos vão à oficina entra de serviço, nunca se nega.
Há uns tempos que andava a pensar fazer umas atualizações de segurança. Deixei-o no mecânico um ou dois dias antes da passagem de ano, fui busca-lo antes do Carnaval e em vez ir sambar para o Brasil, deixei 400 ouros na oficina que me foi recomendada como sendo do melhor mecânico das redondezas.
O caderno de encargos prioritário era claro:
- Ver o que se passava na direção, tinha um fole que saltava sistematicamente do lugar e estava mais pesada para a esquerda do que para a direita
- Duplicar o circuito de travagem
- Aplicar um farol de nevoeiro atrás
- Passar a ter a possibilidade de ligar os 4 piscas
Depois ainda havia a hipótese de aplicar a ignição eletrónica (ou uma americana que não me recordo do nome) e substituir o líquido de arrefecimento por um produto que impedisse a corrosão (também não me lembro do nome, claro…).
O Sunbeam ficou mais de um mês na oficina, mas é verdade que também disse que não tinha pressa.
Assim só voltou às minhas mãos no Sábado de Carnaval.
Logo que o fui buscar senti um diferença clara, o pedal do travão passou a ter um curso muito maior e passou a ser mais suave. Fiquei desconfiado.
Na semana de Carnaval livre do encargo de levar a herdeira do Sunbeam à escola (deve ser mesmo a única coisa de valor que lhe hei de deixar), passou a ser uma dayli driver (é assim que se escreve?).
A altura não podia ser a melhor, por um lado tinha o horário de trabalho mais por minha conta e por outro esteve um tempo que adoro para o conduzir, choveu a potes a semana toda… logo as melhores condições para o testar nos cerca de 20 quilómetros de curvas entre a casa e o trabalho.
Na segunda-feira surge o primeiro problema. Parei para dar ração aos cavalos e fui verificar o nível do radiador. O nível tinha já baixado substancialmente, olho um pouco melhor e rapidamente encontro uma fuga razoável.
Como estava próximo da oficina fui para lá directo. Capot para cima e facilmente resolvem o problema, substituir a braçadeira de um dos tubos e ajustar o aperto de outra.
Na realidade o circuito deixou de ter água, não lhe foi aplicada a ultima palavra americana que já vi por aqui no portal, mas passou a ter anti-congelante (rosa?) com um aditivo americano que me foi recomendado.
Vamos ver como funciona e se não há novidades. O circuito usava água e há uns tempos a esta parte começou a apresentar ferrugem. Só espero que o circuito se dê bem com o anticongelante e com aditivo. Já li por aqui que os circuitos antigos por vezes acabam por revelar as mazelas quando se troca de liquido e o próprio mecânico alertou para essa hipótese.
Resolvido o problema da fuga de líquido segui viagem.
A direção melhorou substancialmente, mais precisa e mais leve.
Os travões… os travões de facto passaram a ter um curso algo excessivo, mas efetivamente o equilíbrio de travagem passou a ser muito melhor. O mecânico recomendou que deixasse acamar e depois vai tentar reduzir o curso para que comecem a travar mais em cima se entretanto não me habituar.
A direção levou uma peça que não me lembro do nome, penso que é o braço, aquela coisa que liga a roda à direção. A que lá andava estava desgastada e, não sei bem como, conseguiram arranjar uma peça nova. Aliás ainda perguntei onde tinham conseguido aquela peça específica mas apenas me disseram que era um fornecedor a quem recorriam para peças de automóveis antigos (um achado).
A duplicação do circuito de travagem fez-se com a bomba de um Nissan. Aliás fiquei preocupado sobre como é que iam afinar a repartição da travagem e explicaram-me que a bomba primeiro atua sobre os travões da frente e depois é que atua atrás, pelo que a distribuição da travagem entre o eixo da frente e o de trás é automática, se bem percebi.
Por via das dúvidas e da originalidade guardei a bomba de origem que em todo caso deixava passar óleo para o servo freio, pelo que me disseram.
As curvas e a chuva entre no percurso casa trabalho serviram às mil maravilhas para testar as diferenças.
Efetivamente mesmo travando forte em piso molhado a travagem é bastante equilibrada, o carro mantém a direção mesmo travando a fundo.
A direção, além de ficar mais suave e leve, pareceu-me que permite uma melhor estabilidade em curva, ficou mais precisa, o que é uma grande vantagem no Sunbeam que é danado para soltar a traseira mas também com tendência a seguir em frente se apertar muito com a direção.
