Alfa Romeo Giulietta Sprint e Spider e versões especiais...
" Sem uma dianteira longa nem eixo dianteiro bem à frente, até parecia um pouco um Porsche 550 Spyder com pára-lamas mais altos e retangulares e pára-brisa tradicional. Mas a personalidade que os elementos da dianteira forneciam era reconhecida mundo afora. O Giulietta Spider faria sucesso também nos EUA, pelas mãos do famoso Max Hoffman. Foi ele quem, depois de importar alguns dos primeiros Alfas do pós-guerra, aprovou o Giulietta Sprint, mas sugeriu à empresa explorar o potencial do mercado americano para roadsters compactos. A maioria dos Spiders acabaria em mãos americanas.
Mais uma grande idéia do importador americano Max Hoffman, o Giulietta Spider adicionava descontração e charme a um Alfa que já tinha brilho próprio
Para criar essa versão a Alfa Romeo chamou novamente Bertone, mas preferiu ter uma alternativa com a Pininfarina. Os dois estúdios elaboraram protótipos e a opção pelo segundo se devia a uma vantagem específica: a empresa dispunha de flexibilidade de produção, o que permitiria elevar a capacidade facilmente. Enquanto isso, a própria Alfa e a Bertone se aproximavam da escala plena de fabricação da linha Giulietta.
Na arena das corridas No Salão de Turim seguinte, em 1956, era apresentado o Giulietta Sprint Veloce (Série I). Embora com o mesmo visual do Sprint de dois anos antes, tinha uma significativa redução de peso — pesava 780 kg, ou 72 kg a menos. Partes móveis da carroceria, pára-choques e moldura dos faróis eram de alumínio, o vidro traseiro e as janelas basculantes eram de acrílico, com molduras também em alumínio. O interior, mais espartano, trazia bancos simplificados e mais envolventes e até faltava tampa do porta-luvas. Havia também uma versão Spider Veloce na mesma configuração.
Um ano depois do roadster, chegava o cupê Sprint Veloce, com peso reduzido em 72 kg e motor mais potente (80 cv), graças aos dois carburadores e comando mais "bravo"
O Sprint Veloce (SV) extraía potência de 80 cv a 6.500 rpm. Os engenheiros de Portello chegaram a esse resultado com dois carburadores Weber horizontais de corpo duplo, maior taxa de compressão, novo trem de válvulas com comando mais "bravo" e novos dutos de admissão. Essa receita levava o pequeno Giulietta a 170 km/h e o fez vencer algumas das mais célebres provas do automobilismo europeu, como Mille Miglia, Targa Florio, Tour de France e o Rali Sestrière. Até carros com motores maiores ficavam para trás (leia o boxe abaixo).
Para os motoristas que se entusiasmavam com essa carreira luminosa nas pistas, mas não tinham intenção de correr, a Alfa Romeo preparou a série limitada Confortevole, apresentada em setembro de 1957. Cerca de 200 foram feitas com as especificações do Sprint e a mecânica do Veloce. Janelas de acrílico e faróis maiores identificavam visualmente o modelo. No mesmo ano era lançado o Giulietta TI, sedã com o motor de 65 cv do Sprint. Seria o modelo mais vendido de toda a linha — mais de 50% da produção final — e um dos favoritos do governo e da polícia. Continua
Nas pistas
Carros com motores maiores padeceram ante a destreza e a competência do Alfa Giulietta nas pistas. Sua estréia já o levou ao topo do pódio. Ainda em 1954, em sua primeira competição de grã-turismo, o Tour da Sicília, Luciano Gianni faturou com um Sprint a categoria de 1.300 cm³ — e era só a abertura do campeonato europeu.
Não demorou para vir a primeira vitória no rali: foi em junho daquele mesmo ano no Venice Lido Touring Rally, sob comando de Franchi e Masetti. Em 1955, Gianni levaria o Giulietta à primeira de muitas vitórias nacionais na classe 1300 GT do campeonato de velocidade italiano. A Alfa Romeo ressalta que o carro também atraía mulheres para as pistas, como a senhora Martin, vencedora do Ladies Rally francês de 1963.
Além de Zagato, outros construtores de carrocerias ajudaram a construir a carreira do Giulietta Sprint no automobilismo. Mesmo Sergio Scaglietti, que trabalhava para a Ferrari, revisou completamente o Sprint do piloto Rabino de Modena. O estúdio Michelotti produziu com o preparador de motores Conrero, para o piloto Francesco De Leonibus, um Sprint Speciale,
apelidado de "a gota" em alusão ao estilo aerodinâmico, que chegou a 272 km/h em Monza.
Esses foram apenas dois motivos que levaram o Giulietta ao triunfo nas pistas. Sucessos como os da Copa dos Alpes, a Três Horas de Daytona, a 12 Horas de Sebring e a Targa Florio ajudaram a contabilizar 500 vitórias.
O Alfa Romeo do século
No fim da última década, coube a um grupo de 200 jornalistas especializados de vários países se reunir para decidir qual seria o Carro do Século (Car of the Century). A idéia era considerar a relevância histórica de um grupo seleto de veículos, escolhidos e avaliados por critérios de evolução tecnológica, métodos de produção, criatividade e impacto na economia e na sociedade. O colunista do BCWS Bob Sharp foi um dos jornalistas convocados, mas precisou deixar o júri ao ser admitido na General Motors como gerente de imprensa em maio de 1997, por uma questão de incompatibilidade.
O vencedor da eleição foi o imprescindível Ford Modelo T, seguido de outras quatro lendas da história do automóvel: Morris/Austin Mini, Citroën DS, Volkswagen e Porsche 911. Entre os 100 carros reunidos estavam quatro da Alfa Romeo: 6C 1750 GranSport (1930-1932), 8C 2300 Spider (1931-1934), Giulietta Sprint Coupé (1954-1965) e Alfasud (1972-1984). Embora nenhum tenha chegado ao pódio, em uma última eliminatória que deixou 26 semi-finalistas (um empate na 25ª posição explica o número) aparecia o Giulietta Sprint.
Por mais que não tenha sido essa a intenção dos votantes, é possível concluir que, pelos critérios desses especialistas, o Giulietta Sprint foi o melhor Alfa Romeo produzido no século passado. O carro que expandiu os horizontes e o público de uma marca tão admirada por sua sofisticação e vitórias competitivas, refletindo tão bem um precioso momento histórico, merece mesmo ser percebido assim."
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