A Origem
Tirem já o cavalinho da chuva que eu não tenho nenhuma história incrivelmente nostálgica e apaixonante para contar sobre o quão "gosto disto desde os 4 anos", isso é lá para os gaiatos que participam nos programas de talentos da SIC... para vos ser sincero nem me recordo quando percebi pela primeira vez que gostava de carros aparentemente à muito esmagados pela imparável força titânica que é a evolução tecnológica que presenciamos todos os dias mas provavelmente deve ter sido um misto de alguma coisa que vi no grande ecrã (outra predileção minha) com algum avistamento em público de um chaço com uma estética muita "fora da caixa". Enfim, pouco importa.
Com a ajuda dos progenitores que fizeram o favor de juntar uns trocos ao longo dos anos para me entregar quando fizesse os 18 anos e após alguns anos a exercer aquilo que a faculdade me ensinou decidi que era uma excelente altura para estoirar dinheiro numa coisa que faz muito tempo estava lá mas que nunca tinha tido a hipótese de nutrir.
Ontem
Detesto também avisar desde já que não tive a sorte (?) de ter carros carismáticos na família mas há um pouco de tudo. Para os amantes da Fiat os meus pais tiveram um humilde 125, salvo erro azul escuro, um problemático Escort da 3ª série que quando não estava a dar problemas andava a planear a melhor maneira de dar chatices e finalmente um AX pelo qual foi paga a obscena quantia de 800 contos e que ainda hoje a minha mãe recorda como "o carro onde tínhamos de puxar o ar" (como se os outros também não precisasse de tal!). Recordo-me que o meu padrinho também chegou a ter uma Dyane.
Adiante porque na verdade estes carros não patrocinaram em nada o gosto pelos clássicos e hoje o único que não me chocava ter na garagem era mesmo o 125.
Há 1 ano atrás
A história do Spider começa com uma pancada severa pelos... Mini (tudo a ver hein?!) que ia vendo no OLX e aos quais achava um piadão. Uma coisa levou à outra e lembrei-me que conhecia alguém dos tempos da faculdade que partilhava do mesmo sentimento pelo que fomos ver um negócio que poderia ser interessante.
Feliz ou infelizmente, ao chegar ao local (no meio de uma cidade mas ainda assim para lá do sol posto) cedo se percebeu que estávamos a entrar no círculo cinzento do pessoal que faz dinheiro a desmontar carros e a vender às peças. Por razões que nunca cheguei totalmente a perceber, este sujeito em particular tinha um Mini Cooper S em cima do elevador e, segundo ele, estava a pensar restaurar para guardar. Adicionalmente tinha mais dois Mini que estava a vender, uma carroçaria vermelha e uma outra que seria doadora, eram essas que eu ia ver mas tudo me pareceu demasiado estranho e saí de lá de mãos a abanar.
Após algum tempo a contactar os proprietários de anúncios de Minis que por uma razão ou por outra nunca me conseguiam convencer a avançar com a compra comecei a perder a confiança... decidi subir a fasquia, armei-me em espertinho e fui bater à porta de um aficionado que tem um vasto conhecimento acerca destes "brinquedos". Bem dita a hora!
Após uma lavagem cerebral de algumas horas regressei a casa com uma certeza, um Mini não seria o meu primeiro carro clássico e as razões pouco importam, mas todo o sumo que extraí desse tete a tete também fez com que voltasse ao inicio e repensasse o que é que eu queria e o que é que significava para mim manter um carro clássico.
Andei uns dias a bater mal mas não desisti de continuar a mirar o que ia aparecendo "por aí" mas agora com um foco diferente. Com os Mini fora do baralho decidi refletir com que tipo de carro me identificaria mais e fruto da idade ou não decidi que a minha tendência seria sempre para algo mais "desportivo" signifique lá o que isso significar porque não sou de todo o condutor mais habilidoso nem o que mais explora os motores dos carros que já tinha conduzido mas ao final do dia eram sempre os carros com linhas mais agressivas e um ronco mais gutural que me chamava à atenção.
Com a maior consolidação das ideias ficou claro que os carros "clássicos" que eu mais apreciava pertenciam na sua grande maioria às décadas de 60 e 70 e regra geral tinham dois inconvenientes, ou estavam em mau estado e requeriam restauros dispendiosos ou estavam em bom estado mas os valores saltavam fora do meu orçamento (salvo erro nesta altura andava nos €5000).
