Clássicos Do Ultramar

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CIRCUITO O´MBAKA - ANIVERSÁRIO DA CIDADE DE BENGUELA 1996
Cortesia do Tuku Tuku

 

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Nani Puentes da Silva. R.I.P.
via Tuku Tuku

 

[Bruno Vila Flor]

Ontem lembrei-me de umas fotos do meu avô de quando estava em Moçambique, em algumas delas da para ver as maquinas que por lá rodavam naquele tempo.








Este era conhecido como o Camião Fantasma, talvez pelo seu tamanho....

 

[Jorge Viegas]

Obrigado pela partilha

 

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[Francisco Robalo]

Boa tarde amigos.
Sou natural de Cabinda sai daqui quando da independência e regressei novamente a cinco anos e por cá estou a viver.
Gostaria de saber se alguém por aqui tem fotos do circuito citadino que se fazia naquele tempo ao qual os carros faziam parque fechado na oficina do meu pai na altura a que tinha melhores condições que era a firma Macedo&Robalo.
Lembro-me de correr cá o Nicha Cabral, o António Peixinho e outros nomes que não me recordo agora.
Quem sabe algum amigo tenha por ai fotos dessa época ao qual ia adorar rever.

 

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[Nuno Ferraz]

Com a devida vénia ao blog Rodas de Viriato, que encontrou a foto num álbum pessoal de fotografias, aqui fica o autódromo de Luanda com uma grelha de partida de carros de turismo de fazer inveja.
Tudo do melhor que se produzia estava presente, muitas vezes em versão de fábrica ou de preparadores com renome a nível mundial.
A informação sobre que tipo de maquinaria que alinhava nestas grelhas de partida está bem patente neste tópico.

Tentem imaginar apenas qual destes carros não gostariam de ter na garagem, e aproveitem ainda para dar uma vista de olhos ao parque dos visitantes.

 

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Autódromo de Luanda

 

[Helder Manuel Oliveira]

Vou partilhar a história de um Datsun 1200 que veio de Angola de traineira.

O DATSUN QUE VEIO DE TRAINEIRA

Decorria o ano de 1976, em Angola. Depois da independência, em Janeiro a guerra civil intensifica-se no Sul.
Em Moçâmedes e Porto Alexandre (actual Tombwa) dois dos "movimentos de libertação" (UNITA e FNLA) travam intensos combates dentro das cidades.
A população civil teme o pior. Apesar de quererem continuar em Angola, (na sua maioria naturais de segunda geração) a falta de condições de segurança, de produtos de primeira necessidade e de cuidados de saúde, começam a equacionar a fuga para sul, para a Namíbia.
Nesta altura a ponte aérea de Luanda para Lisboa já tinha terminado e a ligação de Moçâmedes a Luanda também estava inviabilizada, devido à guerra civil que se instalou em todo o território.

Eu, na altura com 15 anos, já conduzia o Datsun 1200 (AAD-05-56) azul escuro da família. Antes dos acontecimentos e em zonas sem trânsito já fazia uns "piões" nas estradas com areia das "garroas" do Deserto do Namibe...
Em Porto Alexandre, terra de pescadores, de fábricas de farinha e óleo de peixe, as traineiras eram a última alternativa para a fuga para sul. O que veio a acontecer a 10 de Janeiro.

Chegou a hora. Vem aí mais guerra. A notícia espalha-se pela vila. Dezenas de traineiras de Porto Alexandre com os depósitos de gasóleo atestados, preparam-se para qualquer eventualidade...
Centenas de pessoas arrumam os seus pretences, em malas, em sacos e em caixotes e dirigem-se para os vários cais de madeira das fábricas espalhadas pela baía onde estão acostadas as traineiras a postos para navegar.

Eu fiquei incumbido pelo meu pai (Manuel Serra de Oliveira – Manecas) de levar as coisas mais importantes de casa, em caixas de cartão e a roupa em sacos de serrapilheira (era o que havia à mão) para a Dea II, uma traineira de 25 metros, da empresa Venâncio, Guimarães e Sobrinho, onde o meu pai era encarregado geral e técnico mecânico, na altura responsável pela gerência e ocupado com a preparação e coordenação dos meios para a fuga nos barcos Dea II, Vega e Lubango. Todos da mesma empresa.

