@Rafael Isento, o caro
@Samuel chegou precisamente ao ponto a que queria chegar… É isso mesmo!
Evidentemente que não podia estar mais de acordo quanto ao estatuto do 205 enquanto clássico, para mim, isso é incontestável. Agora… as versões especiais ou limitadas, ainda que possam ser excelentes carros de uso diário, eu já considero que devem ser preservados como carros de colecção, não devido à dificuldade em manter ou adquirir peças especificas para esses modelos, ainda que já existam algumas reproduções de material em curso,
FELIZMENTE, mas também pelo próprio valor histórico e a necessidade de o preservar como tal.
Num país como o nosso (e acho que não só), em que ainda existem certas (demasiadas, até...) mentalidades que inviabilizam os modelos mais básicos do 205 como o Color Line, Júnior, GR, XR, etc, de qualquer potencial de colecção, eu acho que são as opções ideais para carros quotidianos, justamente pela variedade de peças existentes a preços em conta e pela maior facilidade da sua preservação.
Eu cheguei a namorar um Indiana de 4 portas,
NOVO, com 110 mil km's, por uns míseros 800€, isto há uns 8 anos ou mais (não tinha carta na altura)… Actualmente, se me dessem a escolher como carro de utilização diária precisamente esse Indiana ou um GR normalíssimo, igualmente novo, com um 1124cc e Cx. de 5 velocidades, mais depressa optaria pelo GR do que pelo Indiana (Mas verdade seja dita, ia chorar baba e ranho pelo Indiana)
, não só pelo factor economia (consumos, peças, manutenção), mas pela sua simplicidade e facilidade em mantê-lo devido à disponibilidade de material existente.
Já imaginaram se acontecesse um infortúnio qualquer do dia-a-dia com um banco ou uma forra de porta de um Indiana? O bruxedo que seria para arranjar uma igual a um preço, vá… simpático e em Portugal!? Com um Color Line ou um GR acho que o drama não seria tão grande! Existem aos pontapés e são tão comuns na estrada que por tuta e meia arranja-se disso (num centro de abate, então é o que não deve faltar lá, a seguir aos AX's, Uno's e Rover's)
Eu sei, agora fui mauzinho…
Além disso, acho que nunca teria coragem em utilizar um Indiana diariamente, mas isso sou eu, que consideraria um crime fazê-lo, sendo um modelo com características originais tão específicas que merece ser mantido como um carro de colecção.
(Não quer dizer que de vez em quando não o levasse para o trabalho)
Não sei se vou dizer algum disparate, mas se repararmos bem, o estatuto do 205 enquanto automóvel clássico ou de interesse histórico é algo até relativamente recente, sendo que a quantidade de peças reproduzidas actualmente ainda é algo limitada, tanto que a maioria das reproduções disponíveis para venda resumem-se essencialmente aos GTI, CTI e pouco mais… Tudo modelos de uma gama superior! Os tais modelos que têm "interesse" em coleccionar…
Existem imensas réplicas de interiores para o GTI, CTI, Rallye e penso que também para Roland Garros e alguns CJ. Mas já viram, por ventura, para o Indiana, o Júnior, Forever, XS, Lacoste e por aí fora?
O facto de toda a gente querer actualmente um GTI, CTI ou por aí fora, tornou-se a maior das banalidades, o que cada vez mais me faz procurar um Júnior todo original, branquinho com os tampões a combinar, só para o ter exposto na garagem.
Provavelmente já me desviei do tema e até posso não ter transmitido (novamente) o ponto de vista que pretendia ao caro Rafael…
Muito resumidamente (se conseguir explicar-me), o que eu queria dizer é que, não estou a criticar de modo algum o 205 ou o seu mérito enquanto carro clássico, muito pelo contrário… ADORO o 205! Foi o único carro que eu posso dizer que realmente teve impacto na minha vida e fico sempre de nariz torcido quando me contrariam o seu valor enquanto clássico. Mas acho que ainda estamos numa fase em que os modelos de topo é que são os únicos a beneficiar de mais atenção, não só pelos entusiastas, mas também pela própria marca (E aqui posso estar a dizer um sério disparate) e, enquanto isso não mudar, acho que os modelos mais básicos são o casamento perfeito entre economia, facilidade e acessibilidade de peças, manutenção e performance. Quando queria dizer exclusividade é precisamente o que Samuel refere quanto à questão das séries especiais e limitadas, não era propriamente acerca dos GTI's ou dos CTI's, até porque esses, enquanto clássicos, já se afirmaram há muito tempo enquanto carros de interesse histórico.
Entendidos…??
Agora que vejo a quantidade de linhas que escrevi, acho que isto dava um excelente tópico…