Num último esforço de me manter nas décadas douradas, e já mentalizado que os €5K's não iam chegar para o que eu pretendia, fui mais uma vez ver, e desta vez ser conduzido, num Spitfire da quarta série. Ao valor pedido pelo carro, que já era bastante acima do orçamento original, estava pelo menos e logo ao virar da esquina uma pintura integral e o facto de ser um carro que de desportivo só se fosse a curvar, porque o motor, por mais bem intencionado que fosse, não fazia milagres e falhou em convencer-me e acabou por afogar as minhas expectativas com toda a sua simultaneamente majestosa e barulhenta anemia.
Ultrapassada a desilusão este carro serviu ao menos para me lembrar que os descapotáveis eram um desejo secreto de há muito tempo e se calhar não era má ideia alargar o meu horizonte a esse tipo de carroçarias e como quem corre por gosto não cansa a pica nunca esmoreceu e continuei na minha até agora inglória busca pelo primeiro clássico!
O Tal
Não sei se foi de manhã, se foi de tarde, se tava de férias, se tava no escritório, se tava a tocar uma música inspiradora na rádio, honestamente não sei, sei que abri o site daquele stand que "não é real", espetei uns critérios de pesquisa manhosos e eis que se não quando me salta à vista uma viatura que não me sendo completamente alienígena nunca me tinha passado pela cabeça ser uma opção válida. Tinha uma estética subjetivamente fantástica, aparentemente em bom estado de conservação, numa garagem "logo aqui ao lado" e decidi entrar em contacto com o vendedor, afinal não havia nada a perder, já tinha estado ao lado de um descapotável vermelho que me desiludiu, seria isso o pior que poderia acontecer desta vez.
Marcámos o dia, marcámos a hora, saí do trabalho com fogo no rabo, peguei no meu irmão e na respetiva namorada (só pro caso de ser preciso andar à porrada hehe) e lá fomos os 3 ver o bólide pela primeira vez.
Fomos recebidos por um senhor que podia ser meu avô e por sinal estava algo irritado com o nosso atraso mas é quando não convém que eles aconteçam que eles batem à porta e cheguei mais de 20min atrasado, foi preciso engolir em seco, dar 3 pulos e pedir desculpa cerca de muitas vezes - o homem tava capaz de me comer vivo, que vergonha!
Acontece que o senhor era dono de uma coleção invejável e se estava a desfazer de vários carros para ficar só com os que ele gostava mesmo. Nos armazéns onde guardava "O Tal" estavam também por exemplo um Pagoda, um E-Type (que ele tinha à venda e achava um estúpido, devido ao seu enorme V12 e o qual só saía da garagem porque a mulher o levava com ela às compras), um Mustang cabrio dos anos 60 e lá atrás escondido sob uma capa preta um Porsche mas não consegui identificar o modelo, que pouco interessava dado que segundo o senhor, "já tinha tido quase todos os Porsches". Segundo consta, quem o conhece melhor, sabe que aqueles são só os menos favoritos, os mesmos bons não mora naquele armazém... enfim, adiante!
Apesar de tudo foi muito prestável e deu-me o privilégio de ver o carro por baixo (com um elevador de oficina é outro luxo!) para verificar que não haviam podres. Fomos dar uma voltinha na qual ele não se coibiu, apesar da estrada de terra batida e toda esburacada, de calcar o pé direito até ao chão, e não viesse um jipe em sentido contrário após uma curva até teria sido um test drive bem descansadinho... velhos são os trapos!
O Bom e o Mau
Bem... a pintura não estava isenta de riscos e pequenas mazelas... os plásticos não estavam espetaculares... os interiores não eram limpos à anos... os cromados já tinham visto melhores dias... não era de todo a versão mais cobiçada... OK, a verdade é que o carro estava a precisar de mimos porque não era nem de perto nem de longe o menino lá de casa, era um carro que tinha sido entregue como retoma num negócio anterior, para ajudar este senhor tinha vendido à poucos dias um Duetto, ele tinha boas razões para não ser este um dos seus favoritos.
Por outro lado estava dentro do orçamento, não tinha efetivamente podres nem ferrugens óbvias, estava todo original e não aparentava ter sido restaurado, pneus ainda com muito piso, fiquei com a ideia que seria um carro bastante honesto, não ia ganhar nenhum concurso mas também não me ia deixar ficar mal visto. Espero ter razão!
O Alfa Romeo Spider de 1985
Sopro este ano as mal logradas 30 velas e essa é também a data de matrícula original alemã deste carro, um detalhe irrisório mas que para mim tem muito valor, não fosse a década de 70 provavelmente a mais interessante nestas andanças e não me importava de só conduzir carros deste ano, afinal é o meu ano! Felizmente os poucos quilómetros que já fiz com ele foram de total fiabilidade e só os últimos 50 ou 60 é que começaram a revelar uma espécie de "engasgar" no motor, parece que um dos carburadores volta e meia se embrulha, espero que não seja nada de grav€!!..