O Datsun 1200 foi o veículo utilizado nestas várias viagens ao cais, carregando os pretences da família. Por último e ao fim do dia, com a traineira já preparada para zarpar, coloquei duas tábuas entre o cais e a Dea II e, com o cuidado possível, devido ao nervosismo, coloquei o Datsun dentro do barco.

Cerca de sessenta traineiras de Porto Alexandre e o navio mercante Silver Sky que no porto de Moçâmedes acolheu mil e duzentas pessoas rumaram juntos ao porto mais próximo, logo depois da fronteira do Cunene, até Walvis Bay, na Namíbia.

Dois dias de viagem, com famílias inteiras acomodadas dentro do possível nos barcos, incluindo crianças de tenra idade.

À chegada a Walvis Bay fomos apoiados pela Cruz Vermelha Internacional e pelas autoridades da Namíbia que proporcionaram a deslocação de todos aqueles que pretendiam viajar para Portugal a partir do Campo de Refugiados de Windoek, capital do estado, numa "ponte aérea" organizada por Portugal para o efeito.

Eu fiquei com o meu pai na traineira Dea II com uma tripulação de mais três homens.
Entretanto tendo em vista a criação de uma empresa de pesca no Brasil, sete das traineiras partem para o Rio de Janeiro, incluido a Dea II, numa viagem de três mêses.

O Datsun 1200 continuava lá, tapado com um encerado cincento, encostado à amura do barco, agora com o convés completamente preenchido com bidons de 200 litros de gasóleo para a viagem.

Chegados ao Brasil, a situação não foi fácil.
As autoridades brasileiras não autorizaram a constituição de uma empresa de pesca e passados três meses estavamos a preparar a viagem para Portugal. Uma viagem que se revelou muito atribulada.
Em Novembro a costa ocidental estava a ser fustigada por mau tempo e nós em pleno mar alto...

Conseguimos enviar mensagens de socorro e fomos finalmente localizados e ajudados pela Marinha Portuguesa perto do Cabo Espichel. Entrámos no porto de Sesimbra sãos e salvos.
O Datsun com o temporal sofreu bastante, pois os bidões de gasóleo a embater lateralmente com a ondulação, provocaram muitas mossas na lateral do carro.

Mais tarde, e já em Vila Real de Santo António o meu pai mandou pintar o Datsun e vendeu-o, tendo-lhe perdido o rasto.

Entretanto, como filho de peixe sabe nadar, tenho mantido a paixão pelos carros clássicos e antigos. Construí a “Oliveira's Garage” para acomodar e restaurar os meus 10 clássicos "populares" dos anos 60 e 70 e sou coordenador na organização de encontros de clássicos em Vila Real de Santo António, através do grupo "Clássicos na Praça”, com página no Facebbok.

 

[António M. Vieira e Sousa]

Vou partilhar a história de um Datsun 1200 que veio de Angola de traineira.

O DATSUN QUE VEIO DE TRAINEIRA

Decorria o ano de 1976, em Angola. Depois da independência, em Janeiro a guerra civil intensifica-se no Sul.
Em Moçâmedes e Porto Alexandre (actual Tombwa) dois dos "movimentos de libertação" (UNITA e FNLA) travam intensos combates dentro das cidades.
A população civil teme o pior. Apesar de quererem continuar em Angola, (na sua maioria naturais de segunda geração) a falta de condições de segurança, de produtos de primeira necessidade e de cuidados de saúde, começam a equacionar a fuga para sul, para a Namíbia.
Nesta altura a ponte aérea de Luanda para Lisboa já tinha terminado e a ligação de Moçâmedes a Luanda também estava inviabilizada, devido à guerra civil que se instalou em todo o território.

Eu, na altura com 15 anos, já conduzia o Datsun 1200 (AAD-05-56) azul escuro da família. Antes dos acontecimentos e em zonas sem trânsito já fazia uns "piões" nas estradas com areia das "garroas" do Deserto do Namibe...
Em Porto Alexandre, terra de pescadores, de fábricas de farinha e óleo de peixe, as traineiras eram a última alternativa para a fuga para sul. O que veio a acontecer a 10 de Janeiro.

