Morreu Salvador Caetano. O homem que trouxe a Toyota para Portugal

Helder Manuel Oliveira

Pre-War
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Portalista
O fundador da Salvador Caetano, o empresário Salvador Fernandes Caetano, faleceu ontem aos 85 anos, vítima de doença prolongada.

Salvador Caetano começou a trabalhar com 11 anos, estabelecendo-se por conta própria aos 18, e com 20 anos criou a empresa Martins & Caetano & Irmão, Lda, uma fábrica de carroçarias, que seria o embrião de Toyota Caetano Portugal, SA, e do próprio grupo.

O empresário gaiense fechou o primeiro contrato de exportação de autocarros em 1967 para Inglaterra, que ainda hoje é um dos principais mercados da empresa.

Ajudante de pintor aos 11

O envolvimento nos negócios começou desde cedo: aos 11 anos, Salvador Fernandes Caetano teve o primeiro trabalho como ajudante de pintor; aos 18, estabeleceu-se por contra própria numa oficina; dois anos depois abre a primeira empresa com dois sócios, pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Seria a nova fábrica de carroçarias de madeira para autocarros que acabaria por dar origem, já sem os sócios, à Salvador Caetano, Indústria Metalomecânica e Veículos de Transporte, em 1949.

Já na altura, mostrava ser "um empresário com vistas largas e um homem de futuro": nos anos 1950, no concelho de Gaia, as pessoas trabalhavam três ou quatro meses e depois iam para a lavoura, mas Salvador Caetano tinha a preocupação "de dar trabalho às pessoas, arranjar maneira de mantê-las permanentemente ocupadas", lembra José Abreu Teixeira.

Foi desta forma que, nos anos 1960, o empresário iniciou contactos para representar a Toyota em Portugal, mesmo sem formação noutras línguas. Não foi isso que lhe tolheu os passos: viajou para Londres, onde aprendeu inglês, o que veio a tornar-se essencial na comunicação com o grupo nipónico. E em 1968 torna-se representante exclusivo da Toyota, um ano depois de ter assegurado o primeiro contrato de exportação de autocarros para Inglaterra.

Foi já no início dos anos 1970 que nasceu a fábrica de Ovar, que viria a montar veículos comerciais. Entretanto, os japoneses adquiriram 27 por cento da Salvador Caetano, em 1972, um passo que o empresário sempre esperou que desembocasse na produção de um veículo da Toyota em Ovar, para todo a Europa. "Espero que sim", afiançava já em 2003, quando questionado se acreditava realizar esse sonho. Mas nunca foi derrotado por não concretizar essa ambição.

Ao longo dos anos, torna-se importador e distribuidor da BMW, expande o fabrico de autocarros, e alia-se noutros negócios a empresários como Laurindo Costa (hoje já falecido, accionista da Soares da Costa), Rodrigo Leite (Tertir), Belmiro de Azevedo (Sonae). É também um dos fundadores do BCP e BPI. Ao comemorar os 50 anos de actividade, em 1996, tinha criado ou adquirido meia centena de empresas.

Outros que o conheceram lembram que era "implacável nos negócios" e que "as relações familiares ou de amizade de nada valiam quando era preciso fazer sangue". Mas foi essa resistência que se estendeu ao lado da vida privada: durante anos lutou contra a doença, fez várias operações no estrangeiro. E assim teve tempo para preparar o futuro cuidadosamente, dividindo os bens pela família para que nada corresse mal depois do fim (ver caixa). Abreu Teixeira lamenta que não haja outros assim: "Se Portugal tivesse meia dúzia de empresários como ele, seria um país muito diferente."
 

Anexos

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Em memória de Salvador Catetano, vou deixar os meus Alfinetes de lapela da Toyota no tópico próprio, dado que foi entre outras uma das suas criações e desenvolvimentos empresarias em Portugal.
Abraço amizade
Carlos Caria
 

Tiago r Fernandes

Classicodepedente
a sua principal luta foi que a toyota estabelece-se uma fabrica(linha de produção de automoveis) em Portugal mas a sua vontade nunca foi conseguida, um grande senhor, que descanse em paz!
 
Boa viagem, para onde quer que vá já deixou um nome atraz dele e sem duvida alguma alguém de quem os Portugueses se devem orgulhar. RIP
 
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