Andre.Silva
Trapatony
Autódromo do Estoril - 1972
No início dos anos 70, Portugal era um dos poucos países da Europa Ocidental que ainda não dispunha de uma pista permanente. Graças a uma empresária, Fernanda Pires da Silva, no dia 17 de Junho de 1972, foi finalmente inaugurado um moderno autódromo, situado próximo do Estoril. Neste tópico iremos rever a sua história.
Fernanda Pires da Silva tinha visto um Autódromo no Brasil e decidiu que, também por cá tinhamos de ter um. Tinha conhecimento de uns terrenos que pertenciam ao seu amigo Lucio Tomé Feteira e onde a Câmara não queria autorizar construir nada mais do que uma “zona verde”. Ora, como construir uma “zona verde” num local cheio de rocha era uma má ideia, Fernanda Pires da Silva comprou os terrenos e entregou, em 1968, um projecto para a construção de um autódromo.
As aprovações na Câmara estavam demoradas, tudo ficava empatado nas teias da burocracia, e então Fernanda resolveu começar imediatamente as construções! As obras tendiam a ser difíceis pois o terreno não chegava e havia que adquirir pequenas parcelas anexas ao terreno principal; o local onde se implantaria a pista estava colocado por cima de uma pedreira de mármore, e o terreno era muito duro. Foi contratado um arquitecto, o brasileiro Ayrton Cornelson, que era experiente já em obras idênticas na Europa, em África (Luanda entre outros) e no Brasil. Joaquim Filipe Nogueira seria o principal promotor da obra e aquele que mais parecia acreditar que em breve a pista estaria pronta a ser usada. Em Junho de 1972, Após a disputa das duas primeiras provas do Campeonato Nacional de Velocidade (as rampas da Pena e da Covilhã), foi finalmente inaugurado o Autódromo do Estoril, mas, ainda hoje, quando recuamos a 1972 e pensamos como ele apareceu, temos a certeza de que o seu nascimento só pode ter sido…o sonho de uma mulher.
(adoptado)
No total, o terreno dispunha de 823.530 metros quadrados.
Segundo um estudo elaborado por Lolô e seus técnicos, o local apresentava todos requisitos necessários para a instalação de um complexo com conceitos de integração de vários projectos distintos como autódromos, hotéis e parques. O relatório foi imediatamente aceito e a empresária o contratou para projectar um pólo catalisador de turismo.
As inúmeras vantagens que a costa portuguesa apresentava foram aproveitadas no projecto multi funcional de Lolô. A parte principal era o autódromo, que além das corridas tinha um cardápio variado de serviços a oferecer ao amante do automobilismo. A prestação de serviços seria uma forma de o manter operando por todo ano, e não apenas nas temporadas de competições. O conjunto ofereceria os préstimos de uma escola de condução; de um local para teste de carros, pneus e outros acessórios automobilísticos; a formação de pilotos de corrida e treino de automobilistas de competição.
Construcção
Na sua primeira fase, foi projectada a construção da pista de velocidade para fins desportivos. Este anel de velocidade impulsionou a realização das fases seguintes: a das obras das instalações (compreendendo o conjunto de boxes, garagens privativas; torre de controle; stands para exposição e venda de artigos de automobilismo e acessórios) e da arquibancada, que abrigaria todos espectadores sentados, formada por dois grandes corpos (um deles, coberto de 20.000 lugares; o outro para 50.000).
Fernanda Pires e Lolô analisam projectos do autódromo do Estoril, 1972
Um complexo turístico
Lolô, em Portugal, 1971
Os projectos realizados em parceria com Feteira redireccionaram as funções iniciais planeadas para o Estoril. Lolô vislumbrou o potencial turístico da região e, levando em consideração a possibilidade de conseguir realizar um empreendimento mais rentável propôs ao grupo Grão-Pará a construção de um complexo turístico completo com restaurantes, bares, piscinas e campos de ténis, além de um drive-in, com tela de 11 x 25 metros e lugar para 600 veículos.
Planeou locais próprios para o Karting, o motociclismo, a motonáutica e a vela. A área inicial de 50 hectares foi alargada para 1.300, com a construção de um lago artificial, com cerca de 800 metros de comprimento por 100 de largura destinado para o desportos náuticos. Para o complexo desportivo, Lolô fez um parque de campismo completo com heliporto e serviços de vigilância e de assistência médica.
Equipamentos de apoio do complexo: drive-in, hotel, campos de ténis.
Para o complexo foi projectado parqueamento, um centro comercial, com espaço para 88 estabelecimentos de todo tipo, um centro de diversões anexo, e um hotel de categoria internacional (4 estrelas). Esta estrutura, na costa do sol, região litoral de Portugal, atrairia um fluxo turístico independente das competições de velocidade.
Anexos
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