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Antes Francisco Lemos Ferreira
Emílio Marta já consta do tópico dos Pilotos Lendários, no entanto um trabalho excepcional do Ricardo Duarte ( Kadypress ) leva-nos a recuar no tempo e a reviver de forma entusiasmante o seu percurso que não podia deixar de Partilhar
Mais uma vez obrigado Ricardo.
Um abraço
Francisco
Citando Ricardo Duarte in "Mazungue"
Emílio Marta
Data de Nascimento: 01-01-1933
O Marta, homem pouco consensual, ainda hoje consegue arrancar críticas e aplausos nos angolanos (36 anos depois ) o que demonstra bem o quanto ele era conhecido e capaz de ser amado e odiado.
Uma coisa vos digo amigos,fizeram-se cento e poucos Ford GT, assumindo que em cada um deles foi pilotado por 10 pessoas , foram +- 1.000 tipos que tiveram o privilégio de ouvir , sentir e dominar aquele bólide V8 ...o Marta foi um desses privilegiados e o universo é composto por 6,6 mil milhões de pessoas...vejam quão pequena é a % de tipos que se guiaram o Ford GT .
Emílio Marta , o piloto
Homem de negócios bem sucedido em Benguela, variava os seus investimentos como qualquer investidor inteligente. Mesmo em Portugal, onde tive a feliz oportunidade de privar com este empresário, continuou os seus negócios com sucesso sob o nome comercial Auto Mombaka e Volante Livre.
Apaixonado, diria "vidrado", por automóveis iniciou-se muito cedo nas corridas de automóveis tendo tido participações bastante interessantes com um Lotus Cortina Racing. Esta paixão viria a despoletar a criação de um "team" de competição próprio - O Team Irmãos Unidos - com uma estrutura directiva dividida assim : Emílio Marta assumiu as funções de Director Administrativo, Herculano Areias o de Director Técnico, Cardoso Albernaz era o Relações Publicas, e Carlos Faria o Director de Boxes.
Os pilotos do team eram os 3 primeiros aqui citados e também Armando Figueiredo a que se juntariam ainda mais alguns pilotos, sobretudo benguelenses.
Este Team estava servido com alguns dos melhores carros de corrida que Angola conheceu, tais como , Ferrari Dino 246, Lotus 47, Lotus 26R, Marta-Real 2 litros, Lotus Europa Racing, Porsche 911 S (um de 2 litros e outro de 2,2 litros), Lotus 23B e o mítico Ford GT40. Na época foram entabuladas negociações pelo "team" para o reforço deste parque com a aquisição de um Matra 670 e de um Lola T280.
Dono de uma condução rápida mas sobretudo regular , Emílio Marta era contudo uma personagem capaz do melhor e do pior. Esteve no centro de muitas polémicas vividas no seio do automobilismo angolano, quer em pista, quer fora dela, mas está indelevelmente ligado ao imaginário dos angolanos pela suas brilhantes prestações como piloto, sobretudo com o GT40, e também pelo seu contributo pessoal na construção do Autódromo de Benguela.
Ford GT40, a sua máquina mais conhecida
O Ford GT40 (chassis # P1080) foi o carro que marcou a carreira de Emílio Marta e, salvo opinião mais abalizada, este foi um dos dois únicos Ford GT40 adquiridos por portugueses (da época). O outro foi o do malogrado piloto metropolitano Luís Fernandes (chassis # P1022) e que também correra com os metropolitanos Carlos Gaspar e Carlos Santos. O GT40 de Marta foi adquirido ao também piloto angolano Ferreira Pires. Pires (i.e. a cidade de Carmona) adquiriu o GT40 directamente à fábrica Ford. Este carro foi das últimas unidades GT40 (das 102 fabricadas) a sair da fábrica da Ford. O último GT40 fabricado ostentará o numero de chassis # P1084, embora existam publicações que referem o último chassis como o # P1086.
Detinha um chassis tubular , solidário com a carroçaria, sendo esta em polyester. O peso total do conjunto era de 1.190 kgs. Tinha montado um motor Ford V8 de 4.900 cc, equipado com cabeças de alumínio Gurney-Weslake e era alimentado por 4 carburadores duplos Holey. O carro debitava 450 cv que progrediam através de uma caixa ZF escalonada em 5 marchas e ajudada por uma embraiagem Borg & Beck.. Seguravam este conjunto pneus 9.0/24.0-15 à frente e 12.5/26.0-15 atrás.