A fazer mecos na perícia do fim-d ’ano do rally da Figueira consegui fazer um tempo vergonhoso, muita rotação no motor e pouca progressão na direção certa, mas também é verdade que tinha o pneu da frente direito com pressão abaixo do normal e depois de ver as fotos conclui que este pneu dobrava tanto e ficou tão arranhado de lado que foi uma sorte não ter saltado da jante.
Faltava testar a eficácia do farol de nevoeiro e dos 4 piscas e…
Os 4 piscas funcionavam na perfeição, mas curiosamente o pisca para a direita apesar de funcionar passou a bloquear ao fim de algum tempo com a luz acesa sem piscar, o que nunca tinha acontecido antes.
Para o farol de nevoeiro foi encontrada uma solução ótima, ao contrário do que estava à espera não levou o acrescento de um farolim novo que sempre seria um enxerto não original, usaram um dos faróis de marcha atrás para meter um lede vermelho, fixe mas…
No último dia da semana de carnaval regressei do trabalho, de noite como sempre. Chovia um pouco, em algumas curvas dava para deslizar um pouco, mas controlado.
Gostei tanto da viagem que comecei a pensar partilhar a experiência aqui, onde há tanto tempo não conto nada.
Já perto de casa, parei só para tirar umas fotos para os meus amigos portalistas com o farol de nevoeiro e os 4 piscas a funcionar.
Vejam lá que me apliquei tanto para partilhar fotos convosco que até saí do carro à chuva para tirar as fotos com o telemóvel.
Só que quando volto a entrar no carro dou conta que algo se estava a passar.
Sou um zero em mecânica mas conheço todos os tiques, barulhinhos e cheiros daquele carro e cheirava-me a queimado.
Desliguei de imediato os piscas e o farol de nevoeiro, mas pensei o pior, estragos no sistema elétrico, ou pior, risco de curto-circuito com consequências imprevisíveis.
Como estava perto de casa arrisquei e arranquei, entretanto as luzes falharam para voltar depois a funcionar e dou conta que o interruptor das luzes estava morno, ainda fiquei mais preocupado.
Cheguei a casa e depois de desligar o carro continuei apreensivo ao ponto de estar ir espreita-lo à janela constantemente com medo que algo de catastrófico acontecesse, um sobressalto.
Com o passar das horas lá fui aplacando a ansiedade e no Sábado de manhã, sem tocar nas luzes levo-o direto à oficina.
Expliquei todos os sintomas e receios que senti, perguntei ao dono da oficina se confiava no eletricista e supliquei para que não me pusessem o carro em risco. Se necessário pedi para desligarem tudo e deixaram a instalação como a original.
A meio da semana seguinte fui saber novas. Os fios do interruptor do farol nevoeiro tinham sinais de terem aquecido, derretido (fonix…).
Explicação, a luz do interruptor era de 12 volts e provocou carga no circuito. Substituíram por uma lâmpada de 6 volts e ligaram a luz de nevoeiro à corrente dos mínimos em vez da corrente dos médios/máximos.
Bom agora… quero acreditar que está tudo bem, mas ainda não fiz o teste da experiência. Primeiro quero arranjar um extintor adequado não vá o diabo tecê-las e o melhor era aplicar um corte de corrente eficaz.
Não percebo nada de mecânica e ainda menos da parte elétrica, mas sei por experiência que é uma área muito sensível dos carros, mesmo dos novos.
Ainda recentemente tive um curto-circuito num dos plásticos, em pleno andamento o interruptor do limpa para-brisas queimou com fumo e tudo. Um susto.
Sei também por experiência que nem todos os eletricistas são confiáveis, muitos descuram os pormenores e depois dá barraca.
Há muitos anos na antiga oficina da Chrysler, em Fernão Magalhães no Porto, um mecânico provocou um curto-circuito no Sunbeam e eu que estava por ali fui mais rápido a desligar a chave do que o mecânico a desligar a corrente.
O meu irmão teve um curto-circuito no antigo R5 porque o mecânico ligou mal um farol da frente que foi substituído depois de uma toque. Foi também uma sorte, só queimou a instalação junto ao farol, o fusível deve ter salvado o resto.
O trabalho de eletricista é trabalho para gente paciente, cuidadosa, perfeccionista e alguns deviam ter outra especialidade.
E prontos, o Sunbeam tem estado na garagem a secar com as portas e a mala aberta porque com a idade deixa entrar um pouco de água e a verdade é que se fartou de apanhar chuva à séria.
Deixo-vos as fotos e já agora uma pergunta, o que faziam na minha situação? Acham que posso estar descansado?
Abraços, até breve, espero