Autocarro Daimler 2 andares destruído

DiogoAlmeida

Clássico
A preservação de comerciais ainda tem muito para andar em Portugal.

Nos últimos anos viu-se o aumento de interesse, principalmente para efeitos comerciais e turisticos, o que nem sempre tem os melhores resultados. Antes da pandemia no Porto com a moda do street food apareceram umas carrinhas comerciais dos anos 70 e 80, com restauros e modernizações feitas à pressa.

Algumas passados poucos meses já tinham a ferrugem de novo à vista :(

Quando estamos a falar de pesados, o caso piora um pouco, pois é impossível para particulares e a maior parte das empresas ignora, pois não trás lucro. Os fabricantes, como o Salvador Caetano e a Camo, também não fazem muita questão em preservar e mostrar os seus produtos do passado.

As empresas públicas ainda vão tentando fazer algo, mas é muito pouco no panorama geral. A Carris preserva e mostra os autocarros que fizeram parte da sua frota, mas raramente os coloca a circular. Os STCP tiveram uma visão interessante no passado, com a preservação e restauro de uma unidade de cada série de autocarros e troleicarros, mas entretanto parecem ter desistido disso, e não se tem preservado nada dos abates recentes. Do que existe nada está acessível ao público (só os eléctricos).

O maior progresso que tem sido feito atualmente é feito por grupos de particulares. O interesse do público em geral pelo que é antigo e faz parte da história de uma cidade parece estar a aumentar, o que é positivo.

Tenho acompanhado o trabalho do CVC (Clube Viação Clássica), e estão a conseguir fazer coisas interessantes, mas é um caminho longo. Fazem com alguma frequência passeios para dar a experiência de andar num autocarro antigo.

Se alguém quiser conhecer: Clube Viação Clássica
 
A preservação de comerciais ainda tem muito para andar em Portugal.

Nos últimos anos viu-se o aumento de interesse, principalmente para efeitos comerciais e turisticos, o que nem sempre tem os melhores resultados. Antes da pandemia no Porto com a moda do street food apareceram umas carrinhas comerciais dos anos 70 e 80, com restauros e modernizações feitas à pressa.

Algumas passados poucos meses já tinham a ferrugem de novo à vista :(

Quando estamos a falar de pesados, o caso piora um pouco, pois é impossível para particulares e a maior parte das empresas ignora, pois não trás lucro. Os fabricantes, como o Salvador Caetano e a Camo, também não fazem muita questão em preservar e mostrar os seus produtos do passado.

As empresas públicas ainda vão tentando fazer algo, mas é muito pouco no panorama geral. A Carris preserva e mostra os autocarros que fizeram parte da sua frota, mas raramente os coloca a circular. Os STCP tiveram uma visão interessante no passado, com a preservação e restauro de uma unidade de cada série de autocarros e troleicarros, mas entretanto parecem ter desistido disso, e não se tem preservado nada dos abates recentes. Do que existe nada está acessível ao público (só os eléctricos).

O maior progresso que tem sido feito atualmente é feito por grupos de particulares. O interesse do público em geral pelo que é antigo e faz parte da história de uma cidade parece estar a aumentar, o que é positivo.

Tenho acompanhado o trabalho do CVC (Clube Viação Clássica), e estão a conseguir fazer coisas interessantes, mas é um caminho longo. Fazem com alguma frequência passeios para dar a experiência de andar num autocarro antigo.

Se alguém quiser conhecer: Clube Viação Clássica
Não estou a ver como não traria lucro, pois se se fizesse como por exemplo na Alemanha ou na Austrália, que de vez em quando metem os autocarros clássicos a fazer carreiras, iria atrair turistas, o que significaria bilhetes vendidos, logo dinheiro para os cofres. Por isso, eu diria que se trata de pura e simplesmente do desdém pelo que é antigo.
Depois é como disseste e bem, nem os próprios fabricantes fazem questão de preservar as suas respectivas histórias. A propósito da Salvador Caetano, a Boa Viagem chegou a ter na frota (já depois de ter passado por outras empresas) o protótipo da carroçaria Delta II, que foi uma carroçaria que por razões que desconheço foi pouco produzida. O chassis escolhido para este protótipo foi o Mercedes OH1634L. E onde está esse protótipo desde 2013? Pois, é isso mesmo...
 

DiogoAlmeida

Clássico
Não estou a ver como não traria lucro, pois se se fizesse como por exemplo na Alemanha ou na Austrália, que de vez em quando metem os autocarros clássicos a fazer carreiras, iria atrair turistas, o que significaria bilhetes vendidos, logo dinheiro para os cofres. ...

Sim, e ao mesmo tempo não.

Ao sair de serviço, será sempre necessário um restauro. Ainda que a nível mecânico possa não haver muito a fazer, a nível estético por norma é sempre necessário fazer correções à carroçaria, repintura, etc. Nem estou aqui a ter em conta a boa e velha lógica de deixar ao relento durante 10 anos, que um dia há de se fazer algo com isto.

Depois há a questão do armazenamento. Na maior parte dos parques das empresas as viaturas são parqueadas ao ar livre, sendo os edificios reservados para oficina. Se ficar cá fora o desgaste é muito maior. Ainda há empresas privadas que conseguem chegar a este ponto, de restaurar e armazenar.

Em seguida, manter o autocarro na estrada. Manutenções regulares, inspecção periódica e seguros, sendo que nestes 2 últimos não há descontos de viatura clássica. No limite há peças que avariam e são dificeis de encontrar, ou então o caso em que começa a haver menos gente a saber mexer em mecânicas mais antigas.

Sem dúvida que é mais fácil fechar os olhos e compactar tudo, do que ter trabalho e esperar algures no futuro ter um pequeno lucro ou no limite cobrir os custos.

É também verdade que muitas vezes com pequeno esforço as condições são fáceis de arranjar (há mão de obra na empresa, armazéns cobertos, etc), mas simplesmente não há vontade.

Pela positiva, Berlim já têm carreiras semi-regulares asseguradas por autocarros antigos (Berlin secret travel tips: catch a vintage bus to Berlin's rivers and lakes). Neste aspecto a Alemanha, Inglaterra e outros estão muito à frente.

Falando pela positiva em Português, temos o caso da CP que conseguiu finalmente ver reconhecido o trabalho que fez de restauro com a elevada procura do Comboio Histórico do Douro e mais recentemente o do Vouga. É esperar que a mensagem passe da ferrovia para a rodovia...
 
Sem dúvida que é mais fácil fechar os olhos e compactar tudo, do que ter trabalho e esperar algures no futuro ter um pequeno lucro ou no limite cobrir os custos.

É também verdade que muitas vezes com pequeno esforço as condições são fáceis de arranjar (há mão de obra na empresa, armazéns cobertos, etc), mas simplesmente não há vontade.

Ora aí está o cerne da questão. Sem dúvida nenhuma que não é tarefa muito fácil, e principalmente os custos são elevados, mas a médio/longo prazo acredito que o retorno lá acabaria por aparecer. Se assim não fosse, os alemães e outros povos não fariam o que fazem.
Uma coisa é certa: se não houver vontade, então aí nada feito. A primeira coisa a fazer é mudar a mentalidade e a maneira como os transportes são vistos. Depois, haver vontade e incentivos (também a nível de capital, convenhamos).
 
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