Seguem-se imagens e textos da Revista Motor
Nas 2H de Luanda'73...que eram para ser 3 horas...Marta faz 4º lugar perdendo só para as intransponíveis barchettas Ford de 2 Litros de Heavens (1º), de Uriarte (2º) e Harrower (3º). (Foto e comentário da revista Motor.)
Nas 6H de Nova Lisboa'73, Emílio Marta, acompanhado de Cardoso Albernaz, faz 4º no GT40 com as cores da Gulf , atrás dos Chevorn B21/Ford de Fletcher/Tuchett (1º) e de Harrower/Bell(2º) e do Lola T212 de Mabílio/Pego(3º). (Foto da revista Motor.)
Publicado em 01/1974 - Marta Campeão de Angola'73 (Revista Motor)
Só para complementar o que atrás disse sobre o Matra 670 e o LolaT280 que Marta/Team Irmãos Unidos estaria a negociar junto aqui a prova ( que alguém chamou "alucinação") da prestigiada Revista Equipa.
No Circuito de Carmona'72, numa prova organizada pelo Motorige (Motor + Uíge) Emílio Marta esteve inacessível como relata o jornalista da revista Equipa, ganhando a corrida dos Gr2/5 mas também lutava com uma "arma superior". António Peixinho (GTAm) e Mabílio de Albuquerque classificar-se-iam nas posições seguintes.
No VIII Circuito e Novo Redondo'72, Emílio Marta não conseguiria melhor que o 2º lugar atrás de Peixinho (Lola T212) e à frente de Henrique Cardão (3º) (Alfa Romeo GTA).
Nos Circuitos TakiTalá de Nova Lisboa´73, Marta não teve a oposição do Lola T212, desta vez pilotado por Mabílio de Albuquerque, porque este carro não passou dos treinos. Contudo Marta teve de suar para ganhar e levar de vencido Waldemar Teixeira o qual faria o 2ºlugar e a VMR em Lotus 62 (Ex-Nené Neves, com motor LV220 base Vauxhall Victor preparado pela Novamotor ).
Mais uma vez obrigado Ricardo.
Um abraço
Francisco
Citando Ricardo Duarte in "Mazungue"
Emílio Marta
Data de Nascimento: 01-01-1933
O Marta, homem pouco consensual, ainda hoje consegue arrancar críticas e aplausos nos angolanos (36 anos depois ) o que demonstra bem o quanto ele era conhecido e capaz de ser amado e odiado.
Uma coisa vos digo amigos,fizeram-se cento e poucos Ford GT, assumindo que em cada um deles foi pilotado por 10 pessoas , foram +- 1.000 tipos que tiveram o privilégio de ouvir , sentir e dominar aquele bólide V8 ...o Marta foi um desses privilegiados e o universo é composto por 6,6 mil milhões de pessoas...vejam quão pequena é a % de tipos que se guiaram o Ford GT .
Emílio Marta , o piloto
Homem de negócios bem sucedido em Benguela, variava os seus investimentos como qualquer investidor inteligente. Mesmo em Portugal, onde tive a feliz oportunidade de privar com este empresário, continuou os seus negócios com sucesso sob o nome comercial Auto Mombaka e Volante Livre.
Apaixonado, diria "vidrado", por automóveis iniciou-se muito cedo nas corridas de automóveis tendo tido participações bastante interessantes com um Lotus Cortina Racing. Esta paixão viria a despoletar a criação de um "team" de competição próprio - O Team Irmãos Unidos - com uma estrutura directiva dividida assim : Emílio Marta assumiu as funções de Director Administrativo, Herculano Areias o de Director Técnico, Cardoso Albernaz era o Relações Publicas, e Carlos Faria o Director de Boxes.
Os pilotos do team eram os 3 primeiros aqui citados e também Armando Figueiredo a que se juntariam ainda mais alguns pilotos, sobretudo benguelenses.
