Isto é um carrinho. Feita a declaração de princípio em tudo mais vale o mesmo que para o 156, que na verdade é exactamente o mesmo carro, mais longo entre eixos, mas também ligeiramente menos rígido.
Assim sendo, e como carrinho que não deixa de ser, foi uma coisa bem feitinha. Não terá nunca a integralidade e coerência de discurso visual do 156, não apenas porque o jogo de volumes não permite mais, como também a utilização mais abusiva e pastiche de alguns elementos não lhe permite almejar a coerência deste. O 156 é muito mais subtil na integração de elementos sem cair em redundâncias de natureza plástica. Exemplificando, as 4 nervuras nas laterais do scudetto evocativas do 8c Monza não chegam para plasmar o elemento no conjunto. Já o 147 a forma como rebusca o ritmo linear da frente do 6c Villa D'este é mais rústica e é mais forçada. Mas o 156 é um tratado de desenho industrial do final do século, pelo que já venho repetindo sempre que falo nele.
Vale o mesmo para o interior, onde o 156 não tem um traço fora do lugar, nem mais do que é preciso, usando medidas certas de linha e de plano. O 147 (igual para o GT) já são bastante mais prostituidos na medida em que já introduzem alinhamentos, proporções e elementos muito mais numa linha de norma do que prefere o mercado, e menos no que a história e a medida justa devia determinar.
O motor é pontudo com qualquer 16v de pequena cilindrada, efeito mitigado pelo variador de fase. O ponto forte é o balanço e curva para curva e o comportamento dinâmico no geral que é de facto muito competente. Pedia mais motor, e talvez uma afinação de suspensão e conjunto mola amortecedor idêntico ao do 156. Tem estado parado na garagem há já bastante tempo. Na primavera à revisão para ver se estica um bocadinho das articulações e acrescenta meia dúzias de quilómetros aos 50 mil que conta.