Independentemente das razões que possam assistir aos grevistas, esta situação assume uma outra dimensão, em grande parte devido ao comportamento do nosso povo e à ineficiente actuação de quem nos deveria governar.
Com efeito, hoje e nos dias que se seguirão, vamos assistir a uma corrida desenfreada aos postos de combustíveis, cujo objectivo será açambarcar a maior quantidade possível.
Quantos reformados, alguns que nem sequer fazem 500 Kms por mês, foram hoje abastecer as suas viaturas?.
Quantos abasteceram as suas viaturas mesmo sem necessidade?.
Quantos bidons, jerricans e garrafões foram hoje utilizados para a operação de açambarcamento?.
Quantas escaramuças e desentendimentos se registaram hoje nos postos de abastecimento?.
Situações idênticas, tenho memória de duas. Uma no final da década de 70, em que me recordo de relatos da altura, de quem até tenha utilizado a banheira de casa para armazenar combustível. Outra em 2008, quando os camionistas protestavam contra os aumentos do preço dos combustíveis.
Mais recentemente, em 2016, vivi uma situação idêntica, quando tive de me deslocar a França para o encontro anual do clube que pertenço. Só que, os governantes franceses, decretaram o racionamento deste bem, só sendo permitido o abastecimento máximo de 30 litros. Adicionalmente, era expressamente proibido utilizar qualquer recipiente para transportar combustível. Quem não respeitasse esta regra era punido com multas altíssimas.
Com estas medidas, não tive qualquer problema em abastecer a minha viatura em França, nem tão pouco assisti a grandes filas para o abastecimento. De igual modo, os outros participantes no encontro provenientes dos grandes centros urbanos, não sentiram dificuldades em abastecer as suas viaturas para participar no mesmo.
Também rumarei a Sul para passar esta Páscoa. Vou utilizar uma viatura que tendo um depósito de 80 litros, ainda à pouco fui verificar e está a meio. Contas feitas, 40 litros para um consumo médio de 8/100 não dá para fazer Lisboa - Algarve - Lisboa.
Se fosse a pastar, faria facilmente 6 - 6,5, o que me permitiria o regresso, só que falta-me a paciência para isso. Uma coisa é passear, outra coisa é viajar do ponto A para o ponto B. Depois ficaria inibido de fazer quaisquer deslocações adicionais.
Neste contexto, e se não conseguir abastecer a viatura, só me resta a alternativa de ir visitar uma "gasolinera" de "nuestros hermanos", para conseguir regressar a Lisboa no Domingo.
E tudo isto poderia ser minimizado se tivéssemos governantes que soubessem o que quer dizer governar.