Este Team estava servido com alguns dos melhores carros de corrida que Angola conheceu, tais como , Ferrari Dino 246, Lotus 47, Lotus 26R, Marta-Real 2 litros, Lotus Europa Racing, Porsche 911 S (um de 2 litros e outro de 2,2 litros), Lotus 23B e o mítico Ford GT40. Na época foram entabuladas negociações pelo "team" para o reforço deste parque com a aquisição de um Matra 670 e de um Lola T280.
Dono de uma condução rápida mas sobretudo regular , Emílio Marta era contudo uma personagem capaz do melhor e do pior. Esteve no centro de muitas polémicas vividas no seio do automobilismo angolano, quer em pista, quer fora dela, mas está indelevelmente ligado ao imaginário dos angolanos pela suas brilhantes prestações como piloto, sobretudo com o GT40, e também pelo seu contributo pessoal na construção do Autódromo de Benguela.
Ford GT40, a sua máquina mais conhecida
O Ford GT40 (chassis # P1080) foi o carro que marcou a carreira de Emílio Marta e, salvo opinião mais abalizada, este foi um dos dois únicos Ford GT40 adquiridos por portugueses (da época). O outro foi o do malogrado piloto metropolitano Luís Fernandes (chassis # P1022) e que também correra com os metropolitanos Carlos Gaspar e Carlos Santos. O GT40 de Marta foi adquirido ao também piloto angolano Ferreira Pires. Pires (i.e. a cidade de Carmona) adquiriu o GT40 directamente à fábrica Ford. Este carro foi das últimas unidades GT40 (das 102 fabricadas) a sair da fábrica da Ford. O último GT40 fabricado ostentará o numero de chassis # P1084, embora existam publicações que referem o último chassis como o # P1086.
Detinha um chassis tubular , solidário com a carroçaria, sendo esta em polyester. O peso total do conjunto era de 1.190 kgs. Tinha montado um motor Ford V8 de 4.900 cc, equipado com cabeças de alumínio Gurney-Weslake e era alimentado por 4 carburadores duplos Holey. O carro debitava 450 cv que progrediam através de uma caixa ZF escalonada em 5 marchas e ajudada por uma embraiagem Borg & Beck.. Seguravam este conjunto pneus 9.0/24.0-15 à frente e 12.5/26.0-15 atrás.
Seguem-se imagens e textos da Revista Motor
Nas 2H de Luanda'73...que eram para ser 3 horas...Marta faz 4º lugar perdendo só para as intransponíveis barchettas Ford de 2 Litros de Heavens (1º), de Uriarte (2º) e Harrower (3º). (Foto e comentário da revista Motor.)
Nas 6H de Nova Lisboa'73, Emílio Marta, acompanhado de Cardoso Albernaz, faz 4º no GT40 com as cores da Gulf , atrás dos Chevorn B21/Ford de Fletcher/Tuchett (1º) e de Harrower/Bell(2º) e do Lola T212 de Mabílio/Pego(3º). (Foto da revista Motor.)
Publicado em 01/1974 - Marta Campeão de Angola'73 (Revista Motor)
Só para complementar o que atrás disse sobre o Matra 670 e o LolaT280 que Marta/Team Irmãos Unidos estaria a negociar junto aqui a prova ( que alguém chamou "alucinação") da prestigiada Revista Equipa.
No Circuito de Carmona'72, numa prova organizada pelo Motorige (Motor + Uíge) Emílio Marta esteve inacessível como relata o jornalista da revista Equipa, ganhando a corrida dos Gr2/5 mas também lutava com uma "arma superior". António Peixinho (GTAm) e Mabílio de Albuquerque classificar-se-iam nas posições seguintes.
No VIII Circuito e Novo Redondo'72, Emílio Marta não conseguiria melhor que o 2º lugar atrás de Peixinho (Lola T212) e à frente de Henrique Cardão (3º) (Alfa Romeo GTA).
Nos Circuitos TakiTalá de Nova Lisboa´73, Marta não teve a oposição do Lola T212, desta vez pilotado por Mabílio de Albuquerque, porque este carro não passou dos treinos. Contudo Marta teve de suar para ganhar e levar de vencido Waldemar Teixeira o qual faria o 2ºlugar e a VMR em Lotus 62 (Ex-Nené Neves, com motor LV220 base Vauxhall Victor preparado pela Novamotor ).