Tirem já o cavalinho da chuva que eu não tenho nenhuma história incrivelmente nostálgica e apaixonante para contar sobre o quão "gosto disto desde os 4 anos", isso é lá para os gaiatos que participam nos programas de talentos da SIC... para vos ser sincero nem me recordo quando percebi pela primeira vez que gostava de carros aparentemente à muito esmagados pela imparável força titânica que é a evolução tecnológica que presenciamos todos os dias mas provavelmente deve ter sido um misto de alguma coisa que vi no grande ecrã (outra predileção minha) com algum avistamento em público de um chaço com uma estética muita "fora da caixa". Enfim, pouco importa.
Com a ajuda dos progenitores que fizeram o favor de juntar uns trocos ao longo dos anos para me entregar quando fizesse os 18 anos e após alguns anos a exercer aquilo que a faculdade me ensinou decidi que era uma excelente altura para estoirar dinheiro numa coisa que faz muito tempo estava lá mas que nunca tinha tido a hipótese de nutrir.
Ontem
Detesto também avisar desde já que não tive a sorte (?) de ter carros carismáticos na família mas há um pouco de tudo. Para os amantes da Fiat os meus pais tiveram um humilde 125, salvo erro azul escuro, um problemático Escort da 3ª série que quando não estava a dar problemas andava a planear a melhor maneira de dar chatices e finalmente um AX pelo qual foi paga a obscena quantia de 800 contos e que ainda hoje a minha mãe recorda como "o carro onde tínhamos de puxar o ar" (como se os outros também não precisasse de tal!). Recordo-me que o meu padrinho também chegou a ter uma Dyane.
Adiante porque na verdade estes carros não patrocinaram em nada o gosto pelos clássicos e hoje o único que não me chocava ter na garagem era mesmo o 125.
Há 1 ano atrás
A história do Spider começa com uma pancada severa pelos... Mini (tudo a ver hein?!) que ia vendo no OLX e aos quais achava um piadão. Uma coisa levou à outra e lembrei-me que conhecia alguém dos tempos da faculdade que partilhava do mesmo sentimento pelo que fomos ver um negócio que poderia ser interessante.
Feliz ou infelizmente, ao chegar ao local (no meio de uma cidade mas ainda assim para lá do sol posto) cedo se percebeu que estávamos a entrar no círculo cinzento do pessoal que faz dinheiro a desmontar carros e a vender às peças. Por razões que nunca cheguei totalmente a perceber, este sujeito em particular tinha um Mini Cooper S em cima do elevador e, segundo ele, estava a pensar restaurar para guardar. Adicionalmente tinha mais dois Mini que estava a vender, uma carroçaria vermelha e uma outra que seria doadora, eram essas que eu ia ver mas tudo me pareceu demasiado estranho e saí de lá de mãos a abanar.
Após algum tempo a contactar os proprietários de anúncios de Minis que por uma razão ou por outra nunca me conseguiam convencer a avançar com a compra comecei a perder a confiança... decidi subir a fasquia, armei-me em espertinho e fui bater à porta de um aficionado que tem um vasto conhecimento acerca destes "brinquedos". Bem dita a hora!
Após uma lavagem cerebral de algumas horas regressei a casa com uma certeza, um Mini não seria o meu primeiro carro clássico e as razões pouco importam, mas todo o sumo que extraí desse tete a tete também fez com que voltasse ao inicio e repensasse o que é que eu queria e o que é que significava para mim manter um carro clássico.
Andei uns dias a bater mal mas não desisti de continuar a mirar o que ia aparecendo "por aí" mas agora com um foco diferente. Com os Mini fora do baralho decidi refletir com que tipo de carro me identificaria mais e fruto da idade ou não decidi que a minha tendência seria sempre para algo mais "desportivo" signifique lá o que isso significar porque não sou de todo o condutor mais habilidoso nem o que mais explora os motores dos carros que já tinha conduzido mas ao final do dia eram sempre os carros com linhas mais agressivas e um ronco mais gutural que me chamava à atenção.
Com a maior consolidação das ideias ficou claro que os carros "clássicos" que eu mais apreciava pertenciam na sua grande maioria às décadas de 60 e 70 e regra geral tinham dois inconvenientes, ou estavam em mau estado e requeriam restauros dispendiosos ou estavam em bom estado mas os valores saltavam fora do meu orçamento (salvo erro nesta altura andava nos €5000).