Chegou a hora. Vem aí mais guerra. A notícia espalha-se pela vila. Dezenas de traineiras de Porto Alexandre com os depósitos de gasóleo atestados, preparam-se para qualquer eventualidade...
Centenas de pessoas arrumam os seus pretences, em malas, em sacos e em caixotes e dirigem-se para os vários cais de madeira das fábricas espalhadas pela baía onde estão acostadas as traineiras a postos para navegar.

Eu fiquei incumbido pelo meu pai (Manuel Serra de Oliveira – Manecas) de levar as coisas mais importantes de casa, em caixas de cartão e a roupa em sacos de serrapilheira (era o que havia à mão) para a Dea II, uma traineira de 25 metros, da empresa Venâncio, Guimarães e Sobrinho, onde o meu pai era encarregado geral e técnico mecânico, na altura responsável pela gerência e ocupado com a preparação e coordenação dos meios para a fuga nos barcos Dea II, Vega e Lubango. Todos da mesma empresa.

O Datsun 1200 foi o veículo utilizado nestas várias viagens ao cais, carregando os pretences da família. Por último e ao fim do dia, com a traineira já preparada para zarpar, coloquei duas tábuas entre o cais e a Dea II e, com o cuidado possível, devido ao nervosismo, coloquei o Datsun dentro do barco.

Cerca de sessenta traineiras de Porto Alexandre e o navio mercante Silver Sky que no porto de Moçâmedes acolheu mil e duzentas pessoas rumaram juntos ao porto mais próximo, logo depois da fronteira do Cunene, até Walvis Bay, na Namíbia.

Dois dias de viagem, com famílias inteiras acomodadas dentro do possível nos barcos, incluindo crianças de tenra idade.

À chegada a Walvis Bay fomos apoiados pela Cruz Vermelha Internacional e pelas autoridades da Namíbia que proporcionaram a deslocação de todos aqueles que pretendiam viajar para Portugal a partir do Campo de Refugiados de Windoek, capital do estado, numa "ponte aérea" organizada por Portugal para o efeito.

Eu fiquei com o meu pai na traineira Dea II com uma tripulação de mais três homens.
Entretanto tendo em vista a criação de uma empresa de pesca no Brasil, sete das traineiras partem para o Rio de Janeiro, incluido a Dea II, numa viagem de três mêses.

O Datsun 1200 continuava lá, tapado com um encerado cincento, encostado à amura do barco, agora com o convés completamente preenchido com bidons de 200 litros de gasóleo para a viagem.

Chegados ao Brasil, a situação não foi fácil.
As autoridades brasileiras não autorizaram a constituição de uma empresa de pesca e passados três meses estavamos a preparar a viagem para Portugal. Uma viagem que se revelou muito atribulada.
Em Novembro a costa ocidental estava a ser fustigada por mau tempo e nós em pleno mar alto...

Conseguimos enviar mensagens de socorro e fomos finalmente localizados e ajudados pela Marinha Portuguesa perto do Cabo Espichel. Entrámos no porto de Sesimbra sãos e salvos.
O Datsun com o temporal sofreu bastante, pois os bidões de gasóleo a embater lateralmente com a ondulação, provocaram muitas mossas na lateral do carro.

Mais tarde, e já em Vila Real de Santo António o meu pai mandou pintar o Datsun e vendeu-o, tendo-lhe perdido o rasto.

Entretanto, como filho de peixe sabe nadar, tenho mantido a paixão pelos carros clássicos e antigos. Construí a “Oliveira's Garage” para acomodar e restaurar os meus 10 clássicos "populares" dos anos 60 e 70 e sou coordenador na organização de encontros de clássicos em Vila Real de Santo António, através do grupo "Clássicos na Praça”, com página no Facebbok.

Adorei a partilha dessa enorme e perigosa aventura, felizmente tudo correu bem, obrigado! Lamento muitíssimo a chamada "exemplar descolonização", sinto por ela vergonha alheia.

 

[JorgeMonteiro]

Que pena o Datsun não ter ficado aí em casa.