Num último esforço de me manter nas décadas douradas, e já mentalizado que os €5K's não iam chegar para o que eu pretendia, fui mais uma vez ver, e desta vez ser conduzido, num Spitfire da quarta série. Ao valor pedido pelo carro, que já era bastante acima do orçamento original, estava pelo menos e logo ao virar da esquina uma pintura integral e o facto de ser um carro que de desportivo só se fosse a curvar, porque o motor, por mais bem intencionado que fosse, não fazia milagres e falhou em convencer-me e acabou por afogar as minhas expectativas com toda a sua simultaneamente majestosa e barulhenta anemia.
Ultrapassada a desilusão este carro serviu ao menos para me lembrar que os descapotáveis eram um desejo secreto de há muito tempo e se calhar não era má ideia alargar o meu horizonte a esse tipo de carroçarias e como quem corre por gosto não cansa a pica nunca esmoreceu e continuei na minha até agora inglória busca pelo primeiro clássico!
O Tal
Não sei se foi de manhã, se foi de tarde, se tava de férias, se tava no escritório, se tava a tocar uma música inspiradora na rádio, honestamente não sei, sei que abri o site daquele stand que "não é real", espetei uns critérios de pesquisa manhosos e eis que se não quando me salta à vista uma viatura que não me sendo completamente alienígena nunca me tinha passado pela cabeça ser uma opção válida. Tinha uma estética subjetivamente fantástica, aparentemente em bom estado de conservação, numa garagem "logo aqui ao lado" e decidi entrar em contacto com o vendedor, afinal não havia nada a perder, já tinha estado ao lado de um descapotável vermelho que me desiludiu, seria isso o pior que poderia acontecer desta vez.
Marcámos o dia, marcámos a hora, saí do trabalho com fogo no rabo, peguei no meu irmão e na respetiva namorada (só pro caso de ser preciso andar à porrada hehe) e lá fomos os 3 ver o bólide pela primeira vez.
Fomos recebidos por um senhor que podia ser meu avô e por sinal estava algo irritado com o nosso atraso mas é quando não convém que eles aconteçam que eles batem à porta e cheguei mais de 20min atrasado, foi preciso engolir em seco, dar 3 pulos e pedir desculpa cerca de muitas vezes - o homem tava capaz de me comer vivo, que vergonha!
Acontece que o senhor era dono de uma coleção invejável e se estava a desfazer de vários carros para ficar só com os que ele gostava mesmo. Nos armazéns onde guardava "O Tal" estavam também por exemplo um Pagoda, um E-Type (que ele tinha à venda e achava um estúpido, devido ao seu enorme V12 e o qual só saía da garagem porque a mulher o levava com ela às compras), um Mustang cabrio dos anos 60 e lá atrás escondido sob uma capa preta um Porsche mas não consegui identificar o modelo, que pouco interessava dado que segundo o senhor, "já tinha tido quase todos os Porsches". Segundo consta, quem o conhece melhor, sabe que aqueles são só os menos favoritos, os mesmos bons não mora naquele armazém... enfim, adiante!
Apesar de tudo foi muito prestável e deu-me o privilégio de ver o carro por baixo (com um elevador de oficina é outro luxo!) para verificar que não haviam podres. Fomos dar uma voltinha na qual ele não se coibiu, apesar da estrada de terra batida e toda esburacada, de calcar o pé direito até ao chão, e não viesse um jipe em sentido contrário após uma curva até teria sido um test drive bem descansadinho... velhos são os trapos!
O Bom e o Mau
Bem... a pintura não estava isenta de riscos e pequenas mazelas... os plásticos não estavam espetaculares... os interiores não eram limpos à anos... os cromados já tinham visto melhores dias... não era de todo a versão mais cobiçada... OK, a verdade é que o carro estava a precisar de mimos porque não era nem de perto nem de longe o menino lá de casa, era um carro que tinha sido entregue como retoma num negócio anterior, para ajudar este senhor tinha vendido à poucos dias um Duetto, ele tinha boas razões para não ser este um dos seus favoritos.
Por outro lado estava dentro do orçamento, não tinha efetivamente podres nem ferrugens óbvias, estava todo original e não aparentava ter sido restaurado, pneus ainda com muito piso, fiquei com a ideia que seria um carro bastante honesto, não ia ganhar nenhum concurso mas também não me ia deixar ficar mal visto. Espero ter razão!
O Alfa Romeo Spider de 1985
Sopro este ano as mal logradas 30 velas e essa é também a data de matrícula original alemã deste carro, um detalhe irrisório mas que para mim tem muito valor, não fosse a década de 70 provavelmente a mais interessante nestas andanças e não me importava de só conduzir carros deste ano, afinal é o meu ano! Felizmente os poucos quilómetros que já fiz com ele foram de total fiabilidade e só os últimos 50 ou 60 é que começaram a revelar uma espécie de "engasgar" no motor, parece que um dos carburadores volta e meia se embrulha, espero que não seja nada de grav€!!..
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